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1549
Manuel da Nóbrega (1517-1570)
1550
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“certas orações, que lhes ensinou na língua deles, dando-lhes o tom, e isto em vez de certas canções lascivas e diabólicas, que antes usavam”
06/01/1550
1 fontes

1° fonte: “A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos”. João Batista de Castro Junior, Universidade Federal da Bahia - Instituto de Letras - Programas de Pós-graduação em Letras e Lingüística
A 6 de janeiro de 1550, escrevendo de Porto Seguro, relata essa a intimidade de Navarro no ensinar aos meninos cantar “certas orações, que lhes ensinou na língua deles, dando-lhes o tom, e isto em vez de certas canções lascivas e diabólicas, que antes usavam”. Ele também dá a conhecer uma outra habilidade dos meninos órfãos vindos de Lisboa, que, “com seus cantares atraem os filhos dos Gentios e edificam muito os Cristãos”. Antônio Rodrigues, que também era língua, “era grande cantor e músico, e com o conhecimento directo da língua popular, possuía inigualável prestígio com os índios, «um grande obreiro inter gentes», prestígio que ele acrescentava com a sua experiência e ousadia”, escreve Serafim Leite (1953:247), que acrescenta: “Mas escreve António de Matos que o P. António Rodrigues (a esta data já era Padre: ordenara-se em 1562) fora à empresa do Rio de Janeiro para com a sua arte de cantor e de músico, atrair, converter e captar os últimos Tamoios para a religião”.

por Nóbrega, era a falta de volume lexical; o segundo, a objetividade e imediação da língua nativa, o que se extrai da seguinte passagem de Anchieta (1988:115): “Os Brasis não costumam usar de rodeio algum de palavras para explicar as coisas”. Também Azpilcueta Navarro, outro atilado conhecedor da língua tupi, deixa assinalado: “nem me parece têm certos vocábulos que servem em geral”, transcreve Maria Carlota Rosa.

Nóbrega, em carta escrita de Porto Seguro a 6 de janeiro de 1550, revela: “Damos-lha [a fé ensinada aos índios] a entender o melhor que podemos e algumas coisas lhes declaramos por rodeios”. Daí a pertinência da observação feita por Edith Pimentel Pinto (1993:522) respeito dos textos tupi produzidos por José de Anchieta: À integração de palavras indígenas nos textos em português ou castelhano, Anchieta preferiu o próprio uso da língua tupi, no qual, em contrapartida, introduziu lusismos, condicionados pela insuficiência daquela língua para a expressão de abstrações, compatíveis com a veiculação dos conceitos cristãos e valores morais que pregava. O também jesuíta Vincencio Mamiani (1942), defrontado com idêntico problema na língua Kiriri foi explícito em admitir a inoculação de empréstimos da língua portuguesa: Advirto, por último, que por faltar nesta língua vocábulos que expliquem com propriedade o significado de algumas palavras que se usam nas Orações, Mistérios da Fé e outras matérias pertencentes a ela, usamos das mesmas vozes Portuguesas, ou Latinas, como se introduziu nas outras línguas de Europa; pois da Hebréia e Gregra passaram aos Latinos, dos Latinos passaram às outras Nações de Europa como são Ave, Salve, Sacramentos, Trindade, sc. Em outras palavras, com os Sacramentos em particular, as virtudes e vícios, sc, e semelhantes, quando não há nesta língua vocábulo próprio, usamos pelo ordinário da definição, ou perífrase, para os Índios entenderem o significado delas, que é o intento que se pretende para uma suficiente instrução desses novos Cristãos. ["A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos" 2005]






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