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RASULSesmarias e gados de Pero Correa são doados aos jesuítas 01/01/1553 2 fontes 1° fonte: A Evangelização em Santa Catarina. Parte I: Vida e Morte no Mundo dos Carijós (1500-1650), 1996. Padre José Artulino Besen, professor de História da Igreja Pero Corrêa foi o primeiro irmão recebido na Companhia pelo padre Leonardo Nunes, em São Vicente, em 1549. Português de nascimento, gastara bons anos de sua vida nas diversões, aprisionando e salteando nativos, mas era tipo em grande conta pela sua prudência. Era um dos principais moradores de São Vicente, e grande língua (intérprete) da terra. Em 1542 conseguiu a concessão de muitas terras, inclusivo da maior das três ilhas que estão diante de Peruíbe, para seu projeto de carga e descarga de naus.
Cansado e arrependido de sua vida de vícios e violências, decidiu consagrá-la a serviço dos nativos, dos quais tanto aprisionara e matara. Em 1553 doou todos os seus bens à Companhia. Em 1554 participou da missão fundadora de São Paulo de Piratininga, onde foi aluno de gramática de Anchieta.
2° fonte: Fazendas e Engenhos do litoral vicentino: traços de uma economia esquecida (séculos XVI-XVIII), 2020. Vera Lucia Amaral Ferlini. Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho A constituição de seu patrimônio deu-se pela anexação de terras de Pero Correa, em 1553; Cornélio Arzão, em 1628; Antonio Rodrigues de Almeida, em 1643; Francisco Pinto, em 1664; Pero de Go´es, em 1674; Domingos Leite de Carvalho, em 1687; Agostinho Rodrigues de Guerra, em 1687; Diogo Pinto do Rego, em 1743; Manuel Antunes Belém de Andrade, em 1743.
“ele veio de Paraguai por terra a S. Vicente. Entrou na Companhia recebido por Nóbrega, em 1553” 01/01/1553 1 fontes 1° fonte: “A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos”. João Batista de Castro Junior, Universidade Federal da Bahia - Instituto de Letras - Programas de Pós-graduação em Letras e Lingüística Importante notar que alguns dos melhores línguas jesuítas já o eram antes de ingressarem na Companhia. Assim, Antônio Rodrigues, que não se confunde com o companheiro homônimo de João Ramalho, também referido como língua por Anchieta (1988:48), “embarcou em Sevilha, na armada de D. Pedro de Mendoza, tomou parte na primeira fundação de Buenos Aires (1536), na de Assunção (1537), acompanhou Irala através do Chaco, foi com Ribeira ao centro do Mato Grosso”, segundo dados biográficos contidos em Serafim Leite (1953:246), que acrescenta que “ele veio de Paraguai por terra a S. Vicente. Entrou na Companhia recebido por Nóbrega, em 1553”. Seus escritos revelam certa erudição, como o demonstra, em outra obra, Serafim Leite (1953b:206). Foi o primeiro mestre-escola de São Paulo, tendo estado sob sua direção “a escola de meninos, de ler, escrever e cantar” (p.38), o que já havia sido antecipado por Teodoro Sampaio (1978e:236).
“E, segundo o nosso parecer e experiência que temos da terra, esperamos fazer muito fruto, porque temos por certo que quanto mais apartados dos Brancos, tanto mais crédito nos têm os índios” 01/01/1553 1 fontes 1° fonte: “A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos”. João Batista de Castro Junior, Universidade Federal da Bahia - Instituto de Letras - Programas de Pós-graduação em Letras e Lingüística Ao isolamento e guarnecimento pela muralha da Serra do Mar se somava ainda o distanciamento do contato com portugueses, já que Nóbrega via nisso uma forma de otimização do plano catequético, como deixa claro em carta escrita de São Vicente, em 1553, ao provincial Simão Rodrigues (2000:154): “E, segundo o nosso parecer e experiência que temos da terra, esperamos fazer muito fruto, porque temos por certo que quanto mais apartados dos Brancos, tanto mais crédito nos têm os índios”. Teodoro Sampaio (1978b:158 e 1978e:236) empresta apoio a esse planejamento ao afirmar que “assim era preciso, para que sementeira do Evangelho se não perdesse com o degradante proceder e triste exemplo dos maus cristãos”.
Esse isolamento foi instado, portanto, pela impressão desfavorável que a princípio lhe cunhou João Ramalho, de Santo André da Borda do Campo, embora, posteriormente, segundo o mesmo Serafim Leite (2004-I: 100-1), “tudo se desanuviou”. Deve-se isso ao gênio de Nóbrega sempre pensando mais alto em favor dos objetivos missionários. Sua capacidade de dialogar, transigir e até mesmo recuar na hora certa, para avançar no tempo adequado, permitia que problemas aparentemente insolúveis fossem equacionados. Sérgio Buarque de Holanda (1978:96) penetra no móvel dessa atitude de Nóbrega: “Quando concilia os padres com João Ramalho, pecador e excomungado, não é por simples condescendência de momento, não é por um fácil oportunismo, mas porque vê em tal recurso o meio decisivo de converter o gentio, uma das finalidades precípuas de sua Ordem”. Pesaram, ainda, na decisão do maioral dos jesuítas no Brasil, as turbulências da proximidade do colono português e seus descendentes mamelucos na Vila de São Vicente.
Capistrano (1963:73) sintetiza tudo isso: "Levaram-nos a este passo a maior abundância de alimentos no planalto, a presença de tribos próprias à conversão por sua índole mansa, e, além do afastamento dos portugueses, certas idéias vagas de penetração entre os índios do Paraná e Paraguai. O nome de São Paulo, agora ouvido pela primeira vez, devia ecoar poderosamente no futuro." [Páginas 80 e 81]
“O irmão Pedro Correia é aqui grande instrumento para por ele Nosso Senhor obrar muito, porque é virtuoso e sábio, e a melhor língua do Brasil” 12/02/1553 1 fontes 1° fonte: A transformação da cultura de base açoriana catarinense através do desenvolvimento da pesca e do turismo – UM ESTUDO ANTROPOLÓGICO. Universidade de Salamanca. Instituto de Estudos de Iberoamérica y Portugal. Programa de Doctorado Interuniversitário, Antropologia de Iberiamérica Como verdadeiros aventureiros, homens como Hans Staden ou Ulrich Schmidel, percorreram o mundo com o objetivo de conhecer novas terras e novas gentes, ou mesmo aqueles que procuravam, em nome da sua fé, conquistar novos adeptos como os missionários espanhóis Bernardo de Armenta e Afonso Lebron, com sua idealização da “Província de Jesus” ou, ainda, aqueles seguidores de Inácio de Loyola, os primeiros jesuítas, que vêm ao Brasil Meridional, a partir de 1553, dando seguimento aos trabalhos apostólicos de Leonardo Nunes, reafirmando a organização da “Missão aos Carijós” ou “dos Patos”, cujos trabalhos são descritos nas “Cartas Ãnuas”. Por outro lado a primeira organização político-administrativa aconteceu com as “Capitanias Hereditárias”, cabendo o extremo meridional a Pedro Lopes de Souza, com a Capitania de Santo Amaro e Terras de Santana, que aprofunda as tensões luso-castelhanas a partir do Tratado de Tordesilhas e a sua inconclusa demarcação. [Página 53]
Manoel da Nóbrega realizou a primeira missa num local próximo da aldeia de Inhapambuçu, chefiada por Tibiriçá fazendo cerca de 50 catecúmenos "entregues à doutrinação do irmão Antonio Rodrigues" 29/08/1553 6 fontes 1° fonte: “No dia de São Paulo”. Jornal Correio Paulistano/SP, página 5 É de júbilos a data de hoje, a data máxima da cidade, a em que se celebra a sua fundação. Esse episódio, que se distância de quase quatro séculos no tempo, não há quem não relembre com admiração e orgulho: alguns jesuítas simples e devotados, entre eles dois enfermiços, José de Anchieta e Gregório Serrão, aqui chegam cobertos de poeira, as alpercatas rotas, mas cheios de audácia e de coragem, iluminados por uma grande fé criadora.
Em torno, montes e várzeas. Numerosos guainás a tribo de Tibiriça. Espalhadas nos horizontes invisíveis algumas aldeias, os futuros baluartes da defesa, garantidores da expansão jesuítica e bandeirante.
Entre elas, como as mais notáveis Ururai, chefiada por Piquerobi, sogro de Antonio Rodrigues; Jeribatiba em que pontificava o velho guerreiro Caiubi. A ainda, para o oeste, como portas misteriosas do sertão infinito, Carapicuiba e Marueri.
Havia no planalto dois centros já habitados por portugueses: Santo André da Boda do Campo, que tinha como capitão o intrépido João Ramalho, seu fundador, e o vilarejo enigmático e decadente de Piratininga, que ainda não foi perfeitamente situado e no qual viveriam os remanescentes da primitiva incursão de Martim Afonso de Souza, que o fundou.
E só. O mais, caça, feras, o nativo desconfiado, a solidão, os perigos de toda natureza, tudo por fazer, tudo por criar, no solo virgem e bruto. Mas os homens vieram para agir. Enquanto uns se iam para a aldeia de Maniçoba, de que nasceu Itu, outros se transformavam em artífices e em mestres. Construía-se e ensinava-se; erigia-se o povoado, ilustravam-se as inteligências e as almas.
2° fonte: “São Paulo foi fundada a 29 de agosto de 1553?”, Benedito Carneiro Bastos Barreto "Belmonte", jornal Folha de São Paulo São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 1943
A História do Brasil ainda está inçada de lacunas e obscuridades que, não poucas vezes, levam os próprios historiadores a cair no terreno arenoso das conjeturas e probabilidades. O enorme acervo documental, ainda inédito, existente nos arquivos brasileiros, portugueses, espanhóis, assim como o que se encontra em poder dos jesuítas — inacessível aos leigos— tem feito da nossa História uma obra inacabada e constantemente sujeita a corrigendas e alterações, algumas de caráter tão profundo que, muitas vezes, modificam radicalmente episódios tidos até então como incontestáveis e definitivos.
Acontece então que, pela ausência de uma documentação idônea, existente mas ignorada, surgem opiniões individuais perfilhadas por este ou aquele historiador a respeito de tais e tais acontecimentos mais ou menos importantes. E daí, como é fácil imaginar, se desencadeiam as controvérsias, em torneios que empolgam e que fascinam mas que, apesar de tudo, não resolvem nada. E, sobre o panorama impreciso de nossa História, permanecem as neblinas, que o calor das discussões não diluem, nem afasta.
Por exemplo: quando se fundou S. Paulo? Quem a fundou? Na escola nos ensinaram que foi a 25 de janeiro de 1554, pelo padre José de Anchieta.
Isso é o que se sabia nos tempos amáveis em que ainda íamos à escola. Mas, depois, surgiram da poeira dos arquivos, documentos que vieram alterar aquilo que se estabeleceu como coisa certa, definitiva e indiscutível. E viemos a saber, então, novidades sensacionais, entre as quais esta: Quem fundou S. Paulo foi Martim Afonso de Sousa.
Isto é, Martim Afonso fundou um povoado que foi uma espécie de prefácio de S. Paulo. Ou, explicando melhor: S. Paulo foi um prolongamento, uma continuação do burgo de Martim Afonso.
Depois de ter fundado S. Vicente, o fidalgo português subiu ao planalto e veio fundar, entre os índios que se situavam às margens do Tietê, em local onde hoje se acha o Bom Retiro, a povoação de Piratininga. Nos meus tempos de escola ninguém falava nesta Piratininga.
Nem hoje os livros escolares falam nela. E, todavia, Piratininga já existia em fins de 1532, pois a sesmaria de Pero Góes, lavrada por Pero Capico, é datada de Piratininga, a 12 de outubro daquele ano. E o famoso "Diário" de Pero Lopes, dedicado a D. João III, acentua categoricamente, narrando as façanhas do seu irmão Martim Afonso: "Fez vila na ilha de S. Vicente e outra nove léguas dentro pelo sertão, que se chama Piratininga". E acrescenta: "Aí foi a primeira povoação que nesta terra houve a tempo de Martim Afonso de Sousa".
Estas afirmações, como se vê, são definitivas.
Mas Manuel da Nóbrega, que aí também esteve, confirma, numa de suas famosas cartas: "... e do mar dez léguas pouco mais ou menos duas léguas de uma povoação de João Ramalho, que se chama Piratinim, onde Martim Afonso primeiros povoou"...
Parece não haver a menor dúvida sobre a existência de Piratininga antes da chegada dos doze loiolanos que vieram construir um centro de catequese na confluência do Anhangabaú e do Tamanduatí. Alí esteve Nóbrega doutrinando. Alí esteve João Ramalho comandando. E, ao contrário do que afirma Batista Pereira, Piratininga não mangrou. Depois de erguido o colégio e multiplicado o casario da colina, Piratininga ainda existia. Consultem-se as "Atas" da Câmara de S. Paulo, nos fins do Século XVI e princípios do XVII e lá se encontrarão referências a um "caminho de Piratininga".
Até aí está tudo muito bem. Martim Afonso fundou Piratininga ou, se preferem, povoou Piratininga. Porque, segundo a afirmação de Nóbrega, parte dos povoadores desceu para o litoral e parte ficou em Piratininga. O próprio Leonardo Nunes, escrevendo de S. Vicente em 24 de agosto de 1550, afirma: "... os cristãos que deixei derramados naquele lugar entre os índios"...
Todavia, o que aconteceu depois foi que Leonardo Nunes tirou esses cristãos de Piratininga e levou-os para a Borda do Campo, fundando aí a povoação de Santo André — segundo a afirmação de Tomé de Sousa. O que veio desfazer a ilusão de que fora João Ramalho o fundador da vila famosa. Ora, se os cristãos abandonaram Piratininga, deixando-a entregue aos índios, ficou decidido não mais se tomar conhecimento dela para efeitos históricos, a não ser como curiosidade para distração dos historiadores.
Mas o padre Serafim Leite, da Companhia de Jesus, historiador consencioso, a quem se deve a divulgação de notáveis documentos portugueses sobre a História de S.Paulo, divulga, na sua maravilhosa "História da Companhia de Jesús no Brasil", (tomo I, Livro III, cap. VI, 1º) uma carta de Manuel da Nóbrega, datada de 30 de agosto de 1553:
"Ontem, que foi dia da Degolação de S. João Batista, vindo a uma Aldeia onde se ajuntam novamente e apartam os que convertem e onde pus dois Irmãos para os doutrinar, fiz solenemente uns 50 catecúmenos, dos quais tenho boa esperança de que serão bons cristãos e merecerão o batismo e será mostrada por obras a fé que recebem agora. Eu vou adiante buscar alguns escolhidos, que Nosso Senhor terá entre este gentio; lá andarei até ter novas da Baía, dos Padres que creio serão vindos. Pero Correia foi adiante a denunciar penitência em remissão dos seus pecados".
E Serafim Leite acrescenta:
"Esta carta de Nóbrega é a certidão de idade de São Paulo".
Falando com a dupla responsabilidade de historiador e de jesuíta, Serafim Leite entende que a fundação de S. Paulo foi feita em Piratininga. Em verdade, quando Martim Afonso povoou a margem do Tietê, no campo de Piratininga, deu ao seu ato todas as solenidades essenciais. Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim Afonso, faz da fundação um relato breve mas sugestivo:
"... fez vila na ilha de S. Vicente e outra, 9 léguas dentro pelo sertão, à borda de um rio, que se chama Piratininga; e repartiu a gente nestas duas vilas e fez nelas oficiais; e pôs tudo em boa ordem e justiça, de que a gente toda tomou muita consolação, com verem povoar vilas e ter leis e sacrifícios e celebrar matrimônios e viverem em comunicação das artes; e ser cada um senhor seu; e (in) vestir as injúrias particulares; e ter todos os outros bens da vida segura e conversável".
Como se vê, Piratininga foi fundada por Martim Afonso de Sousa, em 1532. Dia e mês continuam ignorados, sabendo-se apenas que o foi logo após a fundação de São Vicente. Nóbrega, na carta citada, passou a "certidão de idade" no dia 30 de agosto de 1553 e Serafim Leite dá a entender que a fundação data de 29 de agosto, com a conversão de 50 catecúmenos.
É forçoso não esquecer, todavia, que, antes desses 50 cristãos de Nóbrega, já existiam lá os cristãos de Martim Afonso ("... parte dos povoadores lá se deixou ficar"...) e os de Leonardo Nunes ("... os cristãos que deixei derramados naquele lugar"...). Não é possível, portanto, deixar de reconhecer a primazia de Martim Afonso na fundação de S. Paulo, embora com o nome de Piratininga. E como dissemos, embora Leonardo Nunes tivesse transportado os cristãos dessa aldeia para a Borda do Campo (outro problema: quem fundou Santo André? Leonardo Nunes ou João Ramalho?), apesar disso Piratininga continuou existindo. Nas "Atas" e no "Registro Geral" da Câmara de São Paulo encontram-se, até os princípios do século XVII referências ao povoado de Martim Afonso, onde, naturalmente, já não existiam oficiais, nem Câmara, nem pelourinho —pois tudo isso se achava então na colina do colégio— mas onde ainda moravam cristãos, como se prova, por exemplo, com uma dada de terras a Antonio Camacho, junto a João Maciel, em 1601.
Todavia, apesar de tudo isso, é difícil aceitar como "certidão de idade" a carta de Manuel da Nóbrega, e datar a fundação de São Paulo de 29 de agosto de 1553, pois S. Paulo só pode sobreviver e triunfalmente continuar, depois que a muralha da colina a salvou do arrasamento pelos bárbaros, que os mamelucos do planalto contra-atacaram e venceram. E se isso foi possível, devem-lo à visão de Nóbrega que situou a nova Piratininga em lugar estratégico e fez erguer a primeira casa da vila, a casa de doutrina, num ponto de onde nunca mais saiu, porque ela ainda hoje ali permanece, nos alicerces dos paredões que, até há 50 anos, eram a torre da igreja do Colégio.
Para mim, pois, a "certidão de idade" de S. Paulo ainda está naquela carta de Anchieta, que diz assim:
"Aqui se fez uma casinha de palha com uma esteira de canas por portas...".
Texto originalmente publicado em suplemente da "Folha da Manhã": São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 1943 - 2ª seção. Pesquisa: Banco de Dados da Folha de S. Paulo.
3° fonte: “Ecos das comemorações aos 389°. aniversário da fundação de São Paulo”. Discurso do prefeito de São Paulo, Prestes Maia, Jornal Diário de Notícias A obra de colonização interior estava iniciada quando, em 1553 e 1554, sobrevieram os padres introduzindo a nota espiritual: a escola e o culto, consubstanciados na missão jesuítica e na humilde edificação descrita na carta célebre de Nóbrega. Separados do mar e da metrópole pela escarpa abrupta da serra, voltados para as imensidades dos sertões fascinadores e convidados pela curiosa inversão dos rios, começaram os colonos e seus filhos o esforço épico do desbravamento e da conquista. Não eram eles, como a malícia ou a ignorância tem por vezes insinuado, sanguinários aventureiros à cata de nativos, ouro e pedrarias. Embora sujeitos a todos os imperativos naturais e econômicos do meio e da época (porque homens e não semi-deuses), eram trabalhadores conscientes com ideais atestados pelas expedições trapejantes, e, quando combatiam os nativos, os espanhóis e as missões jesuíticas, faziam-se não por tropelia, mas por defesa instintiva e predestinação patriótica.
Recuando meridianos, desfazendo tratados, atravessando o continente, tomavam posse real das terras, erigiam padrões em nome dos seus soberanos, com os quais se correspondiam por vezes, informando e recebendo instruções.
Piratininga do Campo não nasceu na opulência nem viveu no comodismo. Pelo contrário, as taipas e as palhoças duraram longamente, e nem sequer a segurança compensava tanta pobreza, pois, cercada de tribos traiçoeiras e agressivas, foi obrigada por muito tempo a manter-se vigilante por trás das estacadas e dos baluartes fragílimos. Quase desesperou, por vezes, diante de assédios e ataques tão formidáveis que, de uma feita, as mulheres ofereceram suas cabeleiras para a confecção de apetrechos de guerra, a, de outra, tornou-se forçoso o recuo do Emboaçava.
4° fonte: Artes e ofícios dos Jesuítas no Brasil, 1549-1760. Serafim Soares Leite António Rodrigues era grande cantor e músico, e com o conhecimento direto da língua popular possuía inigualável prestígio com os índios, "um grande obreiro inter gentes", prestígio que ele acrescentava, com a sua experiência e ousadia: "como é língua e mui fervente obreiro vai sempre diante a esmoitar a terra" (Nóbrega). Por isso o tomou Nóbrega por intérprete e companheiro nas suas fundações tanto no Sul: Piratininga e Maniçoba (ou Japiuba) como na Baía: Aldeias.
5° fonte: Monumenta Brasiliae, 1956. Serafim Soares Leite (1890-1969) A narrativa impessoal diz que "se viu" e Nogueira, de fato, poderia não estar presente, mas Nóbrega "viu" em pessoa. Depois de fundar a Aldeia de Piratininga em 29 de agosto de 1553, seguiu para Maniçoba com um Irmão "grande" (Antonio Rodrigues) e quatro ou cinco Irmãos "pequenos" (meninos). Os tupinaquins iam matar em terreiro e comer, "uns índios carijós".
Nóbrega procurou evitar o morticínio, sem o alcançar. (Foram estas e outras verificações positivas e pessoais, que o levaram ao plano de 1558, que Mem de Sá executou). Antonio Rodrigues e os Irmãos "pequenos" pregaram e "converteram" aqueles nativos que iam ser mortos; e também aqui os matadores impediam o batismo e os vigiavam muito bem, dizendo que, se eles se batizassem que comesse a sua carne morreria.
O fato é contado em pormenor pelo Irmão Pero Correia, que tinha ido adiante de Nóbrega, e provavelmente também assistiu a matança, na carta de 18 de julho de 1554 (supra, carta 17). Ao nativo, que se ofereceu para os batizar secretamente ("para que aqueles morressem cristãos"), parece referir-se Nóbrega.
6° fonte: “O nascimento de São Paulo”, 02.05.2018. Eduardo Bueno Não é o nascimento de São Paulo, são os nascimentos de São Paulo. São Paulo nasceu muitas vezes. Piratininga, a São Paulo dos tupiniquins, a São Paulo de Tibiriçá, pai de Bartira, esposa de João Ramalho.
Mas a cidade que ele criou, não deu em nada, a cidade que realmente viraria a São Paulo que não pode parar É a São Paulo dos jesuítas, né, foi fundada quando? 25 de janeiro de 1554. Porém, tudo se inicia antes, se inicia em 29 de agosto de 1553. Que é o dia da degolação de São João Batista, e por que São João Batista? E por que São Paulo?
Porque São Paulo cara, nasceu com mapa astral Os jesuítas calcularam cada minuto, cada instante que eles iriam criar aquela cidade. E além de tudo calcularam não só o momento, calcularam o local Por que São Paulo nasceu em um lugar de poder, Fân Shuei, que tu deve chamar de Feng Shui É a geomancia, são as linhas mágicas da natureza.
E o triângulo histórico onde São Paulo nasceu, era um lugar totalmente sacralizado pelos nativos que moravam lá, que era realmente um local de poder. E acima de tudo cara, era um ponto de convergência ou de divergência. De 5 incríveis trilhas históricas, trilhas pré-históricas Né, percorridas pelos indígenas.
Carta de Manoel da Nóbrega á Luís Gonçalves da Câmara: “Vou em frente procurar alguns escolhidos que Nosso Senhor terá entre esses gentios” 31/08/1553 1 fontes 1° fonte: “A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos”. João Batista de Castro Junior, Universidade Federal da Bahia - Instituto de Letras - Programas de Pós-graduação em Letras e Lingüística
Nóbrega, entretanto, com seu ideal catequético-cristão, apesar da rudeza de João Ramalho, via nele um meio de conversão dos gentios, para o que deve ter pesado a relação de parentesco existente entre o chefe tribal e o Padre Manuel de Paiva, informa Serafim Leite (2004-I: 93), e como deixa entrever o próprio Nóbrega em carta escrita do sertão de São Vicente, em 31 de agosto de 1553 (2000:183-4):
Neste campo está um João Ramalho, o mais antigo homem que está nesta terra. Tem muitos filhos e mui aparentados em todo este sertão. E o mais velho deles levo agora comigo ao sertão por mais autorizar nosso ministério. Porque é muito conhecido e venerado entre os gentios e tem filhas casadas com os principais homens desta Capitania e todos estes filhos e filhas são de uma índia, filha de um dos principais desta terra. De maneira que, nele e nela em seus filhos, esperamos ter grande meio para a conversão destes gentios. (....) Este homem, para mais ajuda, é parente do Pe. Paiva e cá se conheceram.
Foi para lá que Nóbrega se dirigiu (Maniçoba), ao passar por Piratininga, em agosto de 1553, quando deixou as bases para a fundação da Casa de São Paulo:
“Yo voi me adelante a buscar algunos escogidos que N. Señor tendrá entre estos gentiles” (Carta ao Pe. Luís Gonçalves da Câmara, 31.08.1553, CPJ, v. 1, p. 523).
“E é por aqui a porta e o caminho mais certo e seguro para entrar nas gerações do sertão” 24/12/1553 1 fontes 1° fonte: “A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos”. João Batista de Castro Junior, Universidade Federal da Bahia - Instituto de Letras - Programas de Pós-graduação em Letras e Lingüística As razões topográficas que ensejaram a primeira fundação de São Paulo por Martim Afonso de Sousa, ao dar execução ao plano geopolítico de D. João III, eram as mesmas agora que guiavam os passos de Nóbrega, “com a única diferença de que, no primeiro caso, se tratava de uma expansão territorial e econômica e, no segundo, duma expansão religiosa”, adverte Cortesão (1955:201). É o próprio Nóbrega (2000:190) quem afirma: “E é por aqui a porta e o caminho mais certo e seguro para entrar nas gerações do sertão”, ou, nas palavras de Anchieta, em carta escrita de Piratininga em 1554 (1988:48), “entrada a inúmeras nações, sujeitas ao jugo da razão”. Foi “uma intuição verdadeiramente profética”, como bem diz Sérgio Buarque de Holanda (1978:96), não se podendo deixar de admitir que não lhe tenha escapado “a alta significação histórica de um esforço expansionista que outros iriam retomar para dano da Companhia”. [80 e 81]
A chegada de Anchieta a Piratininga, que ocorre em 24 de dezembro de 1553, dará novo impulso ao projeto lingüístico de aprendizado da língua geral, muito embora Nóbrega, quatro anos antes, mostrasse algum desânimo com esse plano em razão do reduzido volume lexical que avaliou ter a língua indígena. São dele as seguintes palavras: “Tem mui poucos vocábulos para lhes poder bem declarar a nossa fé”, diz em carta escrita da Bahia em 1549 (2000:66), repetindo o que já dissera noutra meses antes no mesmo ano: “São eles tão brutos que nem vocábulos têm” (2000:21). Mas será ele próprio quem comandará “um exército de intérpretes”, que dava larga dianteira à Capitania de São Vicente, explicável, segundo Cortesão (1955:206), pela existência do Campo, povoado desde 1532. Além disso, o aprendizado da língua nativa era um dos direcionamentos da Companhia de Jesus para os seus missionários pelo mundo, uma espécie de prius lógico do plano catequético. Como lembra Serafim Leite (2004-I: 29): “os que fossem destinados aos mouros ou turcos deveriam aprender a língua arábica ou caldaica; os que fossem para a Índia, a índica, e assim para as outras”. [p. 119]
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