| | | Ermidas, capelas e igrejas | 1598 | | | |
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Chegada do governador e de sua comitiva mobilizou as autoridades locais / A igreja matriz, iniciada em 1588, ficara parada durante anos, e a vinda do governador se tornou um pretexto 01/05/1598 1 fontes 1° fonte: “São Paulo na órbita do Império dos Felipes: Conexões Castelhanas de uma vila da américa portuguesa durante a União Ibérica (1580-1640)” de José Carlos Vilardaga A chegada do governador e de sua comitiva mobilizou as autoridades locais, que tiveram de garantir refeição, abrigo e serviços aos novos personagens. Os oficiais da Câmara se preocuparam em regular os ofícios mecânicos, em especial, controlar o ofício de barbeiro.
Em maio de 1598, os oficiais exigiam que não se levasse mais gado para Santos até a vinda do governador, pois poderia criar problemas de abastecimento. Além disso, cada um dos moradores deveria limpar e carpir seu chão de terra. O uso do tingui (espécie de veneno indígena) foi proibido como instrumento de pesca, pois extinguia rapidamente a quantidade de peixes dos rios adjacentes.
A igreja matriz, iniciada em 1588, ficara parada durante anos, e a vinda do governador se tornou um pretexto, e uma oportunidade, para encerrá-la. Era ainda necessário criar alguma estalagem ou estabelecimento que vendesse coisas de comer e beber, o que foi feito ao se conceder tal tarefa ao malaguenho Marcus Lopes.
A dinâmica local começava, desde antes da chegada do governador, a se alterar em função de sua iminente presença. Contudo, mesmo depois de sua chegada, uma espécie de “febre normatizadora” continuou atingindo a vida cotidiana da vila, como se pode verificar nas sessões da Câmara, que regulavam o açougue onde se tallhe a carne, os juízes telheiros (padrão de telhas) e as caixas de marmelada, principal produto de “exportação” da vila.
A regulação e disciplinarização da vila, diante da chegada do governador, é um dos denotativos do impacto e dos efeitos de sua presença no pequeno povoado. O homem de idade madura, ânimo decidido, polido e adaptável, como dizia Carvalho Franco, veio acompanhado da comitiva “mais douta, mais operosa e mais luzida que já vira a colônia nascente”.
O que deve ter impressionado os moradores da vila de São Paulo que se viram, de repente, alçados à condição de sede e centro, senão do governo - que permanecia em Salvador -, da governança. Segundo Afonso Taunay, a chegada de Francisco de Souza a São Paulo foi um verdadeiro “choque de civilização”.
De fato, o historiador paulista fazia esta inferência a partir de Frei Vicente Salvador, para quem, em São Paulo, Até então os homens e mulheres se vestiam de pano de algodão tinto, e se havia alguma capa de baeta e manto de sarja se emprestava aos noivos e noivas para irem à porta da igreja; porém depois que chegou d. Francisco de Souza, e viram suas galas, e de seus criados e criadas, houve logo tantas librés, tantos periquitos, e mantos de soprilhos.
“auto de concerto que fizeram os oficiais da câmara com Domingos Luiz e Luiz Alvares” para fazerem "corpo de igreja" e capela matriz. Obrigaram-se esses empreiteiros a executar “obra de taipa de pilão a razão de quatro reais o taipal, com tal condição que os taipaes fossem de cutelo ou pedaço para serem também contados.” 30/05/1598 2 fontes 1° fonte: S. Paulo nos primeiros anos: 1554-1601 (1920) Affonso d´Escraqnolle Taunay Os anos sucederam aos anos e, apesar de já ter vigário, não podia São Paulo gabar-se de possuir uma matriz. Afastaram-se os projetos já antigos e os desejos veementes dos seus habitantes para o plano do dificilmente realizável. Um decênio decorreu sem que se concretizasse a aspiração revelada pela ata de 1588.
Afinal decidiu a Câmara de 1598 acabar com esse "statu quo" desagradável para os brios municipais. Convocou-se ajuntamento a 30 de maio de 1598 e deste "meeting" desceu o "auto de concerto que fizeram os oficiais da câmara com Domingos Luiz e Luiz Alvares" para fazerem "corpo e igreja" e capela matriz.
Obrigaram-se esses empreiteiros a executar "obra de taipa de pilão a razão de quatro reais o taipal, com tal condição que os taipais fossem de cutelo ou de pedaço para serem também contados."
Severa, como se vê, prometia ser a fiscalização municipal, a menos que tão formal injunção não nos autorize a fazer algum juízo temerário da honorabilidade dos construtores, capazes de "carregar a mão" na conta dos taipais construídos.
Comprometeram-se os empreiteiros a começar a obra, logo que acabassem as casas que estavam edificando para Antonio Vaz e as que Domingos Luiz construía para si. Dai se depreende quanto eram movimentados os negócios do seu "escritório de engenharia"...
Forneceriam cumieiras, batentes e portais que lhes seriam pagos "conforme valessem as peças que pusessem".
Dinheiro era coisa que em São Paulo quase não havia. Surgiam nos cofres do concelho esquivos tostões de vez em quando. Assim, pois, comprometeram-se os construtores a aceitar a proposta da Câmara. Receberiam a paga dos serviços por quarteis, parte em espécie e o resto em gêneros da terra: cera, couros e algodão, tudo pelos preços correntes, no, mercado. E como a Câmara se irrogava duvidar da lisura de suas contas, exigiram a declaração de que não abririam crédito á municipalidade "sendo feita a dita obra a pagua na mão!" - formula pitoresca da época, que a nossa gíria moderna poderia traduzir de inúmeros modos. Aceita essas diversas cláusulas, hipotecaram os empreiteiros os bens ao concelho, "obrigando suas fazendas". Assinou então o contrato entre eles, o juiz Estevam Ribeiro Bayão Parente e os vereadores Diogo Fernandes e Antonio Raposo.
2° fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Volume XLVII. Triênio de 1951-1953 Luís Álvares (filho de Rodrigo Álvares). Natural de Santos. Casou com Antonia Gaga, que suponho filha de Henrique da Cunha. Era carpinteiro. Em sociedade com Domingos Luis Carvoeiro, contratou em 1598 a construção do corpo da igreja.
No ano seguinte, Pedro Cubas deu andamento à reivindicação das terras do Tatuapé, alegando que o pai não prosseguira no feito por ter resolvido que Rodrigo Alvares as fruísse em vida. Luís Álvares então vendeu a Jorge Neto Falcão as benfeitorias do Tatuapé e os seus direitos em litígio.
Convocaram os paulistanos para que ouvissem o público pregão de que se pagariam quatro reais pelo serviço da igreja: “Se houvesse quem o fizesse mais barato; dissesse que era caro o dito preço”, apregoou alto e detidamente o meirinho 14/06/1598 1 fontes 1° fonte: S. Paulo nos primeiros anos: 1554-1601 (1920) Affonso d´Escraqnolle Taunay Era a empresa de tal magnitude, porém, que a Câmara não a quis levar avante sem a ratificação popular. A 14 de junho desse mesmo 1598 convocaram-se os paulistanos para que ouvissem o público pregão de que se pagariam quatro reais por taipal da igreja.
"Se houvesse quem fizesse mais barato, fizesse que era caro o dito preço", apregoou alto e detidamente o meirinho.
Como ninguém protestasse, passou-se á eleição dos "fintadores", pessoas encarregadas de cobrar as contribuições precisas para a conclusão das obras, sendo escolhidos Jorge Moreira, Fernão Dias e João Soares, "por levarem mais vozes sobre todos os mais".
Quarenta dias mais tarde, novas duvidas se "dirimiam", convidando a Câmara as pessoas de prestígio a discutir a questão da localização definitiva da igreja.
Decidiu-se que a fizessem "onde estava começada, pelo bem que podia haver por estarem já ali defuntos e estar no meio da vila".
Ata 25/06/1598 3 fontes 1° fonte: S. Paulo nos primeiros anos: 1554-1601 (1920) Affonso d´Escraqnolle Taunay Quarenta dias mais tarde, novas duvidas se "dirimiam", convidando a Câmara as pessoas de prestígio a discutir a questão da localização definitiva da igreja. Decidiu-se que a fizessem "onde estava começada, pelo bem que podia haver por estarem já ali defuntos e estar no meio da vila".
2° fonte: Territórios de cidade, territórios de morte, urbanização e atitudes fúnebres na América portuguesa. Renato Cymbalista, FAU-USP Ainda mais interessantes são alguns documentos que mostram que, para além das escolhas individuais, decisões coletivas e urbanísticas podiam ser feitas a partir da presença dos mortos. Um registro nas Atas da Câmara de São Paulo revela que eles exerciam seus poderes sobre o território urbano:
Aos vinte e cinco anos do mês e junho do dito ano [1598] se ajuntaram em Câmara os oficiais dela para assentarem coisas pertencentes ao bem comum e principalmente sobre o fazer da igreja e onde seria [...] e todos assuntaram e disseram que era bem fazer-se a dita igreja onde está começada pelo bem que pode haver, por já estarem ali defuntos e estar no meio da vila.
Pelo que informa o relato acima, o fato de a igreja já estar começada não era razão suficiente para a continuidade das obras: o argumento de os mortos estarem lá enterrados é utilizado para reforçar a posição em prol da continuidade das obras nesse mesmo local, o que demonstra que em alguma medida os mortos são levados em conta nos assuntos referentes à ordem urbanística.
3° fonte: XII Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional, 21 a 25 de maio de 2007. Belém - Pará - Brasil
Para a fundação do mosteiro foram concedidas pelo capitâo-mór Jorge Corrêa duas sesmarias, como vê-se no livro de registros na Thesouraria de Fazenda 04/07/1598 2 fontes 1° fonte: “Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX”. João Mendes de Almeida (1831-1898) O mosteiro de S. Bento foi fundado em S. Paulo, no anno de 1600, por frei Matheus da Ascensão, na ermida erecta em 1598 por devoção do governador D. Francisco de Souza e por frei Mauro Teixeira, dedicada â Nossa Senhora do Montserrate. Para a fundação deste mosteiro foram concedidas pelo capitâo-mór Jorge Corrêa, em 4 de Julho de 1598, duas sesmarias, como vê-se no respectivo livro de registros na Thesouraria de Fazenda, A egreja foi reconstruida em 1650 por Fernão Dias Paes, que se obrigou, por si e por seus descendentes, a dal-a prompta de tudo, inclusive alfaias, sob a condição de ter para sua família na capella-mór um carneiro ou jazigo, e assim mais duas sepulturas nas ilhargas do dito carneiro.
2° fonte: Frei Agostinho de Jesus e as tradições da imaginária colonial brasileiras, séculos XVI-XVII. Rafael Schunk Segundo as crônicas, frei Mauro Teixeira foi o primeiro monge beneditino que chegou aos campos de Piratininga, em 1598, proveniente da Bahia. Recebeu duas sesmarias para a construção de um recolhimento, marcando a fundação do Mosteiro de São Bento em São Paulo, antiga Igreja de Nossa Senhora do Montesserrate, atual Basílica de Nossa Senhora da Assunção: “o local concedido a S. Bento era o mais ilustre da villa, depois do Collegio, o lugar onde se assentara a taba do velho Tibyriçá, o glorioso índio que realisara a approximação euroamericana e permittira o surto da civilização no planalto, salvando S. Paulo da aggressão tamoya de 1562” (Taunay, 1927, p.24).
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