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RASULCaminho 01/01/1859 1 fontes 1° fonte: Relatório apresentado á Assembléia Geral Legislativa na segunda sessão da décima-segunda legislatura, pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Guerra, José Mariano de Matos
Foi-me recomendado o exame da estrada que se havia projetado para um porto de embarque no rio Juquiá, afluente da ribeira do Iguape: as notícias que achei acerca desta estrada davam a distância entre Ypanema e o referido porto de nove até dezesseis léguas.
Como eu não conhecia o rumo em que ficava o porto em questão, resolvi seguir por qualquer caminho que para lá conduzisse, calcular a posição astronômica e dai deduzir a distância e a direção á fábrica.
Informei-me dos habitantes do lugar se havia meio de transitar com os meus instrumentos geodésicos, afirmaram-me que havia estrada pela qual passavam animais carregados, boiadas, etc.; além disso tive notícia que posteriormente a 1859 se havia gasto 14:000$00 rs. com ela.
Segui para o sul, e afastando apenas 1/3 de légua do meridiano de Ypanema, cheguei á Fazenda do Taboleiro é margem do rio Sarapuhy: ela já é situada sobre terreno granítico, distando em linha reta 4 3/4 de légua da fábrica, e dentro da orla da mata que acima mencionei quando indiquei a necessidade de uma estrada até ai, para abastecimento de combustível.
Continuei ainda no mesmo rumo atravessando a serra de São Francisco, que é fácil de transpor, com declive suave; ela separa a região fluvial que deságua para o Tietê daquela do rio Turvo que corre para o Paranapanema.
Atravessando esse rio até um seu afluente, o Rio Bonito, ainda avancei em direção ao sul 3 1/2 léguas, e perto de duas para leste quase todo o caminho atravessa a mata virgem, por isso não pude avaliar se todas as subidas, das quais algumas bem íngremes e as descidas opostas, podiam ser evitadas, como acontece a muitas delas.
Já uma légua, antes de chegar ao Rio Bonito, viajem pela nova estrada em terras inteiramente desabitadas, tanto que tive de arranchar ao relento. Esta estrada é uma derrubada em mato virgem, com 60 palmos de largura, bem destocada na maior parte de sua extensão; infelizmente são algumas léguas de serviço perdido, porque a direção vária a cada passo, a ponto de desandas ás vezes caminho feito; não ha motivo algum que justifique esta irregularidade, porque colinas perfeitamente rodeáveis, são atravessadas com notável afoutesa; outras, cujas faldas permitiriam ascensão com declive muito branco, sobe-se perpendicularmente ao seu espigão. Em alguns lugares busca-se uma crista, abaixo da qual se avistam á direita e esquerda as mais altas copas de árvores; do lado oposto encontra-se para descida verdadeiros despenhadeiros.
Já se vê, que além da má direção, não houve escolha alguma do mais vantajoso terreno. Do Rio Bonito avancei até a tapéra do Caetano com quase três léguas para leste e 5/6 para o sul; o caminho é sempre através de mato virgem, e os últimos 3/4 de légua já pertencendo á vertentes do Rio Verde que desaguá para o Juquiá, formam um só atoleiro, a ponto que no último quarto de légua foi preciso deixar as malas dos instrumentos e conduzir estes em costas dos negros, porque era preciso atravessar terrenos alagadiços, que se teriam evitado se a estrada acompanhasse a falda de uma montanha na margem oposta do rio. [Página 35]
Outra vantagem a favor do Juquiá é estar muito mais internado, portanto de mais difícil acesso no caso de eventualidade de guerra, do que o Cubatão. Não é sem importância a consideração de que essa estrada pode ainda servir de comunicação interna para a província do Paraná.
Na cabeceiras da ribeira de Iguape existem os depósitos de sulfuretos de chumbo e de ferro, cujas amostras eu vi em diversos lugares, e me parecem ricas; se, pelo exame das localidades a que não pude proceder, que porém devo recomendar como indispensável, essa suposição se verificar, são um recurso precioso para o fabrico de munições de guerra, e que em tempo de paz poderão fornecer valioso auxilio á industria.
Estes depósitos estão em condições que, no caso de um bloqueio, ainda seus produtos poderão ter saída pela estrada do Juquiá. Quanto á lavoura e comércio, os proveitos que lhes resultam são de grande monta.
O território de Sarapuhy está principiando agora a cultura do café, com bom resultado; tem conduzi-lo com 30 léguas até Santos, enquanto ao Juquiá o embarca com 10 léguas. Em torno de Sorocaba se deu principio á cultura de algodão, que produz perfeitamente, e tem de ser embarcado com 28 léguas de transporte terrestre, que para Juquiá reduz-se á metade.
De Tatuí vem mantimentos, inclusive galinhas, com viagem de 36 léguas para Santos: também para esse distrito ainda o caminho para Juquiá reduz-se a pouco mais da metade. Itapetininga, que é grande centro de produção de mantimentos, já ha longo tempo reclama uma comunicação com a ribeira, muitas tentativas tem sido feitas, e uma das picadas na estrada dos 14 contos, que acima descrevi. [Página 37]
A cruz de Alfredinho 01/01/1859 1 fontes 1° fonte: O Solitário da Água Vermelha Em 1859 Sorocaba tinha uma longa estrada de terra que todos chamavam de "Estrada da Água Vermelha". O nome foi dado por pessoas que um dua acharam, que, quando chovia muito, escorria do lugar um barro avermelhado que sujava as botas, sapatos e até mesmo as roupas.
A estrada nessa data era dasabitada. Servia apenas de pasto para animais. No alto da estrada havia um córrego com o mesmo nome. As casinhas que por ali se construíram eram esparsas. Uma delas era a do português José Bauva, padeiro, casado e pai de muitos filhos.
O português José Bauva, certo dia, mandou o filho Alfredinho, de oito anos, entregar pães aos fregueses nos bairros Ipatinga, Cerrado e Vossoroca.
A criança era viva, inteligente e cheia de boa vontade como o pai. Fez o que foi mandado e no final da tarefa foi levar o cavalo para pastar lá nos altos da Água Vermelha. Subiu pela rua do Mosteiro São Bento, segui pela rua Césario Motta, onde também havia um cemitério (atual praça Carlos de Campos).
O menino ia montando no animal que o conhecia bem Mas ao chegar entre as antigas ruas Santa Gertrudes e Baraúna distante de um grande buraco o cavalo se assustou e deu um tremendo pinote disparando feito louco, sem rumo, a galope.
O menino perdeu o equilíbrio e ficou preso na sela, sendo arrastado e morto pelo animal ainda em disparada. O animal foi deixando rastro de sangue do garoto por toda parte e correu e correu até o Córrego da Água Vermelha.
O corpo do menino Alfredo foi encontrado muitas horas depois do acidente pelo negro escravo Firmino André que levou o caso para as autoridades locais. A notícia se espalhou pela cidade e curiosos de todos os cantos foram até o local da tragédia para presenciar o ocorrido.
O corpo de Alfredinho ficou desfigurado. Pedaços do corpo dele foram deixados pelo caminho quando o cavalo disparou.
Os pais do menino ficaram em desespero quando identificaram o corpo e o animal que ficara ali por perto. No local foi colocada uma cruz que passou a ser denominada pelos populares de "A crua de Alfredinho".
Quando João de Camargo veio a Soorcaba e soube da existência da Cruz, todos os dias, quando por lá passava, ascendia uma vela no local.
Também tinha o costumo de ficar por ali durante horas refletindo, rezando, sem saber que naquele ponto da cidade, na Água Vermelha uma missão mudaria o seu destino. [Páginas 20, 21 e 22]
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