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Rio Iniambis
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“O Novo Mundo: Descrição das Índias Ocidentais” ("Nieuvve wereldt, ofte, Beschrijvinghe van West-Indien"), 1625. Jean de Laet (1571-1649)
01/01/1625
2 fontes

1° fonte: Uma história geral de viagens, ou uma nova coleção de todas as contas que foram feitas por mar e por terra, e publicadas até agora nas diferentes línguas de todas as nações conhecidas
San Vicente, que só passa pela segunda cidade deste Governo, embora tenha o seu nome, fica a três ou quatro milhas a sul de Santos. Seus edifícios são elogiados; mas o porto é fácil e quase inacessível a grandes navios. Sete ou oito milhas no continente estão Tanse e Cabane, duas cidades habitadas por portugueses e famosas pela fertilidade de suas terras, deste lado, este é o ponto final dos assentamentos de Portugal. O Flamengo de Laet conta com cerca de setenta casas em São Vicente e três ou quatro engenhos de açúcar.

Apresenta um caminho que leva primeiro ao sul, depois a oeste por outras serras, e por uma selva de seis ou sete léguas em direção à cidade de São Paulo. Esta estrada é cortada por dois pequenos rios que se encontram fora da selva para levar sua corrente para o leste, onde finalmente desaguam no rio Injambi. Saindo da selva, a mesma estrada continua pelo espaço de uma légua para o oeste, e daí para o norte até São Paulo por uma planície muito aberta.

A cidade de São Paulo está situada em uma colina com cerca de cento e cinquenta degraus de altura, de onde saem dois riachos, um no lado sub e outro no lado oeste, que, misturando suas águas muito em breve, drenarão também no Injambi. Contém cem casas, uma igreja paroquial, dois mosteiros, um de beneditinos, outro de carmelitas e um colégio jesuíta.

O rio Injambi corre ao norte de San Juan, a cerca de uma légua da cidade. É muito abundante em peixes, bastante ampla e capaz de receber navios de médio porte. Sua origem é a leste da cidade nas montanhas de Pernabiacaba, de onde desce para oeste. A estação chuvosa às vezes a faz ultrapassar seus limites, até cobrir todos os campos imediatos. Ao norte do rio, as montanhas estendem-se de trinta ou quarenta léguas de comprimento entre o leste e o oeste, e dez, às vezes quinze, de largura. Eles contêm muitas minas de ouro, encontradas em grãos e pó, e geralmente de vinte e dois quilates.

(...) as de Nossa Senhora de Monserrate, dez ou doze léguas (48,2803 kms) de São Paulo a oeste, onde se encontram grãos de até três onças; a de Buturunde a duas léguas a oeste destas, e as de Punta Caativa a trinta léguas (144,841 kms) de São Paulo ao sul. Do mesmo lado, quase à mesma distância de São Paulo, estão as serras de Bearueaba, abundantes em veios de ferro, e também ricas em ouro, que os cananeus vêm extrair. Os portugueses construíram ali uma pequena cidade chamada São Felipe.

O rio Injambi torna-se aqui extremamente maior pela união de muitos rios que descem do Leste e do Oeste; e finge que conduz suas águas com os outros para o Paraná; mas as suas avenidas frequentes tornam-no pouco navegável até à sua foz. A quatro ou cinco léguas (24,1402 kms) de São Paulo, em frente à estrada que leva a Berasueba, há um belo engenho de açúcar, cujo produto é utilizado inteiramente em "confits" e conservas, pois aqui se encontram em grande abundância limões e toda sorte de frutas. [Uma história geral de viagens, ou uma nova coleção de todas as contas que foram feitas por mar e por terra, e publicadas até agora nas diferentes línguas de todas as nações conhecidas. Páginas 4 e 5]

Nela se inclui também a Colônia de Paratiningas, que fica a dez ou doze léguas da cidade de São Vicente na grande planície de que falamos, onde os jesuítas tinham uma casa que foi arruinada pelos selvagens em 1600, mas que se acredita bem reconstruída.

Por fim, a quatro ou cinco léguas (24,1402 kms) de São Paulo para o Oriente, há uma cidade de índios, misturados com alguns portugueses, que se chama São Miguel, e que se situa na própria margem do rio Injambi. Mais cinco léguas adiante, porém mais a leste, chega-se a Magi-miri, povoado de poucas casas, um pouco distante do Injambi e da serra de Pernabiacaba. A poucas léguas desta vila, entre o Leste e o Oeste, sai o rio Injambi de três ou quatro nascentes. Atravessadas estas últimas montanhas, encontram-se outras terras e vastas planícies regadas por um rio bastante largo, ao qual se deu o nome de Rio de Sorobis, que depois de ter atravessado um vasto país e descido várias cascatas, vai desaguar no oceano entre Cabo Frio e Espírito Santo. [Uma história geral de viagens, ou uma nova coleção de todas as contas que foram feitas por mar e por terra, e publicadas até agora nas diferentes línguas de todas as nações conhecidas. Páginas 6 e 7]



2° fonte: “São Paulo e Piratininga”, Jornal Correio Paulistano, 16.11.940. Francisco de Assis Cintra (1897-1953)
Dizem "povo de Piratininga", em vez de "povo de São Paulo": "piratininganos", em lugar de "paulistanos". O holandês Jean de Laet escreveu duas obras, ambas notáveis: "História da Companhia das Índias Ocidentais" e "O Novo Mundo ou Descrição das Índias Ocidentais", esta última publicada no ano de 1625, na cidade de Leyde (Holanda) pelos famosos editores Elzvier.

O crítico Tromel, de renome internacional, referindo-se ao segundo livro de Laet, diz que ele é de "grande merecimento": Várias foram as edições de tal obra: 1626 (edição "princeps", e holandês); 1630 e 1640 (tradução francesa). Pois bem, esse notável escritor, no Livro XV, capítulo XVII, na parte referente ao Brasil, descreve a Capitania de São Vicente, com as suas povoações. E ai encontramos isto, em tradução do francês para o português:

"Vila de São Paulo: povoação situada sobre uma colina de cento e cinquenta pés de altura, junto da qual passam dois ribeirões. Um desses ribeirões desse do Sul e outro do Oeste, juntando-se ambos ao lado da vila para, unidos, irem despejar-se as suas águas no rio Iniamby. Tem este povoado para o sul, leste e norte, uma linda vista sobre grandes e belos campos que se perdem de vista. Na parte do oeste levanta-se majestosa floresta virgem. A povoação de São Paulo tem 100 (cem) casas mais ou menos duzentos habitantes portugueses, e mestiços, além dos escravizados.

Nela há uma igreja paroquial, dois mosteiros (beneditinos e carmelitas) e um colégio da Companhia de Jesus. O povo vive da criação de ovelhas e da lavoura dos campos. No verão não é muito quente, devido a viração que vem das montanhas, que tempera o calor; no inverno faz muito frio, produzindo geada e ás vezes neve.

As terras próximas são muito férteis, dividindo-se em campos, florestas, encostas e montanhas. Nessas terras, o povo de São Paulo cultiva o trigo, que não tem boa cor. Além dessa cultura, o paulistano se ocupa também do gado. Importam sal, azeite e vinho."






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