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1756
Pierre-François-Xavier de Charlevoix (1682-1761)
1757
1768
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¨ RASUL

Charlevoix
01/01/1757
1 fontes

1° fonte: “Memórias Para a História da Capitania de São Vicente”, Frei Gaspar da Madre de Deus (1715-1800)
Pierre-François-Xavier de Charlevoix, ou Pedro Francisco Javier de Charlevoix, jesuíta autor da monumental Historia do Paraguai, publicada em seis tomos, em 1757. O jesuíta Charlevoix caminha por estrada tão escorregadiça, como a de Vaissette; e bem se percebe, que ambos beberam no mesmo charco. Falando dos moradores de S. Paulo, diz na sua História do Paraguai:

“Os seus habitantes com socorros dos jesuítas do seu colégio se conservaram algum tempo em a piedade, e os índios do distrito, que estes religiosos impediram fossem maltratados, abraçaram com ânsia a religião católica; mas isto durou pouco, e a colônia portuguesa de S. Paulo de Piratininga, sobre a qual os missionários haviam fundado a sua maior esperança, veio a ser um obstáculo às suas conquistas espirituais. O mal veio primeiramente de outra colônia vizinha, em a qual o sangue português se tinha misturado muito com o dos índios. O contágio deste mau exemplo chegou bem depressa a S. Paulo, e desta mistura saiu uma geração perversa, da qual as desordens em todo o sentido chegaram tão longe, que se deu a estes mestiços o nome de mamelucos por causa da sua semelhança com os antigos escravos dos soldões do Egito.

“Por mais que trabalhassem os governadores, os magistrados, e os jesuítas ajudados pelos superiores eclesiásticos,16 por deter o curso desta inundação, a dissolução se fez geral, e os mamelucos sacudiram enfim o jugo da autoridade divina e humana.

Um grande número de banidos de diversas nações, portugueses, espanhóis, italianos, e holandeses, que fugiam perseguidos da justiça dos homens, e não temiam a de Deus, se estabeleceram com eles: muitos índios concorreram, e ocupando-os o gosto da devastação, eles se entregaram a ela sem limite, e encheram de horror uma imensa extensão do país. As duas Coroas de Portugal e Espanha, então unidas sobre uma mesma cabeça, estavam igualmente interessadas em livrar a Terra de semelhantes homens, mas a Vila de S. Paulo, situada sobre o cume do uma montanha, não podia ser subjugada, senão por fome, e para isso eram precisos numerosos exércitos, que o Brasil, e ainda menos o Paraguai, não estavam em estado de fornecer, além de que um pequeno número de gente determinada podia facilmente defender as entradas, e para a render seria necessário que as duas nações achassem um meio, que jamais se pôde descobrir.

“O que admira, e o que talvez impediu, que não tomassem o Paraguai em os princípios as suas medidas contra os mamelucos,168 é que estes não tinham necessidade de saírem do seu Distrito para viver em abundância, e para gozar de todas as comodidades da vida. Respira-se em S. Paulo de Piratininga um ar mui puro debaixo de um céu sempre sereno, e um clima mui temperado, ainda que por 24° de latitude austral. Todas as terras são férteis, e dão muito bom trigo; as canas-de-açúcar produzem bem; nelas se acham muitos bons pastos, e assim não por outro motivo, que pelo espírito de libertinagem, e pelos atrativos da pilhagem, é que eles por longo tempo correram com fadigas incríveis, e contínuos perigos, essas vastas regiões bárbaras, que despovoaram de dois milhões de homens. Sem embargo que nada é tão miserável como a vida, que eles passavam nos sertões, em que andavam ordinariamente, muitos anos seguidos. Um grande número deles pereciam, e alguns achavam na sua volta suas mulheres casadas com outros: enfim o seu próprio país estaria sem habitantes, se aqueles, que a ele não voltavam, não substituíssem os cativos, que faziam nos sertões, ou os índios, com quem tinham feito amizade.”






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