Todo esse sertão, quase inculto e desabitado, que se estende desde o imenso vale da Ribeira de Iguape e grande parte do município de Itanhaém, até as margens do Rio Verde e Itararé, abrangendo os municípios de Faxina, Apiahy, Piedade, Una, Itapecerica, etc., é ainda hoje constantemente percorrido por essa tribo de Guainá nas suas idas e vindas para o litoral. Essa zona pouco povoada do nosso próspero Estado, incontestavelmente uma das mais incultas, foi sempre a mais preferida pelos nativos. Ai se encontram ainda verdadeiros sertões, nos quais o elementos civilizados é por enquanto muito escasso.
No litoral, a parte justamente a mais agreste a inculta, entre a Ribeira de Iguape e a bacia fluvial do rio Conceição, foi a zona por eles preferida. Ai estão eles verdadeiramente "em sua casa"; toda essa região é inteiramente despovoada, ninguém os incomoda, a não ser algum caçador que uma ou outra vez penetra nessas florestas.
Dai também lhes são fáceis as suas viagens para os centros povoados, pois estão apenas a três e quatro dias de Santos e São Paulo, e a dia e meia de Itanhaém, aonde vem vender o produto de suas industrias e fazer pequenos provimentos.
Os antigos habitantes da aldeia Irariry, faziam as suas sortidas para o interior, subindo o curso do rio Guanhanbá, que desaguá no rio Itariry; dai seguiam até São Lourenço; subiam a serra e tomando o rumo de oeste, transpunham os sertões que medeiam os municípios de Piedade, Pilar, Lavrinhas e Apiahy, atravessando nesse ponto o vale do Taquary que confina com o Rio Verde, onde existe o principal núcleo de aldeamento como já referimos.
Hoje, esse trajeto está quase abandonado e suas viagens para o Rio Verde, são feitas por outro itinerário: ou seguem pelo rio Branco de Itanhaém, subindo a serra até Santa Cruz dos Parelheiros e dai a Santo Amaro, onde tomam a estrada geral até Sorocaba e Faxina; ou descendo pela rio Juquiá, seguem até Xiririca e dali a Itapeva da Faxina, que distas apenas doze léguas de São João Batista e do Rio Verde. [Páginas 501 e 502]
Surgiram assim: O cabo São Roque, baptisado a 16-8-1501, o cabo de Santo Agostinho a 28 do mesmo mez, o Rio de São Francisco a 4 de Outubro, a Bahia de Todos os Santos a L° de Novembro (?), o Cabo de São Thomé a 21 de Dezembro, e o Rio de Janeiro a 1.° de Janeiro de 1502; a Angra dos Reis a 6 de Janeiro desse anno. São Sebastião a 20 do mesmo, São Vicente a 22 (actual estuário de Santos) e por fim Cananôr. que é a mesma Cananéa, ultimo ponto da cósta bem estabelecido e descripto por Vespucio, (1) e (2), apezar de saber-se pela primeira carta do florentino, que a Armada desceu até á altura de 32 gráus, visinhanças do Rio da Prata, correndo como se vê, territórios collocados fóra dos direitos de Portugal pelo Tratado de Tordesilhas.
A questão de João Ramalho é uma das mais embaraçadas da História primitiva do Brasil.Ainda ninguém tornou bem claro que nos primeiros tempos São Paulo houve pelos menos dois João Ramalho. Um é o bacharel de Cananéa, deixado em 1502 pela primeira expedição exploradora, pai dos mamelucos, inimigo dos jesuítas. Outro, sogro de Jorge Ferreira, é um cavaleiro português, que veio para o Brasil muito mais tarde, com Martim Afonso ou logo depois. Taques Paes Leme, que no trecho acima citado dá notícia do primeiro e torna assim bem clara a distinção, em outros lugares perde-se de vista.
Todo esse sertão, quase inculto e desabitado, que se estende desde o imenso vale da Ribeira de Iguape e grande parte do município de Itanhaém, até as margens do Rio Verde e Itararé, abrangendo os municípios de Faxina, Apiahy, Piedade, Una, Itapecerica, etc., é ainda hoje constantemente percorrido por essa tribo de Guainá nas suas idas e vindas para o litoral. Essa zona pouco povoada do nosso próspero Estado, incontestavelmente uma das mais incultas, foi sempre a mais preferida pelos nativos. Ai se encontram ainda verdadeiros sertões, nos quais o elementos civilizados é por enquanto muito escasso.
No litoral, a parte justamente a mais agreste a inculta, entre a Ribeira de Iguape e a bacia fluvial do rio Conceição, foi a zona por eles preferida. Ai estão eles verdadeiramente "em sua casa"; toda essa região é inteiramente despovoada, ninguém os incomoda, a não ser algum caçador que uma ou outra vez penetra nessas florestas.
Dai também lhes são fáceis as suas viagens para os centros povoados, pois estão apenas a três e quatro dias de Santos e São Paulo, e a dia e meia de Itanhaém, aonde vem vender o produto de suas industrias e fazer pequenos provimentos.
Os antigos habitantes da aldeia Irariry, faziam as suas sortidas para o interior, subindo o curso do rio Guanhanbá, que desaguá no rio Itariry; dai seguiam até São Lourenço; subiam a serra e tomando o rumo de oeste, transpunham os sertões que medeiam os municípios de Piedade, Pilar, Lavrinhas e Apiahy, atravessando nesse ponto o vale do Taquary que confina com o Rio Verde, onde existe o principal núcleo de aldeamento como já referimos.
Hoje, esse trajeto está quase abandonado e suas viagens para o Rio Verde, são feitas por outro itinerário: ou seguem pelo rio Branco de Itanhaém, subindo a serra até Santa Cruz dos Parelheiros e dai a Santo Amaro, onde tomam a estrada geral até Sorocaba e Faxina; ou descendo pela rio Juquiá, seguem até Xiririca e dali a Itapeva da Faxina, que distas apenas doze léguas de São João Batista e do Rio Verde. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume X, 1905. Páginas 501 e 502]
Surgiram assim: O cabo São Roque, baptizado a 16 de agosto de 1501, o cabo de Santo Agostinho a 28 do mesmo mês, o Rio de São Francisco a 4 de Outubro, a Bahia de Todos os Santos a L° de Novembro (?), o Cabo de São Thomé a 21 de
Dezembro, e o Rio de Janeiro a 1.° de Janeiro de 1502; a
Angra dos Reis a 6 de Janeiro desse anno. São Sebastião a
20 do mesmo, São Vicente a 22 (actual estuário de Santos)
e por fim Cananôr. que é a mesma Cananéa, ultimo ponto
da cósta bem estabelecido e descripto por Vespucio, (1) e
(2), apezar de saber-se pela primeira carta do florentino,
que a Armada desceu até á altura de 32 gráus, visinhanças
do Rio da Prata, correndo como se vê, territórios colloca-
dos fóra dos direitos de Portugal pelo Tratado de Tordesi-
lhas. O eminente Dr. Sophus Ruge, Cathedr atiço do Ins-
tituto Polytechnico Real de Dresde, em sua preciosa u HIS-
TORIA DA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS", prefaciada
e annotada pelo Lente de Historia da Faculdade de Letras
da Universidade de Lisboa, Manoel de o1iveira Ramos — á
pagina 298, apresenta a mesma relação de baptismos ves-
pucianos, citando também o Rio de São Miguel, o de Santa
Lúcia (hoje Rio Doce) conforme o mappa de Vaz Doura-
do, de 1571.
Em 1531, Martim Afonso, quando buscava porto seguro no litoral paulista, encontrou um pequeno povoado localizado em uma ilha que chamou de Bom Abrigo, por suas boas condições de subsistência e de proteção contra ventos. Nesse povoado já conviviam índios da tribo dos Carijós e alguns portugueses, entre eles Antonio Rodrigues, o Bacharel, que teria vindo para o Brasil na expedição exploratória de Américo Vespúcio, em 1502.
Entretanto, devido à dificuldade de acesso ao continente, os habitantes foram obrigados a se transferir para Ilha Comprida, onde fundaram a primeira vila da Coroa Portuguesa em terras brasileiras, Maratayama, nome do cacique do lugar. Mais tarde, a população de Maratayama retornou à Ilha de Cananeia, provavelmente em busca de água potável e de terrenos mais planos e secos para o desenvolvimento de suas culturas.
6.1.2 - Uma trilha bastante movimentada - Se os primeiros indesejados portugueses foram deixados numa das ilhas em Cananeia, entre os anos 1490 e 1502, cabe pressupor tenham sido eles os precursores a atingir o continente, interiorizando-se pelas matas, alguns bem-sucedidos, outros trucidados pelos selvagens.
Desconhecendo-se os pioneiros europeus, também não se sabe quando tais caminhos pré-cabralinos foram percorridos pela primeira vez, nem qual o tamanho de alguma possível incursão inaugural, mas a mais importante e longa viagem certamente ocorreu entre 1502 e 1513, a partir de São Vicente para se chegar aos Andes, em pleno centro do Império Inca. Trata-se do trajeto mais citado da antiga senda, São Vicente às costas Pacífico, com um ou outro historiador a acrescer ou excluir ramais como partes da via principal, por exemplo, o uso do ramal desde Sorocaba a Ponta Grossa.
Dessa viagem é o que entende o Cortesão, ao mencionar que o galo trazido com outras espécies animais da Europa para Cananeia, em 1502, já no ano de 1513 aparecia na corte inca, levado numa expedição via Peabiru, causando pasmo tanto que o futuro governante adotaria o nome Atahuallpa, isto é, Galo. "Esta rapidez na disseminação dum elemento cultural prova quanto eram rápidas e ativas as comunicações através do continente" (Donato, 1985: 30).
Embora haja indícios de que o Bacharel poderia ser sido trazido numa viagem secreta feita por Bartolomeu Dias em 1499, aceita-se que a sentença tenha sido cumprida pela expediçãó comandada por Gonçalo Coelho, tendo como cartógrafo o florentino Amerigo Vespucci, que se tornou conhecido na História do Brasil como Américo Vespúcio. Essa expedição saiu de Portugal em 1501 e chegou aqui em 24 de janeiro de 1502, visando reivindicar e demarcar as terras recém descobertas para a coroa portuguesa. Acredita-se que tenham chegado até a ilha do Cardoso, onde, por conta do seu tamanho e extensão, provavelmente pensaram estar em terras continentais. Assim, desembarcaram o Bacharel e chantaram, no lado nordeste da ilha, junto à barra, na ponta do Itacuruçá, um marco de pedra com as quinas portuguesas em alto relevo, encimadas pela cruz de Cristo, juntamente com 2 tenentes, paralelepípedos se, função específica, espécie de escolta do marco principal. […] Na época do descobrimento o lugar chamava-se Marataiama, em tupi-guaraní: mara=mar e taima=terra, isto é, “lugar onde a terra encontra o mar”. Habitavam o lugar os índios Carió (Carichó ou Carijó) da nação guarani. Eles jamais haviam visto um navio tão grande, cheio de velas brancas, homens brancos vestidos, de fala macia e cabelos de fogo, ficaram deslumbrados e se referiam ao fato como mutupapaba, isto és “coisa maravilhosa”. Chamaram o marco de Itacoatiara (ita=pedra e cuatiara=risco, desenho, inscrição) ou Itacuruçá (ita=pedra e Curuçá cruz). Feito prisioneiro, de alguma forma o Bacharel conquistou a confiança dos selvícolas, vindo a unir-se com a filha do cacique Ariró…[…] Cananéia torna-se então, à partir de 1502, um importante ponto de passagem de armadas, expedições, exploradores, aventureiros, piratas e corsários. Para isso contribuíram a geografia em forma de abrigo natural para os navegadores, cujo melhor exemplo é a ilha do Bom Abrigo, as dádivas da natureza exuberante do lagamar: água doce, pesca, caça, frutas e lenha e a presença e liderança do misterioso Bacharel de Cananéia, Cosme Fernandes que sabia negociar os produtos da terra, o pau-brasil, informações e escravos.
A ocupação da Ilha Comprida remonta da pré-história, como registram cerca de 28 sambaquis catalogados em todo o município - montes de conchas, ossadas e artefatos produzidos pelos homens canoeiros, conchófagos e ictiógagos, que habitavam a região a milhares de anos.
Quando da chegada dos portugueses, a região era ocupada por índios tupis. Existem indícios de que o primeiro homem branco que lá chegou foi um aventureiro, português, expulso de sua Pátria por problemas religiosos, que se chamava Cosme Fernandes, o "Bacharel".
Ele teria chegado à região em 1502, na Armada do espanhol Américo Vespúcio, e foi aprisionado pelos índios tupis, de quem ganhou confiança a ponto de se casar com a filha do cacique, Caniné. Em 1531, a esquadra de Martim Afonso de Souza chega na Ilha do Bom Abrigo. O navegador