1° fonte: “História de Santos”. Francisco Martins dos Santos
Apezar da verdade destes factos; apezar de ter-se na
attitude de Portugal de 1491, negando-se a auxiliar Colombo,
a prova flagrante de que elle não éra navegador, como acon-
teceria ainda hoje a qualquér hómem que se dirigisse a um
governo solicitando recursos para effectuar um descobri-
mento, sem que entretanto, apresentasse provas de competen-portuguezes na nóva região. Esta altitude de D. João II e
o empenho com que defendeu naquelle momento aquillo que
elle achava um direito de Portugal, dá-nos hoje a impressão,
e mais do que isso, a certeza, de que a existência das terras
da futura América do Sul e do futuro Brasil já não éra se-
gredo para elle, confirmando ao mesmo tempo, tudo quanto
desenvolvemos no inicio deste capitulo. Portugal aprestou-sc para a guerra, ante o espanto do
povo que não podia compréhender o porquê de tal movi-
mento.
Sabedores os reis da Hespanha do que se estava passan-
do em Portugal, e sentindo a imminencia de um rompimento
perigoso com o irmão da península, para lá enviaram imme-
diatamente, os embaixadores Gáreiá de Caryagal e Pedro
d´ Ayala, que conseguiram por fim, de D. João, fazer sustar
os seus preparativos béllicos. Foram, consequentemente, no-
meados os plenipotenciários para uma Convenção que evi-
tasse os extremos da guerra, e que ajustasse para isso, os
limites definitivos dos futuros domínios "adivinhados" de
uma e outra Nação, sob forma consentânea. Pela Hespanha apresentaram-se devidamente credenciados : D. Henrique Henriques, Dom Jorge de Cardines e o Dr. Maldonado; por Portugal: Ruy de Souza, D. João de Souza, filho do primeiro, e o Dr. Ayres d´ Almada. (1)