1° fonte: “São Paulo na órbita do Império dos Felipes: Conexões Castelhanas de uma vila da américa portuguesa durante a União Ibérica (1580-1640)” de José Carlos Vilardaga
A mina de ferro e a fundição devem ter gerado ferramentas e material de consumo local, bem como produtos para trocas e resgates com índios. As minas de ferro eram chamadas de Tambó, e aparecem muito ocasionalmente na documentação. Em pelo menos um dos processos para averiguar gente que entrava no Paraguai pelo caminho de São Paulo, menciona-se um português que teria se dirigido para as ditas minas. Segundo testemunho, um tal Enrique Vaz Platero teria chegado em Villa Rica mas, como ninguém lhe deu abrigo nem ajuda, partiu rumo “ao tambo veynte leguas de aqui dezia hiva a hazer algunas cunas para bestirse y que se fue y nunca mas lo vieron...”
As cunhas - moeda de ferro de ampla circulação no Paraguai, e talvez com algum prolongamento em São Paulo – serviam fundamentalmente para resgates com os índios e trocas locais. Basicamente, as transações eram feitas em cunhas ou lienzos de algodão, mas, em pouco tempo, foram substituídos pela erva-mate. De qualquer modo, uma cunha valia, segundo Chaves, 50 maravedis, apesar de o inquérito feito na região em 1609 não ter conseguido precisar seu valor junto aos vizinhos de Villa Rica. [Página 210 e 211]
No sentido inverso, Paraguai-São Paulo, temos a prisão e a investigação, em 1616, do vecino de Villa Rica Francisco Benitez, que havia se dirigido a São Paulo com “vino e mercadorias”. No seu inventário, feito quando do sequestro de seus bens, aparece “una vina y três mil sepas, dez arrobas de vino, un trapiche moiliene y corriente”, o que mostra uma produção centrada no vinho paraguaio. [Página 214]