1° fonte: Primeiro Congresso de História Nacional: Explorações Geográficas, Arqueológicas e Etnográficas
Á participação de Withall atribui frei Vicente do Salvador as arremetidas dos piratas e corsários ingleses contra as vilas do litoral paulista. Estas, 1588, 1591 e 1591 por Thomas Cavendish. No assalto que o último dirigiu contra São Vicente, ao findar o ano de 1591, levou, além do produto do saque, de acordo com a narrativa de Anthony Knivet, testemunha presencial do feito, boa quantidade de ouro, já explorado pelos portugueses, e que os nativos extraíram da Mutinga (ribeirão de Amaitinga, segundo o dr.F. L. Leite Pereira; garganta de Itutinga, conforme o dr. O. Derby; ou Piratininga, consoante com o dr. J. H. Duarte Pereira).
No período de 1590 a 1597, segundo Taques, Afonso Sardinha o velho, e seu filho homônimo, dos quais foi auxiliar Clemente Alvares, além de prata, ferro e aço (sic), "foram os que tiveram a glória de descobrir ouro de lavagem nas Serras Jaguamimbaba, o de Jaraguá (em São Paulo), na de Ivuturuna (em Parnahyba)... ". Todos esses corridos, assim como os de Biraçoyaba (em Sorocaba) e depois os chamados "Lagoas Velhas do Geraldo" (no distrito de Conceição dos Guarulhos), foram dados a manifesto e explorados, tendo Afonso Sardinha, o velho, que fez testamento em 1592, falecido no seu estabelecimento de mineração de Jaraguá, não tão distante do de Santa Fé, que também montara; e Afonso Sardinha, o moço, ao ditar ao padre João Alvares, no sertão, as suas últimas vontades, em 1604, "declarou possuir 80.000 cruzados de ouro em pó, que o tinha enterrado em botelhas de barro".
Capistrano de Abreu (1853-1923), achando, com razão, muito elevada essa quantia diz: "Há de entrar exagero nessa conta, ou pelo menos muito ogó haveria no monte. Se tanto abunda-se o metal, a população teria afluído aos bandos e os paulistas não levariam tanto tempo vida de bandeirantes".
A nova destes descobrimentos compeliu a metrópole a ordenar a d. Francisco de Sousa, que desde 9 de julho de 1591 era governador geral do Brasil, viesse pessoalmente examinar o que havia de certo em tais achados, cuja notícia fora levada a côrte. [Páginas 75 e 76]
Depois de atravessarem essa região, chegaram os retirantes a um rio que corria do Tucuman para o Chile, expressão esta que, como vimos antes, equivale a dizer : --- correndo de leste para oeste, rio, que é o mesmo Tietê, no trecho a jusante do Salto de Itú, onde se detiveram quatro dias, “fazendo canôas para o atravessarem , pois havia tantos jacarés, que ninguém se atrevia a passa-lo a nado”.
Passado o Tietê, Knivet e seu séquito encaminharam - se para a montanha de todos os metaes, que, como vimos, é o muito conhecido morro de Araçoyaba, já a esse tempo ex plorado, e onde, conforme o próprio narrador, havia “diversas qualidades de metais, cobre, ferro, algum ouro e grande porção de mercúrio.”
Nessa montanha, descrita então como muito alta e toda despida de arvores, é que Knivet encontrou a cruz ali assentada por Pedro Sarmento, com uma inscrição assignalando a posse do rei de Espanha e uma pequena capela com duas imagens, uma de Nossa Senhora e outra de Christo Crucificado, facto que muito aterrou os tamoyos, os quaes julgaram ver nestes sinais, a vizinhança de alguma povoação portuguesa, e, portanto, o perigo iminente de caírem em poder dos seus inimigos tradicionais.
Efectivamente, os portugueses já a esse tempo tinham começado uma povoação na localidade. Em 1591, Affonso Sardinha tinha ai mandado construir dois pequenos fornos para fundição de ferro. Em 1599 ou começos de 1600, d. Francisco de Sousa, governador das minas, tinha mandado fazer alli as primeiras edificações, começando uma povoação que se chamou Itapebuçú. Knivet e seu sequito de tamoyos te riam chegado a essa montanha de todos os metais, a julgar-se pelas notações do narrador, ai pelos meados de 1599.
A capelinha e a santa cruz que, no local, encontraram, datariam decerto de alguns anos antes, talvez da época de Affonso Sardinha. Acalmados os tamoyos e persuadidos por Knivet a proseguirem na jornada para o mar, tomaram os retirantes o rumo proximamente do sul, procurando as terras auríferas do vale do Sarapohy e vizinhanças da atual Pilar.