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Atualizado em 01/11/2025 05:07:41 O Avesso da Costura: uma análise dos escritos de Gabriel Soares de Sousa (c.1540-1591). Gabriela Soares de Azevedo
• 1°. Carta de Tomé de Sousa a D. João III Apesar das recorrentes agressões aos moradores locais, a expedição fundamentava-se nos princípios da “guerra justa”, declarada pela coroa ao imperador do Monomotapa, e teve como seus principais objetivos expulsar os muçulmanos daquela região e tomar posse das minas de ouro do reino de Sofala. A motivação providencial da “guerra justa” não pode ser descartada como simples pretexto. Os homens do século XVI viveram sob a égide da Cristandade e do temor aos desígnios de Deus. Ao mesmo tempo, as conquistas espanholas, entre elas a mais recente dominação do império inca, em fins da década de 1530, fomentava nos portugueses a ambição de alcançar riquezas semelhantes. Tomé de Sousa, o primeiro governador-geral do Brasil, expõe numa carta destinada ao rei D. João III, de 1552, o pensamento desta ligação entre o território brasileiro e o peruano e o intuito de “descobrir algua boa ventura pera Vossa Alteza pois esta terra e o Peru he toda hua”. Nas palavras de Alexandra Pelúcia, em sua investigação sobre Martim Afonso de Sousa e sua linhagem, a “fidalguia portuguesa que se aventurou pelos percursos ultramarinos foi, invariavelmente, animada por expectativas pragmáticas de dignificação pessoal e de conquista de meios de fortuna [...]”. Não é surpreendente, como se pode perceber, que Gabriel Soares tenha prosseguido na meta de alcançar minas preciosas, comandando a sua própria expedição, vinte anos depois de ter embarcado rumo ao Sofala. • 2°. Casamento de Anna de Argolo e João de Brito • 3°. Bispo Sardinha foi "comido" por índios Caetés O cargo de provedor da fazenda foi disputado pelos herdeiros de Rodrigo de Argolo, em geral seus genros, pois seu primogênito morreu cedo no Brasil junto ao bispo D. Pedro Fernandes Sardinha. Bernardo Ribeiro chegou a ocupar o cargo por cerca de dois anos, sucedendo seu cunhado Manuel de Sá Soutomaior em 1606, e em 1612 recebeu uma sesmaria no Jequiriçá, com engenho de açúcar. Não se sabe se esta faria parte de uma das possessões de Soares naquele local. O que se pode afirmar é que Gabriel Soares não disputou o cargo de provedor com outros membros da família Argolo e chegou a vereador da Câmara por outros caminhos, possivelmente envolvendo a sua origem, riqueza, prestígio e convívio. • 4°. Três embarcações zarparam do Tejo • 5°. Festa de Nossa Senhora das Neves • 6°. O governador-geral Mem de Sá entregou uma petição na qual enumerava seus bons serviços e apresentava quatorze testemunhas sobre o seu governo • 7°. Após a decisão de implementação da ordem nesta quarta parte do mundo, o frei Pedro de São Bento chegou de Lisboa com a incumbência de apresentar ao Senado da Câmara de Salvador, em 1580, uma carta manifestando o desejo da fundação de um mosteiro naquela cidade • 8°. Juramento solene de Felipe II no Brasil se fez e na Baía de Todos os Santos • 9°. Conflito Manuel Teles Barreto, primeiro Governador - geral da colônia durante o domínio filipino, entre outros episódios em que se opôs à atuação dos jesuítas, pedira em certa ocasião ao Superior da Companhia no Brasil, Luís da Fonseca, a expulsão da Ordem do padre Diogo Nunes, que atuava em Ilhéus. Acusava-o de incitar os gentios à agressão aos oficiais da justiça, quando estes se encaminharam às terras de Camanu e Boipeba, pertencentes ao Colégio, a fim de recuperar índios alheios que, supostamente, trabalhavam indevidamente para Pero Simões, procurador do dito Colégio naquela região. A diligência, realizada tarde da noite, resultou na morte de um destes oficiais com uma flechada no rosto e na prisão de Pero Simões. O padre Diogo Nunes teria sido acordado por volta de meia-noite às pressas, saído em socorro a Simões numa canoa e insuflado os índios a reagirem, dando início ao confronto. Não solucionada a questão na província, com a punição exemplar do padre Diogo Nunes, o que era da alçada da Companhia, o governador Manuel Teles Barreto passou a encaminhar“papéis sobre papéis” para Lisboa. De acordo com Serafim Leite, “assoprados, entre outros, por Gabriel Soares de Sousa”. [p. 154] • 10°. Testamento Após dezessete anos vivendo na América portuguesa, transitando entre o centro administrativo, Salvador, onde atuara como camarista 20, e o Recôncavo, onde possuía terras, circulando nas áreas de Jaguaripe, São Gonçalo e Nazaré, o colono português Gabriel Soares de Sousa retornou à corte. Seu destino era a Espanha, como declara em seu testamento lavrado em 10 de agosto de 1584, na Bahia. Embarcou a seguir numa grande nau carregada de açúcar que só ancorou em Pernambuco, parada de abastecimento de água e víveres, graças ao conhecimento e à orientação do navegador Pedro Sarmiento de Gamboa. Pedro Sarmiento, vindo do Rio de Janeiro numa embarcação carregada com mil quintais de pau-brasil para buscar lenha, mantimentos e roupas para uma viagem de retorno ao Estreito de Magalhães, foi obrigado a lançar mais de trezentos quintais de mercadoria ao mar por falta de fundo. Sem outro piloto que se atrevesse, sondou os fundos num batel e, acenando com uma bandeira, permitiu que a sua nau adentrasse sem perigo. Atrás dela vinha aquela em que se encontrava Gabriel Soares.O matemático, astrólogo e humanista espanhol Pedro Sarmiento registrou em seu relato das suas venturas ao extremo sul do continente a chegada de Gabriel Soares ao porto de Pernambuco, em setembro de 1584, e a presença do senhor de engenhos no Palácio e Monastério Real El Escorial, em São Lorenzo, cinco anos depois, em 1589, na mesma o casião em que apresentava sua Sumária Relación ao monarca dos Áustrias.21 [p. 28] • 11°. Jerônimo Cardoso comunicou a chegada dos documentos do processo em Saragoça antes mesmo da carta do reitor • 12°. O reitor do Colégio da Bahia, Luís da Fonseca, escreveu aos seus superiores em Lisboa sobre o episódio O caso teve enorme repercussão. O reitor do Colégio da Bahia, Luís da Fonseca, escreveu aos seus superiores em Lisboa sobre o episódio, em 18 de agosto de 1584, narrando duas versões: a do próprio governador, ao lhe solicitar providências, e outra, recebida por intermédio de “cartas de homens de bem”, informando que o padre em questão, Diogo Nunes, não se encontrava no lugar “no tempo da briga”. O reitor decidiu, em vista das controvérsias, iniciar um processo envolvendo o vigário geral, um escrivão e as testemunhas arroladas deforma a “tirar a honra da Companhia a limpo”. O governador, ao saber do auto, suspendeu o escrivão e ameaçou o vigário. A carta de Luís da Fonseca anunciava o envio de documentos, solicitava a busca de meios de retirar das mãos dos oficiais reais o pagamento das rendas destinadas aos Colégios, já comprometidas, e se antecipava à chegada das notícias ao reino. • 13°. Gabriel Soares de fato embarcara para a corte em fins de agosto de 1584, imediatamente após a carta do reitor do Colégio ter sido enviada a Lisboa • 14°. Gabriel Soares ao porto de Pernambuco* Pedro Sarmiento, vindo do Rio de Janeiro numa embarcação carregada com mil quintais de pau-brasil para buscar lenha, mantimentos e roupas para uma viagem de retorno ao Estreito de Magalhães, foi obrigado a lançar mais de trezentos quintais de mercadoria ao mar por falta de fundo. Sem outro piloto que se atrevesse, sondou os fundos num batel e, acenando com uma bandeira, permitiu que a sua nau adentrasse sem perigo. Atrás dela vinha aquela em que se encontrava Gabriel Soares.O matemático, astrólogo e humanista espanhol Pedro Sarmiento registrou em seu relato das suas venturas ao extremo sul do continente a chegada de Gabriel Soares ao porto de Pernambuco, em setembro de 1584, e a presença do senhor de engenhos no Palácio e Monastério Real El Escorial, em São Lorenzo, cinco anos depois, em 1589, na mesma ocasião em que apresentava sua Sumária Relación ao monarca dos Áustrias. [p. 28] • 15°. Representação de Luís da Fonseca a El-Rei O acontecimento de Ilhéus, “complicado e apaixonado” no dizer do historiador Serafim Leite, é descrito essencialmente por meio dos documentos consultados no Arquivo Romano da Sociedade de Jesus. Tal consulta destaca o recorte inaciano. A presença funesta de Gabriel Soares de Sousa é associada aos problemas enfrentados na colônia antes mesmo de sua ida para a corte, à revelia dos Capítulos, e mesmo do seu Tratado. No Apêndice do Tomo II são transcritos três documentos relativos ao caso, entre eles a Representação de Luís da Fonseca a El- Rei citando nominalmente Soares: Fez [o governador] por officiais da Camara este anno seus parentes e amigos p.ª com suas cartas em nome do povo procurar seu crédito e proveitos particulares; e pera isso foy dequa Gabriel Soares muyto seu amigo e nosso adversário a quem o General Diogo Flores esteve p.ª levar preso por lhe parecer perturbador do bom governo desta terra, este deu muytos capitolos de Cosmo Rangel e lhe causou grandes trabalhos e com créditos do Governador e procurações da Camara, avidas mais por temor q vontade com q pretende seus proveitos e credito. Luís da Fonseca levanta dúvidas sobre a forma com que os vereadores alcançavam o seu alto posto na hierarquia colonial e a credibilidade dos documentos expedidos pela Câmara de Salvador. Gabriel Soares fora camarista, mas os papéis relativos a este período infelizmente foram perdidos e não temos outra informação sobre esta tentativa de prisão de Soares por parte de Diogo Flores de Valdés, general castelhano que chegou à Bahia durante o governo de Teles Barreto. O ouvidor geral, também citado, Cosmo Rangel de Macedo, esteve no governo da colônia durante um curto período, entre o falecimento do governador Diogo Lourenço da Veiga, em 1581, e a nomeação de Manuel Teles Barreto, em 1582, e possui uma trajetória conturbada. Soares refere-se a ele nos Capítulos como um “homem desatinado”, indicado à prisão pelo mesmo Manuel Teles, enquanto Serafim Leite o identifica como um dos inimigos de Soares e funcionário que sancionou uma operação de troca de terrenos do Colégio da Bahia por outro que atingia as terras da Câmara. [p. 155, 156] • 16°. A imperatriz D. Maria escreveu ao Padre Geral • 17°. Carta do Cardeal Alberto, vice-rei de Portugal, endereçada ao seu tio Felipe II Estas informações contribuem para a identificação dos trânsitos pouco conhecidos de Soares. Certamente desembarcou primeiramente em Lisboa, destino final da urca carregada de açúcar na qual ingressara em Salvador em fins de agosto de 1584. Provavelmente por lá circulou e se hospedou por algum tempo, pois, além de declarar em seu testamento que possuía duas irmãs em Lisboa, uma carta do Cardeal Alberto, vice-rei de Portugal, endereçada ao seu tio Felipe II, de 12 de julho de 1587, confirma o comparecimento de Gabriel Soares em Lisboa. A carta de D. Alberto trata das questões sucessórias do reino, da conveniência de queo monarca visitasse pessoalmente as fortalezas do Brasil, o que nunca ocorreu, da necessidade de fortificar o Rio de Janeiro e a Bahia, e sugere que os soldados da armada de Diogo Flores Valdez deveriam permanecer no Brasil averiguando informações sobre minas de ouro encontradas na capitania de São Vicente. Sobre este tema em particular, o vice-rei informa que Gabriel Soares de Sousa havia ido àquele reino a dar notícias destas minas e que seguiria “a esta corte de Madri para vossa majestade mandar proceder nesta matéria como outras por seu serviço”. Este pequeno trecho é de suma importância por constituir um raro registro das rotas de Soares de Sousa na corte, confirmar a possibilidade do colonizador ter apresentado seus textos em Castela, ainda no ano de 1587, e registrar o tema central das minas como o objetivo de toda a sua peregrinação. O documento do Cardeal Alberto, um registro do processo de envio das informações sobre o Brasil a Madri, ainda apresenta notícias sobre o comércio do Brasil com Buenos Aires realizado pelo Bispo de Tucumán, Francisco de Vitória, e da abertura de uma rota de comércio entre o Rio de Janeiro e o rio da Prata, uma questão que se revelará problemática posteriormente. [p. 29] • 18°. Os padres tiveram o “conhecimento dos Capítulos difamatórios de Gabriel Soares” • 19°. Sobre o pedido de Domingos de Araújo e Melchior Dias Apesar de toda a curiosidade de uma viajante neófita, ao chegar em Madri embarquei diretamente do gigantesco aeroporto num trem bala em direção à cidade de Valladolid, local de nascimento do monarca Felipe II e coração da corte de Castela, para me juntar à leva de pesquisadores que acordam cedo para pegar o ônibus em direção ao Arquivo Geral de Simancas, situado na pequeníssima vila a 10 km de distância de Valladolid. No incrível castelo que abriga o arquivo fundado por Carlos V e completado por Felipe II, confirmei a não existência dos Capítulos naquele sítio, consultei os anexos de uma consulta da Junta da Fazenda relativa à proposta de Domingos Araújo e Belchior Dias Moréia sobre a descoberta de minas, de 1607, onde se encontram os dois alvarás derradeiros recebidos por Gabriel Soares, 71 e já no frigir dos ovos, ao perguntar se havia algum registro da presença de Varnhagen em Simancas, fui surpreendida com o Diário das consultas de Varnhagen na década de 1840, um detalhado registro das cópias solicitadas e realizadas a pedido do então embaixador do Brasil. Os alvarás recebidos por Gabriel Soares de Sousa foram encontrados por João Francisco Lisboa no Livro 1º de Ofícios do Archivo do extinto Conselho Ultramarino, os quais se encontram hoje no Arquivo Histórico Ultramarino, em Portugal, códice 112, folhas 42/44. Francisco Lisboa os apresentou a F. A. de Varnhagen, que os publicou em 1858 num pequeno e referencial esboço biográfico de Gabriel Soares: VARNHAGEN, F.A. “Memória de Gabriel Soares de Sousa”. RIHGB, vol. 21, p. 413-424, 1858. Uma transcrição diplomática destes foi realizada por CORTESÃO, Jaime. Pauliceae Lusitana Monumenta Histórica. Lisboa: Real Gabinete Portugal de Leitura do Rio de Janeiro, 1956. p. 407 e ss. Tomo I. No entanto, notou perspicazmente o historiador pernambucano Jose Antonio Gonçalves de Mello a ausência dentre os alvarás precisamente da nomeação de Gabriel Soares como “Capitão-mor e Governador da conquista e descobrimento” e o seu regimento. Os dois itens foram localizados por este historiador nos anexos à Consulta da Junta da Fazenda de Portugal relativa à solicitação de descoberta de minas de Domingos de Araújo e Belchior Dias Moréia, feita em 1607 no Arquivo Geral de Simancas. Foram publicados no artigo “Dois Novos Documentos. Gabriel Soares de Sousa”. Separata do vol.51 da Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Recife, 1979. O original se encontra em AGS, Secretarias Provinciales, Lº1466. SANTAELLA, Roselli Stella. “Felipe II y Brasil”. Las Palmas: In: COLÓQUIO DE HISTÓRIA CANÁRIOAMERICANA/VIII CONGRESSO INTERNACIONAL DE HISTORIA DE AMERICA, XIII. Anais.Cabildo Insular de Gran Canaria, 2000, p. 865-875. Não se trata de um diário de Varnhagen propriamente dito, ou seja, um registro íntimo do próprio historiador-diplomata, mas de um diário do arquivo a respeito das consultas de Varnhagen e sua correspondência com Manuel García Gonzales, oficial que ocupou o posto de arquivista em Simancas por 52 anos, desde 7 de agosto de 1815. Manuel García Gonzales, natural de Monforte, forma com D.Tomaz Gonzáles e Diego de Ayala a grande tríade do arquivo geral de Simancas. Estudava em Salamanca em 1808 quando começou a guerra, serviu como sargento de Auxiliares da Artilharia da Cidade de Rodrigo, caiu prisioneiro em 1810, ficando na França até o fim da guerra. Nomeado 4º oficial do Arquivo em 1815, depois segundo, primeiro e finalmente secretário, trabalhou até ser jubilado em 1º de fevereiro de [p. 52] • 20°. Desconfiança de D. Francisco • 21°. GANNS, Claudio. “O Primeiro Historiador do Brasil em Espanhol”. RIHGB, vol. 238, p. 144-168, p. 157, jan./mar., 1958. • 22°. The Making of an Enterprise: The Society of Jesus in Portugal, Its Empire, and Beyond, 1540-1750
Atualizado em 01/11/2025 00:09:46 DA TERRA AO MAR: UM ESTUDO DE MICROTOPONÍMIA CAIÇARA EM IGUAPE/SP
• 1°. Pedro Agnez é enviado a terra pafra buscar o Bacharel de Cananéia E foi por isso, por terem de antemão boas notícias dessa famosa região, onde Antonio Rodrigues e João Ramalho possuíam já uma feitoria, a qual era “o fito principal – ou a meta – da expedição dos povoadores de 1531” – foi por isso, como íamos dizendo, que a armada de Martim Afonso, ao sair do Rio de Janeiro, depois de fazer escala pelos Alcatrazes, passou ao largo sem tocar em S. Vicente, dirigindo-se para Cananeia, onde fundeou “no dia de Santa Clara – 12 de agosto de 1531” – conforme escreve Pero Lopes de Souza em seu Diário. ANDREA! Sobre o Brasilbook.com.br |