Selecionar ano0
Atualizado em 02/11/2025 04:49:00 Correio da Manhã ![]() Data: 1938 Páginas 15
• 1°. Pedro Agnez, companheiro de "Carvalhinho" é exilado no Brasil* Em 1511 a nau Bretoa vem a Cabo Frio e ai carrega mil toras de brasil, papagaios, gatos do mato - e trinta e cinco escravizados. Para o sul, antes da chegada da esquadra colonizadora de Martim Afonso, portugueses e castelhanos, morando em meio da indiada das futuras donatarias de São Vicente e Santo Amaro, faziam ocasionalmente o tráfico de nativos escravizados. • 2°. Chegada de Diogo Garcia de Moguer Em 1511 a nau Bretoa vem a Cabo Frio e ai carrega mil toras de brasil, papagaios, gatos do mato - e trinta e cinco escravizados. Para o sul, antes da chegada da esquadra colonizadora de Martim Afonso, portugueses e castelhanos, morando em meio da indiada das futuras donatarias de São Vicente e Santo Amaro, faziam ocasionalmente o tráfico de nativos escravizados. Nas águas do pequeno Porto de São Vicente, em 1527, Diogo Garcia, piloto natural de Moguer e companheiro de Solis, negocia e contrata na sua língua travada: "uma carta de fletamiento para que truxesse en España con la nau grande ochocientos (?) esclavos". Fez o negócio o enigmático Bacharel associado com seus genros. • 3°. Registro de entrada dos primeiros africanos no Brasil, quando Pero de Gois, solicita 17 escravos para a fundação de um engenho de açúcar Chegado o donatário, e dadas a "todo los homens terra para fazerem fazendas" deu-se começo o povoamento e colonização da capitania, fundando-se nos arredores da nova povoação os primeiros engenhos de açúcar. A escravidão foi logo tolerada e aceita pelas autoridades da colonia: em 3 de março de 1533, Martim Afonso, já ausente, concede por seu "loco-tenente, licença a Pedro de Góes para mandar para Portugal dezessete peças de escravizados nativos". • 4°. A sua morte, ocorrida em 1534, quando do ataque das forças de Iguape a São Vicente é apresentada como prova final da sua traição ao Bacharel, Ao mesmo tempo que para o amanho das terras, misteres da criação e mineração incipiente, a mão de obra do nativo era indispensável, a guerra, por seu turno, tornou necessária a arregimentação dos prisioneiros escravizados. Nos primeiros anos da capitania Vicentina, as chamadas "guerras de Iguape" perturbaram profundamente esse rude começo da vida civilizada. O espanhol Ruy de Moschera e seus sócios atacam e saqueiam a vila de São Vicente, em 1534; ao Norte as correrias dos Tamoyos, a que não eram estranhos os franceses do Rio de Janeiro, traziam em contínuos sobressaltos as bandas da Bertioga, mal protegidas pela fortaleza que o donatário construíra nessa barra. Serra acima, nos campos á beira das matas virgens, onde tinham suas roças os mamalucos de João Ramalho e os nativos mansos de Tibiriçá, a luta contra o gentio inimigo ainda foi mais viva e contínua • 5°. Carta Em 1548 uma carta de Luiz de Góes ao rei de Portugal assinala para a nova capitania mais de 3.000 escravizados, numa população branca de 600 almas. • 6°. Ataque aos índios tamoios Fora ela organizada na quaresma de 1561 com o auxílio poderoso de Martim Afonso Tebiriçá, "o qual juntou logo toda a sua gente, que está repartida por três aldeias pequenas, desmanchando suas casas, e deixando todas as suas lavouras para serem destruídas pelos inimigos". Na sexta-feira da Paixão, 4 de abril, deu-se o ataque "com grande corpo de inimigos pintados e emplumados, e com grandes alaridos"; a pequena vila esteve cercada por dois dias, e só depois de encarniçado o combate foram os atacantes vencidos. Esta guerra, escreve Anchieta - foi causa de muito bem para os nossos antigos discípulos.. Parece-nos agora - acrescenta - "que estão as portas abertas nesta Capitania para a conversão dos gentios, se Deus N. S. quiser dar maneira com que sejam postos debaixo de jugo, porque para este gênero de gente não ha melhor pregação do que a espada e vara de ferro, na qual mais do que em nenhuma outra é necessário que se cumpra o - compelle eos intrare". - (Revista do Instituto Histórico, II, 560.) • 7°. João Ramalho assume o cargo de capitão para guerra na Vila de São Paulo Em maio de 1562 João Ramalho é eleito pela Câmara e povo de São Paulo para capitão da gente que tem de ir á guerra contra outros nativos inimigos das bandas do Parahyba; em junho desse mesmo ano a vila tem de repelir os ataques de guayanazes e outras tribos dos arredores. As atas da Câmara dessa época revelam os contínuos sobressaltos em que vivia o pequeno núcleo de população branca do planalto. • 8°. “sendo coisa maravilhosa que se achavam ás flechadas irmãos com irmãos, primos com primos, sobrinhos com tios, e, o que mais é, dois filhos, que eram cristãos detestavam conosco contra seu pai, que era contra nós” Por sua vez, no alto da escarpa abrupta, a "paupérrima e estreitíssima casinha" que foi o futuro colégio de São Paulo de Piratininga, certamente lembrava uma tosca cidadela dominando as várzeas e campos da redondeza, ainda inçados de bugres suspeitos ou hostis. Dai, como de um burgo de guerra, se dominava o largo horizonte donde era sempre possível uma surpresa ou um ataque. A carta de Anchieta de 16 de abril de 1563, escrita de São Vicente a Laynez, narra uma dessas expedições contra os nativos inimigos que moravam nos arredores de Piratininga. Fora ela organizada na quaresma de 1561 com o auxílio poderoso de Martim Afonso Tebiriçá, "o qual juntou logo toda a sua gente, que está repartida por três aldeias pequenas, desmanchando suas casas, e deixando todas as suas lavouras para serem destruídas pelos inimigos". Na sexta-feira da Paixão, 4 de abril, deu-se o ataque "com grande corpo de inimigos pintados e emplumados, e com grandes alaridos"; a pequena vila esteve cercada por dois dias, e só depois de encarniçado o combate foram os atacantes vencidos. Esta guerra, escreve Anchieta - foi causa de muito bem para os nossos antigos discípulos.. Parece-nos agora - acrescenta - "que estão as portas abertas nesta Capitania para a conversão dos gentios, se Deus N. S. quiser dar maneira com que sejam postos debaixo de jugo, porque para este gênero de gente não ha melhor pregação do que a espada e vara de ferro, na qual mais do que em nenhuma outra é necessário que se cumpra o - compelle eos intrare". - (Revista do Instituto Histórico, II, 560.) • 9°. Carta a Estácio Em 1565, os camaristas dirigem longa representação a Estácio de Sá, capitão-mór da armada real destinada ao povoamento do Rio, reclamando em termos enérgicos, providências contra os assaltos de tamoyos e tupinaquins, que matam e roubam impunemente em todo o território da capitania, "não lhe fazendo a gente desta Capitania mal nenhum". Essa representação ameaça, caso não venham auxílios imediatos, abandonarem os moradores a vila de Piratininga, "para irmos todos caminho das vilas do mar". • 10°. Coroa Portuguesa proibiu a caça aos índios. Apesar de não proibir a escravidão, a carta régia impunha que os índios só poderiam ser apreendidos e escravizados nas chamadas Guerras Justas, que só podiam ser decretadas pelo Rei • 11°. Reunião em Santos: Expedição marítima Mais tarde, em 1585, a situação exige a organização de uma verdadeira campanha, sob o mando do capitão-mór Jeronymo Leitão, contra as tribos de carijós, tupinaes e outras que infestavam diversas regiões da capitania. Depois das expedições escravizadoras do litoral, foi talvez a primeira guerra de caça ao gentio, requerida e aconselhada pelos camaristas da vila de São Paulo. "Requeremos - diz uma ata de abril de 1585 - que sua mercê com a gente desta capitania faça guerra campal aos nativos nomeados Carijós os quais a tem ha muitos anos merecida por terem mortos de 40 anos a esta parte mais de cento e cinquenta homens brancos, assim portugueses como espanhóis, até mesmo padres da Companhia de Jesus...". Alegavam mais os paulistas que "é grande a necessidade em que esta terra está, e em muito risco de despovoar-se mais do que nunca esteve e se despovoa cada dia por causa dos moradores e povoadores dela não terem escravaria do gentio desta terra como tiveram e com que sempre se serviram... que agora não hay morador que tão somente possa fazer roças para se sustentar quanto mais canaviais, os quais deixam todos perder a míngua de escravaria..." Requeriam também que os nativos prisioneiros não ficassem aldeados, "sobre si", porque "estando o dito gentio sobre si nenhum proveito alcançam os moradores desta terra porque para irem aventurar suas vidas e fazendas e pol-os em liberdade, será melhor não ir lá e trazendo-os e repartindo-os pelos moradores como dito é será muito serviço de Deus e Sua Majestade...". Não se fez rogado o capitão-mór. Durante seis anos o seu pequeno exército assolou as aldeias do Anhemby, que eram conforme os jesuítas espanhóis, citados por Basílio de Magalhães, em número de 300, com mais de 30.000 habitantes... Estava iniciada e organizada, em larga escala, a escravização do nativo. Com esse ardimento e afã, que sempre foram característicos da raça, os bandos paulistas se atiraram ás expedições de "resgate". Como mais tarde os dominou a vertigem do ouro, assanhava-os então o cheiro do sangue e a febre da caçada humana. Despovoou-se a pequena vila piratiningana com as contínuas entradas pelo sertão. "Esta vila está despejada pelos moradores serem ido ao sertão" - queixavam-se os camaristas em 1 de julho de 1623. • 12°. O procurador da Câmara informa que a vila estava despejada de moradores por terem ido quase todos ao sertão • 13°. Minas • 14°. Socorro* • 15°. Nomeado Antonio Paes de Sande, com “amplíssima jurisdição” em tudo que tocasse ás “minas de ouro e prata de Paranaguá, Itabaiana e serra de Sabarabussú” A eles aconselha Antonio Paes de Sande, em 1693, que se apele para o descobrimentos das minas de Sabarábuçú, Paranaguá e outras das capitanias do Sul. O único meio para se conseguir esse descobrimento - escrevia o governador ao Conselho Ultramarino - é "servir-se S. M. de encarregar aos moradores de São Paulo este negócio, pois a confiança que faz daqueles vassalos os empenha ao efeito das obrigações dela". E num trecho que bem frisa a independência e suscetibilidade dos habitantes de São Paulo nessa época longínqua, "a pessoa que S. M. nomear para ir a São Paulo será um sujeito cuja autoridade e prudência se possa fiar negócio de tanto peso e não levará consigo mais que seus criados e as ordens e poderes reais...".
Atualizado em 02/11/2025 04:49:00 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XXXV* ![]() Data: 1939 Página 140
• 1°. Maniçoba / Ulrico Schrnidel partiu de Buenos Aires, que veio do Paraguai a São Vicente, passando por Santo André, a vila de João Ramalho No século da descoberta houve mais de um viajante europeu através destes sertões. é muito conhecida a historia de Ulrico Schrnidel, que veio do Paraguai a São Vicente, passando por Santo André, a vila de João Ramalho, em 1552. E a alfândega de São Vicente rendeu 100 cruzados mais nesse ano de 1552, por causa do comercio dos "castelhanos". Talvez por este caminho tenha vindo o padre Nóbrega até estas plagas, aknçoando-as. Dado o caso que a aldeia de Maniçoba corresponda ao local onde é Itú, ele não esteve longe daquí e seu olhar de apóstolo deve ter pousado sobre o Ipanema, adivinhando, além, almas a converter, povos numerosos e doceis [p.132] • 2°. Nova expedição com 50 homens* No ano de 1590, quando os paulistas se alvoroçaram com as primeiras noticias de que uma grande bandeira, capitaneada por um filho de João Ramalho, Antonio de Macedo, pelo indio Murcuia e por Domingos Luiz Grou, tinha sido inteiramente desbaratada, e de que os indios do sertão do Mojí marchavam em direção a vila, com o propósito de interceptar o caminho do mar e atacá-la, esteve firme no seu posto, como procurador do concelho, a fazer em câmara os requerimentos que a situação exigia. E ele, que cinco anos antes não se abalara de S. Pau!o para a guerra de Jerônimo Leitão, para est´outra seguiu em agosto, só regressando a povoado em dezembro. [Página 40] • 3°. A população de São Paulo recebia a notícia através de dois participantes de uma entrada No ano de 1590, quando os paulistas se alvoroçaram com as primeiras noticias de que uma grande bandeira, capitaneada por um filho de João Ramalho, Antonio de Macedo, pelo indio Murcuia e por Domingos Luiz Grou, tinha sido inteiramente desbaratada, e de que os indios do sertão do Mojí marchavam em direção a vila, com o propósito de interceptar o caminho do mar e atacá-la, esteve firme no seu posto, como procurador do concelho, a fazer em câmara os requerimentos que a situação exigia. E ele, que cinco anos antes não se abalara de S. Pau!o para a guerra de Jerônimo Leitão, para est´outra seguiu em agosto, só regressando a povoado em dezembro. • 4°. Ataque tem a intenção de tomar o caminho do mar No ano de 1590, quando os paulistas se alvoroçaram com as primeiras noticias de que uma grande bandeira, capitaneada por um filho de João Ramalho, Antonio de Macedo, pelo indio Murcuia e por Domingos Luiz Grou, tinha sido inteiramente desbaratada, e de que os indios do sertão do Mojí marchavam em direção a vila, com o propósito de interceptar o caminho do mar e atacá-la, esteve firme no seu posto, como procurador do concelho, a fazer em câmara os requerimentos que a situação exigia. E ele, que cinco anos antes não se abalara de S. Pau!o para a guerra de Jerônimo Leitão, para est´outra seguiu em agosto, só regressando a povoado em dezembro. [Página 40] • 5°. Bandeira penetrou o sertão* No ano de 1590, quando os paulistas se alvoroçaram com as primeiras noticias de que uma grande bandeira, capitaneada por um filho de João Ramalho, Antonio de Macedo, pelo indio Murcuia e por Domingos Luiz Grou, tinha sido inteiramente desbaratada, e de que os indios do sertão do Mojí marchavam em direção a vila, com o propósito de interceptar o caminho do mar e atacá-la, esteve firme no seu posto, como procurador do concelho, a fazer em câmara os requerimentos que a situação exigia. E ele, que cinco anos antes não se abalara de S. Pau!o para a guerra de Jerônimo Leitão, para est´outra seguiu em agosto, só regressando a povoado em dezembro. [Página 40] • 6°. Jean de Laet esteve no Brasil Página 136 • 7°. Parte de São Paulo a grande leva de povoadores, acrescida com um bom número de paulistas / Itapebuçú E, em 19 de fevereiro de 1609, parte de São Paulo a grande leva de povoadores, acrescida com um bom número de paulistas. Não consta de grandes resultados a respeito de ouro e prata. Se algum ferro se obteve, não enriqueceu a ninguém, e o pobre Dom Francisco, ao morrer, lhe deu de esmola um jesuíta a vela com que, cristão e devoto da Virgem, ingressou na verdadeira Gloria, como é licito esperar. Os povoadores, estes, dividiram-se: a maior parte deve ter voltado para São Paulo; poucos se deixaram ficar junto ao engenho de ferro, nas Furnas, e outros se aglomeraram no Itapebuçú (pedra chata grande), que se corrompeu em Itavovú, arraial, ainda hoje existente à beira do Sorocaba. • 8°. D. Francisco elevou o novo local com o nome de vila de São Filipe: “Entre 1611 e 1654, tudo é silêncio, menos as sesmarias de André Fernandes, uma das quais êle doou antes de 1648, ano de sua morte, a Baltazar” Um dos dois povoados, o de Ipanema e o de Itavovú, ou então ambos, se chamaram São Filipe. Sempre lemos nos historiadores, aliás sem documento escrito, mas baseado na tradição, que o Itavovú atual é o São Filipe, fundado de 1600 a 1611. A conclusão muito simples é que o próprio governador mudou o local de sua gente e o chamou de São Filipe em honra do seu real senhor. Esta mudança, em vida do nosso fundador, ou mesmo depois, só tem uma explicação: ele ou os seus companheiros, ou todos eles, desistiram de uma riqueza imediata das minas, para cuidarem da agricultura, porquanto é impossível, ainda hoje, morar no Itavovú e ir a pé trabalhar no Ipanema, mais de uma légua. E, todavia, não será mais razoável pensar que a mudança foi, depois de 1611, sponte sua dos povoadores? Quanto ao nome, poderiam levá-lo consigo, pois nada impede que na 2a. viagem, entusiasmados com os favores de Felipe II, trouxessem a ideia de mudar o nome do povoado das Furnas. Nós, porém, para libertar-nos de tantas hipóteses, conservaremos uma, que é verdadeira em grande parte, chamando de Nossa Senhora do Monte Serrate à povoação logo extinta do Ipanema, e de São Filipe, à do Itavovú. • 9°. Matriculas na Câmara de índios carijós • 10°. Mapas "Brasilia" de Petrus Bertius (1565-1629) Os povoadores, estes, dividiram-se: a maior parte deve ter voltado para São Paulo; poucos se deixaram ficar junto ao engenho de ferro, nas Furnas, e outros se aglomeraram no Itapebuçú (pedra chata grande), que se corrompeu em Itavovú, arraial, ainda hoje existente à beira do Sorocaba. b) Itavovú Um dos dois povoados, o de Ipanema e o de Itavovú, ou então ambos, se chamaram São Filipe. Sempre lemos nos historiadores, aliás sem documento escrito, mas baseado na tradição, que o Itavovú atual é o São Filipe, fundado de 1600 a 1611. A conclusão muito simples é que o próprio governador mudou o local de sua gente e o chamou de São Filipe em honra do seu real senhor. Esta mudança, em vida do nosso fundador, ou mesmo depois, só tem uma explicação: ele ou os seus companheiros, ou todos eles, desistiram de uma riqueza imediata das minas, para cuidarem da agricultura, porquanto é impossível, ainda hoje, morar no Itavovú e ir a pé trabalhar no Ipanema, mais de uma légua. E, todavia, não será mais razoável pensar que a mudança foi, depois de 1611, sponte sua dos povoadores? Quanto ao nome, poderiam levá-lo consigo, pois nada impede que na 2a. viagem, entusiasmados com os favores de Felipe II, trouxessem a ideia de mudar o nome do povoado das Furnas. Nós, porém, para libertar-nos de tantas hipóteses, conservaremos uma, que é verdadeira em grande parte, chamando de Nossa Senhora do Monte Serrate à povoação logo extinta do Ipanema, e de São Filipe, à do Itavovú. João de Laet esteve no Brasil em 1596, segundo Varnhagen, e certamente antes de 1625, quando imprimiu O Novo Mundo ou Descrição das Indias Ocidentais, do qual dois livros pertencem 2 coisas do Brasil, e, nestes, dois capítulos à capitania de São Vicente. Diz ele que havia ferro e também ouro, em Biraçoiaba montanha onde "os portugueses construíram presentemente uma vila denominada São Felipe, mas que não tem muita importância", a sudoeste de São Paulo. A 30 léguas da capital e quase às margens do rio Tietê, põe o autor esta vila, e chama Nossa Senhora de Monte Serrate outras minas, a 12 léguas da capital! A cinco léguas, no caminho desta a Bessucaba, havia uma fazenda de açúcar e marmelos: com ambos se faziam marmeladas... Em conclusão: no Ipanema ou no Itavovú existiu deveras a vila de São Filipe, e já havia estrada de Piratininga para Sorocaba. O resto é embrulho de leituras apressadas; o homem não chegou até aqui. • 11°. “O Novo Mundo: Descrição das Índias Ocidentais” ("Nieuvve wereldt, ofte, Beschrijvinghe van West-Indien"), 1625. Jean de Laet (1571-1649) Diz ele que havia ferro e também ouro, em Biraçoiaba, montanha onde "os portugueses construíram presentemente uma villa denominada São Felippe (...)", a sudoeste de São Paulo. A 30 léguas da capital e quase às margens do Rio Tietê, põe o autor esta vila, e chama Nossa Senhora de Monte Serrate outras minas, a 12 léguas da capital! A cinco léguas, no caminho desta Bessucaba, havia fazenda de açúcar e marmelos: com ambos de faziam marmeladas... Em conclusão: no Ipanema ou no Itavuvu existiu deveras a vila de São Felipe, e já havia estrada de Piratininha para Sorocaba. [Página 136] • 12°. Gaspar Maciel Aranha é almotacel da villa de São Paulo • 13°. Os paulistas, dirigidos por Antônio Raposo Tavares, apoderam-se, depois de seis horas de combate, da missão jesuítica de Jesus-Maria, no Jequé, hoje rio Pardo • 14°. Em data não sabida. por volta de 1650, estabelece-se no Apotribu, a meio caminho de Sorocaba, sua filha Potência de Abreu. casada com Manuel Bicudo Bezarano Estava-se em 1650 e tantos. Com o sossego e o vagar das obras duradouras, vieram vindo outros habitantes do Ipanema,do Itavovú e de alhures, congregando-se em volta do poderoso senhor, em pobres casinhas de palha. A ponte, lá embaixo, era um esforço notavel, naturalmente iniciativa dele. Uma picada subia ao campo da Boa Vista, descia entre a atual Aparecida e Brigadeiro Tobias, afundava-se no Mato Dentro, deixava à direita São Roque, entrava no terreno de Bezarano, em Apotubú, e surgia em Parnaiba. Muitos anos depois, seria esta a estrada geral para São Paulo, evitando os pontos mais altos de São Francisco e de São João. A capelinha, onde se reuniam fundador e moradores, já não bastava mais. Então, certo com a mira num projeto muito elevado, quasi um sonho, localiza a igreja de Nossa Senhora, com o tamanho atual de São Bento, frente para o nascer do sol, no ponto que ele julgava seria sempre o mais alto da povoação. Terra vermelha para a taipa estava quasi à mão. Os carijós levantavam o grande soquete de cabreuva. Pum! Pum! Subiam as paredes. Dos matos próximos, traziam as madeiras de lei. A igreja ia se aprontando devagarinho. Estava coberta, sem forro e sem soalho. Fizeram-lhe um retábulo decente. A imagem de Nossa Senhora, pequenina, acompanhava-o sempre. De- via de ter um menino nos braços. Mas, qual seria o título litúrgico? Talvez nem o soubesse o humilde artífice que a fizera. E lá está, no altar novo, a imagem da Virgem. Os raros sitiantes da redondeza vêm alí rezar o terço, ou talvez ouvir uma missa do vigario de Parnaiba, sobrinho do fazendeiro. Vão admirar a ponte, o rio. Voltam para as roças: tinham estado na igreja de Nossa Senhora da Ponte. Assim nasce um orago. [p. 139, 140] • 15°. Registro do segundo testamento de Balthazar Fernandes na fazenda de Miguel Bicudo Bejarano na paragem Aputeroby A igreja ia se aprontando devagarinho. Estava coberta, sem forro e sem soalho. Fizeram-lhe um retábulo decente. A ima- gem de Nossa Senhora, pequenina, acompanhava-o sempre. De- via de ter um menino nos braços. Mas, qual seria o título litúrgico? Talvez nem o soubesse o humilde artífice que a fizera. E lá está, no altar novo, a imagem da Virgem. Os raros sitiantes da redondeza vêm alí rezar o terço, ou talvez ouvir uma missa do vigario de Parnaiba, sobrinho do fazendeiro. Vão admirar a ponte, o rio. Voltam para as roças: tinham estado na igreja de Nossa Senhora da Ponte. Assim nasce um orago. E no dia 21 de abril de 1660, após as negociações e vaivens de tais negocios, estavam reunidos no Apotubú, em casa de Manuel Bicudo Bezarano, o seu sogro, já velho, Baltasar Fer- nandes, Claudio Furquim, Jacinto Moreira, André de Zuniga, e mais o vigario parnaibano Francisco Fernandes de Oliveira e os reverendos monges beneditinos da residencia e convento de Parnaiba o presidente frei Tomé Batista e frei Anselmo da Anunciação. O tabelião Antonio Rodrigues de Matos, aparando com solenidade a pena de pato, começou a escrever no livro proprio: Saibam todos quantos este público instrumento de doação virem... etc. na paragem chamada Apoterobí, termo da vila de Santana de Parnaiba, da capitania de São Vicente, partes do Brasil, etc. Em resumo, os beneditinos recebiam de Baltasar Fernandes, para todo o sempre, a igreja de Nossa Senhora da Ponte, com toda a sua fábrica, toda a terça que lhe cabia, por sua morte, em terras e escravos, doze peças do gentio da terra por conta da dita terça, um moço gentio para a sacristia e uma moça india para a cozinha. "E outrosim lhes dava dose vacôas e um touro." Nomeava especialmente, na terça, o seu moinho e a vinha, como quem diz: não faltará hostia nem vinho para o santo sacrificio. Em troca, comprometiam-se a levantar, por sua conta, dormitorio com quatro celas, despensa, cozinha e refeitorio, a assistirem na igreja, rezando pelo fundador, 12 missas anuais, alem da festividade de Nossa Senhora da Ponte. E, desde já, cabia aos padres, para o seu sustento, unia roça onde se estava plantando mandioca, com os limites do rio, do convento e das fazendas de Braz Esteves e Diogo do Rego e Mendonça (outro genro do povoador). E, como o escrivão ganhasse pelo trabalho, dobrou-o em tamanho com as fórmulas cumpridas do costume. Todos ouviram em silencio a leitura da doação. E assinaram os clérigos com toda a facilidade, os leigos com o vagar e o escrúpulo de mãos habituadas a outros misteres. Depois, o escrivão deitou o pó de areia nas últimas linhas. Talvez só houvesse a areia da parede. O certo é que estes nomes ficaram gravados em versais douro na historia de Sorocaba. Em plena renascença, a Ordem de São Bento ressurgia aquem do Oceano, com as glorias de civilizadora, que sempre tinha sido da Europa. Belos caminhos segue a Providencia! [p. 140, 141] b) A primeira Igreja Matriz (1661-1667) Cem anos durou a primeira igreja de Sorocaba, começada cerca de 1661 pelos moradores chefiados pelos filhos, genros e parentes de Balthazar Fernandes. Estes fizeram as duas igrejas: a de Nossa Senhora da Ponte, que ficou pertencendo a São Bento em 21 de abril de 1660, e a matriz para a qual se mudou a mesma Senhora, e que, em 1667, segundo o documento da Câmara, de que tiramos estes informes, estava pronta, pelo menos coberta. A paróquia só foi provida, efetivamente, em 1679, data onde principiam os livros de batizados e casamentos. Em 1747, o vigário encomendado Pedro Domingos Pais, distinto sorocabano, resumiu para o Exmo. e Revdmo. Sr. Dom Bernardo Nogueira, 1° Bispo de São Paulo, o estado da igreja e paróquia: "A igreja matriz desta freguesia é da invocação de Nossa Senhora da Ponte, tem dois altares laterais e a capela-mór na qual se acha colocada a imagem de Nossa Senhora da Ponte em um nicho; nos colaterais se acha da parte do Evangelho colocada a imagem de Nossa Senhora do Rosário, e da parte da Epístola está colocada a imagem de São Miguel, cujos altares estão encostados ao frontispício do arco da capela-mór da banda de fora; tema capela-mór retábulo de talha dourada, com seu camarim e tribuna também dourada, e onde se expõe nas festas o S. S. Sacramento; tem sacrário também dourado e a capela-mór é forrada pelo teto somente. A igreja é feita de taipa de pilão sem naves, cujo corpo não está forrado nem estradado e somente ladrilhado de tijolos. Os altares colaterais tem seus retábulos pequenos, com seus nichos dourados. Tem sacristia por detrás da capela-mór, assoalhada por cima. A igreja tem uma lâmpada de latão grande e bem feita, na qual sempre se conserva lume, porque se conserva todo o ano o Santíssimo Sacramento. Tem três sinos, um de seis arrobas, outro de três e outro de arroba e meia pouco mais ou menos... Tem pia batismal de pedra..." O padre Domingues era bem conciso, não há dúvida. Temos, pois, na capela-mor, o retábulo dourado, um sacrario, uma mesa de altar, que não existem mais, em arquitetura simples. Umcamarim para exposição do Santíssimo: é o conhecido trono de muitos degraus, que conhecemos as velha´s igrejas, avançando sobre o orago retábulo a dentro, e onde se acendiam dezenas de [p. 142] Onde mandou fazer Baltasar Fernandes a primeira imagem de Nossa Senhora da Ponte? Em Parnaiba ou São Paulo? Ou veio feita da Baía ou do Porto? Inclinamo-nos à crer que qualquer santeiro vulgar fez a cabeça, mãos e pés da imagem, e o Menino, o resto, o manto azul marchetado de estrelas, se incumbia de simplificar, De fato, nada tem de artístico a imagem de roca que foi colocada no Consistorio da Irmandade do Santíssimo, num oratorio à esquerda e com os fundos para o muro da capela-mor, c aí ficou até 1918. O bom povo sorocabano, porem, era cioso de sua velha padroeira. Às quintas-feiras, logo após a missa que sempre havia do Santíssimo, recordação dos portugueses, embora o Senhor estivesse no altar-mor, os assistentes não se esqueciam de dar a volta (não havia porta lateral direta) e visitar N.º S. da Ponte e o Senhor-Morto do Consistorio. Chamou-se igreja de Nossa Senhora da Ponte a que hoje se diz de São Bento, e dedicada a Santana. Já estava pelo menos coberta e já tinha o título de Senhora da Ponte, quando, a 21 de abril de 1660, o capitão fundador Baltasar Fernandes a entregou com patrimonio aos beneditinos de Parnaiba, por escritura passada em Apoterobi, fazenda de Manuel Bicudo Bezarano é com a condição de 13 missas anuais (12 por alma do doa-dor e 1 em honra da Senhora da Ponte) e de construirem o Mosteiro, Depressa os padres aceitaram a oferta. Imediatamente veio Frei Anselmo da Anunciação receber tudo e levantar o convento. De tanta sorte estava o povoador que, já a 3 de março seguinte, de 1661, apenas com 30 casais esparsos colina abaixo, o governador do Rio, então em São Paulo, Salvador Correia de Sá e Benevides, i he erigia em vila o povoado. Incumbia-lhe, pois,fundar a casa da Câmara e Cadeia e... matriz, porquanto os beneditinos, ordem isenta, não podiam ser párocos. Mãos à obra! Ele, seus filhos, genros, amigos e escravos“começaram a nova matriz, certamente, em 1660 ou 1661. Que podia estar funcionando pelo menos em 1667, quando já havia Cadeia. De-certo, então, puseram Nossa Senhora e o Menino numandor e, ao som daquelas toadas melancólicas do Padre-Nosso,Ave-Maria e Salve Rainha que só sabem hoje os nossos caipi- [p. 170] ras, vieram colocá-la em seu novo trono. Trono de amor, dondetem espargido tantas graças.E, lá, em São Bento, os bons religiosos deixaram outraNossa Senhora de joelhos, aprendendo num livro aberto sobreo colo de Santana. ´. Santana, que eles trouxeram de Parnaiba,certamente, e lá está, agora, no seu alto nicho, enquanto as gera-ções vão passando, para o pó do sepulero. ..A 1.4 matriz de Sorocaba durou, certinhos, 100 anos. Tinhacapelá-mor assoalhada e forrada. Retábulo dourado com a Se-nhora e o Menino, uma salinha assoalhada atrás do altar-mor,sacristia, Um arco-cruzeiro, sob o qual havia grades separandocapela-mor e corpo-da-igreja. Apoiando-se na parede do arco-cruzeiro, dois altares laterais, com seus retábulos; à esquerda,São Miguel e à direita Nossa Senhora do Rosario. Quasi quecertamente uma só nave, e só duas paredes laterais. Numa des-tas, um arco dando para a capelinha da Conceição. Um púlpito,desses pregados à parede. Na entrada, uma pia batismal, de pe-dra, em aberto. Doutro lado, a escada para 0 coro. Mais acima,o torreãozinho com os 3 sinos. O corpo da igreja não era forrado.O chão não foi sinão atijolado. E tinha bancos fixos ao solo.“Tambem uma pia de agua benta. E´ isto o que se pode deduzir dainformação prestada, em 1747, pelo padre Pedro Domingues, edos assentos de óbitos (davam o lugar da sepultura).À belíssima e grande imagem atual de Nossa Senhora daPonte é de 1770, mais ou menos. A última pintura (incarna-ção) foi há uns 50 anos,De 1770 é a da 2.º matriz. De 1839-1840 a 3º, que apro-veitou da 2: a capela-mor, as paredes internas e o frontispíciocom a torre (esta é de 1818). À 44 matriz é de 1924 (aprovei-tando a frontaria toda e torre da 32); é catedral desde 1925:Só a igreja de São Bento, primeira de N.º S.º da Ponte,não sofreu mudanças essenciais desde 1660 Um monumento deantiguidade, pois, é por muitos desconhecido. [p. 171] Braz Esteves Leme é um patriarca em Sorocaba, tal como João Ramalho em São Paulo, ou mesmo o primeiro Braz Esteves Leme, que se não casou, mas de quem foi ele um dos catorze filhos ilegítimos havidos com mulheres indígenas. São também catorze dos filhos que lhe deram as pobres carijós de sua casa e seis os que houve em legítimo matrimonio com dona Antonia Das.Chamá-lo-emos Braiz Teves, como aparece no documento de 21 de abril de 1660, onde Baltasar Fernandes faz a doação,aos beneditinos da Parnaiba, da igreja de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba e de um patrimonio cujas terras se limitavam com "o campo onde está Braz Teves". E´, pois, um dos primeiros povoadores de Sorocaba, já então sogro de Pascoal Moreira Cabral, o 1.O, e avô do pequeno Pascoal Moreira, o 2.O fundador de Cuiabá.Grande escravagista conjecturamos que foi O sitio Braz Teves, pelo número de filhos naturais e no Sarapuí por ter sido em carijós a sua fortuna, que em parte permitiu afazendar-se o primeiro Pascoal e, acaso, começar suas correrias o 2.O. Confirmamos a nossa opinião com encontrar o nome dele nas listas de brindeirantes que fizeram a caça aos indios do sul e do Guairá, e publicados pelo historiador das Bandeiras, dr. Afonso d´E. Taunay.Os escravos, primeiro capturados numa longa . . . e os seus região que se estendia de Itanhaem aos Patos, carijós tomaram, em São Paulo, o nome da tribu principal: carijós, e conservaram esse apelido até à extinção da escravidão vermelha por Pombal, inclusive nos arquivos paroquiais, posto que, ao depois, pertencessem a outras tribus e raças, até.Escrevendo, em 1747, no Livro do Tombo, o vigario de Sorocaba, Padre Pedro Domingues Pais, por informações dos antigos, diz que Braz Teves "era homem rico do gentio da terra, que era o cabedal daquelle tempo", e tinha a sede da sua fazenda a 7 leguas "desta villa", junto ao rio Sorocaba e próxima´a barra do ribeirão Sarapuí. [p. 172] Tão pequena, e teve a cingir-lhe a cabecinha de madeira umapequenina coroa de ouro, o primeiro ouro de Goiaz, a darmoscrédito aos cronistas, e que lhe mandou um Manuel Correia, es-pecie de bandeirante proletario, não desses que rangem a dentuçacontra tudo que é sagrado, mas desses humildes trabalhadoresque honram um povo. À sua oferta é de pobre. Mas, note-sebem: são as primicias! Não consta que Pascoal Moreira Cabrale outros felizardos de um momento (que tambem morreram po-bres) se lembrassem de um presentinho para a sua terra. Paraa Europa foi o ouro dos bandeirantes. Porem, o pouco, que erao tudo de Manuel Correia, aqui ficou. Certo, antes de sair paraà arrancada temerosa, ajoelhara-se diante do querido icone epedira boa sorte. Não ficou rico e milionario. Mas, entrou nahistoria das bandeiras com uma nobreza de sentimentos que mar-cam uma época.Há qualquer coisa de comum entre os Correias e Nossa Se-nhora do Pilar. Dir-se-ia que eles deram à igreja a imagem, ouzelavam do altarzinho.A data de 1647, para o descobrimento das primeiras minasgoiinas, cai por terra diante do simples fato de que só em 1660se fundou a igreja de São Bento, A de 1719 concorda, alem dis-so, com o parentesco mais próximo entre Manucl Correia e Ca-tarina, a que desejou ser enterrada junto à Senhora do Pilar.Havia tempo de ele chegar e nascer-lhe esta talvez filha.E porque não há de ser desta mesma piedosa familia po-voadora de Mato-Grosso um poeta (poema foi tambem o gestodo ancestral) que a Nossa Senhora tem ofertado tantas coroas.digamos logo, Dom Aquino?DD)“Aos nove dias do mez de Julho de mil setecentos e cin-coenta e nove annos falleceu da vida presente Catharina Cor-rea natural desta villa casada com Geraldo Domingues. Fez tes-tamento em que ordenava que por sua alma se dissessem tantasmissas de corpo presente, quantos sacerdotes se achassem pre-sentes; e que seu corpo amortalhado no habito de São Fran-cisco fosse sepultado no Mosteiro de Sam Bento junto ao altal(sic) de Nossa Senhora do Pilar onde com efeito foi sepultadano habito de Nossa Senhora do Carmo por se não achar o habitoque pedia. Falleceu com todos os sacramentos e sendo da idade [p. 178] • 16°. Estima-se que haviam 1.000 moradores em Sorocaba, sendo 300 “brancos” O Itavovú vegetou de 1611 a 1661. À historia emudece aseu respeito. Nunca foi vila nem paroquia. Tudo leva a crer que nenhuma das duas povoações de Dom Francisco tivesse vereadores. Vigarios, nem se fala. O pelourinho, pois, foi apenas o companheiro temeroso de um governador-geral, um símbolo de sua autoridade. Por isso, não é bem uma mudança de pelourinho que se efetua em 1661. E! à criação de uma vila de Sorocaba, independente das outras duas. E´ a elevação oficial a vila de um povoa-do que existia desde 1645, com a consequencia infalivel de apressar, numa terceira transmigração, a vinda dos últimos povoadores do Itavovú, que em 1700 e poucos é uma simples fazenda onde mora o parnaibano Luiz Castanho de Almeida, neto do homônimo explorador de Goiaz. [p. 137] • 17°. Documento-petição elaborado pelo filho de Balthazar Fernandes, Manoel Fernandes de Abreu, e dirigido à Câmara Municipal • 18°. Paróquia foi provida, efetivamente A paróquia só foi provida, efetivamente, em 1679, data onde principiam os livros de batizados e casamentos. • 19°. Itavuvu é uma simples fazenda onde mora o parnaibano Luiz Castanho de Almeida Por isso, não é bem uma mudança de pelourinho que se efetua em 1661. é a criação de uma vila de Sorocaba, independente das outras duas. é a elevação oficial a vila de um povoado que existia desde 1645, com a consequência infalível de apressar, numa terceira transmigração, a vinda dos últimos povoadores do Itavovú, que em 1700 e poucos é uma simples fazenda onde mora o parnaibano Luiz Castanho de Almeida, neto do homônimo explorador de Goiaz. • 20°. Mosteiro Em 1747, o vigário encomendado Pedro Domingos Pais, distinto sorocabano, resumiu para o Exmo. e Revdmo. Sr. Dom Bernardo Nogueira, 1° Bispo de São Paulo, o estado da igreja e paróquia: "A igreja matriz desta freguesia é da invocação de Nossa Senhora da Ponte, tem dois altares laterais e a capela-mór na qual se acha colocada a imagem de Nossa Senhora da Ponte em um nicho; nos colaterais se acha da parte do Evangelho colocada a imagem de Nossa Senhora do Rosário, e da parte da Epístola está colocada a imagem de São Miguel, cujos altares estão encostados ao frontispício do arco da capela-mór da banda de fora; tema capela-mór retábulo de talha dourada, com seu camarim e tribuna também dourada, e onde se expõe nas festas o S. S. Sacramento; tem sacrário também dourado e a capela-mór é forrada pelo teto somente. A igreja é feita de taipa de pilão sem naves, cujo corpo não está forrado nem estradado e somente ladrilhado de tijolos. Os altares colaterais tem seus retábulos pequenos, com seus nichos dourados. Tem sacristia por detrás da capela-mór, assoalhada por cima. A igreja tem uma lâmpada de latão grande e bem feita, na qual sempre se conserva lume, porque se conserva todo o ano o Santíssimo Sacramento. Tem três sinos, um de seis arrobas, outro de três e outro de arroba e meia pouco mais ou menos... Tem pia batismal de pedra..." [Página 142] • 21°. Primeira capela
Atualizado em 02/11/2025 04:48:59 “Viagem à provincia de São Paulo e Resumo das viagens ao Brasil, provincia Cisplatina e missões do Paraguai”. Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) ![]() Data: 1940 Créditos: Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) Página 27
• 1°. Bertioga Antes mesmo dos europeus terem tomado posse da ilha de São Vicente, o local em que Itú se eleva agora era ocupado por uma tribo de nativos guaianazes. Foram esses nativos do número dos que acorreram em defesa do país (1530), quando souberam que Martim Afonso de Sousa quis da mesma se apoderar; mas, vendo que o chefe de todas as tribos guaianazes, o grande Tebireça, tinha feito aliança com o capitão português, retiraram-se para a selva. Atraídos, um pouco mais tarde pelo amor que Anchieta e seus companheiros demosntravam pelos homens de sua raça, os nativos de Itú, conduzidos pelo seu cacique, reuniram-se à colônia que os jesuítas acabavam de fundar sob o nome de São Paulo de Piratininga. Foi possivelmente nessa ocasião que alguns portugueses mamalucos começaram a fixar-se em Itú; os primeiros habitantes da localidade foram aniquilados ou dispersados, e, desde 1654, a antiga aldeia tornou-se uma vila portuguesa. [Página 227] • 2°. Martim Afonso fundeou no Rio de Janeiro Partiu Martim Afonso de Lisboa pelos fins do ano de 1530 e, a 30 de abril de 1531,(5) fundeou na do Rio de Janeiro, que os indígenas dominavam Ganobará ou Nithoy. Como os tamoios, selvagens desconfiados e belicosos não lhe permitissem estabelecer-se ali prosseguiu viagem até o Rio da Prata; depois, voltando para o norte, entrou, no dia 20 de janeiro de 1532, numa baía que, protegida por duas ilhas. [Página 19] • 3°. Ramalho aproxima-se á Jerybatuba três dias depois da chegada de Martim Afonso á Bertioga Antes mesmo dos europeus terem tomado posse da ilha de São Vicente, o local em que Itú se eleva agora era ocupado por uma tribo de nativos guaianazes. Foram esses nativos do número dos que ocorreram em defesa do país em 1530, quando souberam que Martim Afonso de Sousa quis da mesma se apoderar; mas, vendo que o chefe de todas as tribos guaianazes, o grande Tebireça, tinha feito aliança com o capitão português, retiraram-se para a selva. Atraídos, um pouco mais tarde, pelo amor que Anchieta e seus companheiros demonstravam pelos homens de sua raça, os nativos de Itú, conduzidos pelo seu cacique reuniram-se à colônia que os jesuítas acabavam de fundar sob o nome de São Paulo de Piratininga. Foi possivelmente nessa ocasião que alguns portugueses ou mamalucos começaram a fixar-se em Itú; os primeiros habitantes da localidade foram aniquilados ou dispersados, e, desde 1654, a antiga aldeia tornou-se uma vila portuguesa. Essa data foi indicada a um tempo por José de Sousa Azevedo Pizarro e Araújo (1753 - 1830), Spix e Martius e D.P. Muller."< [6303] • 4°. Falecimento de Pero Lopes de Sousa em Madagascar • 5°. Rio de Janeiro, São Vicente ou Santos: Onde estava Mem de Sá? Encontrei, durante o dia, um grande número de muares que, carregados de açúcar, iam de Itú para Santos; encontrei também um enorme rabanho de bois conduzidos da cidade de Curitiba para a capital do país. Isso serve para demonstrar que não me encontrava numa região deserta; entretanto afora a vila de Pinheiros, não ví senão um pequeno número de casas, e não encontrei plantação. Foi a cerca de de 1/4 de légua da casa de Joaquim Roberto que passei pela vila a que acabo de me referir, antiga aldeia formada outrora por certo número de nativos de nação guaianaz. As casas dessa vila são esparsas e construídas inteiramente como as dos luso-brasileiros; mas, todas são muito pequenas e em mau estado de conservação, algumas foram até completamente abandonadas. A igreja é muito bonita na parte exterior, mas também é muito pequena. Não é lícito acreditar que ainda até presentemente os habitantes da aldeia de Pinheiros sejam todos indivíduos de raça americana perfeitamente pura, porquanto essa aldeia existe a muitíssimo anos. Muito próxima de São Paulo, seus habitantes mantem relações frequentes com os brancos e, sobretudo, com os mulatos e negros; assim, a maior parte das pessoas que vi, quer à porta das casas, quer na estrada, acusava evidentes traços do seu sangue mesclado. É sabido que, quando Anchieta lançou os primeiros fundamentos de São Paulo, vários chefes nativos guaianazes, atraídos pelas virtudes desse homem venerável, reuniram-se com suas tribos, à escassa população da vila em formação. Esses nativos, entretanto, viam os portugueses, cada vez mais numerosos, apossarem-se de suas terras, razão pela qual abandonaram São Paulo, onde permaneciam desde dilatado número de anos, indo fixar-se (1560) nas duas aldeias que formaram, uma sob a invocação de Nossa Senhora dos Pinheiros, a outra, sob a proteção do arcanjo São Miguel. Alguns anos mais tardeo delegado de Lopo de Sousa, donatário da capitania de São Vicente, concedeu aos habitantes de Pinheiros 6 léguas quadradas de terras, na região de Carapicuiva, e outro tanto, na região do Uruguai, aos de São Miguel (403). Gaspar da Madre de Deus, Mem S. Vicente Eis que de maneira se expressa o autor a quém devemos preciosas informações sobre os nativos de Queluz, de Itapeva e de Grapuava: "Quando da invasão dos conquistadores, os guaianazes não puderam acompanhar as tribos de sua nação que procuraram, em meio das florestas, um refúgio contra a escravidão e a morte. Os que permaneceram na região, fatigados por trinta anos de uma vida nômade e pelos longos sofrimentos que padeceram, cederam, afinal, ante a força das circunstâncias; déram a entender que queriam a paz e que submeter-se-iam completamente ao serviço dos brancos, sob a condição, porém, de que viveriam em comum entre si, mas separados daqueles... Foram atendidos. Sabemos, por tradição, que a aldeia dos Pinheiros... foi fundada em 1560." (...) Mas, na realidade, não poderia ser assim, pois que Pêro Lopes de Sousa desapareceu durante uma viagem que empreendeu em 1539, sem que houvesse qualquer notícia, desde então, a seu respeito (Gasp, da Madre de Deus, Mem., 162), e que a concessão ocorreu em 1580. [Páginas 215 e 216] • 6°. Domingos Grou consegue a restituição de suas terras: São Miguel, então chamada aldeia de Ururaí, no sítio de Carapicuíba, foi doada aos índios de Pinheiros (6 léguas em quadro) • 7°. A requerimento de Gonsalo Couraça de Mesquita, foi a capela elevada em 1654 a categoria de vila de Itú, nome significativo da catadupa distante 5 a 6 quilômetros ao este do aldeamento Antes mesmo dos europeus terem tomado posse da ilha de São Vicente, o local em que Itú se eleva agora era ocupado por uma tribo de nativos guaianazes. Foram esses nativos do número dos que acorreram em defesa do país (1530), quando souberam que Martim Afonso de Sousa quis da mesma se apoderar; mas, vendo que o chefe de todas as tribos guaianazes, o grande Tebireça, tinha feito aliança com o capitão português, retiraram-se para a selva.Atraídos, um pouco mais tarde pelo amor que Anchieta e seus companheiros demosntravam pelos homens de sua raça, os nativos de Itú, conduzidos pelo seu cacique, reuniram-se à colônia que os jesuítas acabavam de fundar sob o nome de São Paulo de Piratininga.Foi possivelmente nessa ocasião que alguns portugueses mamalucos começaram a fixar-se em Itú; os primeiros habitantes da localidade foram aniquilados ou dispersados, e, desde 1654, a antiga aldeia tornou-se uma vila portuguesa. [p. 227] • 8°. “Não é caminhando que se faz a maior parte da viagem; é de rastros sobre as mãos e os pés, agarrando-se às raízes das árvores, em meio de rochedos ponteagudos e de tão terríveis precipícios, que eu tremia, devo confessá-lo, quando olhava para baixo” em grande parte do litoral; e, se, algumas vezes, em certas regiões da costa raramente visitadas, há tão pouca hospitalidade quanto nos portos, é isso devido ao natural apático dos habitantes, cujo sangue mesclou-se com o dos indígenas, e que são congenitamente inervados pelo extremo calor e por alimentação muito pouco substanciosa. Bem pesado tudo o que acabo de dizer, torna-se claro que à cidade de Santos, pela sua localização, advêm as maiores vantagens, que teria per- dido se, à semelhança de alguns pequenos portos da província, não tivesse diretas comunciações com o interior.Para ir do litoral à planície de Piratininga, os portugueses, até 1560, só tinham um perigosíssimo caminho, infestado pelos tamoios, seus fidalgais inimigos. Estes selvagens se ocultavam nos matos, à direita e à esquerda do caminho, atacando de improviso os viajantes, despojando-os, aprisionando-os e levando-os para seus bárbaros festins.Tocados de compaixão, os jesuítas Luiz de Gram e Nóbrega resolveram por um fim a essa dolorosa situa- ção, que tanto atemorizava a população branca. Os referidos jesuítas, com mais dois padres seus colegas, tão empreendedores quão industrio- sos, favorecidos pelo governador Mem de Sá e auxiliados por indígenas catequizados, abriram, com perigo de vida, um novo caminho, seguindo um traçado isento do perigo de ataques por parte dos selvagens. Os habitantes do planalto e os do litoral puderam, afinal, comunicar-se entre si, sem se expor a horrorosos suplícios, e testemunharam o mais vivo reconhecimento aos padres da companhia de Jesus e ao governa- dor Mem de Sá. É certo, e nem o contrário poderia imaginar-se, que essa estrada em nada se assemelhava às que, atualmente, são abertas, com tanta arte, em meio das mais escarpadas montanhas. O padre VASCONCELOS, que pela mesma passou cem anos depois de sua abertura (1656), afirmou não ter ela passado por qualquer modificação, e assim a descreveu, mostrando como era difícil o seu trajeto e como é admirável a região que atravessa: — "Não é caminhando" — disse o padre Vasconcelos — "que se faz a maior parte da viagem; é de rastros sobre as mãos e os pés, agarrando-se às raízes das árvores, em meio de rochedos ponteagudos e de tão terríveis precipícios, que eu tremia, devo confessá-lo, quando olhava para baixo. A profundeza do vale é aterrorizante, e o número de montanhas que se elevam, umas por cima das outras, faz quasi perder toda a esperança de chegar ao fim. Quando se acredita estar no cume de uma delas, chega-se ao sopé de outra mais alta ainda. Mas é verdade que, repetidas vezes, sente-se recompensado das fadigas da ascenção. Quando eu me sentava sobre um rochedo e lançava o olhar para baixo, parecia-me estar olhando do alto do firmamento, e que o • 9°. Descobrimento das primeiras minas de ouro em Mato Grosso, junto ao Coxipó-Mirim, por Pascoal Moreira Cabral, Antônio Pires de Campos, João Antunes Maciel, Domingos Rodrigues do Prado e outros paulistas No ano de 1718, António Pires de Campos, o mais terrível dos exterminadores de indígenas, subiu o rio Cuiabá, para conquistar a valorosa tribu dos curhipós. Estava êle por demais preocupado com a apreensão de escravos, para se interessar por qualquer outra cousa. [“Viagem à provincia de São Paulo e Resumo das viagens ao Brasil, provincia Cisplatina e missões do Paraguai”. Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853). Página 52] • 10°. Voyage aux Indes Occidentales Entre as muitas fábulas criadas sobre a origem, o governo e os costumes dos antigos paulistas, o padre Charvolix e François Correal (pseudônimo) algo disseram relativamente à posição de São Paulo. O primeiro pretende que essa cidade é cercada por todos os lados, de inacessíveis montanhas. [Página 173] • 11°. Miguel Sutil de descobriu as minas de ouro à beira do córrego da Prainha, próximo de onde hoje está a igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito • 12°. Miguel Sutil chegou á Cuiabá No ano de 1722, o de nome JosÉ SÚTIL, ao fazer uma plantação nas margens do rio Cuiabá, teve fome e mandou dois indígenas, seus servidores (camaradas), procurar mel nos troncos das árvores. Os selvagens voltaram à tarde, não tendo encontrado mel, mas trouxeram a seu senhor grãos de ouro envolvidos em folhas, encontrados à flor da terra e que orçavam em cerca de 120 oitavas. No dia seguinte, de madrugada, Miguel Sútil e seu compadre João Francisco, conhecido pela alcunha de Barbudo, dirigiram-se, acompanhados de todos os seus escravos, para o local onde tinha sido feita a preciosa descoberta.SÚTIL voltou ao acampamento com meia arroba de ouro, e Barbudo commais de 400 oitavas. Toda a colónia precipitou-se para o locai ondetamanha riqueza se encontrava, e, sem necessidade de fazer profundasexcavações, foram retiradas da terra, no espaço de dois meses, 400 ar- robas do valioso metal. No local desse descobrimento é que, atualmente,está situada a cidade de Cuiabá. No decorrer do ano em que MiguelSÚTIL fez essa brilhante descoberta, chegou a São Paulo o governadorRodrigo Cesar de Menezes, a quem já me referi. Seu primeiro cuidadofoi providenciar no sentido de fazer com que fosse pago ao reino o imposto do quinto sobre o ouro extraído das minas de Cuiabá. Quando os postugueses se ocupavam do Brasil, era, o mais das vezes, para arrancarIhe as riquezas. Dois homens poderosos foram escolhidos por Menezespara agentes do fisco real na recém-fundada colónia. Um deles —Lourenço Leme — para ali partiu com o título de procurador do imposto do quinto ; o outro — JoÃo LEME —, irmão de Lourenço, com o mestre de campo das minas de Cuiabá. Menezes não era desprovido de méririto, mas não conhecia o país, por isso julgou que não podia ser melhorrepresentado do que por dois personagens aos quais os paulistas, patríciosdos mesmos, prodigalizam o máximo respeito. Ignorava que unicamente o temor motivava as manifestações de deferência de que eram alvo os Lemes, o que estes só faziam uso de suas riquezas para violar impunemente as leis e oprimir os fracos. Quando os dois irmãos chegaram aCuiabá vendo-se longe de toda a vigilância, não tiveram mais limites a suainsolência e audácia. Entregaram-se a todos os caprichos, cometeramos mais absurdos atos de violência, e pretenderam, mesmo, expulsar das minas todos aqueles que não fossem paulistas e seus apaniguados.O capelão da nascente colónia opós-se, corajosamente, contra semelhanteinjustiça; ordenaram, então, os Leme, que fosse o mesmo arcabuzado.Um colono de nome Pedro Leitão teve e desdita de lhes excitar a inveja,razão pela qual fizeram-no maltratar, da maneira mais bárbara, ao pédo altar, na ocasião em que assistia o ofício divino da missa. Menezessoube, afinal, do que ocorria em Cuiabá, e, querendo livrar a região dos desmandos dos dois monstros que para ali enviara como representantes de sua autoridade e cuja tirania tornara-se intolerável, ordenou a ura oficial superior que os prendessem remetendo-os para São Paulo. Os dois [“Viagem à provincia de São Paulo e Resumo das viagens ao Brasil, provincia Cisplatina e missões do Paraguai”. Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853). Páginas 53 e 54] • 13°. Pascoal Pascoal por chefe, concedendo-lhe autoridade quase absoluta e prometendo-lhe inteira obediência. Pascoal era inteiramente analfabeto, mas não era homem vulgar; aliava a um grande valor grande prudência, muita atividade, inteligência notável e, o que era raro entre os paulistas desse tempo, possuía um coração compassivo. Tinha a habilidade de derimir (ato de anular, impedir ou resolver por completo determinada situação, por exemplo) os dissídios que surgiam a miúde entre seus companheiros. Com esses predicados, soube fazer-se querido dos mesmos guiando-os com grande prudência, desde o ano de 1719 até o de 1723, época em que foi substituído por dois magistrados enviados por D. Rodrigo César de Menezes, governador de São Paulo. [Páginas 52 e 53] • 14°. “Memórias Para a História da Capitania de São Vicente”, Frei Gaspar da Madre de Deus (1715-1800) Gaspar da Madre de Deus reconhece que a narrativa de Charlevoix sobre as incursões paulistas no Paraguai é exata, muito mais exata do que certos relatos portugueses. [Página 40] • 15°. Chega em Sorocaba o sueco Frederico Luiz Guilherme de Varnhagem* • 16°. Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) parte de Paulo rumo ao Rio Grande • 17°. Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) Parti de Porto Feliz dirigindo-me à cidade de Sorocaba, distante apenas cinco léguas e meia, empregando nessa viagem dois dias. Durante cerca de um quarto de légua acompanhou-me o capitão-mór de Porto Feliz, o qual me cumulara de gentilezas e me forçara a fazer uma refeição em sua companhia. Era um bom homem de campo, franco, alegre, um pouco orgulhoso de sua dignidade de capitão-mór, na qual fora recentemente investido, e que me pareceu desejar que eu comunicasse ao capitão-general a boa acolhida a mim feita.A região que percorri no primeiro dia de viagem, numa extensão de quatro léguas, é antes ondulada do que montanhosa. Percorri, a princípio, três léguas por dentro de matas não muito vigorosas, e durante a última légua atravessei campos, além dos quais existem ainda matas. Existem alguns sítios esparsos pelos campos. Às seis horas da manhã, o termômetro de Réamur marcava 14°. Durante o dia foi insuportável o calor. Nenhuma planta encontrei em estado de florescência nas matas; só encontrei, nesse estado, três ou quatro nos campos. Fiz alto na localidade denominada Guarda de Sorocaba, onde existia uma pequena casa com uma varanda, e onde eram pagos os impostos devidos, como direi mais adiante, sobre os muares precedentes do sul. Um diminuto número desses animais passava por esse caminho, pelo que a guarda compunha-se apenas de dois soldados da milícia (guarda nacional), os quais eram substituídos de seis em seis meses e recebiam dez patacas (20 francos) como pagamento.
Atualizado em 02/11/2025 04:48:57 Ensaios de Geografia Lingüística. Eugênio de Castro ![]() Data: 1941 Créditos: Eugênio de Castro Página 108
• 1°. De onde partiu a expedição, com 80 soldados bem equipados, sendo 40 besteiros e 40 arcabuzeiros, que acabou aniquilada? Martim Afonso quando abordou Cananéa em 1531 trazendo como "línguas" da expedição Pedro Annes, e certamente Enrique Montes, já aí encontrou a Francisco de Chaves, ao Bacharel e a três ou quatro castelhanos; ao fundar as primeiras vilas de São Vicente e Piratininga, já encontrara gente capaz dessas empresas nos descendentes dos criadores do "pueblo de San Bicente", e com João Ramalho nos seus mamalucos da borda do campo aonde depois Thomé de Sousa Fundou a vila de Santo André. Esse conhecimento, porém, da língua e da terra ainda gentílicas, não haveria de ser inteligentemente fundido entre os colonizadores, senão a chegada dos jesuítas. Embarcados em São Vicente, seguindo pelo braço do rio que ia dar ao Peaça (ou porto de João Ramalho, onde começava primitivo caminho serrano), subindo os alcantilados, palmilhando caminhos de lama ou tijuco, com o fim de atingirem as culminâncias da serra onde se avista o mar, o que lhe deu batismo de Paranapiacaba, tinham por ponto de referência distante a Itutinga ou "Salto branco" da cachoeira. • 2°. Sesmaria a Ruy Pinto Embarcados em São Vicente, seguindo pelo braço do rio que ia dar ao Peaça (ou porto de João Ramalho, onde começava primitivo caminho serrano), subindo os alcantilados, palmilhando caminhos de lama ou tijuco, com o fim de atingirem as culminâncias da serra onde se avista o mar, o que lhe deu batismo de Paranapiacaba, tinham por ponto de referência distante a Itutinga ou "Salto branco" da cachoeira. [Página 108] • 3°. Os oficiais da Câmara Municipal da vila de São Paulo dizem ter recebido a notícia de que "Belchior Rodrigues, de Birapoeira, com forja de ferreiro, queria ir para "Piassava das Conoas", onde desembacarvam carijós e que era um prejuízo para esta vila"
Atualizado em 02/11/2025 04:48:58 Memória Histórica de Xiririca (El Eldorado Paulista), Antônio Paulino de Almeida ![]() Data: 1940 Página 15
• 1°. De onde partiu a expedição, com 80 soldados bem equipados, sendo 40 besteiros e 40 arcabuzeiros, que acabou aniquilada? E tão conhecida se tornaram as riquezas do subsolo do vale do Ribeira, que novos horizontes acabam se surgir, assegurando-se desde já o seu ressurgimento.Para certeza disso é bastante o registro das palavras com o que o Dr. Ademar Pereira de Barros chefe do executivo estadual se dirigiu ao povo paulista em seu memorável discurso pronunciado em 27 de maio de 1939 no Teatro Municipal, comemorando a data de seu primeiro ano de governo: “Durante muitos anos, jazeu a zona da Ribeira à espera de quem lhe compreendesse a importância e a riqueza. Projeto de aproveitamento não lhe faltaram, mas sempre, por motivo ou outro, frustrados. No entanto, ali está sem exageros a Bolívia Brasileira, reprodução da região andina, onde, por um paradoxo geológico se agrupam jazidas de minerais cada qual mais valiosa: ouro, platina, mercúrio, prata e chumbo. Essa imensa riqueza não podia sair do patrimônio do Estado e já então chegando da Europa as máquinas que realizarão em São Paulo o sonho do lendário Robério Dias. Novas estradas rasgarão aquele solo abençoado. E muito em breve se retificará a sua principal artéria fluvial, hoje em dia fator máximo das suas célebre e malfazejas inundações”. Essa lenda, a nosso ver, parece de real importância, se procurarmos liga-la à existência das famosas minas de prata de Francisco de Chaves e o desaparecimento da primeira bandeira paulista, que, de Cananéia, partiu a 1° de Setembro de 1531, sob o comando de Pero Lobo, sendo inteiramente sacrificada nos sertões. Uma relação íntima deve existir entre a denominação dada a esse ribeirão dos sertões de Pedro Cubas e a morte dos componentes daquela bandeira, cujo ponto exato onde foi sacrificada, até hoje é assunto controvertido. • 2°. Em maio de 1592 partiram da Bahia e, chegando à serra do Gariru (ou Quareru, atual Serra Branca), levantaram um forte, em cumprimento à determinação régia de que pelo menos a cada 50 léguas assim se procedesse* • 3°. Descoberta da Imagem do Senhor Bom Jesus De uma notícia conservada no livro de Memórias da Vila de Iguape, referente à mesma vila ,consta que após a descoberta da Imagem do Senhor Bom Jesus em 1647, "..começou a crescer de tal sorte, que achando- se já ocupadas as situações mais vizinhas dos seus limites, foi se o Povo estendendo pela Ribeira acima, Rio navegável até quinze dias de viagem sem embaraço considerável. Então começaram a descobrir- se minas de oiro para aquelas partes, cuja extração foi permitida pela Sua Magestade, porque ainda hoje se conserva aqui com as Armas Reais a casa que então servia para a Fundição dele, durando esta até o descobrimento das minas Gerais, em o ano de mil e seis centos e noventa e sete pouco mais ou menos ... que ficou sessando, porque quase todos os Mineiros se ausentaram daqui para ditas minas". [Página 38] • 4°. Istoria Delle Gverre del Regno del Brasile, parte prima, 1698 Ninguém deve ignorar que, não só nos tempos coloniais ou mesmo Provinciais como ainda há poucos anos atrás, as viagens para Apiaí e Faxina geralmente levadas à efeito via Iguape, Xiririca, Iporanga, por ser esse o caminho natural para a região de Serra Acima, a que está ligado o litoral sul. A grandeza de Iguape, foi justamente por ter servido o seu porto há mais de um século, como escoadouro de toda a produção que procedia da região do Planalto, havendo mesmo uma estrada diretamente para Itapetininga, a cuja comarca pertenciam os termos de Xiririca, Iguape e Cananéa, de 1852 a 1854. Na falta de estradas, era o Rio Ribeira a via natural pela qual transitavam as mercadorias destinadas à região Serrana e por onde subiram os bandeirantes, descobridores das minas de Apiaí e Paranapanema, tão afamada nos tempos coloniais, sendo o tráfego entre Iguape, e a zona minéria quase que ininterrupto. [Página 26] O Ribeira, que nasce da confluência dos rios Assungui e Ribeirinha, em território do Paraná, penetra no Estado pela depressão divisória das serras Agudos Grandes e Caroca, no município de Apiaí. Sua direção geral é de sudoeste para nordeste, correndo ao longo da serra do Mar, "até encontrar o rio Juquiá em cujo leito se lança, obrigado pela última ondulações da serra dos Itatis, que se levantam á sua frente,seguindo por ele, a rumo de noroeste para sueste até as proximidades de Iguape, onde faz bocayuva, mandando um braço por nordeste até o oceano e outro para o sul até o Mar Pequeno; este último que é um canal artificial aberto em meados do século passado (o Valle Grande), afim de facilitar as comunicações do exterior com a região banhada pelo Ribeira, separou da terra firme, o território da cidade de Iguape e seus arredores, convertendo-o e Ilha. São seus principais afluentes pelam margem esquerda: Itapirapuan, que serve de limite entre os Estados de São Paulo e Paraná, Claro, Catas Altas, Criminosas, Palmital, Taquarí, Iporanga, Jupuverá, Taquanivira, Tijuco, Turvo, Umbahú, Andaiatú, Pedro Cubas, Quitoca, Cubatão, Moçambique, Xiririca, Braço, Coveiro, Etá, Piroupava, Una e Juquiá. Em 1923, dizia o Correio de Cananéa: “no dia em que o rumor das rodas e das hélices for em grande parte substituídas pelo dos carros e automóveis, a Amazônia Paulista assombrará o Planalto”. [Página 27] E tão conhecida se tornaram as riquezas do seu subsolo, que novos horizontes acabam se surgir, assegurando-se desde já o seu ressurgimento. Para certeza disso é bastante o registro das palavras com o que o Dr. Ademar Pereira de Barros chefe do executivo estadual se dirigiu ao povo paulista em seu memorável discurso pronunciado em 27 de abril no Teatro Municipal, comemorando a data de seu primeiro ano de governo: “Durante muitos anos, jazeu a zona da Ribeira à espera de quem lhe compreendesse a importância e a riqueza. Projeto de aproveitamento não lhe faltaram, mas sempre, por motivo ou outro, frustrados. No entanto, ali está sem exageros a Bolívia Brasileira, reprodução da região andina, onde, por um paradoxo geológico se agrupam jazidas de minerais cada qual mais valiosa: ouro, platina, mercúrio, prata e chumbo. Essa imensa riqueza não podia sair do patrimônio do Estado e já então chegando da Europa as máquinas que realizarão em São Paulo o sonho do lendário Robério Dias. Novas estradas rasgarão aquele solo abençoado. E muito em breve se retificará a sua principal artéria fluvial, hoje em dia fator máximo das suas celebres e malfazejas inundações”. [Páginas 28 e 29] ltara. Outra lenda, aliás importante, é a que diz respeito à origem do nome de Ribeirão das Mortes dado a um dos muitos existentes entre o Batatal e Capão Bonito, nos sertões de Pedro Cubas. Sôbre a mesma, há duas versões . Diz a primeira, que, descoberto um colossal aluvião de ouro pelos jesuitas, nesse ponto do vale da Ribeira, foram estes repelidos por bandeirantes, que ao mesmo local lograram chegar, resultando do choque entre os dois grupos um grande morticínio, do que se originou o nome do ribeirão. É de notar porém , que nesta parte do litoral não penetraram os jesuitas, o que se verifica pelas construções, que nada têm das zonas por onde percorreram esses obreiros do nosso passado, pelo desconhecimento em que ficou por muitos anos esta região, o que não se daria se fòra conhecida pelos mesmos. A segunda versão: Existia outrora um velho Pagé, único sobrevivente da grande tribu do Itanopan, que conservava em Camocins grande quantidade de uma areia que logo despertou a cobiça dos portugueses, os quais, maneirosamente conseguiram do velho índio a revelação do local onde era a mesma encontrada, sob promessa de o tornarem seu associado. Tempos depois, verificando o mesmo ter sido ludibriado, com a retirada do ouro para Serra Acima, procurou vingar-se, lançando Curare na fonte e matando os traidores de um só golpe. Essa lenda, a nosso ver, parece de real importância, se procurarmos liga-la à existência das famosas minas de prata de Francisco de Chaves e o desaparecimento da primeira bandeira paulista, que, de Cananéia, partiu a 1° de Setembro de 1531, sob o comando de Pero Lobo, sendo inteiramente sacrificada nos sertões. Uma relação íntima deve existir entre a denominação dada a esse ribeirão dos sertões de Pedro Cubas e a morte dos componentes daquela bandeira, cujo ponto exato onde foi sacrificada, até hoje éassunto controvertido. [Páginas 158 e 159]
Atualizado em 02/11/2025 04:48:57 “Pequeno Vocabulário Tupi-Português”, 1951. Padre A. Lemos Barbosa ![]() Data: 1951 Créditos: Padre A. Lemos Barbosa Páginas 70 e 71
• 1°. Carta de dada de terras de Diogo de Onhate que lhe deu o capitão Gaspar Conqueiro no caminho de aldeia de Tabaobi Nharybobõ - Ponte. • 2°. Sesmaria concedida a Domingos Rodrigues da Fonseca Leme em Mariboboni • 3°. Pedro Taques e seu tempo Mandiyba - pé de mandiocaManissoba - mandiyba; folha de mandiocaManiyba - mandiyba [Página 83]
Atualizado em 02/11/2025 04:48:57 O Observador: Econômico e Financeiro, 08.1949* ![]() Data: 1949 Página 57
• 1°. A vila de São Paulo ficou completamente fundada e reconhecida, data da respectiva provisão Achava- se instalada a fábrica à beira- rio; o combustível era facilmente transportado; a mina estava à porta e, os produtos acabados, descendo o Jeribatuba, encontravam logo o mercado de Santos, ou subindo pela estrada antiga melhorada, ao que se diz, por Anchieta, das vilas acima da Serra do Cubatão [O Observador: Econômico e Financeiro, 08. 1949. Página 59] • 2°. Ao mesmo tempo, apesar do estabelecimento de uma fábrica de ferro em Santo Amaro por volta de 1609 e da suposta edificação de uma vila nas imediações da futura Sorocaba, onde existiam de fato depósitos significativos do minério, o projeto fracassou também na sua dimensão industrial • 3°. Escritura Achava-se instalada a fábrica à beira-rio; o combustível era facilmente transportado; a mina estava à porta e, os produtos acabados, descendo o Jeribatuba, encontravam logo o mercado de Santos, ou subindo pela estrada antiga melhorada, ao que se diz, por Anchieta, das vilas acima da Serra do Cubatão [O Observador: Econômico e Financeiro, 08.1949. Página 59]
Atualizado em 02/11/2025 04:48:55 Boletim do Departamento do Arquivo do Estado de SP, Secretaria da Educação. Vol. 9 ![]() Data: 1952 Página 734 do pdf
• 1°. Aleixo Garcia organizou uma expedição com centenas de índios Cabe a Cananéa, como se vê, a glória de ter sido berço da primeira bandeira que de terras paulistas se embrenhou nos sertões do Continente. Entretanto, quer parecer que a de Pero Lôbo não foi a única dessas expedições que daquele sítio partiu. Segundo alguns historiadores teria sido Aleixo Garcia, também alí saído, pelo chamado "caminho do Paraguai", em busca do Perú, país que logrou alcançar entre Mizque e Tomina. Limite meridional da região em que viviam os tupis, porque, para o Sul, até a lagoa dos Patos, habitavam os Carijós, justamente sobre o seu território era que vinha atingir o litoral, no dizer, ainda, de outros historiadores, o "meridiano" de Tordesilhas que separava em terras do Novo Mundo o domínio luso do de Castela. Dai a afirmativa do cosmógrafo Vespúcio, que de Cananéa para o Sul - "todo lo mas es de Castella". [Página 70] • 2°. Segundo alguns historiadores, a prova da traição de Henrique Montes seria a “pressa” com que o rei D. João o nomeou Provedor dos Mantimentos da armada Dir-se-á que o erudito cronista não podia fazer tal confusão. Mas, a verdade é que ela seria muito mais explicável do que certos lapsos que se encontram na referida obra, aliás valiosíssima. Citaremos três casos que nos parecem bastante significativos. O primeiro é relativo ao rio Pinheiros, o chamado Jerabaty num dos documentos apontados na seção I desta nota, e cuja denominação indígena se escrevia por diversas formas, uma das quais, a de Jurubatuba, é e mais conhecida e também a mais adulterada. Escreve Azevedo Marques: "Pinheiros - Rio afluente da margem esquerda do Tietê, de que é um dos primeiros tributários, tem origem nos montes aos ponte da cidade de São Paulo na qual passa a pouco mais de légua, ou 5,5 km de distância, na direção Sul. Em tempos muito antigos foi conhecido com os nomes de Rio-Grande e Gerybatiba. Corre na direção mais geral de Leste para Oeste na altura da freguesia de São Bernardo curva-se um pouco para noroeste, rega os municípios da capital e Santo Amaro." "Rio-Grande - Afluente originário (sic) do rio Pinheiros. É o mesmo que no município de Santo Amaro e adjacências tem o nome de Jurubatuba. Em seu começo corre de Leste a Oeste e depois toma o nome de Pinheiros corre de Sul a Nordeste, lançando-se no Tietê." Há nesses trechos várias inexatidões e incoerências. Basta, porém, observar que o rio Grande (que só no curso inferior tem a denominação de rio Pinheiros) nasce em Paranapiacaba (antigamente Alto da Serra), e não "nos montes ao poente da cidade de São Paulo". Lê-se também na citada obra: "Taiassupeba - Rio afluente da margem direita do Tietê" "Taiassupeba-mirim - Rio afluente da margem direta do Tietê". Ora,só o primeiro desses rios é afluente do Tietê, e afluente da margem esquerda, e não da direta. É formado pela reunião do citado Taiassupeba-mirim e do Taiassupeba-assu. [Páginas 621 e 622] • 3°. De onde partiu a expedição, com 80 soldados bem equipados, sendo 40 besteiros e 40 arcabuzeiros, que acabou aniquilada? Cabe a Cananéa, como se vê, a glória de ter sido berço da primeira bandeira que de terras paulistas se embrenhou nos sertões do Continente. Entretanto, quer parecer que a de Pero Lôbo não foi a única dessas expedições que daquele sítio partiu. Segundo alguns historiadores teria sido Aleixo Garcia, também alí saído, pelo chamado "caminho do Paraguai", em busca do Perú, país que logrou alcançar entre Mizque e Tomina. Limite meridional da região em que viviam os tupis, porque, para o Sul, até a lagoa dos Patos, habitavam os Carijós, justamente sobre o seu território era que vinha atingir o litoral, no dizer, ainda, de outros historiadores, o "meridiano" de Tordesilhas que separava em terras do Novo Mundo o domínio luso do de Castela. Dai a afirmativa do cosmógrafo Vespúcio, que de Cananéa para o Sul - "todo lo mas es de Castella". • 4°. Segundo uma comunicação feita pelo primeiro Bispo do Brasil, ao rei D. João, em 13 de julho de 1552, também foi colhido ouro, nas margens do Cubatão, juntos nos desaguadouros dos riachos que desciam da lombada do Paranapiacaba Século XVI - Os primeiros furadores do mato que vieram à ter paragem da Lagoa Dourado foram chefiados pelos dois Sardinhas, pai e filho; um e outro tinham o mesmo nome de batismo - Afonso. Notabilizaram-se ambos na guerra de extermínio dos nativos Carijós e dedicaram-se depois à faina da extração do ouro. Ora, Afonso Sardinha pai podia ser português, parente quiçá do primeiro bispo do Brasil, aquele mal aventurado D. Pedro Fernandes Sardinha que Duarte da Costa perseguiu e que, retirando-se para Portugal, naufragou e veio a ser devorado pelos nativos Caetés. • 5°. “Um índio principal que veio aqui de mais de cem léguas, a converter-se à nossa santa fé, morreu com sinais de bom cristão” 4 - Vieira dos Santos (Memória Histórica de Paranaguá): "Achando-se a este têmpo a costa marítima povoada desde Santos a Cananéa, e a baía de Paranaguá em grande aumento de sua população, não só a originária dos primeiros povoados vindos de Cananéa e São Vicente, e dos índios carijós domesticados no grande espaço de mais de noventa anos contados desde 1555, e sendo dificultoso a estes povos irem procurar seus recursos judiciais à vila de Cananéa por ser a mais próxima, requereram a sua emancipação, e ereção de uma vila separada daquela em 1643" • 6°. Bispo Sardinha foi "comido" por índios Caetés Século XVI - Os primeiros furadores do mato que vieram à ter paragem da Lagoa Dourado foram chefiados pelos dois Sardinhas, pai e filho; um e outro tinham o mesmo nome de batismo - Afonso. Notabilizaram-se ambos na guerra de extermínio dos nativos Carijós e dedicaram-se depois à faina da extração do ouro. Ora, Afonso Sardinha pai podia ser português, parente quiçá do primeiro bispo do Brasil, aquele mal aventurado D. Pedro Fernandes Sardinha que Duarte da Costa perseguiu e que, retirando-se para Portugal, naufragou e veio a ser devorado pelos nativos Caetés. [p. 21, 22 e 23, 413 e 414 do pdf] • 7°. Em 1557 Sardinha recebe a vasta região de Ybitátá em troca (escambo) da construção de uma ponte no Rio Jeribatiba para escoamento de mantimentos essenciais à villa, e aqui constitui fazenda 76 - I. Talvez tenhamos encontrado uma explicação para a referência de Azevedo Marques à partida da bandeira em direção a Mogy das Cruzes. Já estudamos as denominações primitivas da região (boigi, bougi, moygy, mogi-mirim, boixi miri, boigi mirim, etc.). Ora, existem muitos documentos antigos onde aparecem formas pouco divergentes, mas que se referem a paragens muito distantes daquela. Assim é que vemos alusões: - aos "campos de Boy termo da vila de São Paulo"; - as terras situadas "junto a Boy da banda de além do rio Jerabaty"; [Página 620] II. - Dado o rumo inicial mais provável da expedição de Nicolau Barreto, que depois se teria desviado, conforme veremos oportunamente, seria natural que passasse pela região antigamente denominada Bohy, Mohi, etc., e que devia ser mais vasta do que o atual distrito de Embu. Ou então a bandeira teria estado em paragem mais longínqua, de nome igual. Azevedo Marques teria visto uma das formas gráficas do topônimo, no testamento de Ascenso Ribeiro ou em outro documento junto ao inventário desse bandeirante, e acreditado que se tratasse da região que, segundo vimos, só muito mais tarde recebeu o nome de Mogy das Cruzes. III - Dir-se-á que o erudito cronista não podia fazer tal confusão. Mas, a verdade é que ela seria muito mais explicável do que certos lapsos que se encontram na referida obra, aliás valiosíssima. Citaremos três casos que nos pareem bastante significativos.O primeiro é relativo ao rio Pinheiros, o chamado Jerabaty num dos documentos apontados na seção I desta nota, e cuja denominação indígena se escrevia por diversas formas, uma das quais, a de Jurubatuba, é e mais conhecida e também a mais adulterada. Escreve Azevedo Marques: "Pinheiros - Rio afluente da margem esquerda do Tietê, de que é um dos primeiros tributários, tem origem nos montes aos ponte da cidade de São Paulo na qual passa a pouco mais de légua, ou 5,5 km de distância, na direção Sul. Em tempos muito antigos foi conhecido com os nomes de Rio-Grande e Gerybatiba. Corre na direção mais geral de Leste para Oeste na altura da freguesia de São Bernardo curva-se um pouco para noroeste, rega os municípios da capital e Santo Amaro." "Rio-Grande - Afluente originário (sic) do rio Pinheiros. É o mesmo que no município de Santo Amaro e adjacências tem o nome de Jurubatuba. Em seu começo corre de Leste a Oeste e depois toma o nome de Pinheiros corre de Sul a Nordeste, lançando-se no Tietê." Há nesses trechos várias inexatidões e incoerências. Basta, porém, observar que o rio Grande (que só no curso inferior tem a denominação de rio Pinheiros) nasce em Paranapiacaba (antigamente Alto da Serra), e não "nos montes ao poente da cidade de São Paulo". Lê-se também na citada obra: "Taiassupeba - Rio afluente da margem direita do Tietê" "Taiassupeba-mirim - Rio afluente da margem direta do Tietê". Ora, só o primeiro desses rios é afluente do Tietê, e afluente da margem esquerda, e não da direta. É formado pela reunião do citado Taiassupeba-mirim e do Taiassupeba-assu. [Boletim do Departamento do Arquivo do Estado de SP, Secretaria da Educação. Vol. 9, 1952. Páginas 621 e 622] • 8°. “República” • 9°. O procurador do Conselho, João de Sant´Ana, um dos signatários da carta • 10°. Mas no campo da justificativa na petição do suplicante, foi possível identificar que Gaspar Vaz já se declarava morador em Boigi em setembro de 1608* Já observou o Dr. Alfredo Ellis Júnior que, naquela época e até muito tempo depois de criada a vila (em 1611), ainda não existia a denominação Mogy das Cruzes. Aliás o próprio Azevedo Marques escreveu, referindo-se àquela região: Em tempos remotos denominara-se Boygy. Ulteriormente a corrupção da língua a mudou para Mogy. E mais adiante: No começo da povoação, como se vê no 3o. livro de registros de sesmarias existentes no cartório da Thesouraria desta província, o nome desta localidade era o de Santa Ana de Boygy-mirim. Diz o mesmo escritor, que a freguesia de Santa Ana de Mogy das Cruzes foi elevada à categoria de vila no dia 1 de setembro de 1611. A data está certa, mas os informes relativos aos nomes da localidade exigem esclarecimentos, que daremos em seguida. Antes disso, porém, cumpre observar que não é exato que a povoação primitiva tivesse a denominação de Nossa Senhora das Cruzes de Mogi-Mirim, como escreveu o Dr. Alfredo Ellis Júnior no livro O Bandeirismo Paulista e o Recuo do Meridiano. Aliás, nos trabalhos posteriores, o historiador já não se refere a tal denominação. II - Muitos são os documentos através dos quais é possível acompanhar as mutações de nomes da basta região em que se fundou a atual cidade de Mogy das Cruzes. A denominação indígena primitiva (dada, aliás, também, como veremos em nota 76, I, a outras paragens não muito distantes da vila de São Paulo) era simplesmente a que hoje se escreve Mogy (ou Mogi). O topônimo é composto de mboi, cobra, e hy, água ou rio (rio das cobras). Devido, não só à má percepção auditiva, como também às dificuldades de ordem gráfica, escrevia-se aquela denominação muito diversamente: boigi, bongy, mongi, bongi, bougi; mugi; ou Moygy. Em documentos de 1608 em diante, vemos aparecer o qualificativo mirim, ou miri (pequeno), acrescentando ao nome da região de que tratamos e da povoação que se ia formando: - Mogi-mirim, Boixi miri, Boigi miri, Boigi mirim, Boigi miri, Moigimiri, Mogy Mirim, Mogi Miri, etc. [Boletim do Departamento do Arquivo do Estado de SP, Secretaria da Educação. Vol. 9, 1952. Páginas 616 e 617 do pdf] • 11°. Confirmada a povoação Santa Ana das Cruzes III - Numa carta de sesmaria do ano de 1610, lemos que o requerente era "morador na povoação de Santa Ana". A santa deste nome era padroeira da igreja primitiva, e ainda é a da matriz da atual cidade. Na petição em que Gaspar Vaz e outros moradores do povoado requerem, em 1611, se fundasse vila e se levantasse pelourinho, bem como nas informações então prestadas pelas câmaras de Santos, São Vicente e São Paulo, e na provisão pela qual o governador geral, D. Luís de Sousa, deferiu o pedido, a localidade ainda é designada por Mogy mirim. Mas, do auto de levantamento do pelourinho (1 de setembro do mesmo ano), consta que o capitão-mor, Gaspar Conqueiro, deu à vila a denominação de Santa Anna. No fêcho do documento (redigido e assinado dois dias depois), diz o escrivão: "feito villa de Santa Anna". A 11 de outubro de 1621, Àlvaro Luis do Vale, procurador do donatário, Conde de Monsanto, confirmou a data do rossio, campos, etc. "desta villa de Santa Anna de Mogy mirim", denominação que repetiu em duas sesmarias passadas em 1624. Note-se que nas epígrafes destes documentos está vila de Mogi Mirim e Mogi mirim povoassem nomeada Santana. O "cumpra-se" dado pelo capitão-mór Antonio de Aguiar Barriga à referida confirmação vem datado de Santa Ana das Cruzes, a 27 de agosto de 1629. [Boletim do Departamento do Arquivo do Estado de SP, Secretaria da Educação. Vol. 9, 1952. Página 618 do pdf] 76 - I. Talvez tenhamos encontrado uma explicação para a referência de Azevedo Marques à partida da bandeira em direção a Mogy das Cruzes. Já estudamos as denominações primitivas da região (boigi, bougi, moygy, mogi-mirim, boixi miri, boigi mirim, etc.). Ora, existem muitos documentos antigos onde aparecem formas pouco divergentes, mas que se referem a paragens muito distantes daquela. Assim é que vemos alusões: - aos "campos de Boy termo da vila de São Paulo"; - as terras situadas "junto a Boy da banda de além do rio Jerabaty"; [Página 620] II. - Dado o rumo inicial mais provável da expedição de Nicolau Barreto, que depois se teria desviado, conforme veremos oportunamente, seria natural que passasse pela região antigamente denominada Bohy, Mohi, etc., e que devia ser mais vasta do que o atual distrito de Embu. Ou então a bandeira teria estado em paragem mais longínqua, de nome igual. Azevedo Marques teria visto uma das formas gráficas do topônimo, no testamento de Ascenso Ribeiro ou em outro documento junto ao inventário desse bandeirante, e acreditado que se tratasse da região que, segundo vimos, só muito mais tarde recebeu o nome de Mogy das Cruzes. III - Dir-se-á que o erudito cronista não podia fazer tal confusão. Mas, a verdade é que ela seria muito mais explicável do que certos lapsos que se encontram na referida obra, aliás valiosíssima. Citaremos três casos que nos parecem bastante significativos.O primeiro é relativo ao rio Pinheiros, o chamado Jerabaty num dos documentos apontados na seção I desta nota, e cuja denominação indígena se escrevia por diversas formas, uma das quais, a de Jurubatuba, é e mais conhecida e também a mais adulterada. Escreve Azevedo Marques: "Pinheiros - Rio afluente da margem esquerda do Tietê, de que é um dos primeiros tributários, tem origem nos montes aos ponte da cidade de São Paulo na qual passa a pouco mais de légua, ou 5,5 km de distância, na direção Sul. Em tempos muito antigos foi conhecido com os nomes de Rio-Grande e Gerybatiba. Corre na direção mais geral de Leste para Oeste na altura da freguesia de São Bernardo curva-se um pouco para noroeste, rega os municípios da capital e Santo Amaro." "Rio-Grande - Afluente originário (sic) do rio Pinheiros. É o mesmo que no município de Santo Amaro e adjacências tem o nome de Jurubatuba. Em seu começo corre de Leste a Oeste e depois toma o nome de Pinheiros corre de Sul a Nordeste, lançando-se no Tietê." Há nesses trechos várias inexatidões e incoerências. Basta, porém, observar que o rio Grande (que só no curso inferior tem a denominação de rio Pinheiros) nasce em Paranapiacaba (antigamente Alto da Serra), e não "nos montes ao poente da cidade de São Paulo". Lê-se também na citada obra: "Taiassupeba - Rio afluente da margem direita do Tietê" "Taiassupeba-mirim - Rio afluente da margem direta do Tietê". Ora,só o primeiro desses rios é afluente do Tietê, e afluente da margem esquerda, e não da direta. É formado pela reunião do citado Taiassupeba-mirim e do Taiassupeba-assu. [Páginas 621 e 622] • 12°. “South America America Meridionale”, Vincenzo Maria Coronelli Como atribuir tanta importância a este nome Gaibug, quando Coronelli faz nascer o São Francisco ou Parapitinga (?) na serra da Gualembaga, atravessar o grande lago de Parapitinga, recebendo como afluentes o Guabiole cujo tributário principal é o Inaya, o Lacarchug, o Parachai e o Gretacaig! Eis uns nomes bárbaros, dificílimos de identificação com qualquer dos topônimos da bacia de São Francisco. E quanta coisa mais fantasiosa existe neste de Coronelli! No centro do Estado do Paraná coloca um grande lago de onde sabe o rio Latibagiha (provavelmente o nosso Tibagy) afluente do Paranápanema. Não se menciona a existência de São Paulo, o perfil do nosso litoral está erradíssimo e assim por diante. [Páginas 723 e 724 do pdf] • 13°. Mapa “America Meridionale”, Vincenzo Maria Coronelli Como atribuir tanta importância a este nome Gaibug, quando Coronelli faz nascer o São Francisco ou Parapitinga (?) na serra da Gualembaga, atravessar o grande lago de Parapitinga, recebendo como afluentes o Guabiole cujo tributário principal é o Inaya, o Lacarchug, o Parachai e o Gretacaig! Eis uns nomes bárbaros, dificílimos de identificação com qualquer dos topônimos da bacia de São Francisco. E quanta coisa mais fantasiosa existe neste de Coronelli! No centro do Estado do Paraná coloca um grande lago de onde sabe o rio Latibagiha (provavelmente o nosso Tibagy) afluente do Paranápanema. Não se menciona a existência de São Paulo, o perfil do nosso litoral está erradíssimo e assim por diante. [Páginas 723 e 724 do pdf] • 14°. Caminho Aos 18 de junho de 1926, na ponta do Promontório do Itacurussá, município de Cananéa, aí presente o doutor Antonio Paulino de Almeida, Promotor Público desta comarca, colocado em comissão pelo Exmo. Snr. Dr. Bento Bueno, Secretário da Justiça e da Segurança Pública, para o fim especial de concluir um trabalho histórico sobre Cananéa, comigo Frederico Trudes da Veiga, vereador da Câmara Municipal, servindo de Secretário, e os abaixo assinados, encarregados da procura da pedra denominada "Tenente", e que conjuntamente com outra igual ladeava o legendário marco do Pontal referido, após percorrerem a parte sul dos pedrões, regressaram pelo caminho do Ipanema (...) • 15°. Observações sobre Balthazar Fernandes
Atualizado em 02/11/2025 04:48:55 Mapa “Sobre o Itinerário de Ulrich Schimidel”, de Reihnard Maack ![]() Data: 2009 Página 8 do pdf
Atualizado em 02/11/2025 04:48:55 Boletim da Sociedade Brasileira de Geologia* ![]() Data: 1952
História das missões orientais do Uruguai. Aurélio Pôrto. 1954. Atualizado em 29/10/2025 23:39:03 Relacionamentos • Cidades (8): Curitiba/PR, Laguna/SC, Paranaguá/PR, Santo Amaro/SP, Santos/SP, São Paulo/SP, São Vicente/SP, Sorocaba/SP • Pessoas (29) Afonso Sardinha, o Velho (1531-1616), Álvaro Luís do Valle, Alvaro Nuñez Cabeza de Vaca (1500-1560), Amador Bueno de Ribeira (1584-1649), André Fernandes (1578-1641), Antonio Pedroso de Barros (1610-1652), Antônio Raposo Tavares (1598-1659), Bacharel de Cananéa, Balthazar Fernandes (1577-1670), Brás Cubas (1507-1592), Diogo de Alfaro (f.1639), Domingo Martinez de Irala (1506-1556), Francisco Dias Velho (f.1689), Hernando de Trejo y Carvajal (1520-1558), João da Rocha Pita, João Diaz Melgarejo, Jorge Soares de Macedo, Juan de Salazar y Espinosa (1508-1560), Leonardo Nunes, Luis de Góes, Manuel Lobo Pereira (1635-1683), Mência Calderon Ocampo (1514-1593), Padre Francisco Fernandes de Oliveira (1600-1672), Paulo do Amaral, Pero (Pedro) de Góes, Pero Correia (f.1554), Rodrigo de Castelo Branco, Simão Macetta (n.1582), Vasco da Mota • Temas (17): Açúcar, Bilreiros de Cuaracyberá, Boigy, Caminho do Peabiru, Caminhos até São Vicente, Carijós/Guaranis, Cavalos, Enguaguassú, Gados, Jeribatiba (Santo Amaro), Piqueri, Porcos, Redução de Santa Tereza do Ibituruna, Redução Santo Thomé, Rio Taquari, Tape, Vila de Santo André da Borda ![]() • 1. Martim Afonso concede sesmarias 10 de outubro de 1532 • 2. Caminho 1552 Em substituição a Álvar Núnez Cabeza de Vaca, governador do Prata, que fora preso e deportado de Assunção, escolhe el-rei, em competição com outro candidato a esse cargo, a João de Sanábria, homem nobre e rico, que apresta logo uma expedição para se transportar à sua governança. Aparelhada já estava a frota que a devia transportar quando faleceu "o capitão João de Sanábria, que nesses preparativos empregara todos os bens que possuía. Substituiu-o seu filho Diogo de Sanábria. Compunha-se a expedição de uma nau e duas caravelas, e nela vinham a viúva de João de Sanábria, D. Mencia Calderon e duas filhas, D. Maria e D. Mencia. Partiu a frota de Sanlúcar, no ano de 1552. Como cabo da gente dela regressava ao Paraguai o capitão João de Salazar de Espinosa, que fora deportado de Assunção e seguira para a Espanha na mesma caravela que conduzira o governador Cabeza de Vaca. Vinham, na mesma expedição, vários fidalgos e povoadores, entre os quais se destacavam Cristóvão de Saavedra, filho do correio-mor Hernando de Trejo e o capitão Becerra que trazia mulher e filhos, em nau de sua propriedade. Depois de longa viagem, aportou a esquadra ao Brasil e na Laguna, à entrada da barra, perdeu-se o navio de Becerra com tudo quanto trazia, salvando-se unicamente a gente que pôde chegar à terra. Desavieram-se aí o piloto-mor e o capitão Salazar, e sendo eleito Hernando de Trejo chefe da expedição, retiraram-se para São Vicente vários componentes da armada. Trejo, compreendendo a necessidade que se fazia sentir de uma povoação que fosse escala, na costa do Brasil, para atingir Assunção, indo ao porto de São Francisco ali lançou, em 1553, os fundamentos de uma cidade. Estabelecendo-se aí, casou com D. Maria de Sanábria, viúva de João de Sanábria, nascendo em, território brasileiro, desse matrimónio, Dom Frei Hernando de Trejo, que foi bispo de Tucumã e fundador da sua Universidade. Não faltaram trabalhos e misérias naquela incipiente fundação e Trejo, atendendo a rogos insistentes de sua mulher, resolveu abandonar a povoação, seguindo por terra para o Paraguai. Depois de trabalhos sem conto e duros meses de largas provações, em que morreram de fome 32 soldados que se perderam, chegou Hernando de Trejo a Assunção, onde o general Domingos de Irala, nomeado governador do Rio da Prata, o conservou preso por largo tempo, por ter abandonado o porto de São Francisco, que fundara, e que tão necessário se tornava para as entradas, por terra, no Paraguai. O capitão João de Salazar, que fora para São Vicente, havia casado com D. Elvira de Contreras, filha do capitão Becerra, e aí se encontrou com o capitão João Diaz de Melgarejo, com quem concertou voltar a Assunção. Fizera Salazar, na vila de Martim Afonso, boas relações de amizade com os moradores, insinuando a muitos deles as vantagens que teriam passando com famílias e bens à cidade de Assunção. E tal foi a propaganda e a retirada de povoadores para o Paraguai que o P. Manuel de Nóbrega, temendo o despovoamento da capitania de São Vicente, «pela pouca conta e cuidado que el-rei e Martim Afonso de Sousa têm, e se vão lá passando ao Paraguai pouco a pouco», diz que «seria bom ter a Companhia lá um ninho onde se recolhesse quando de todo São Vicente se despovoasse». Além disto, «estando lá os da Companhia se apagariam alguns escândalos que os castelhanos têm dos portugueses, e a meu parecer com muita razão, porque usaram mui mal com uns que vieram a São Vicente, que se perderam de uma armada do Rio da Prata. 2:: ) Entre as pessoas que se ligam a Salazar contam-se os irmãos Cipião 24 ) e Vicente de Góis, oriundos de troncos ilustres de povoadores vicentinos, filhos de Luís de Góis* fidalgo da Casa Real, irmão de Pedro de Góis, que foi donatário da capitania de São Tomé e capitão-mor de uma armada que, em Fevereiro de 1553, estava surta no porto de Santos. Segundo refere Frei Gaspar da Madre de Deus residiu Luís de Góis alguns anos em São Vicente, dali saindo com sua mulher D. Catarina de Andrade e Aguilar, quando seu irmão, Pedro de Góis, os transportou para a capitania que ia fundar, no ano acima referido. Anteriormente Pedro de Góis doara-lhe o engenho da Madre de Deus, que ficava em terras fronteiras ao de Engagaçu. - )
• 3. Mudança para Piratininga: Tibiriça e Caiubi 25 de janeiro de 1554 Em 1554, quando da fundação de São Paulo pelos Padres, já se contavam quatro aldeias vicentinas: São Vicente, Santos, Santo André, Itanhaém. Com excepção de Piratininga e de Santo André, "todas estas três vilas são pobres, de poucos mantimentos e gado, porém abundantes em açúcar". Mas Piratininga «é terra de grandes campos, fertilíssima em muitos pastos e gados de bois, porcos, cavalos, etc. e abastece de muitos mantimentos»; "os nossos comem de ordinário vaca, que é tenra e sadia, ainda que não muito gorda" informa Anchieta.
• 4. Após cinco meses meses a expedição chegou a Assunção outubro de 1555 Cinco meses levou a expedição para atingir Guairá, e daí Assunção, aonde, depois de penosos trabalhos, chegou em Outubro de 1555. 28 ) É nessa ocasião que os irmãos Góis introduzem no Paraguai o primeiro gado vacum que vai fundar a pecuária assuncenha e que procede do engenho de Madre de Deus, de que estavam encarregados. São as célebres «sete vacas de Gaete», de que Rui Diaz de Guzmán nos transmite a tradição. «Estes foram os primeiros que trouxeram vacas a esta província, fazendo-as caminhar muitas léguas por terra, e depois pelo rio em balsas; eram sete vacas e um touro a cargo de um fulano Gaete, que chegou com elas a Assunção com grande trabalho e dificuldade somente pelo interesse de uma vaca que se lhe indicou como salário, donde ficou naquela terra um provérbio que diz: «são mais caras do que as vacas de Gaete.» - >!l ) É interessante notar que só existe deste facto, que é transcendental para a história da pecuária no Rio da Prata, essa simples citação do autor da Argentina que a recebeu, naturalmente, por tradição oral. As cartas de João de Salazar, que descrevem a viagem e os acidentes dela; as dos Jesuítas, que a isto fazem referência, absolutamente não dizem uma palavra sobre o transporte desse gado que deveria constituir um acontecimento notável na época. A própria quantidade, «sete vacas e um touro», pelo seu simbolismo, incorpora-se à legenda das coisas miraculosas.
Atualizado em 02/11/2025 04:48:54 Artes e ofícios dos Jesuítas no Brasil, 1549-1760. Serafim Soares Leite ![]() Data: 1953 Créditos: Serafim Soares Leite Página 71
• 1°. Tomé de Souza Nas cidades e andar na rua, visitas e celebração das festas da Igreja (missas e outras) usavam-se sapatos: a 18 de agosto de 1551 o Governador Tomé de Sousa mandou dar aos Padres da Baía, 12 pares de sapatos. Para andar por casa seriam mais comodas as alpercatas. E no sertão ou em viagem, subidas de encostas e passagem de lamaceiros, os sapatos eram moletos; e as alpercatas aderentes e amarradas aos pés tornaram-se o calçado habitual, se bem que nos caminhos preferissem quase sempre andar descalços, com os pés calejados como bons sertanistas, não imunes porém de feridas provenientes de cortes e picadas.Já na Baía se teria manifestado a necessidade de alpercatas nas viagens, mas onde o uso se impôs foi em Piratininga, porque a Serra de Paranapiacaba só de podia transpor ou de alpercatas ou a pé descalço.
Atualizado em 02/11/2025 04:48:52 Monumenta Brasiliae, 1956. Serafim Soares Leite (1890-1969) ![]() Data: 1956 Créditos: Serafim Soares Leite (1890-1969) Página 41
• 1°. “procissão com grande música, a que os respondiam os trombetas. Ficaram os índios espantados de tal maneira, que depois pediam ao Pe. Navarro que lhes cantasse assim como na procissão fazia” (2000:41). (Anchieta em 1555) Além destes índios, há ouro gentio espalhado ao longe e ao largo, a que chamam Carijós (Carijós os Guaranis, cuja menção se encontra já nas primeiras cartas de Nóbrega. Carta de 9 de agosto de 1549.), nada distinto destes quanto à alimentação, modo de viver e língua, mas muito mais manso e mais propenso às coisas de Deus, como ficámos sabendo claramente da experiência feita com alguns, que morreram aqui entre nós, bastante firmes e constantes na fé. Estes estão sob o domínio dos Castelhanos, a quem de boa vontade constróem as casas e de boa mente ajudam a obter as coisas necessárias à vida. [Página 212 do pdf] • 2°. Manoel da Nóbrega realizou a primeira missa num local próximo da aldeia de Inhapambuçu, chefiada por Tibiriçá fazendo cerca de 50 catecúmenos "entregues à doutrinação do irmão Antonio Rodrigues" A narrativa impessoal diz que "se viu" e Nogueira, de fato, poderia não estar presente, mas Nóbrega "viu" em pessoa. Depois de fundar a Aldeia de Piratininga em 29 de agosto de 1553, seguiu para Maniçoba com um Irmão "grande" (Antonio Rodrigues) e quatro ou cinco Irmãos "pequenos" (meninos). Os tupinaquins iam matar em terreiro e comer, "uns índios carijós". Nóbrega procurou evitar o morticínio, sem o alcançar. (Foram estas e outras verificações positivas e pessoais, que o levaram ao plano de 1558, que Mem de Sá executou). Antonio Rodrigues e os Irmãos "pequenos" pregaram e "converteram" aqueles nativos que iam ser mortos; e também aqui os matadores impediam o batismo e os vigiavam muito bem, dizendo que, se eles se batizassem que comesse a sua carne morreria. [p. 437, 438 e 439 do pdf] • 3°. Carta de Pero Correa ao Pe. Braz Lourenço A narrativa impessoal diz que "se viu" e Nogueira, de fato, poderia não estar presente, mas Nóbrega "viu" em pessoa. Depois de fundar a Aldeia de Piratininga em 29 de agosto de 1553, seguiu para Maniçoba com um Irmão "grande" (Antonio Rodrigues) e quatro ou cinco Irmãos "pequenos" (meninos). Os tupinaquins iam matar em terreiro e comer, "uns índios carijós". Nóbrega procurou evitar o morticínio, sem o alcançar. (Foram estas e outras verificações positivas e pessoais, que o levaram ao plano de 1558, que Mem de Sá executou). Antonio Rodrigues e os Irmãos "pequenos" pregaram e "converteram" aqueles nativos que iam ser mortos; e também aqui os matadores impediam o batismo e os vigiavam muito bem, dizendo que, se eles se batizassem que comesse a sua carne morreria. O fato é contado em pormenor pelo Irmão Pero Correia, que tinha ido adiante de Nóbrega, e provavelmente também assistiu a matança, na carta de 18 de julho de 1554 (supra, carta 17). Ao nativo, que se ofereceu para os batizar secretamente ("para que aqueles morressem cristãos"), parece referir-se Nóbrega. [Diálogo sobre a conversão do gentio do P. Nóbrega. Baía 1556-1557. Monumenta Brasiliae, 1956. Serafim Soares Leite (1890-1969). Páginas 437, 438 e 439 do pdf] E muitos outros da Aldea, os quais ainda que alguns não deixem a vida viciosa por exemplo de outros maus cristãos que vem, todavia se crê deles terem fé, pois o principal pecado e que lhe mais estranham, deixaram, que é matarem em terreiro e comerem carne humana. Quem não sabe que indo à guerra estes e tomando contrários os mataram e enterraram? E pera mais vos alegrar, tão bem vos direi que se vio na Mandisoba, onde se matavam uns índios Carijós, outro índio, que com os Padres andava, oferecer-se com grande fervor e lágrimas a morrer pela fé, só porque aqueles morressem cristãos, e outros muitos casos particulares que acontecem cada dia, que seria largo contar. • 4°. Por isso deixou aí um Irmão para os ensinar, e ele, indo mais longe, partiu para outras nações a 6 de Outubro de 1554. Tanto o queriam seguir os Índios, mesmo em território inimigos, que quiserem cortar o cabelo à maneira dos cristãos e ir com ele como servos Por isso deixou aí um Irmão para os ensinar, e ele, indo mais longe, partiu para outras nações a 6 de Outubro de 1554. Tanto o queriam seguir os Índios, mesmo em território inimigos, que quiserem cortar o cabelo à maneira dos cristãos e ir com ele como servos. [Monumenta Brasiliae, 1956. Serafim Soares Leite (1890-1969). Páginas 292, 293 e 294 do pdf] • 5°. Carta de José de Anchieta ao Padré Inácio de Loyola • 6°. “Pois que direi de suas filhas, duas, a qual melhor cristã! Que direi da fé do grão velho Cayobi, que deixou sua aldeia e suas roças e se veio morrer de fome em Piratininga por amor de nós cuja vida e costumes e obediência a amostra bem ha fé do coração” • 7°. Manoel da Nóbrega convenceu o governador Mem de Sá a baixar "leis de proteção aos índios", impedindo a sua escravização • 8°. Carta do Padre Manuel da Nóbrega ao Padre Miguel de Torres Baía, 8 de maio de 1558 Destas cem léguas ao redor, senhoreia aquela cidade donde não há mais gente do que agora há esta cidade. E quando começaram a senhoreá-las foi con trinta ou quarenta homens somente. E não somente se contentam com terem esta senhoreada mas outros que estão antressachadas e fazem amigos uns com os outros e os que não guardam as pazes são castigados e fazem deles justiça os castelhanos como poucos dias há aconteceu que fizeram aos Índios de São Vicente que confinam com os Carijós por quebrantarem as pazes, que o Capitão do Paraguai havia feito uns com os outros, e outras muitas experiências que se tem tomado desta geração, que eu tenho ouvido e lido e alguma coisa visto. [Carta do Padre Manuel da Nóbrega ao Padre Miguel de Torres, 8 de maio de 1558. Páginas 550 e 551 do pdf] • 9°. Registro de terras Posse da Sesmaria de Geraibatiba no campo de Piratininga Campo de Piratininga, 12 de agosto de 1560: 1. Saibam quantos este instrumento de posse de humas terras de dadas, mandada dar por autorydade de justiça com ho teor do auto da pose vyrem: 2. E loguo, por mim tabelião, foy dado pose da dyta terra e mato, que parte de huma banda por uns pinheiros perto de Bartolomeu Carrasco, parte com ha outra parte vyndo pelo caminho ao longo do mato, caminho da Borda do Campo. [Página 270] • 10°. Manuel da Nóbrega solicita uma légua de terras próximas ao Rio Jeribatiba São Vicente 14 de março de 1564. Permuta de terras, confirmação e registro da sesmaria de Geraibatiba (Piratininga) Pedro Colaço, Capitão em esta Capitania de São Vicente pelo Senhor Martim Afonso de Souza, Senhor da Vila d´Alcantara e de Rio Maior, Capitão e Governador desta Capitania por El-Rey nosso Senhor, e do seu Conselho, etc. Faço saber a quantos esta minha carta de dada de terra de Sesmaria virem como por o Reverendo Padre Manoel da Nóbrega da Companhia de Jesus, residente nas casas do colégio que esta em esta Capitania estão, me foi feita uma petição por escrito, em a qual dizia em como o Governador Martim Afonso de Souza deu à Companhia e Colégio desta Capitania duas léguas de terra em quadra junto de Piratininga; e por quanto isto era em muito dano dos moradores da Vila de São Paulo, e não lhe ficaram terras para fazerem suas roças ali perto da Vila, o Padre Luiz da Grã, Provincial, e os mais Padres foram contentes, por razão do bem comum e por fazerem boa obra aos ditos moradores, de alargarem ali, com lhes demarcarem em outra parte; e foram demarcadas por mandado do Capitão Francisco de Moraes, e dado posse delas, começando na borda do mato, no caminho, que vem de Piratininga para este mar, o novo, que este ano passado se abriu, caminho do Rio de Jerobatiba, e de largura lhe demarcarão uma légua, que poderá haver, entre mestre Bartholomeu e seus herdeiros da banda do leste, e entre Bartholomeu Carrasco da parte leste, que está para a tapera de Jerebatiba vindo da Borda do Campo, vila que foi de Santo Andre, para a Aldeia de Tabaratipi. 2. E, porquanto na dita légua, que assim foi demarcada, e nela agora ter ali Gabriel Martins meia légua dada por Francisco de Moraes primeiro que se desse e demarcasse à dita Casa, assim mesmo a terra dos herdeiros de Mestre Bartholomeu tem a maior parte do que fica, pelo que me pedia havendo respeito a serem já dadas as ditas duas léguas de terras à Companhia pelo dito Senhor Martim Afonso de Souza, Capitão e Governador desta Capitania, e serem para os Colégios da dita Capitania para nelas fabricarem seus mantimentos e criações, de que resulta o bem comum e tanto proveito público, que houvesse por bem de lhes dar para a dita Companhia para seus Colégios uma légua de terras partindo d´Aldeia que se chamam dos Pinheiros pelo Rio de Jerebatiba abaixo, caminho de (...), chegando até Jerabatiaçaba, que assim se chama pela língua dos nativos, até d´onde chegar a dita légua direita e de largura outro tanto, do rio, pelo mato, que vai para Piratininga, em o que "receberão" muita claridade; [p. 42 e 43] • 11°. Aberto caminho São Vicente 14 de março de 1564. Permuta de terras, confirmação e registro da sesmaria de Geraibatiba (Piratininga) Pedro Colaço, Capitão em esta Capitania de São Vicente pelo Senhor Martim Afonso de Souza, Senhor da Vila d´Alcantara e de Rio Maior, Capitão e Governador desta Capitania por El-Rey nosso Senhor, e do seu Conselho, etc. Faço saber a quantos esta minha carta de dada de terra de Sesmaria virem como por o Reverendo Padre Manoel da Nóbrega da Companhia de Jesus, residente nas casas do colégio que esta em esta Capitania estão, me foi feita uma petição por escrito, em a qual dizia em como o Governador Martim Afonso de Souza deu à Companhia e Colégio desta Capitania duas léguas de terra em quadra junto de Piratininga; e por quanto isto era em muito dano dos moradores da Vila de São Paulo, e não lhe ficaram terras para fazerem suas roças ali perto da Vila, o Padre Luiz da Grã, Provincial, e os mais Padres foram contentes, por razão do bem comum e por fazerem boa obra aos ditos moradores, de alargarem ali, com lhes demarcarem em outra parte; e foram demarcadas por mandado do Capitão Francisco de Moraes, e dado posse delas, começando na borda do mato, no caminho, que vem de Piratininga para este mar, o novo, que este ano passado se abriu, caminho do Rio de Jerobatiba, e de largura lhe demarcarão uma légua, que poderá haver, entre mestre Bartholomeu e seus herdeiros da banda do leste, e entre Bartholomeu Carrasco da parte leste, que está para a tapera de Jerebatiba vindo da Borda do Campo, vila que foi de Santo Andre, para a Aldeia de Tabaratipi. 2. E, porquanto na dita légua, que assim foi demarcada, e nela agora ter ali Gabriel Martins meia légua dada por Francisco de Moraes primeiro que se desse e demarcasse à dita Casa, assim mesmo a terra dos herdeiros de Mestre Bartholomeu tem a maior parte do que fica, pelo que me pedia havendo respeito a serem já dadas as ditas duas léguas de terras à Companhia pelo dito Senhor Martim Afonso de Souza, Capitão e Governador desta Capitania, e serem para os Colégios da dita Capitania para nelas fabricarem seus mantimentos e criações, de que resulta o bem comum e tanto proveito público, que houvesse por bem de lhes dar para a dita Companhia para seus Colégios uma légua de terras partindo d´Aldeia que se chamam dos Pinheiros pelo Rio de Jerebatiba abaixo, caminho de (...), chegando até Jerabatiaçaba, que assim se chama pela língua dos nativos, até d´onde chegar a dita légua direita e de largura outro tanto, do rio, pelo mato, que vai para Piratininga, em o que "receberão" muita claridade; [Páginas 42 e 43] • 12°. Carta de Sesmaria: Mestre Bartholomeu e Bartholomeu Carrasco São Vicente 14 de março de 1564. Permuta de terras, confirmação e registro da sesmaria de Geraibatiba (Piratininga) Pedro Colaço, Capitão em esta Capitania de São Vicente pelo Senhor Martim Afonso de Souza, Senhor da Vila d´Alcantara e de Rio Maior, Capitão e Governador desta Capitania por El-Rey nosso Senhor, e do seu Conselho, etc. Faço saber a quantos esta minha carta de dada de terra de Sesmaria virem como por o Reverendo Padre Manoel da Nóbrega da Companhia de Jesus, residente nas casas do colégio que esta em esta Capitania estão, me foi feita uma petição por escrito, em a qual dizia em como o Governador Martim Afonso de Souza deu à Companhia e Colégio desta Capitania duas léguas de terra em quadra junto de Piratininga; e por quanto isto era em muito dano dos moradores da Vila de São Paulo, e não lhe ficaram terras para fazerem suas roças ali perto da Vila, o Padre Luiz da Grã, Provincial, e os mais Padres foram contentes, por razão do bem comum e por fazerem boa obra aos ditos moradores, de alargarem ali, com lhes demarcarem em outra parte; e foram demarcadas por mandado do Capitão Francisco de Moraes, e dado posse delas, começando na borda do mato, no caminho, que vem de Piratininga para este mar, o novo, que este ano passado se abriu, caminho do Rio de Jerobatiba, e de largura lhe demarcarão uma légua, que poderá haver, entre mestre Bartholomeu e seus herdeiros da banda do leste, e entre Bartholomeu Carrasco da parte leste, que está para a tapera de Jerebatiba vindo da Borda do Campo, vila que foi de Santo Andre, para a Aldeia de Tabaratipi. 2. E, porquanto na dita légua, que assim foi demarcada, e nela agora ter ali Gabriel Martins meia légua dada por Francisco de Moraes primeiro que se desse e demarcasse à dita Casa, assim mesmo a terra dos herdeiros de Mestre Bartholomeu tem a maior parte do que fica, pelo que me pedia havendo respeito a serem já dadas as ditas duas léguas de terras à Companhia pelo dito Senhor Martim Afonso de Souza, Capitão e Governador desta Capitania, e serem para os Colégios da dita Capitania para nelas fabricarem seus mantimentos e criações, de que resulta o bem comum e tanto proveito público, que houvesse por bem de lhes dar para a dita Companhia para seus Colégios uma légua de terras partindo d´Aldeia que se chamam dos Pinheiros pelo Rio de Jerebatiba abaixo, caminho de (...), chegando até Jerabatiaçaba, que assim se chama pela língua dos nativos, até d´onde chegar a dita légua direita e de largura outro tanto, do rio, pelo mato, que vai para Piratininga, em o que "receberão" muita claridade; [Páginas 42 e 43]
Atualizado em 02/11/2025 04:48:53 “Histórias e Tradições da Cidade de São Paulo” ![]() Data: 1954 Créditos: Ernani Silva Bruno Página 38
• 1°. E uma referência de 1574 aludia a uma Porta Grande, “entrada principal sobre a qual havia uma guarita como posição de atalaia” E uma referência de 1574 aludia a uma Porta Grande, “entrada principal sobre a qual havia uma guarita como posição de atalaia (aquele que vigia, que observa; sentinela, lugar elevado de onde se observa ou se vigia)”. [Página 182]
Atualizado em 02/11/2025 04:48:51 Documnentos Interessantes ![]() Data: 1863 Créditos: Archive national des États-Unis - National Archives and Records Administration
• 1°. Antonio Francisco de Aguiar é promovido a tenente coronel da cavalaria ligeira auxiliar • 2°. Na lista geral dos habitantes da Villa da Itapetininga aparece o Capitão-Mór Salvador de Oliveira Leme com 56 anos de idade • 3°. Carta Para Vicente da Costa Taques Góes Ar.a. Capitão Mor da Vila de Itú • 4°. Carta para a Câmara da Vila de Apiahy • 5°. Carta para Paulino Ayres de Aguirra Tenente Coronel da Cavalaria Ligeira Auxiliar - Em Sorocaba • 6°. Carta para Paulino Ayres de Aguirra Tenente Coronel da Cavalaria Ligeira Auxiliar - Em Sorocaba • 7°. Carta para Antonio Francisco de Aguiar Capitão de Infantaria Auxiliar da Vila de Sorocaba Em consequência da carta de Vmce. de 11 do corrente mês, sou a dizer que lhe Vmce está obrigado a dar todo o adjutório que a Justiça lhe pedir para o de Sua Majestade em toda a ocasião, e que na de não segurar ao Cabo de sua Companhia Jozé Gomes não andou bem, pelo que Vmce. fará por este criminoso as mais exatas diligências e descobrindo-o, o prenda e entregue á Justiça com o que Vmce. satisfaz o seu dever e deixe aos outros obrarem, como quiserem, que lhes não faltara castigo a seu tempo. Sendo o dito Jozé Gomes ladrão, de que não duvido, se lhe deve dar baixa de Cabo e prover este Posto em Soldado benemérito. Deus guarde a Vmce. São Paulo a 20 de junho de 1781, Martim Lopes Lobo de Saldanha. [p. 120] • 8°. Carta para Paulino Ayres de Aguirra Tenente Coronel da Cavalaria Ligeira Auxiliar - Em Sorocaba
Atualizado em 02/11/2025 04:48:46 “Na capitania de São Vicente”. Washington Luís (1869-1957), 11° presidente do Brasil ![]() Data: 1957 Créditos: Washington Luís (1869-1957) Página 263
• 1°. Araçoiaba e Ipanema. José Monteiro Salazar 1997 Em um ponto de seu livro, Washington Luís Pereira de Sousa (1869-1957) "Nos campos de Piratininga, no vale do Tietê, entravam os Tupiniquins. Os tupinambás, a leste, sempre inimigos dos portugueses. Ao sul e sudoeste de São Paulo os Carijós - quase sempre também inimigos". E continua: "Depois das grandes lutas entre Tupiniquins e Carijós, os Tupiniquins povoaram a região de Sorocaba e seus sertões". ver mais
• 1°. Domingos Luis Grou “adquiriu” terras vizinhas as concedidas nativos de Piratininga, junto ao rio Carapicuíba A verdade é que o primeiro Domingos Luís Grou possuía uma data de terra, que vizinhava com a sesmaria concedida aos índios de Piratininga, junto ao rio Carapicuíba, como reza a provisão de Jerônimo Leitão passada a 12 de outubro de 1582, em S. Vicente, e registrada na Câmara da vila de S. Paulo em 26 de agosto de 1522 (Registro Geral,vol. 1º, págs. 354 a 357). • 2°. Chegada de Diogo Garcia de Moguer Comandando uma expedição, partida de Corunha em 1526, com o fim de explorar o Rio da Prata, Diogo Garcia chegou a S. Vicente a 15 de janeiro de 1527 – cinco anos antes de Martim Afonso – e, narrou ter encontrado o bacharel e seus genros, aí moradores mucho tiempo haque ha bien 30 años. Deles comprou um bergantim, se abasteceu de água, lenha e todo o necessário para a viagem, contratou um dos genros por língua (intérprete) até o Rio da Prata. De acordo com todos os seus oficiais, contadores e tesoureiros, fez com esse bacharel e seus genros um contrato para transportar nos seus navios, quando de volta, 800 escravos para a Europa. “Nesse porto [Páginas 93 e 94] • 3°. Casamento de Domingos Grou e a filha do cacique de Carapicuíba (data s/ confirmação) DOMINGOS LUÍS GROU Domingos Luís Grou, da família Annes ou Ianes, de Portugal,veio para o Brasil tentar fortuna, e aqui casou-se com Fulana Guaçu, filha do cacique de Carapicuíba, segundo a Genealogia de Silva Leme (vol. 1,pág. 15).Um de seus netos, Luís Ianes Grou, no testamento que fez em 21 de outubro de 1628, no arraial de seu tio, Mateus Luís Grou, nas cabeceiras da Ribeira, sertão de Ibiaguira, declarou ter 55 anos e 8 meses de idade, ser filho legítimo de Luís Ianes Grou e de Guiomar Rodrigues,declarando também que numas contas feitas no inventário de sua avó, Maria da Penha... (Inv. e Test., vol. 7, pág. 430). O inventário de Maria da Penha não foi encontrado no Arquivo do Estado de S. Paulo. Mas os antepassados paternos dos Grou eram de Portugal e lá ficaram, o que me autoriza a afirmar que a avó então referida era a filha do cacique de Carapicuíba, e mulher de seu avô, Domingos Luís Grou, e chamava-se Maria da Penha, nome que, sem dúvida, recebera no batismo. [Página 180] • 4°. De onde partiu a expedição, com 80 soldados bem equipados, sendo 40 besteiros e 40 arcabuzeiros, que acabou aniquilada? • 5°. Pero Lopes de Sousa, a 23 de novembro de 1531, partiu Rio da Prata acima levando em um bergantim 30 homens, tudo em boa ordem de guerra; e, como pôde, explorou esse rio até os Carandis, onde meteu padrões portugueses, e, como a ordem era de voltar em 20 dias, daí regressou a se reunir à esquadra • 6°. Sesmaria a Ruy Pinto • 7°. Martim Afonso concede sesmarias A outra vila, feita a nove léguas do litoral para o sertão, à borda de um rio que se chamava Piratininga, mencionada por Pero Lopes de Sousa, nem sequer se lhe indicou o nome, nem foi ela posta sob invocação religiosa, numa época em que o intenso fervor católico dava nome de “santos” a todos os acidentes geográficos do litoral e do interior nos descobrimentos feitos. Apesar de investigações cuidadosas e de minuciosos exames locais, até agora não se sabe onde tal vila foi situada, ou mesmo se foi situada; o rio Piratininga jamais foi identificado, e com esse nome talvez não tivesse existido rio algum. Piratininga (nenhuma etimologia satisfatória para essa palavra), era uma região situada no planalto. A Câmara da Vila de S. Paulo, que às vezes se denominava “S. Paulo do Campo”, “S. Paulo de Piratininga”, “S. Paulo do Campo de Piratininga”, concedeu datas de terras em “Piratininga, termo desta vila” no “caminho de Piratininga”, “indo para Piratininga”, “no caminho que desta vila vai para Piratininga” etc. (Atas da Câmara de S. Paulo, vol. 3.º, pág. 168, Registro Geral, vol. 1.º, págs. 10, 72, 88, 98, 100, 108, 129, 283). “Índios de Piratininga”, qualificam as sesmarias de terras concedidas aos índios de Pinheiros e aos de S. Miguel de Ururaí, por Jerônimo Leitão em 12 de outubro de 1580 (Reg. Geral, vol. 1º, pág. 354), o que não deixa a menor dúvida que Piratininga estendia-se desde Carapicuíba, incluindo Pinheiros, até Ururaí. Piratininga era, pois, uma vasta região do campo vagamente indicada no planalto. É por isso que, em Piratininga, sem que se fizesse menção da qualidade de vila, como era de uso nesses documentos, foi concedida à sesmaria de Pero de Góis, sendo a respectiva posse dada alguns dias depois na ilha de S. Vicente. Martim Afonso teria nessa ocasião chegado até a morada, a povoação de João Ramalho, pela vereda de índios que, então, ligava o planalto ao litoral. Aí nessa zona, nos campos de Piratininga, vizinhos da sesmaria de Ururaí, por Jaguaporecuba, não se sabe bem onde, já afeiçoado aos costumes da terra, João Ramalho vivia maritalmente com filhas de morubixabas, tendo numerosa descendência e dispondo de grande influência sobre Tibiriçá e outros. Martim Afonso, quando de S. Vicente subiu ao Planalto, reconheceu talvez que a povoação de João Ramalho constituiria um posto avançado de importância no caminho, que por ela passava, trilhado pelos índios, e que ia até o Paraguai, onde se imaginavam situadas as fabulosas minas que ele procurava, pelo sertão adentro, desde o Rio de Janeiro e de Cananéia. Por esse caminho transitaria mais tarde Ulrico Schmidt. Foi a pretensa vila a que se referiu a complacência de Pero Lopes, foi o lugar que Martim Afonso primeiro povoou segundo se escreveu mais tarde. [Páginas 101 e 102] • 8°. Sesmaria a Ruy Pinto, cavaleiro da Ordem de Cristo Piratininga (nenhuma etimologia satisfatória para essa palavra), era uma região situada no planalto. Apesar de investigações cuidadosas e de minuciosos exames locais, até agora não se sabe onde tal vila foi situada, ou mesmo se foi situada; o rio Piratininga jamais foi identificado, e com esse nome talvez não tivesse existido rio algum. • 9°. Martim em São Vicente* Durante a sua permanência em S. Vicente, desde 22 de janeiro de 1532 até meados de maio de 1533, onde esteve a esperar recado da expedição de Pedro Lobo, conforme o dizer de Pero Lopes de Sousa, daí fez, provavelmente, partir outras expedições pelo sertão à procura deminas de ouro, conforme narram cronistas espanhóis, com grandes erros cronológicos. O seu intuito foi, a meu ver, descobrir e apossar-se a leste, do ouro que Cortez e Pizarro tinham encontrado a oeste. • 10°. A sua morte, ocorrida em 1534, quando do ataque das forças de Iguape a São Vicente é apresentada como prova final da sua traição ao Bacharel, Martim Afonso de Sousa e seu irmão Pero Lopes de Sousa, ao que parece, fizeram um contrato com João Venist, Francisco Lobo e Vicente Gonçalves para formação de um engenho para fabricação de açúcar, ato agrícola comercial para o qual os dois Sousa, entraram apenas com as terras, entrada tão vã, como a doação da capitania por D. João III, igual à que os Papas fizeram às nações ibéricas, quando por elas distribuíram o mundo a descobrir. Atribui-se-lhe também a providência de proibir que os colonos subissem ao planalto e que fossem ao campo. Jordão de Freitas diz que foi esse contrato feito em 1534. Martim Afonso só recebeu o Foral a 6 de outubro de 1534 e a carta de doação em 20 de janeiro de 1535. (H. C. Port. no Brasil, Vol. 3º), mas cita Frei Gaspar da Madre de Deus, como fonte de informação. Não se compreende o motivo de tal proibição. Evitar que descobrissem o caminho das minas tão cobiçadas? Isso é pueril, pois que redundava apenas na impossibilidade de alargar a conquista do interior, pela ocupação do planalto, “de bons ares e de bons campos”, próprios para produção de mantimentos e criação dos gados, de que o litoral tanto precisava para poder subsistir. Além de pueril, seria contraditório ou incoerente fundar uma povoação no campo, como afirma Pero Lopes, a 9 léguas do mar, e proibir que a esse campo fossem os colonos. [Página 88] Aliás essa proibição não se encontra em nenhum documento colonial. A provisão expedida por D. Ana Pimentel, mulher e procuradora de Martim Afonso, em 11 de fevereiro de 1544, da qual alguns cronistas deduziram a revogação dessa proibição, a esta não se refere, nem do seu contexto se infere que ela tivesse havido. Ao contrário é nessa provisão que se acha a proibição de ir ao campo no tempo em que os índios andassem em sua santidade (?), dependendo a ida de licença do capitão loco-tenente, licença, da qual sempre prescindiram os colonos para entrar ao sertão. • 11°. Foram criadas 14 capitanias hereditárias, divididas em 15 lotes Martim Afonso de Sousa e seu irmão Pero Lopes de Sousa,ao que parece, fizeram um contrato com João Venist, Francisco Lobo e Vicente Gonçalves para formação de um engenho para fabricação de açúcar, ato agrícola comercial para o qual os dois Sousa, entraram apenas com as terras, entrada tão vã, como a doação da capitania por D. João III, igual à que os Papas fizeram às nações ibéricas, quando por elas distribuíram o mundo a descobrir. Atribui-se-lhe também a providência de proibir que os colonos subissem ao planalto e que fossem ao campo. Jordão de Freitas diz que foi esse contrato feito em 1534. Martim Afonso só recebeu o Foral a 6 de outubro de 1534 e a carta de doação em 20 de janeiro de 1535. (H. C. Port. no Brasil, Vol. 3º), mas cita Frei Gaspar da Madre de Deus,como fonte de informação. Não se compreende o motivo de tal proibição. Evitar que descobrissem o caminho das minas tão cobiçadas? Isso é pueril, pois que redundava apenas na impossibilidade de alargar a conquista do interior, pela ocupação do planalto, “de bons ares e de bons campos”, próprios para produção de mantimentos e criação dos gados, de que o litoral tanto precisava para poder subsistir. Além de pueril, seria contraditório ou incoerente fundar uma povoação no campo, como afirma Pero Lopes, a 9 léguas do mar, e proibir que a esse campo fossem os colonos. Aliás essa proibição não se encontra em nenhum documento colonial. A provisão expedida por D. Ana Pimentel, mulher e procuradora de Martim Afonso, em 11 de fevereiro de 1544, da qual alguns cronistas deduziram a revogação dessa proibição, a esta não se refere, nem do seu contexto se infere que ela tivesse havido. Ao contrário é nessa provisão que se acha a proibição de ir ao campo no tempo em que os índios andassem em sua santidade (?), dependendo a ida de licença do capitão loco-tenente, licença, da qual sempre prescindiram os colonos para entrar ao sertão. [Páginas 88 e 89] Martim Afonso, quando de S. Vicente subiu ao Planalto, reconheceu talvez que a povoação de João Ramalho constituiria um posto avançado de importância no caminho, que por ela passava, trilhado pelos índios, e que ia até o Paraguai, onde se imaginavam situadas as fabulosas minas que ele procurava, pelo sertão adentro, desde o Rio de Janeiro e de Cananéia. Por esse caminho transitaria mais tarde Ulrico Schmidt. Foi a pretensa vila a que se referiu a complacência de Pero Lopes, foi o lugar que Martim Afonso primeiro povoou segundo se escreveu mais tarde. [“Na capitania de São Vicente”. Washington Luís (1869-1957), 11° presidente do Brasil. Páginas 101 e 102] • 12°. Nascimento da filha do cacique de Carapicuiba Domingos Luís Grou, da família Annes ou Ianes, de Portugal,veio para o Brasil tentar fortuna, e aqui casou-se com Fulana Guaçu, filha do cacique de Carapicuíba, segundo a Genealogia de Silva Leme (vol. 1,pág. 15).Um de seus netos, Luís Ianes Grou, no testamento que fezem 21 de outubro de 1628, no arraial de seu tio, Mateus Luís Grou, nascabeceiras da Ribeira, sertão de Ibiaguira, declarou ter 55 anos e 8 mesesde idade, ser filho legítimo de Luís Ianes Grou e de Guiomar Rodrigues,declarando também que numas contas feitas no inventário de sua avó,Maria da Penha... (Inv. e Test., vol. 7, pág. 430). O inventário de Maria da Penha não foi encontrado no Arquivo do Estado de S. Paulo. Mas os antepassados paternos dos Grou eram de Portugal e lá ficaram, o que me autoriza a afirmar que a avó então referida era a filha do cacique de Carapicuíba, e mulher de seu avô, Domingos Luís Grou, e chamava-se Maria da Penha, nome que, sem dúvida, recebera no batismo. [Página 180] • 13°. Chegada a São Vivente* Em fevereiro de 1553, já no fim do seu mandato, em navio comandado por Pero de Góis, seu capitão do mar, Tomé de Sousa percorreu a costa do Brasil, em inspeção às capitanias, que constituíam o seu governo. • 14°. Tomé de Souza escreve ao Rei D. João III: “nomeei João Ramalho para vigiar e impedir o trânsito de espanhóis e portugueses entre Santos e Assunção e vice-versa; e assegurar a soberania portuguesa no campo de Piratininga e sobre os caminhos de penetração que dali partiam” Ele era português; mas qual a sua terra de origem? Pedro Taques afirma que ele veio de Barcellos, comarca de Viseu. Tomé de Sousa, na sua já referida carta de 1º de junho de 1553 (Hist. da Col. Port. no Brasil, vol. 3º, pág. 364) relata que ele era natural do termo de Coimbra. Alguns indicam Vouzelas ou Boucelas como o lugar de seu nascimento. [Página 162] De volta dessa inspeção, em carta dirigida a D. João III, datada de 1º de junho de 1553, já na cidade do Salvador, Bahia, Tomé de Sousa relatou o estado em que encontrou a terra. Nessa carta escrevendo sobre a Capitania de S. Vicente disse: “S. Vicente, capitania de Martim Afonso é uma terra muito honrada e de grandes aguas e serras e campos. Está a vila de S. Vicente situada em uma ilha de três Léguas de comprido e uma de largo na qual ilha se fez outra vila que se chama Santos a qual se fez porque a de Vicente não tinha tão bom porto; e a de Santos, que está a uma légua da de S.Vicente, tem o melhor porto que se pode ver, e todas as naus do mundo poderão estar nele com os proizes dentro em terra. Esta ilha me parece pequena para duas vilas, parecia-me bem ser uma só e toda a ilha ser termo dela. Verdade é que a vila de São Vicente diz que foi a primeira que se fez nesta costa, e diz verdade, e tem uma igreja muito honrada e honradas casas de pedra e cal e com um colégio dos irmãos de jesus. Santos precedeu-a em porto e em sítio que são duas grandes qualidades e nela está já a alfandega de V. A. Ordenará V. A. nisto o que lhe parecer bem que eu houve medo de desfazer uma vila a Martim Afonso, ainda que lhe acrescentei tres, s. (isto é) a Bertioga, que me V. A. mandou fazer, que está a cinco leguas de S. Vicente na boca (dum) rio por onde os indios lhe faziam muito mal; eu a tinha já mandado fazer de maneira que tinha escrito a V. A., sem custar nada senão o trabalho dos moradores; mas agora que a vi com os olhos e as cartas de V. A. a ordenei e acrescentei doutra maneira que pareceu a todos bem, segundo V. A. verá por este debuxo; e ordenei outra vila no começo do campo desta vila de S. Vicente de moradores que estavam espalhados por ele e os fiz cercar e ajuntar para se poderem aproveitar todas as povoações deste campo e se chama vila de Santo André porque onde a situei estava uma ermida deste apostolo e fiz capitão dela a João Ramalho, natural do termo de Coimbra, que Martim Afonso já achou nesta terra quando cá veio. Tem tantos filhos e netos bisnetos e descendentes dele e não ouso de dizer a V. A., não tem cãs na cabeça nem no rosto e anda nove léguas a pé antes de jantar e ordenei outra vila na borda deste campo ao longo do mar que se chama da Conceição, de outros moradores, que estavam derramados por o dito campo e os ajuntei e fiz cercar e viver em ordem e alem destas duas povoações serem mais necessárias para o bem comum desta capitania folguei o fazer”... Nesta carta-relatório, algo minuciosa, Tomé de Sousa mencionou as duas vilas já existentes em 1553 na Capitania de S. Vicente, “Santos” e “S. Vicente”, insinuou a extinção desta última e comunicou o acrescentamento, que fez, de mais três outras – Bertioga, Conceição e Santo André –; mas nenhuma referência fez à vila, que dizem fundada por Martim Afonso de Sousa, em 1532, a 9 léguas pelo sertão. Ao contrário notou que os moradores estavam espalhados pelo campo e que ele os reuniu e os ajuntou para, aproveitando todas as povoações desse campo, formar uma vila. O seu silêncio a respeito mostra que a vila, que se diz feita em 1532, por Martim Afonso, não existiu, ou já não existia em 1553. Aliás o abandono, a extinção, a mudança de sedes de vilas, nos primeiros tempos coloniais, foi fato vulgar. A própria vila que o Governador-Geral acrescentou, a Bertioga, conforme escreveu, também desapareceu; e da mesma maneira, mais tarde, desapareceriam as que D. Francisco de Sousa criou – Cahativa, Monserrate – junto a lugares, onde se esperava que rica fosse a exploração de minas. Tomé de Sousa não iria acrescentar mais uma vila no campo, se outra próxima já aí existisse, ele que achava demais duas na ilha de S. Vicente, nem ousaria suprimir uma existente, e substituí-la por outra, ele que “houve medo” de desfazer uma vila a Martim Afonso – a de S. Vicente – por se achar perto da de Santos. Entendeu ele e ordenou outra vila, no começo do campo de S. Vicente com os moradores que aí estavam espalhados, que chamou Santo André. São palavras textuais na carta, cujo trecho transcrevi. Alguns historiadores e cronistas brasileiros, de incontestável autoridade, levaram muitos dos seus continuadores a concluir que João Ramalho fundara uma vila, a vila de Piratininga, povoação em que estava, onde primeiro Martim Afonso povoou, depois chamada Santo André da Borda do Campo, da qual mais tarde se fez São Paulo do Campo de Piratininga. Não está aí a verdade. Nessa carta de 1º de junho de 1553, Tomé de Sousa informou ao rei – e da veracidade dessa informação não se pode duvidar – que no começo do campo, na Capitania de S. Vicente, acrescentara ele uma vila a Martin Afonso, em lugar onde reunira moradores, que nesse campo estavam espalhados, a fez cercar, deu-lhe o nome de Santo André, porque onde a situou estava uma ermida sob a invocação desse apóstolo e dela fez capitão João Ramalho, natural do termo de Coimbra, que Martim Afonso já achou que “na terra quando cá veio”. Informou ele claramente: “ordenei outra vila no começo do campo desta vila de S. Vicente de moradores que estavam espalhados por ele e os fiz cercar e ajuntar para se poderem aproveitar todas as povoações deste campo”... Está aí expresso que povoação não era vila, pois que para formar uma vila fez ele ajuntar todas as povoações do campo. A informação enviada a D. João III é categórica e circunstanciada, designando o lugar em que ele fundou a vila, dando a razão do nome e indicando o motivo da criação. • 15°. Carta de Tomé de Sousa De volta dessa inspeção, em carta dirigida a D. João III, datada de 1º de junho de 1553, já na cidade do Salvador, Bahia, Tomé de Sousa relatou o estado em que encontrou a terra. Nessa carta escrevendo sobre a Capitania de S. Vicente disse: “S. Vicente, capitania de Martim Afonso é uma terra muito honrada e de grandes aguas e serras e campos. Está a vila de S. Vicente situada em uma ilha de três Léguas de comprido e uma de largo na qual ilha se fez outra vila que se chama Santos a qual se fez porque a de Vicente não tinha tão bom porto; e a de Santos, que está a uma légua da de S.Vicente, tem o melhor porto que se pode ver, e todas as naus do mundo poderão estar nele com os proizes dentro em terra. Esta ilha me parece pequena para duas vilas, parecia-me bem ser uma só e toda a ilha ser termo dela. Verdade é que a vila de São Vicente diz que foi a primeira que se fez nesta costa, e diz verdade, e tem uma igreja muito honrada e honradas casas de pedra e cal e com um colégio dos irmãos de jesus. Santos precedeu-a em porto e em sítio que são duas grandes qualidades e nela está já a alfandega de V. A. Ordenará V. A. nisto o que lhe parecer bem que eu houve medo de desfazer uma vila a Martim Afonso, ainda que lhe acrescentei tres, s. (isto é) a Bertioga, que me V. A. mandou fazer, que está a cinco leguas de S. Vicente na boca (dum) rio por onde os indios lhe faziam muito mal; eu a tinha já mandado fazer de maneira que tinha escrito a V. A., sem custar nada senão o trabalho dos moradores; mas agora que a vi com os olhos e as cartas de V. A. a ordenei e acrescentei doutra maneira que pareceu a todos bem, segundo V. A. verá por este debuxo; e ordenei outra vila no começo do campo desta vila de S. Vicente de moradores que estavam espalhados por ele e os fiz cercar e ajuntar para se poderem aproveitar todas as povoações deste campo e se chama vila de Santo André porque onde a situei estava uma ermida deste apostolo e fiz capitão dela a João Ramalho, natural do termo de Coimbra, que Martim Afonso já achou nesta terra quando cá veio. Tem tantos filhos e netos bisnetos e descendentes dele e não ouso de dizer a V. A., não tem cãs na cabeça nem no rosto e anda nove léguas a pé antes de jantar e ordenei outra vila na borda deste campo ao longo do mar que se chama da Conceição, de outros moradores, que estavam derramados por o dito campo e os ajuntei e fiz cercar e viver em ordem e alem destas duas povoações serem mais necessárias para o bem comum desta capitania folguei o fazer”... Nesta carta-relatório, algo minuciosa, Tomé de Sousa mencionou as duas vilas já existentes em 1553 na Capitania de S. Vicente, “Santos” e “S. Vicente”, insinuou a extinção desta última e comunicou o acrescentamento, que fez, de mais três outras – Bertioga, Conceição e Santo André –; mas nenhuma referência fez à vila, que dizem fundada por Martim Afonso de Sousa, em 1532, a 9 léguas pelo sertão. Ao contrário notou que os moradores estavam espalhados pelo campo e que ele os reuniu e os ajuntou para, aproveitando todas as povoações desse campo, formar uma vila. O seu silêncio a respeito mostra que a vila, que se diz feita em 1532, por Martim Afonso, não existiu, ou já não existia em 1553. Aliás o abandono, a extinção, a mudança de sedes de vilas, nos primeiros tempos coloniais, foi fato vulgar. A própria vila que o Governador-Geral acrescentou, a Bertioga, conforme escreveu, também desapareceu; e da mesma maneira, mais tarde, desapareceriam as que D. Francisco de Sousa criou – Cahativa, Monserrate – junto a lugares, onde se esperava que rica fosse a exploração de minas. Tomé de Sousa não iria acrescentar mais uma vila no campo, se outra próxima já aí existisse, ele que achava demais duas na ilha de S. Vicente, nem ousaria suprimir uma existente, e substituí-la por outra, ele que “houve medo” de desfazer uma vila a Martim Afonso – a de S. Vicente – por se achar perto da de Santos. Entendeu ele e ordenou outra vila, no começo do campo de S. Vicente com os moradores que aí estavam espalhados, que chamou Santo André. São palavras textuais na carta, cujo trecho transcrevi. Alguns historiadores e cronistas brasileiros, de incontestável autoridade, levaram muitos dos seus continuadores a concluir que João Ramalho fundara uma vila, a vila de Piratininga, povoação em que estava, onde primeiro Martim Afonso povoou, depois chamada Santo André da Borda do Campo, da qual mais tarde se fez São Paulo do Campo de Piratininga. Não está aí a verdade. Nessa carta de 1º de junho de 1553, Tomé de Sousa informou ao rei – e da veracidade dessa informação não se pode duvidar – que no começo do campo, na Capitania de S. Vicente, acrescentara ele uma vila a Martin Afonso, em lugar onde reunira moradores, que nesse campo estavam espalhados, a fez cercar, deu-lhe o nome de Santo André, porque onde a situou estava uma ermida sob a invocação desse apóstolo e dela fez capitão João Ramalho, natural do termo de Coimbra, que Martim Afonso já achou que “na terra quando cá veio”. Informou ele claramente: “ordenei outra vila no começo do campo desta vila de S. Vicente de moradores que estavam espalhados por ele e os fiz cercar e ajuntar para se poderem aproveitar todas as povoações deste campo”... Está aí expresso que povoação não era vila, pois que para formar uma vila fez ele ajuntar todas as povoações do campo. A informação enviada a D. João III é categórica e circunstanciada, designando o lugar em que ele fundou a vila, dando a razão do nome e indicando o motivo da criação. • 16°. Carta de Manoel da Nóbrega á Luís Gonçalves da Câmara: “Vou em frente procurar alguns escolhidos que Nosso Senhor terá entre esses gentios” João Ramalho não deu informações precisas sobre a terra de seu berço. Dela veio estando casado com mulher, que lá deixou e da qual nunca mais teve notícia, supondo-a morta, quarenta anos depois. O Padre Manuel da Nóbrega, na carta de 31 de agosto de 1553 ao Padre Luís Gonçalves da Câmara, diz que João Ramalho era parente do Padre Manuel de Paiva, o celebrante da missa no planalto, a 25 de janeiro de 1554. (Páginas de História do Brasil, pelo Padre Serafim Leite, págs. 92 a94). • 17°. Casamento de Domingos Luis Grou com Maria da Peña, filha de Antônio da Peña e Francisca de Góis Um de seus netos, Luís Ianes Grou, no testamento que fez em 21 de outubro de 1628, no arraial de seu tio, Mateus Luís Grou, nas cabeceiras da Ribeira, sertão de Ibiaguira, declarou ter 55 anos e 8 meses de idade, ser filho legítimo de Luís Ianes Grou e de Guiomar Rodrigues, declarando também que numas contas feitas no inventário de sua avó,Maria da Penha... (Inv. e Test., vol. 7, pág. 430). O inventário de Maria da Penha não foi encontrado no Arquivo do Estado de S. Paulo. Mas os antepassados paternos dos Grou eram de Portugal e lá ficaram, o que me autoriza a afirmar que a avó então referida era a filha do cacique de Carapicuíba, e mulher de seu avô, Domingos Luís Grou, e chamava-se Maria da Penha, nome que, sem dúvida, recebera no batismo. • 18°. Mudança para Piratininga: Tibiriça e Caiubi João Ramalho não deu informações precisas sobre a terra de seu berço. Dela veio estando casado com mulher, que lá deixou e da qual nunca mais teve notícia, supondo-a morta, quarenta anos depois. O Padre Manuel da Nóbrega, na carta de 31 de agosto de 1553 ao Padre Luís Gonçalves da Câmara, diz que João Ramalho era parente do Padre Manuel de Paiva, o celebrante da missa no planalto, a 25 de janeiro de 1554. (Páginas de História do Brasil, pelo Padre Serafim Leite, págs. 92 a94). • 19°. Os jesuítas Pedro Correia e João de Sousa, acompanhados de um leigo, partem de São Vicente para a catequização dos índios de Cananéia, e ali acabam mártires no mês seguinte A expedição fora resgatar com bilreiros. Bilreiros, segundo alguns cronistas (Simão de Vasconcellos, João de Laet), eram nomes portugueses que em tupi designavam os ibirajaras; porque usavam como armas paus ou lanças de madeira. Segundo a carta do Padre José de Anchieta (Cartas Jesuíticas, vol. 3º, págs. 79 a 83), os irmãos Pedro Correia e João de Sousa, enviados aos ibirajaras, foram trucidados por esse gentio. Parece que essas tribos estavam então vizinhas dos carijós. [p. 332] • 20°. Sardinha casou-se em Santos com Maria Gonçalves, filha de Domingos Gonçalves A mesma confusão se pode estabelecer com Baltasar Gonçalves. Assim, Afonso Sardinha, no seu testamento (Az. Marques, Apontamentos) declarava que foi casado com Maria Gonçalves, irmã de Baltasar Gonçalves; Clemente Álvares foi casado com Maria Gonçalves, filha de Baltasar Gonçalves (Inv. e Test., vol. 1º, pág. 17). E não se pode afirmar se esses Baltasar Gonçalves eram os irmãos de Brás Gonçalves, ou do genro do cacique de Ibirapuera, não obstante no livro de Atas (Reg. Geral, vol. 1º, pág. 5 em 1583) haver declaração formal de que um Brás Gonçalves era irmão de um Baltasar Gonçalves. Nesse tempo os próprios apelidos – Gonçalves, como os de Fernandes, Rodrigues, Dias – eram usados por pessoas que nenhum parentesco tinham entre si. Assim encontram-se tais sobrenomes designando pessoas de diferentes famílias. Além disso os filhos do mesmo casal tomavam nomes diferentes dos seus pais, assinando os de seus avós ou padrinhos, o que também traz confusão ao investigador. [“Na capitania de São Vicente”. Washington Luís (1869-1957), 11° presidente do Brasil. Página 183] • 21°. Braz Cubas proibiu a todos o trânsito pelo campo para o Paraguai e expressamente declara “avisareis a João Ramalho, alcaide e guarda-mor do campo que não deixe passar nenhuma pessoa para ele, sem mostrar vossa licença nem os próprios moradores” Duarte da Costa proibiu a todos o trânsito pelo campo para o Paraguai e expressamente declara "avisareis a João Ramalho, alcaide e guarda-mor do campo que não deixe passar nenhuma pessoa para ele, sem mostrar vossa licença nem os próprios moradores de Santo André". • 22°. Rio de Janeiro, São Vicente ou Santos: Onde estava Mem de Sá? Santo André possuía ermida, mas não tinha pároco, só recebendo socorros espirituais idos de S. Paulo, com grande prejuízo para a religião. As duas povoações, por assim dizer contemporâneas, como núcleos urbanos, se equivaliam; a manutenção das duas dispersava esforços e atividades, cuja reunião era indispensável nessa época inicial de conquistas material e espiritual, de povoamento e catequese. Essas razões – que tinham em vista a defesa e a segurança, e que também eram de ordem econômica, social e espiritual – levaram a Mem de Sá, terceiro Governador Geral do Brasil, estando em S. Vicente, em 1560, atendendo os pedidos dos padres da Companhia de Jesus e os dos próprios moradores de Santo André, a mudar a sede dessa vila para junto da casa e igreja de S. Paulo edificadas estas na colina entre os ribeirões Tamanduateí e Anhangabaú, próximas às choças de Tibiriçá, ambas dentro do termo da vila de Santo André. Az. Marques, Cronologia, informa que Mem de Sá chegou a S. Vicente a 31 de março de 1560, e aí esteve cerca de sete meses ou mais, o que autoriza a dizer que a mudança foi feita depois de março e antes de findar esse ano de 1560. [Páginas 133, 134 e 135] • 23°. A vila de São Paulo ficou completamente fundada e reconhecida, data da respectiva provisão Em 1560 foi também usado, por ordem de Mem de Sá, um outro caminho entre o planalto e o litoral, mais para oeste, a fim de evitar os ataques dos tamoios. Por essa forma, “para melhor serviço de Deus e de el-rei, nosso senhor”, que nesse tempo tudo decidia, concentrou o Governador Geral mais uma vez, os moradores do planalto em um ponto mais avançado no sertão, alargando a posse portuguesa. Documentos autênticos provam que não houve um pedido único nem uma só razão para a transferência de sede da vila. Essas duas veredas, ordinaríssimas, mal traçavam o trânsito entre o planalto e o Cubatão. Esta última ficou conhecida sob o nome de Caminho do Padre José, não se sabe desde que data e por que razão, talvez por ser freqüentada por Anchieta. Em 1560 José de Anchieta era apenas irmão da Companhia de Jesus, só tendo tomado ordens sacerdotais em 1566, na Bahia (Serafim Leite, História da Companhia de Jesus, Vol. 1º, pág. 29, Nota 2). Nem ele tinha poderes, nem a Companhia de Jesus, nessa época, tinha posses para construção de caminhos por piores que fossem. José de Anchieta “subia por esse caminho” (Documentos Interessantes, Vol. 29, pág. 112). É o que diz a Memória de Melo e Castro aqui citado. Foi uma preocupação constante, e com muita razão, da gente do planalto em manter a comunicação com o litoral. Desde as mais remotas vereanças da vila de Santo André (Atas, pág. 15), através das atas da Câmara de S. Paulo, continuamente se fala e se recomenda e se insta pela conservação do caminho do mar. Este caminho nos primeiros tempos, e por muito tempo, foi uma vereda de índios pela serra de Paranapiacaba, (porque da ilha de S. Vicente até ao pé da serra se viajava por água) e daí para a vila de S. Paulo, até à borda do campo, atravessavam-se rios caudalosos. Em 1560 o caminho do mar ainda passava pelo vale do Mogi, pelos sítios de João Ramalho, e por Ururaí, e foi por ele que Martim Afonso subiu até a região de Piratininga. Depois se fez outro, mais a oeste, que a tradição chamou caminho do Pe. José (Os rios correm para o mar) e que por ordem de Mem de Sé começou a servir ao tráfego entre o planalto e o litoral. O primeiro chamou-se o caminho velho do mar. Pelo caminho novo, era proibida a passagem de boiadas, visto o estrago que causavam. Ambos eram péssimos; do alto da serra até ao campo havia atoleiros causados pelas inundações dos rios Grande e Pequeno; do alto da serra para baixo eram aspérrimos e apenas indicados pelos cortes das árvores. • 24°. Carta à rainha D. Catarina, regente de Portugal durante a menoridade de D. Sebastião, assinada por Jorge Moreira e Joanes Annes Comprova-o uma carta de 20 de maio de 1561 à rainha D. Catarina, regente de Portugal durante a menoridade de D. Sebastião, assinada por Jorge Moreira e Joanes Annes, oficiais que foram da Câmara de Santo André e depois da de S. Paulo, na qual escreveu: “este ano de 1560 veio a esta capitania Mem de Sá, governador Geral, e mandou que a vila de Santo André, em que antes estávamos, se passasse para junto da casa de S. Paulo, que é dos padres de Jesus, porque nós todos lh’o pedimos por uma petição, assim por ser o lugar mais forte e mais defensável assim dos contrários como dos nossos índios, como por muitas causas que a ele se movera”. • 25°. João Ramalho assume o cargo de capitão para guerra na Vila de São Paulo Não se encontram elementos para afirmar ou para negar que ele tivesse tomado parte na governança da terra nos anos de 1558 a 1561, porque da Câmara, que nesses anos funcionou em Santo André e em S. Paulo, desapareceram os respectivos livros de atas. Mas em 1562, a 28 de maio, João Colaço, capitão-loco-tenente por Martim Afonso de Sousa, atendendo a que “por vozes e eleição João Ramalho havia sido escolhido para fazer a guerra, que então se esperava, nomeia-o capitão dessa guerra com amplos poderes, como si fosse ele em pessoa, determinando que todas as pessoas lhe obedecessem em tudo que fosse necessário para essa guerra, sob pena de prisão, de multa de vinte cruzados, pagos da cadeia, e de degredo de um ano para a Bertioga, sendo a metade da multa para o acusador e a outra metade para as despesas da guerra. (Atas V. 1º de S. Paulo, págs. 14 e 15)”. • 26°. Os oficiais da Câmara de S. Paulo Antônio de Mariz, Diogo Vaz, Luís Martins e Jorge Moreira dão a João Ramalho juramento sobre um livro dos santos evangelhos A 24 de junho de 1562, os oficiais da Câmara de S. Paulo Antônio de Mariz, Diogo Vaz, Luís Martins e Jorge Moreira dão a João Ramalho juramento sobre um livro dos santos evangelhos para bem e verdadeiramente servir esse cargo de grande e suma responsabilidade nesse momento crítico (Vide Atas da Câmara de S. Paulo, vol. 1º, pág. 14 em que estão lavradas a vereança da Câmara e provisão do capitão-loco-tenente). • 27°. João Ramalho teria sido novamente eleito vereador de São Paulo, porém, já velho (por volta dos setenta anos), recusou o posto, como consta da ata da Câmara Municipal Em 1564, em S. Paulo, quando recusou o cargo de vereador, os seus companheiros de governança vão à casa da Luís Martins, onde ele se achava pousado, insistir pela aceitação do cargo; e, entre outras razões, que ele apresenta para persistir na recusa, dá a de que se achava em terra de contrários dessa vila, dos contrários da Paraíba. • 28°. Anchieta* Nessa ocasião Anchieta resolveu intervir conjurando o perigo. Obteve dos camaristas “salvo-conduto e perdão daqueles delinqüentes” e em companhia do Pe. Salvador Rodrigues e do secular Manuel Veloso e de alguns índios desceu o Anhembi. A canoa em que iam, naufragou e o Pe. Anchieta foi salvo por um índio, e o lugar, que era encachoeirado, ficou a chamar-se Abaremanduava que quer dizer cachoeira do Padre. É esse sem dúvida o episódio referido pelo Padre Pedro Rodrigues na vida do Padre José de Anchieta (Anais da Biblioteca Nacional, vol. 29, pág. 219) quando conta que “sucedeu que dois homens, de consciências largas e de nome, temendo o castigo de suas grandes culpas, se levantaram e com suas famílias, se foram meter com os gentios inimigos pelo que, com razão, se temiam não viessem com poder de gente a destruir a capitania. Vendo o Pe. José que não havia contra esse perigo forças humanas e confiado só nas de Deus se determinou de ir em pessoa a buscar os alevantados e reduzi-los a obediência do seu capitão levando-lhes largos perdões de todo o passado. Foi com ele o Pe. Vicente Rodrigues e outros homens e um índio esforçado”. Houve o naufrágio da canoa em que iam e o índio salvou o Pe. Anchieta, depois de dois mergulhos, que duraram meia hora debaixo d’água. Trouxe o Padre Anchieta os dois homens alevantados para a vila. Mas, daí a um ano, um desses homens (e que não é nomeado) “quis tornar ao sertão, mas o capitão recusou-lhe a licença, e por isso ele o maltratou por tal forma que um filho do capitão o matou a frechadas. O episódio do naufrágio foi posteriormente a 1572, quando Anchieta veio a S. Vicente com o Bispo D. Pedro Leitão e o Visitador da Companhia Pe. Ignácio de Azevedo. • 29°. Afonso Sardinha chega ao Jaraguá Pelo estudo feito neste parágrafo, baseado nos documentos autênticos locais, deve-se concluir que nenhum dos Afonsos Sardinhas teve propriedade em Jaraguá; que a fazenda de Afonso Sardinha, o velho, onde ele morava e tinha trapiches de açúcar estavam nas margens do rio Jerobativa, hoje rio Pinheiros, e mais que a sesmaria que obtivera em 1607 no Butantã nada rendia e que todos os seus bens foram doados à Companhia de Jesus e confiscados pela Fazenda Real em 1762 em São Paulo. Se casa nesta sesmaria houvesse, deveria ser obra dos jesuítas. Pelo mesmo estudo se conclui que Afonso Sardinha, o moço, em 1609 ainda tinha a sua tapera em Embuaçava, terras doadas por seu pai. Não poderia ter 80.000 cruzados em ouro em pó, enterrados em botelhas de barro. Quem possuísse tal fortuna não faria entradas no sertão descaroável nem deixaria seus filhos na miséria. • 30°. “um deles nobre e conhecido por Domingos Luís Grou, ambos casados e ambos com família tendo cometido um assassinato fugiram com os seus para o sertão, metendo-se de companhia com os bárbaros (carijós), que estavam com os nossos em guerra, estimulando-os a que acometessem e pondo em assombro e medo toda a capitania” Citando o Pe. Simão de Vasconcelos, na vida do Pe. José de Anchieta, Antônio de Alcântara Machado (1901-1953) narra que no ano de 1570, dois moradores de S. Paulo “um deles nobre e conhecido por Domingos Luís Grou, ambos casados e ambos com família” tendo cometido um assassinato fugiram com os seus para o sertão, metendo-se de companhia com os bárbaros, que estavam com os nossos em guerra, estimulando-os a que acometessem e pondo em assombro e medo toda a capitania”. Nessa ocasião Anchieta resolveu intervir conjurando o perigo. Obteve dos camaristas “salvo-conduto e perdão daqueles delinqüentes” • 31°. “Há de se desconfiar quando ele alegava não comparecer a uma sessão da Câmara, como vereador que era, em pleno natal, pois não tinha botas” Pelo estudo feito neste parágrafo, baseado nos documentos autênticos locais, deve-se concluir que nenhum dos Afonsos Sardinhas teve propriedade em Jaraguá; que a fazenda de Afonso Sardinha, o velho, onde ele morava e tinha trapiches de açúcar estavam nas margens do rio Jerobativa, hoje rio Pinheiros, e mais que a sesmaria que obtivera em 1607 no Butantã nada rendia e que todos os seus bens foram doados à Companhia de Jesus e confiscados pela Fazenda Real em 1762 em São Paulo. Se casa nesta sesmaria houvesse, deveria ser obra dos jesuítas. Pelo mesmo estudo se conclui que Afonso Sardinha, o moço, em 1609 ainda tinha a sua tapera em Embuaçava, terras doadas por seu pai. Não poderia ter 80.000 cruzados em ouro em pó, enterrados em botelhas de barro. Quem possuísse tal fortuna não faria entradas no sertão descaroável nem deixaria seus filhos na miséria. • 32°. Petição Domingos Luis Grou Pelo estudo feito neste parágrafo, baseado nos documentos autênticos locais, deve-se concluir que nenhum dos Afonsos Sardinhas teve propriedade em Jaraguá; que a fazenda de Afonso Sardinha, o velho, onde ele morava e tinha trapiches de açúcar estavam nas margens do rio Jerobativa, hoje rio Pinheiros, e mais que a sesmaria que obtivera em 1607 no Butantã nada rendia e que todos os seus bens foram doados à Companhia de Jesus e confiscados pela Fazenda Real em 1762 em São Paulo. Se casa nesta sesmaria houvesse, deveria ser obra dos jesuítas. Pelo mesmo estudo se conclui que Afonso Sardinha, o moço, em 1609 ainda tinha a sua tapera em Embuaçava, terras doadas por seu pai. Não poderia ter 80.000 cruzados em ouro em pó, enterrados em botelhas de barro. Quem possuísse tal fortuna não faria entradas no sertão descartável nem deixaria seus filhos na miséria. [Página 202] • 33°. Sesmaria concedida por Jerônimo Leitão aos índios de Piratininga Não estará longe da verdade quem disser que João Ramalho fazia parte da feitoria, estabelecida por iniciativa particular no porto de S. Vicente, e, sem perder o contato com essa feitoria, estabeleceu-se no planalto. Morou em lugar chamado Jaguaporecuba, próximo a Ururaí, como se vai ver. Na carta de sesmaria, concedida por Jerônimo Leitão aos índios de Piratininga em 1580 (Registro Geral, vol. 1º, pág. 354) escreve-se a palavra Jaguaporecuba cuja penúltima sílaba está roída por traças. Mas no mesmo 1º volume desse Registro, pág. 150, se encontra a transcrição da provisão em que João Soares, em 1607, é nomeado capitão-mor dos índios da aldeia de Guarapiranga, da aldeia-nova de Guanga e de Jaguaporecuba. • 34°. João Fernandes, filho de João Ramalho, é multado por não ter comparecido à procissão de Santa Isabel Assim na sesmaria concedida aos índios de Ururaí por Jerônimo Leitão (Reg. Geral, vol. 1º, pág. 354) escreve-se que era limítrofe com a de João Ramalho e de seus filhos, i. é., de João Ramalho e de Antônio de Macedo. Na vereança de 16 de julho de 1580 (Atas, vol. 1º, pág. 166) João Fernandes, filho de João Ramalho, é multado por não ter comparecido à procissão de Santa Isabel. Matias de Oliveira se declara neto de João Ramalho, quando requer uma sesmaria de terras na capitania de S. Vicente (Sesmarias, vol. 1º, pág. 41. Publicação oficial do Arquivo do Estado de S. Paulo). Outras referências se encontrarão com mais acurado exame. • 35°. Os aldeamentos de Pinheiros e São Miguel possuem uma população de quinhentas almas nos dois aldeamentos, igualando-se à população europeia da região, calculada em 120 lares Citando ainda Del Techo, História do Paraguai, o Barão do Rio Branco, em Ephemerides Brasileiras, de lº de setembro de 1583, narra que no vale do Anhembi, hoje Tietê, os Tupiniquins tinham 300 aldeias e 30. 000 sagitários, que, em seis anos de guerra, de 1592 a 1599, foram todas destruídas e exterminados os selvagens do rio de Jeticaí, hoje rio Grande. O rio Parnaíba é afluente da margem direita do rio Paraná e tem suas nascenças mais a leste, do lado das nascenças do rio S. Francisco. Conforme se vê pelas atas da Câmara de S. Paulo, que se referem às entradas de Antônio de Macedo e de Domingos Luis Grou, já esses sertanistas lá tinham estado. As bandeiras já tinham atravessado o rio [Páginas 262 e 263] • 36°. Testamento João Coelho de Sousa, pelo norte, à procura dessas minas, percorrera os sertões próximos ao rio S. Francisco durante três anos e neles descobrira metais preciosos, mas ao regressar falecera, nas cabeceiras do rio Paraguaçu, na Bahia. Mandara, porém, entregar a seu irmão, Gabriel Soares de Sousa, os roteiros de seus descobrimentos. Gabriel Soares de Sousa, herdeiro do itinerário de seu irmão, em Agosto de 1584, partiu para Madri a oferecer ao Rei de Espanha o descobrimento dessas minas, pedindo por isso favores, concessões e privilégios nas terras do Brasil. Foi nessa ocasião que dedicou a D. Cristóvão de Moura, ministro influente no Governo, talvez com o objetivo de recomendar-se, o precioso Tratado Descritivo do Brasil, segundo Varnhagen, de quem copio estas informações (R.I.H.G.B., vol. 14, Aditamento). Depois de pertinazes requerimentos e solicitações, após cerca de sete anos, foi enfim despachado favoravelmente em meados de Dezembro de 1590. [Página 274] • 37°. Gabriel Soares de fato embarcara para a corte em fins de agosto de 1584, imediatamente após a carta do reitor do Colégio ter sido enviada a Lisboa João Coelho de Sousa, pelo norte, à procura dessas minas, percorrera os sertões próximos ao rio S. Francisco durante três anos e neles descobrira metais preciosos, mas ao regressar falecera, nas cabeceiras do rio Paraguaçu, na Bahia. Mandara, porém, entregar a seu irmão, Gabriel Soares de Sousa, os roteiros de seus descobrimentos. Gabriel Soares de Sousa, herdeiro do itinerário de seu irmão, em Agosto de 1584, partiu para Madri a oferecer ao Rei de Espanha o descobrimento dessas minas, pedindo por isso favores, concessões e privilégios nas terras do Brasil. Foi nessa ocasião que dedicou a D. Cristóvão de Moura, ministro influente no Governo, talvez com o objetivo de recomendar-se, o precioso Tratado Descritivo do Brasil, segundo Varnhagen, de quem copio estas informações (R.I.H.G.B., vol. 14, Aditamento). Depois de pertinazes requerimentos e solicitações, após cerca de sete anos, foi enfim despachado favoravelmente em meados de Dezembro de 1590. [Página 274] • 38°. Representação das Câmaras de Santos e São Vicente ao capitão-mor Jerônimo Leitão, lugar-tenente do donatário, sobre a necessidade de fazer-se guerra aos índios Tupiniquim e Carijó A 10 de abril de 1585 (Atas, vol. 1º, pág. 275), a Câmara de S. Paulo dirigiu longa e interessante representação a Jerônimo Leitão, alegando a situação aflitiva da capitania, na qual desde seis anos tinham morrido mais de seis mil peças do gentio, de câmaras de sangue e de outras moléstias, estando ela sem escravaria para o trabalho de plantações e criação de gado, de que viviam e pagavam o dízimo ao rei, e alegando ainda que o gentio carijó já havia matado dos brancos mais de 150 homens, espanhóis e portugueses, entre os quais os 80 mandados por Martim Afonso pela terra adentro, e até padres da Companhia de Jesus. A Câmara de S. Paulo nessa representação requereu que fizesse guerra a esse gentio carijó, inimigo dos tupiniquins, por mar, pela facilidade de se levar mantimentos, e, vencendo-os fossem eles trazidos ao ensino e à doutrina cristã. Sem essa guerra de escravização e de vingança, a capitania se despovoaria, porque estavam todos dispostos a “largar a terra e ir viver onde tivessem remédio de vida”. Pediu ainda que a respeito fossem ouvidas as demais Câmaras. [p. 238] • 39°. Reunião: já não se fala em viagem "por mar" A que pontos chegaram as entradas comandadas por Jerônimo Leitão? Bem difícil é determiná-los precisamente. Nos nossos arquivos não se encontram indicações do itinerário seguido por Jerônimo Leitão nem região a que ele chegou. O Padre Pablo Pastells, porém, na sua História da Companhia de Jesus na Província do Paraguai (vol. 1º, pág. 195), dá o resumo de uma carta de D. Antônio de Anhasco, datada de 14 de novembro de 1611, dirigida ao Sr. Diogo Marim Negron, Governador do Rio da Prata, em Buenos Aires, em que comunica “que havendo saído de Ciudad Real e estando em uma redução dos Padres da Companhia de Jesus, antes de chegar a Paranambaré, onde é capitão um índio chamado Taubici, na véspera de Todos os Santos, chegou-lhe a notícia de que os portugueses de S. Paulo entravam pelo caminho, que 30 anos antes tinha entrado Jerônimo Leitão com grande golpe de portugueses”. [“Na capitania de São Vicente”, 1957. Washington Luís (1869-1957), 11° presidente do Brasil. Página 243] • 40°. Guerra de Jerônimo Leitão: expedição partiu de Santos para exterminar os Carijós Jerônimo Leitão, após consultas prudentes, e a instâncias das Câmaras e dos povos da Capitania de S. Vicente, lá esteve, como já narrei no Capítulo XIII, para fazer a guerra aos carijós. E desde essa época,nos inventários, aparecem descrições de índios carijós escravizados.Uma dessas expedições partiu em fins de 1585, e em abril de 1586 ainda estava nesse sertão, o que se deduz da vereança de 7 de abril de 1586(Atas, vol. 1°, pág. 293). • 41°. Bandeira de Jerônimo Leitão ainda está no sertão Jerônimo Leitão, após consultas prudentes, e a instâncias das Câmaras e dos povos da Capitania de S. Vicente, lá esteve, como já narrei no Capítulo XIII, para fazer a guerra aos carijós. E desde essa época,nos inventários, aparecem descrições de índios carijós escravizados. Uma dessas expedições partiu em fins de 1585, e em abril de 1586 ainda estava nesse sertão, o que se deduz da vereança de 7 de abril de 1586 (Atas, vol. 1°, pág. 293). • 42°. Domingos Grou não retorna com a expedição de que saiu de Santos um ano antes A 27 de julho de 1586, Jerônimo Leitão já estava de volta na Vila de S. Paulo de Piratini, e nomeava, por ser muito necessário, Diogo Teixeira, meirinho do campo, por provisão registrada em Ata dessa Câmara (Atas, vol. 1º, pág. 301). Já essa fase da guerra estava terminada; mas a esse termo não se referem os arquivos paulistas. Pode-se, porém, afirmar que não foi então uma guerra de extermínio, porque as entradas continuaram, sendo sem dúvida a reunião, na igreja e ermida de S. Jorge e a determinação tomada no engenho dos Esquetes, o reconhecimento de guerra justa ao indígena da capitania de S. Vicente, guerra que iria durar anos. • 43°. “mameluco” Domingos Luiz Grou o moço, Belchior Dias e seu tio Antonio de Saavedra lideram uma expedição, que conseguir seguir em "boa paz"* Belchior Carneiro tomou parte na entrada de Antônio de Macedo e de Domingos Luís Grou, seu sogro, a qual na volta, fora desbaratada perto do rio Jaguari; fora um dos membros da companhia de Nicolau Barreto e, parece, fizera uma entrada por sua própria conta no sertão dos índios temiminós. [Página 331] • 44°. Fundação da Usina de Ferro do Vale das Furnas nele mencionados com a conformação e acidentes do terreno, pelosseus rios, cursos e cachoeiras, pelos seus vales, montes, planícies, campos e matos desde S. Paulo até as cabeceiras do rio S. Francisco nocentro do Brasil. Consultou também as fontes históricas locais, então existentes – Pedro Taques, num manuscrito conservado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que fala na entrada de André de Leão, e Azevedo Marques nos Apontamentos Cronológicos, que narra que em 1602partiu numerosa bandeira para o sertão sob o comando de NicolauBarreto e formulou a hipótese de que as duas informações se referiama uma só entrada, e que a expedição fora uma única, cabendo a Nicolau Barreto a organização civil e a André de Leão, a parte militar. Foi aexpedição, em que tomou parte Glymmer, que O. Derby identificouno terreno. Na época em que Orville Derhy divulgou o seu estudo não tinham ainda sido publicados pelo Arquivo do Estado de S. Paulo osInventários e Testamentos; e escassas eram as notícias sobre essas entradas;mas desde que teve conhecimento dos inventários, feitos por morte deBrás Gonçalves, o moço, e de Manuel de Chaves, e verificou que a hipótese sugerida de uma expedição única não tinha cabimento, apressou-seele mesmo em bani-la como se pode ver em um estudo aditivo naR.I.H.G. de S. Paulo, v. 8º, pág. 400.Aliás a hipótese da unidade da expedição só poderia interessarao renome dos seus comandantes, nenhum valor tendo para identificação do roteiro de W. Glymmer, que era o objetivo essencial para fixarpontos do devassamento e ocupação do sertão, identificação que continua, pois, com o seu mérito próprio. O vale do Paraíba já estava domado pelos portugueses nas lutas que sustentaram com os Tamoios e pelo abandono do Rio de Janeiropelos franceses. Relativamente fácil foi à expedição de André de Leão ocaminhar por esse rio, vales e montes. Vai transcrita a identificação feita,por Orville Derby, no terreno e nos rios tornando por base a descriçãode W. Glymmer. [p. 295] Em 1902, segundo vejo do meu caderno, tomei a seguinte nota: “Em 27 de novembro de 1600, por um termo de vereança, vê-se que nessa data sepreparava, com consentimento de D. Francisco de Sousa, uma entrada ao sertão,que não era o da capitania, da qual faziam parte moradores da terra e de fora dela.Era sem dúvida a de André de Leão, que partida era dezembro de 1600 (pág. 403),ainda estava no sertão em 1601, tendo voltado por agosto ou setembro, assimcompletando os nove meses de que fala Glymmer. Este tomou parte em umabandeira quando D. Francisco de Sousa, vindo da Bahia, chegou a S. Paulo paradescobrir as minas de metal que continham prata extraída dos montesSabarousom”. No vol. 2º das Atas, em que foram publicadas as vereanças de 1600, não seencontra essa de 27 de novembro de 1600, a que se refere à nota transcrita. Comose vê no vol. 2º, das Atas às págs. 82 e 83 com que termina o ano de 1600 há umavereança a 27 de novembro que não se refere ao preparo dessa entrada. Há depoisum termo (pág. 83) de seis linhas que nada diz. Provavelmente quando ManuelAlves de Sousa copiou esse livro já as páginas correspondentes à vereança de 27dc novembro, de que foi copiada a nota transcrita, haviam desaparecido,consumidas pelo manuseio ou por outra qualquer razão. Para tal informação sóresta a nota por mim tomada, que pouco valor tem, quanto à autoridade doextrato, que ficou acima transcrito. “Partindo de S. Miguel1, nas margens do Tietê, perto de S.Paulo, a bandeira passou para um afluente do Parayba, ganhou esterio, navegou por ele abaixo, até a sua secção encachoeirada, galgou aSerra, da Mantiqueira, passou diversos rios atribuídos correctamenteao sistema platino e penetrou até próximo ao alto S. Francisco. Atéentrar na bacia do S. Francisco, este caminho deve corresponder muitoproxima, se não exactamente, com o da Bandeira de Fernão DiasPais Leme, ‘uns setenta anos mais tarde, e com o que depois da descoberta de ouro se tornou célebre como o caminho para as Minas Gerais. Sobre a derrota de Fernão Dias, não temos detalhes, senão doRio Grande para o norte, onde diverge da do atual roteiro; mas paraa dos mineiros existe o precioso roteiro dado por Antonil, na suaobra, intitulada Opulência e cultura do Brasil publicada em Lisboa,em 1711. Pela comparação desses dois roteiros e levando em consideração a probabilidade de que a derrota de ambas fosse determinadapor caminhos já existentes dos Índios, sendo, portanto, provavelmenteidênticos, é possível reconstruir grande parte do caminho da Bandeirade 1601. Os dois rios que deram acesso ao Parayba eram indubitavelmenteo Paratehy e o Jaguary. A serra de Guarimunis, ou Marumiminis, é a atualmente conhecida pelo nome de Itapety, perto de Mogy dasCruzes, sendo possível que estes nomes antigos ainda sejam conservados no uso local. A referência a minas de ouro nesta serra talvez sejaum acréscimo na ocasião de redigir o roteiro; mas é certo que em1601, havia, desde uns dez ou doze anos, mineração nas vizinhanças de S. Paulo, e que antes de 1633, quando foi publicada a ediçãolatina da obra de João de Láet, em que vem a enumeração das minaspaulistas, a houve na localidade aqui mencionada. A referência aoscampos, ao longo do primeiro destes rios, é, talvez, um caso de confusão com os do rio Parayba, visto que, conforme informações dos ajudantes da Comissão Geográphica e Geologica, que ultimamente levantaram a planta do vale do Pararehy, ali não existem campos notáveis. O rio então conhecido pelo nome de rio de Sorobis, bem que asua identidade com o Parahyba do litoral já era suspeitada, foi alcançado na foz do Jaguary, em frente da actual cidade de São Josédos Campos. Nota-se que, já nessa época, era conhecido o curso excêntrico do alto Parahyba. Depois de 15 ou 16 dias de viagem o riofoi abandonado no começo da secção encachoeirada, perto da actualcidade da Cachoeira, e a bandeira galgou a Serra da Mantiqueira,seguindo um pequena rio que, muito provavetmente, era o PassaVinte, que desce da garganta que depois serviu para a passagem daestrada dos mineiros e hoje para a da estrada de ferro Minas e Rio.Passando o alto da Serra, a bandeira entrou na região dos pinheiros,que os naturalistas holandeses (que evidentemnente não conheceram aAraucária, desconhecida no Norte do Brasil) julgaram, pela descrição de Glimmer, que eram Sapucaias. Deste ponto em diante, o roteiro torna-se um tanto obscuro, dandoa suspeitar o ter havido alguma confusão na redeção... Os dados topográficos são; o rumo de noroeste e as passagens de três rios, dos quaisdois maiores, navegáveis e vindos do norte, com a distância de 4 ou 5léguas entre um e outro. Os únicos rios em caminho das cachoeiras doParahyba para a região do alto S. Francisco, que corresponder a estadescrição destes dois rios, são o Rio Grande e Rio das Mortes, pertoda sua confluencia. Ahi o Rio Grande cujo curso geral é para o oestecorre, por alguns kilômetros, do norte, num grande saco que sempretem sido um ponto de passagem, e, a quatro ou cinco léguas adiante, o Rio das Mortes tambem vem um pequeno trecho do Norte2. Este trecho é junto à estação de Aureliano Mourão, na estrada de ferro Oestede Minas e poucos kilômetros abaixo da povoação de Ibituruna, ondeFernão Dias estabeleceu um dos seus postos, talvez por encontrar pertoa grande aldeia de índios amigos, rica em mantimentos, de que fala onosso Glymmer. Se porem, este for o ponto de passagem do Rio dasMortes, não se encontra, a três dias de viagem, dos Pinheiros e a quatorze do Rio Grande, rio algum que pareça digno de menção numanarrativa em que não vem mencionado o Angahy. Este, pelo roteiro deAntonil, está a 22 ou 24 dias de viagem dos Pinheiros e a 4 a 5 doRio Grande. Para pôr os dons roteiros de acordo, identificando o primeiro rio de Glymmer com o Angahy, seria necessário inverter os termos dos três e dos quatorze dias de viagem, supondo um outro caso deconfusão na redação, como o já apontado com os campos do Paratehy eParahyba. Da passagem do Angahy o caminho dos mineiros dado por Antonil tomou mais para a direita, procurando São João d’El-Rei, viaCarrancas. É para notar que as marchas diárias do roteiro de Antonil são pequenas, sendo geralmente “até o jantar”, o que explica, talvez, a discordância, do número de dias (de 14 a 22 ou 24) que se ‘nota na hypothese de ser o Angahy o primeiro rio do presente roteiro. Partindo da aldeia sobre o terceiro rio, a Bandeira caminhou durante um mes em rumo de noroeste, sem passar rio algum, até achar-seperto da confluência de dous rios de diversas grandezas, que romperampara o norte, entre montanhas que foram identificados com a desejadaSerra de Sabarábussú. Aqui, foi encontrada uma estrada larga e trilhada, que nesta época não podia ser senão dos Índios e cuja existência confirma a hipótese já lançada da que a derrota, desta e de subseqüentes bandeiras era por estes caminhos fá existentes. A estrada seguida da aldeia por diante era pelo alto de um espigão, e, admitindoque o ponto de partida era nas vizinhanças de Ibituruna, temos trêshipóteses a considerar: 1º O espigão entre o Rio Grande e as cabeceiras dos rios Pará eS. Francisco.2º O entre os rios Pará e S. Francisco.3º O entre os rios Pará e Paraopeba.O caminho pelo primeiro destes espigões, passando por Oliveira,Tamanduá e Formiga, até o alto S. Francisco, corresponde regularmente com o rumo dado, tendendo, porém, mais para o oeste do quepara o noroeste, e cruzando o rio Jacaré que, conquanto não seja grande, parece de bastante importância para ser mencionado. Por este espigão, porém, é difícil identificar os dois rios do fim da jornada e a serracortada por eles, porque as serras de Piumhy ou a de Canastra malcorrespondem à descrição do roteiro. O segundo espigão daria para cairna forquilha entre o Pará e o Itapecerica, ou entre o Pará e o Lambary, ou finalmente, entre o Pará e o S. Francisco. As duas primeirasparecem demasiado perto para a jornada de um mez, e na do Pará eSão Francisco os dois rios devem figurar como tendo proximamente amesma grandeza. O terceiro espigão daria, na hipótese de accompanhar de perto a margem direita do Pará, para cahir na forquilha entreeste rio e seu afluente o rio de S. João, na passagem das serras na vizinhança da atual cidade de Pitanguy; e, sem poder pronunciar-me positivamente a respeito, sou inclinado a considerar esta como a hipótesemais provável. Até aqui o estudo do O. Derby (R.I.H.G. de S. Paulo, vol. 4º,pág. 338), sobre a identificação do Roteiro de Glymmer no terreno.Fácil também é agora identificar o cabo da expedição mandada por D. Francisco de Sousa, e na qual tomou parte GuilhermeGlymmer.Essa identificação está baseada nos documentos do ArquivoPúblico do Estado de S. Paulo e do Arquivo da Câmara da vila de S.Paulo, apoiada em alheios estudos precedentes.As entradas de Antônio de Macedo e de Domingos LuísGrou foram começadas antes de 1583, as de Jerônimo Leitão até 1590,foram todas anteriores à nomeação de D. Francisco de Sousa para Governador-Geral do Brasil. A de Jorge Correia em 1595, a de ManuelSoeiro (?), em 1596 e a de João Pereira de Sousa em 1597 se realizaram [p. 297, 299] • 45°. Guarulhos Na vereança de 5 de dezembro de 1593, a Câmara de S. Paulo convocou os homens bons da vila e perante eles se leram as cartas (Vol. 1º, pág. 476) dessas duas Câmaras que entendiam “não dever se fazer tal guerra porque o gentio não nos dava opressão”. As Câmaras do litoral estavam longe, e só temiam os ataques dos piratas ingleses. A Câmara de S. Paulo, para justificar a sua reclamação, fez vir alguns dos moradores da vila – Belchior Carneiro, Gregório Ramalho, filho de Vitorino Ramalho, e neto de João Ramalho, Manuel, índio cristão de S. Miguel, irmão de Fernão de Sousa, Gonçalo Camacho – que tinham feito parte da Companhia de Antônio de Macedo e de Domingos Luis Grou, restos da expedição, a fim de juramentados sobre um livro dos Santos Evangelhos, declarassem o que se passou com o gentio de Bongi que havia assaltado e desbaratado a Companhia de Macedo e de Grou. Disseram eles que os "índios de Mongi, pelo rio abaixo de Anhembi, junto de um outro rio de Jaguari, esperaram toda a entrada, e foram dando, matando, desbaratando a uns e outros. Nesse transe “foram mortos Manuel Francisco, o francês Guilherme Navarro, e Diogo Dias; Francisco Correia, Gaspar Dias e João de Sales levaram um tiro; um moço branco cunhado de Pero Guedes, ou de sua casa, e Gabriel da Pena também foram mortos, fora Tamarutaca, do qual não havia notícia". “Levaram cativas muitas pessoas e muita gente tupinaem, e apregoavam nova guerra por novos caminhos para novos ataques e depredações”, razão pela qual era necessário ir fazer-lhes a guerra e com toda a brevidade. Era a confirmação dos ataques e assaltos mencionados na vereança de 17 de março de 1590. Em vista disso foi requerida a presença do Capitão Jorge Correia, que, vindo, ouviu a leitura das cartas escritas pelas Câmaras litorâneas, a refutação a elas pelos sobreviventes da Companhia de Macedo e de Grou, e os protestos da Câmara, que o responsabilizavam perante Deus, Sua Majestade e o senhor da terra, por todos os males que caíssem sobre a vila, visto estarem todos prontos com suas armas e sua gente a acompanhá-lo ao sertão. Jorge Correia ainda procurou contemporizar dizendo ser necessário pedir socorro ao Rio de Janeiro, falou ainda nos perigos dos inimigos piratas que vinham por mar, a que primeiro se devia acudir, sendo talvez insuficiente a gente da capitania para as duas guerras. Mas a Câmara insistiu declarando que “bastava a gente da capitania para a guerra do sertão contra o gentio de Bongi, que estava já entre mãos, e que se acudisse também ao mar e se lhe desse também o remédio possível e com a mesma gente do mar, pois que para tudo havia gente”. O Capitão Jorge Correia prometeu que tudo proveria como era sua obrigação e que todos estivessem prestes para o seguir e o acompanhar (Atas – vol. 1º, págs. 477, 478 e 479). Entretanto os embargos opostos pela Câmara da vila de S. Paulo à provisão do capitão-mor e ouvidor da Capitania de S. Vicente, que ordenava a entrega aos padres da Companhia de Jesus das aldeias de índios, foram levados ao Governador-Geral na cidade do Salvador, na Bahia, por Atanázio da Motta e iriam lá encontrar favorável acolhimento por motivos que serão adiante explicados. Tais embargos não foram, porém, registrados nos livros da Câmara de S. Paulo, nem nos da sede da capitania, mas ainda que nesta... • 46°. Nova expedição com 50 homens* Na vereança de 5 de dezembro de 1593, a Câmara de S. Paulo convocou os homens bons da vila e perante eles se leram as cartas (Vol. 1º, pág. 476) dessas duas Câmaras que entendiam “não dever se fazer tal guerra porque o gentio não nos dava opressão”. As Câmaras do litoral estavam longe, e só temiam os ataques dos piratas ingleses. A Câmara de S. Paulo, para justificar a sua reclamação, fez vir alguns dos moradores da vila – Belchior Carneiro, Gregório Ramalho, filho de Vitorino Ramalho, e neto de João Ramalho, Manuel, índio cristão de S. Miguel, irmão de Fernão de Sousa, Gonçalo Camacho – que tinham feito parte da Companhia de Antônio de Macedo e de Domingos Luis Grou, restos da expedição, a fim de juramentados sobre um livro dos Santos Evangelhos, declarassem o que se passou com o gentio de Bongi que havia assaltado e desbaratado a Companhia de Macedo e de Grou. Disseram eles que os "índios de Mongi, pelo rio abaixo de Anhembi, junto de um outro rio de Jaguari, esperaram toda a entrada, e foram dando, matando, desbaratando a uns e outros. Nesse transe “foram mortos Manuel Francisco, o francês Guilherme Navarro, e Diogo Dias; Francisco Correia, Gaspar Dias e João de Sales levaram um tiro; um moço branco cunhado de Pero Guedes, ou de sua casa, e Gabriel da Pena também foram mortos, fora Tamarutaca, do qual não havia notícia". “Levaram cativas muitas pessoas e muita gente tupinaem, e apregoavam nova guerra por novos caminhos para novos ataques e depredações”, razão pela qual era necessário ir fazer-lhes a guerra e com toda a brevidade. Era a confirmação dos ataques e assaltos mencionados na vereança de 17 de março de 1590. Em vista disso foi requerida a presença do Capitão Jorge Correia, que, vindo, ouviu a leitura das cartas escritas pelas Câmaras litorâneas, a refutação a elas pelos sobreviventes da Companhia de Macedo e de Grou, e os protestos da Câmara, que o responsabilizavam perante Deus, Sua Majestade e o senhor da terra, por todos os males que caíssem sobre a vila, visto estarem todos prontos com suas armas e sua gente a acompanhá-lo ao sertão. Jorge Correia ainda procurou contemporizar dizendo ser necessário pedir socorro ao Rio de Janeiro, falou ainda nos perigos dos inimigos piratas que vinham por mar, a que primeiro se devia acudir, sendo talvez insuficiente a gente da capitania para as duas guerras. Mas a Câmara insistiu declarando que “bastava a gente da capitania para a guerra do sertão contra o gentio de Bongi, que estava já entre mãos, e que se acudisse também ao mar e se lhe desse também o remédio possível e com a mesma gente do mar, pois que para tudo havia gente”. O Capitão Jorge Correia prometeu que tudo proveria como era sua obrigação e que todos estivessem prestes para o seguir e o acompanhar (Atas – vol. 1º, págs. 477, 478 e 479). Entretanto os embargos opostos pela Câmara da vila de S. Paulo à provisão do capitão-mor e ouvidor da Capitania de S. Vicente, que ordenava a entrega aos padres da Companhia de Jesus das aldeias de índios, foram levados ao Governador-Geral na cidade do Salvador, na Bahia, por Atanázio da Motta e iriam lá encontrar favorável acolhimento por motivos que serão adiante explicados. Tais embargos não foram, porém, registrados nos livros da Câmara de S. Paulo, nem nos da sede da capitania, mas ainda que nesta... • 47°. A população de São Paulo recebia a notícia através de dois participantes de uma entrada Na vereança de 5 de dezembro de 1593, a Câmara de S. Paulo convocou os homens bons da vila e perante eles se leram as cartas (Vol. 1º, pág. 476) dessas duas Câmaras que entendiam “não dever se fazer tal guerra porque o gentio não nos dava opressão”. As Câmaras do litoral estavam longe, e só temiam os ataques dos piratas ingleses. A Câmara de S. Paulo, para justificar a sua reclamação, fez vir alguns dos moradores da vila – Belchior Carneiro, Gregório Ramalho, filho de Vitorino Ramalho, e neto de João Ramalho, Manuel, índio cristão de S. Miguel, irmão de Fernão de Sousa, Gonçalo Camacho – que tinham feito parte da Companhia de Antônio de Macedo e de Domingos Luis Grou, restos da expedição, a fim de juramentados sobre um livro dos Santos Evangelhos, declarassem o que se passou com o gentio de Bongi que havia assaltado e desbaratado a Companhia de Macedo e de Grou. Disseram eles que os "índios de Mongi, pelo rio abaixo de Anhembi, junto de um outro rio de Jaguari, esperaram toda a entrada, e foram dando, matando, desbaratando a uns e outros. Nesse transe “foram mortos Manuel Francisco, o francês Guilherme Navarro, e Diogo Dias; Francisco Correia, Gaspar Dias e João de Sales levaram um tiro; um moço branco cunhado de Pero Guedes, ou de sua casa, e Gabriel da Pena também foram mortos, fora Tamarutaca, do qual não havia notícia". “Levaram cativas muitas pessoas e muita gente tupinaem, e apregoavam nova guerra por novos caminhos para novos ataques e depredações”, razão pela qual era necessário ir fazer-lhes a guerra e com toda a brevidade. Era a confirmação dos ataques e assaltos mencionados na vereança de 17 de março de 1590. Em vista disso foi requerida a presença do Capitão Jorge Correia, que, vindo, ouviu a leitura das cartas escritas pelas Câmaras litorâneas, a refutação a elas pelos sobreviventes da Companhia de Macedo e de Grou, e os protestos da Câmara, que o responsabilizavam perante Deus, Sua Majestade e o senhor da terra, por todos os males que caíssem sobre a vila, visto estarem todos prontos com suas armas e sua gente a acompanhá-lo ao sertão. Jorge Correia ainda procurou contemporizar dizendo ser necessário pedir socorro ao Rio de Janeiro, falou ainda nos perigos dos inimigos piratas que vinham por mar, a que primeiro se devia acudir, sendo talvez insuficiente a gente da capitania para as duas guerras. Mas a Câmara insistiu declarando que “bastava a gente da capitania para a guerra do sertão contra o gentio de Bongi, que estava já entre mãos, e que se acudisse também ao mar e se lhe desse também o remédio possível e com a mesma gente do mar, pois que para tudo havia gente”. O Capitão Jorge Correia prometeu que tudo proveria como era sua obrigação e que todos estivessem prestes para o seguir e o acompanhar (Atas – vol. 1º, págs. 477, 478 e 479). Entretanto os embargos opostos pela Câmara da vila de S. Paulo à provisão do capitão-mor e ouvidor da Capitania de S. Vicente, que ordenava a entrega aos padres da Companhia de Jesus das aldeias de índios, foram levados ao Governador-Geral na cidade do Salvador, na Bahia, por Atanázio da Motta e iriam lá encontrar favorável acolhimento por motivos que serão adiante explicados. Tais embargos não foram, porém, registrados nos livros da Câmara de S. Paulo, nem nos da sede da capitania, mas ainda que nesta... • 48°. D. Francisco foi nomeado substituto de Giraldes, tornando-se o sétimo governador- geral do Brasil, o terceiro escolhido já no contexto da União das Coroas João Coelho de Sousa, pelo norte, à procura dessas minas, percorrera os sertões próximos ao rio S. Francisco durante três anos e neles descobrira metais preciosos, mas ao regressar falecera, nas cabeceiras do rio Paraguaçu, na Bahia. Mandara, porém, entregar a seu irmão, Gabriel Soares de Sousa, os roteiros de seus descobrimentos. Gabriel Soares de Sousa, herdeiro do itinerário de seu irmão, em Agosto de 1584, partiu para Madri a oferecer ao Rei de Espanha o descobrimento dessas minas, pedindo por isso favores, concessões e privilégios nas terras do Brasil. Foi nessa ocasião que dedicou a D. Cristóvão de Moura, ministro influente no Governo, talvez com o objetivo de recomendar-se, o precioso Tratado Descritivo do Brasil, segundo Varnhagen, de quem copio estas informações (R.I.H.G.B., vol. 14, Aditamento). Depois de pertinazes requerimentos e solicitações, após cerca de sete anos, foi enfim despachado favoravelmente em meados de Dezembro de 1590. • 49°. Carta régia ordenando que as duas urcas em que deveriam vir para o Brasil o governador nomeado dom Francisco de Sousa e Gabriel Soares de Sousa regressassem carregadas de açúcares • 50°. Dom Francisco de Souza tomou posse na cidade de Salvador se tornando o 7° Governador-Geral do Brasil Os piratas, franceses e ingleses, corriam os mares não policiados para saquear, se apoderar dos galeões carregados de ouro que vinham da América para os reinos de D. Carlos I. D. Francisco de Sousa, mesmo em Lisboa e em Madri, ouvira falar dessas minas e nas pretensões de Robério Dias, e sem dúvida, a esses boatos dera crédito; no Brasil, depois de sua vinda essa crença mais se confirmou. Frei Vicente do Salvador, contemporâneo de D. Francisco de Sousa, recolhe, nas páginas de sua História do Brasil (Livro 1º, Cap. V), e dá curso à notícia de que um soldado de crédito lhe contara que um índio aprisionado falara de uma certa paragem, onde havia mina de muito ouro limpo, de onde se poderia tirar o metal precioso aos pedaços. • 51°. Capitão da gente de S. Paulo para reger e governar, de que teve patente por Jorge Correa, moço da câmara Quando foi nomeado capitão para entrar ao sertão, em 1592, Afonso Sardinha, o velho, fez o seu extenso testamento lavrado por tabelião, a 2 de novembro desse ano, e nele declara que do seu casamento com Maria Gonçalves (Vide Azevedo Marques, Cronologia, Testamento de Afonso Sardinha, o velho) não houve filhos, não tendo ele herdeiros forçados, pois que Afonso Sardinha, o moço, seu filho, foi havido na constância do matrimônio. Era portanto adulterino, sem direito a herdar. [“Na capitania de São Vicente”, 1957. Washington Luis. Página 189] • 52°. Abertura do testamento de Gabriel Soares de Sousa, capitão-mor e governador da conquista e do descobrimento do Rio de São Francisco (...) Sebastião de Freitas, que dela foi escrivão, e que em 1591 viera de Portugal, como soldado da companhia de Gabriel Soares de Sousa, para descobrimento de metais preciosos no rio S. Francisco; [p. 261] João Coelho de Sousa, pelo norte, à procura dessas minas, percorrera os sertões próximos ao rio S. Francisco durante três anos e neles descobrira metais preciosos, mas ao regressar falecera, nas cabeceiras do rio Paraguaçu, na Bahia. Mandara, porém, entregar a seu irmão, Gabriel Soares de Sousa, os roteiros de seus descobrimentos. Gabriel Soares de Sousa, herdeiro do itinerário de seu irmão, em Agosto de 1584, partiu para Madri a oferecer ao Rei de Espanha o descobrimento dessas minas, pedindo por isso favores, concessões e privilégios nas terras do Brasil. Foi nessa ocasião que dedicou a D. Cristóvão de Moura, ministro influente no Governo, talvez com o objetivo de recomendar-se, o precioso Tratado Descritivo do Brasil, segundo Varnhagen, de quem copio estas informações (R.I.H.G.B., vol. 14, Aditamento). Depois de pertinazes requerimentos e solicitações, após cerca de sete anos, foi enfim despachado favoravelmente em meados de Dezembro de 1590. Voltando para o Brasil, muito recomendado a D. Francisco de Sousa, já então Governador-geral, tratou de organizar uma expedição e partiu de suas terras, na Bahia, em busca das minas famosas que se supunham situadas no rio S. Francisco. Subiu pela margem direita do rio Paraguaçu e, de acordo com uma das cláusulas da sua concessão, deveria formar arraiais ou povoações, com os índios que levara, de 50 em 50 léguas. Fez o primeiro arraial e continuou a sua marcha pelo sertão. Mas adoeceram muitos dos seus homens de sezões, perdeu muitos animais, muitos mordidos por cobras, outros devorados pelas onças. Embaraçado pelas enchentes do próprio rio Paraguaçu, atravessou serras, e decidiu-se a fundar o segundo arraial; mas abatido por moléstia, esgotado de forças, faleceu aí. No comando da expedição foi substituído por, Julião da Costa, que, vendo-se privado do guia, o índio Aracy também aí morto, esmoreceu e retirou-se com os restos da expedição para lugar mais sadio e escreveu ao Governador-geral dando conta do sucedido e pedindo instruções. D. Francisco de Sousa que, segundo as ordens de seu rei, havia auxiliado a expedição, determinou-lhe o regresso. [Página 274] Varnhagen julga severamente o Governador-geral e até acusa-o de se ter apoderado dos roteiros e mais indicações para o descobrimento das minas. O mais provável que Julião da Costa tivesse entregue ao Governador-geral todos os papéis da expedição. O fato é que, de posse dos roteiros e das indicações das duas primeiras tentativas, D. Francisco de Sousa tratou de requerer e obteve do rei da Espanha todos os favores, concessões, privilégios, antes outorgados a Gabriel Soares de Sousa, e muitos outros ainda, entre eles a promessa de ser feito Marquês das Minas, se tal ouro ou prata fosse descoberto. Este título sintetiza a época, caracteriza o rei e define o Governo de D. Francisco de Sousa. Ele procurava honras e rendas, o rei precisava de ouro para as suas guerras na Europa. Ao mesmo tempo, que pelos roteiros tivera conhecimento da existência de minas de ouro e prata nas nascenças do rio S. Francisco, também tivera notícia certa e segura que, desde a vila de S. Paulo, homens que resistiam às sezões e às onças, às agruras e às asperezas das selvas, que guerreavam e venciam os índios ferozes, faziam entradas ao sertão do alto S. Francisco, já tendo tocado era alguns de seus afluentes. Esses homens, partindo do sul, seriam capazes de ir e chegar à Lagoa Dourada e voltar depois de descobrir as afamadas minas. Desejando encontrar as minas de ouro e prata nas cabeceiras do rio S. Francisco, e sentindo que obstáculos eram criados à gente de S. Paulo, impedindo-a de ir a essas cabeceiras, D. Francisco de Sousa achou intempestiva a atitude de Jorge Correia, pressuroso recebeu os embargos opostos pela Câmara de S. Paulo à provisão expedida, atendeu aos “capítulos de acusação opostos pelas câmaras que lhe foram apresentados por Atanázio da Motta”, e suspendeu Jorge Correia dos cargos de capitão-mor e ouvidor da Capitania de S. Vicente, emprazando-o a ir à cidade do Salvador para se defender na devassa, que contra ele mandou abrir. E para que “a capitania não ficasse acéfala, enquanto durasse a suspensão, e enquanto ele o houvesse por bem e por serviço de sua Majestade e o dito senhor não mandasse o contrário”, nomeou capitão-mor de S. Vicente a “João Pereira de Sousa” “pessoa benemérita” “dando-lhe por adjuntos Simão Machado e João Baptista Mallio, moradores em Santos,” para que todos três determinassem os casos e os negócios da capitania, dando mais a João Pereira de Sousa carta de recomendação para a Câmara de S. Paulo. Na própria cidade do Salvador, na Bahia, perante o próprio Governador, foi dado juramento a João Pereira de Souza, sobre um livro dos Santos Evangelhos, para bem servir o cargo, como já narrei. As instruções dadas ao novo capitão, é lícito crer, foram para fazer guerra imediata ao gentio, como reclamava a Câmara de S. Paulo, dirigir as expedições para esse sertão, já percorrido pelas bandeiras paulistas, nas proximidades do alto S. Francisco, onde, no seu pensar, se achavam as minas, e aí descobri-las. É o que se pode deduzir da ação de João Pereira de Sousa, como ver-se-á no capítulo em que é estudada essa ação. A expedição de João Pereira de Sousa não obteve os resultados esperados. Para não perder o auxílio dos paulistas, habituados à vida do sertão, para dirigi-los no descobrimento das minas, D. Francisco de Sousa resolveu transportar-se para a Capitania de S. Vicente, onde a sua habilidade tudo aplanaria e os recursos oficiais tudo facilitariam. De fato, partiu para a Capitania de Lopo de Sousa tocando em diversos pontos da costa do Brasil, como Espírito Santo de onde dizem mandou exploradores ao sertão. Em Vitória, por provisão datada de 27 de novembro de 1598, nomeou Diogo Arias de Aguirre capitão-mor de certos navios que foram em direitura para a capitania de S. Vicente com 300 índios flecheiros, para sua guarda e benefício das minas de S. Vicente “até a minha chegada para evitar os inconvenientes que com a minha presença se atalharão sem embargo de presente (haver?) na dita capitania capitão” (Provisão registrada na Câmara de S. Vicente a 18 de dezembro de 1598 e também na Câmara da vila de S. Paulo no Reg. Geral, vol. 7º, págs. 61 a 65). Logo depois ele mesmo, como Governador-geral, para estimular, para mandar ao sertão diversas bandeiras, se transportaria para a Capitania de São Vicente, para a Vila de S. Paulo, onde estabeleceu, por assim dizer, a sede do Governo-geral do Brasil. [p. 275, 276] • 53°. Afonso Sardinha começou a escavar em Araçoyaba As chamadas minas do Jaraguá, Bituruna, foram também descobertas por Clemente Álvares (Atas, vol. 2º, pág. 172) que as manifestou em 1606, procurando-as, segundo disse, desde 14 anos, época mais ou menos em que também as descobriram os Sardinhas, nada produziam ainda, dois anos depois do testamento de Afonso Sardinha, o moço, no sertão. E nada tinham produzido, porque o próprio Clemente Álvares pede que se registre o seu descobrimento em Jaraguá para “não perder o seu direito, vindo oficiais e ensaiadores que o entendam, por ele não o entender senão por notícia e bom engenho”. No tempo em que as manifestou, em 1606, as minas de Jaraguá ainda esperavam os mineiros e ensaiadores. Não tinha ainda havido exploração, estavam ainda intactas,conforme determinara D. Francisco de Sousa. Se houvesse produção o Fisco, curioso e ávido, não teria deixado de arrecadar os quintos para receber as porcentagens. As penas para quem guardasse ouro em pó eram severíssimas, e importavam em confisco desse metal, em multas pecuniárias, açoites nas ruas públicas, degredo para Angola, devendo todos reduzir o ouro a barras, depois de quintado (Reg. Geral, vol. 1º, págs. 93e 94). • 54°. Afonso Sardinha é eleito capitão da guerra contra os índios Diante dessas dificuldades o capitão-mor hesitava e procurou contemporizar. Na provisão de 30 de setembro de 1592, registrada a 10 de outubro desse ano (vol. 1º, pág. 59 – Reg. Geral), Jorge Correia determinou que Afonso Sardinha, em seu nome, fosse ao sertão, a ver o estado dos contrários ou a dar-lhes guerra com a maior segurança, levando a... [p. 247 e 248] • 55°. Depoimento sobre o ataque a Antonio de Macedo e Domingos Luis Grou no rio Jaguari: Manoel Fernandes uma das vítimas Na vereança de 5 de dezembro de 1593, a Câmara de S. Paulo convocou os homens bons da vila e perante eles se leram as cartas (Vol. 1º, pág. 476) dessas duas Câmaras que entendiam “não dever se fazer tal guerra porque o gentio não nos dava opressão”. As Câmaras do litoral estavam longe, e só temiam os ataques dos piratas ingleses. A Câmara de S. Paulo, para justificar a sua reclamação, fez vir alguns dos moradores da vila – Belchior Carneiro, Gregório Ramalho, filho de Vitorino Ramalho, e neto de João Ramalho, Manuel, índio cristão de S. Miguel, irmão de Fernão de Sousa, Gonçalo Camacho – que tinham feito parte da Companhia de Antônio de Macedo e de Domingos Luis Grou, restos da expedição, a fim de juramentados sobre um livro dos Santos Evangelhos, declarassem o que se passou com o gentio de Bongi que havia assaltado e desbaratado a Companhia de Macedo e de Grou. Disseram eles que os índios de Mongi, pelo rio abaixo de Anhembi, junto de um outro rio de Jaguari, esperaram toda a entrada, e foram dando, matando, desbaratando a uns e outros. Nesse transe “foram mortos Manuel Francisco, o francês Guilherme Navarro, e Diogo Dias; Francisco Correia, Gaspar Dias e João de Sales levaram um tiro; um moço branco cunhado de Pero Guedes, ou de sua casa, e Gabriel da Pena também foram mortos, fora Tamarutaca, do qual não havia notícia”. “Levaram cativas muitas pessoas e muita gente tupinaem, e apregoavam nova guerra por novos caminhos para novos ataques e depredações”, razão pela qual era necessário ir fazer-lhes a guerra e com toda a brevidade. Era a confirmação dos ataques e assaltos mencionados na vereança de 17 de março de 1590. Em vista disso foi requerida a presença do Capitão Jorge Correia, que, vindo, ouviu a leitura das cartas escritas pelas Câmaras litorâneas, a refutação a elas pelos sobreviventes da Companhia de Macedo e de Grou, e os protestos da Câmara, que o responsabilizavam perante Deus, Sua Majestade e o senhor da terra, por todos os males que caíssem sobre a vila, visto estarem todos prontos com suas armas e sua gente a acompanhá-lo ao sertão. Jorge Correia ainda procurou contemporizar dizendo ser necessário pedir socorro ao Rio de Janeiro, falou ainda nos perigos dos inimigos piratas que vinham por mar, a que primeiro se devia acudir, sendo talvez insuficiente a gente da capitania para as duas guerras. Mas a Câmara insistiu declarando que “bastava a gente da capitania para a guerra do sertão contra o gentio de Bongi, que estava já entre mãos, e que se acudisse também ao mar e se lhe desse também o remédio possível e com a mesma gente do mar, pois que para tudo havia gente”. O Capitão Jorge Correia prometeu que tudo proveria como era sua obrigação e que todos estivessem prestes para o seguir e o acompanhar (Atas – vol. 1º, págs. 477, 478 e 479). Entretanto os embargos opostos pela Câmara da vila de S. Paulo à provisão do capitão-mor e ouvidor da Capitania de S. Vicente, que ordenava a entrega aos padres da Companhia de Jesus das aldeias de índios, foram levados ao Governador-Geral na cidade do Salvador, na Bahia, por Atanázio da Motta e iriam lá encontrar favorável acolhimento por motivos que serão adiante explicados. Tais embargos não foram, porém, registrados nos livros da Câmara de S. Paulo, nem nos da sede da capitania, mas ainda que nesta... • 56°. Domingos Luís Grou, filho, teria desaparecido, devorado pelos índios Domingos Luís Grou desapareceu na entrada, a que se refere a Câmara, feita com Antônio de Macedo, devorado pelos índios. Encontra-se a confirmação de sua morte em 4 de Junho de 1594, conforme deduzo do seguinte extrato por mim feito em 1902, dum livro de notas da vila de S. Paulo, do tabelião Belchior da Costa, que me foi confiado pelo Dr. Luís Gonzaga da Silva Leme – livro muito estragado–ea quem logo o restituí. “1594 – Junho – 4. Maria Afonso, viúva de Marcos “Fernandes dá em dote a sua filha Francisca Alvares, para “que se case com Antonio de Zouro, um pedaço de chão, terça “parte da data da câmara pegado a outro que ela comprou de “Domingos Luís Grou, já defunto, e pegado com a data de “Gaspar Collaço Villela no arrabalde da villa deS. Paulo”, e “também vende parte desses chãos a seu sobrinho Alonso Feres “Calhamares casado com sua sobrinha... [Páginas 181 e 182] • 57°. Falecimento Pedro Taques informa que ele e sua mulher, Filipa Vicente, naturais de Olivença, nessa época ainda pertencente no território português, eram pessoas nobres e honradas. No inventário de João de Prado declara-se somente que ela, Filipa Vicente, era pessoa honrada e viúva de pessoa honrada, o que significa que os dois foram pessoas de destaque na então insignificante vila de São Paulo. João de Prado, pela sua pessoa, pela sua família, pelas suas armas, pelo número de nativos administrados e escravizados que possuía, foi um dos mais poderosos elementos que compuseram a expedição de João Pereira de Sousa. Era tal a importância de que gozava, que a sua presença na expedição o punha em evidência de chefe. O Padre Del Techo, na sua História Provinciae Paraquariae o considerou chefe da expedição, o que não é verdade. Teria sido um dos chefes, mas o chefe supremo foi João Pereira de Sousa, em cujo arraial no sertão, ele faleceu a 13 de fevereiro de 1597, conforme expressamente é declarado no respectivo inventário. • 58°. A esse capitão, Jorge Correia, que a Câmara de São Paulo se dirige pedindo carcereiros, ferro, prisões, para os delinquentes da vila • 59°. A 21 de março de 1598, em vereança, a Câmara da vila de São Paulo se inquietava pela sorte da expedição de João Pereira de Sousa e requereu ao capitão-mór "que se mandasse socorro à nossa gente que ficara no sertão, porque não vinha, nem se sabia se eram mortos ou vivos" É de notar que este requerimento foi dirigido ao capitão-mór Jorge Correia, que já reassumira o seu cargo, e nesse cargo estava desde 19 de julho de 1597, porque nesta data é a esse capitão, Jorge Correia, que a Câmara de São Paulo se dirige pedindo carcereiros, ferro, prisões, para os delinquentes da vila. • 60°. Barreto Ainda inquieta pela sorte da bandeira a Câmara requereu de novo a 14 de novembro de 1598, mas já a Roque Barreto, então capitão-mor, “porquanto a nossa gente que ficou no sertão da companhia de João Pereira de Sousa não vinha e podia estar necessitada de socorro e que era bem que se lhe desse socorro e se soubesse de (que) modo estava, pois é bem de todos (Atas, vol. 2º, pág. 47). A devassa instaurada contra Jorge Correia não dera resultado criminal (e nem esse intuito teve D. Francisco de Sousa), pois que Jorge Correia exerceu seu cargo após a prisão de João Pereira de Sousa. O que importava para D. Francisco de Sousa era que o capitão, por ele mandado, fora preso e não poderia levar a cabo a entrada ao sertão, e que a opinião dos jesuítas e de seus partidários prevaleceria não se fazendo por conseqüência as explorações, que deveriam encontrar as minas desejadas, com o desânimo de alguns e com a dispersão dos bandeirantes. Na Bahia, o Governador-geral do Brasil sentiu que as atividades dos sertanistas vicentinos se perderiam e, que os seus esforços para descobrir as fabulosas minas de Robério Dias, procuradas antes por João de Sousa e por Gabriel Soares de Sousa nenhum resultado teriam. Resolveu, pois, passar-se para a Capitania de S. Vicente para coordenar o trabalho dos bandeirantes, acalmar os jesuítas e assim descobrir o ouro cobiçado e obter o marquesado das Minas. [Página 270] • 61°. Diogo Arias de Aguirre foi nomeado Capitão-Mór da Capitania de São Vicente De fato, partiu para a Capitania de Lopo de Sousa tocando em diversos pontos da costa do Brasil, como Espírito Santo de onde dizem mandou exploradores ao sertão. Em Vitória, por provisão datada de 27 de novembro de 1598, nomeou Diogo Arias de Aguirre capitão-mor de certos navios que foram em direitura para a capitania de S. Vicente com 300 índios flecheiros, para sua guarda e benefício das minas de S. Vicente “até a minha chegada para evitar os inconvenientes que com a minha presença se atalharão sem embargo de presente (haver?) na dita capitania capitão” (Provisão registrada na Câmara de S. Vicente a 18 de dezembro de 1598 e também na Câmara da vila de S. Paulo no Reg. Geral, vol. 7º, págs. 61 a 65). • 62°. sem data específica O pequeno relato intitulado Uma Eleição em 1599, em que descreve o processo eleitoral de antanho, calcado em dados do Arquivo da Câmara Municipal Paulistana e no qual explica o procedimento da escolha dos eleitores, dos edis, dos juízes e do procurador do Conselho, tomando por base o pleito daquele ano, mereceu acolhida naquele matutino. Trabalho de maior fôlego, a que dedicaria, mais tarde, sua atenção, desenvolve-se sob a epígrafe A Vila de S. Paulo. Desdobra-se em quatro capítulos, em que traça o perfil da “insignificante e quase miserável vila de S. Paulo do Campo”, no início do século XVII. Descreve a terra e a gente – pingues 190 habitantes (dos quais, cerca de um terço embrenhados pelo sertão, em entradas), dos 700 que povoavam toda a Capitania de São Vicente – e assinala o descalabro administrativo em que se debatia o povoado; fala de fidalgos e bandidos, de bastardos, do relaxamento dos costumes, de “uma sub-raça forte e sóbria, uma mestiçagem vigorosa e audaz, a única capaz de assegurar os descobrimentos feitos e de fazer novas conquistas”. Eram os mamelucos, sinônimos de paulistas. • 63°. A 16 de maio de 1599, ou pouco antes, já o Governador-geral se achava na vila e S. Paulo A 16 de maio de 1599, ou pouco antes, já o Governador-geral se achava na vila e S. Paulo (Atas, vol. 2º pág. 58). Desde a Bahia já vinha ele diretamente intervindo na administração da Capitania de S. Vicente, exercendo e absorvendo os poderes do donatário, intervindo até na administração local determinando a feitura e conservação do caminho do mar, o que a Câmara de S. Paulo providenciava com a lentidão de seus parcos recursos (Atas, vol. 2º, pg. 28, 38 e 39. • 64°. D. Francisco por uma provisão autorizava a todos a ir tirar ouro Já em 27 de maio de 1599, por uma provisão autorizava a todos a ir tirar ouro (Reg. Geral, vol. 1º, pág. 84). • 65°. D. Francisco enviou a Valladolid, onde estava instalada a corte de Felipe III, os mineiros Diogo de Quadros, Manuel João (o tal Morales, da carta), Martim Rodrigues de Godoy e Manoel Pinheiro (o Azurara) As primeiras minas de prata haviam sido descobertas no Brasil por Gabriel Soares de Sousa, que morreu em 1592, cronista e explorador. Era primo de Belchior Dias Moréia, que com ele aprendeu a varar os sertões da Bahia e de Sergipe, em busca de ouro e prata, mas estava a serviço dos reis da Espanha. Atraiu com isso o interesse de Belchior, que veio se estabelecer na terra. Após dez anos de pesquisa, anunciou a descoberta das minas de prata. As supostas minas de Itabaiana jamais foram encontradas. Se foram descobertas, como afirmava ele, o segredo ficou guardado. Pedindo mercês em troca da informação sobre o local das minas, Belchior foi a Portugal e de lá à Espanha, em 1600, para conseguir um título de nobreza. Demorou-se quatro anos, sem sucesso. Voltaria duas vezes à Europa com novos insucessos. Os governadores Luís de Sousa, de Pernambuco, e D. Francisco de Sousa, da Bahia, marcaram encontro com Belchior Dias Moreia e viajaram juntos para Itabaiana, para marcar a localização das minas. Negando-se a mostrar o local enquanto não fosse recompensado com as mercês, Belchior Dias Moréia foi preso e passou dois anos na cadeia. • 66°. D. Francisco autorizava a tirar ouro em Monserrate, registrando o interessado cada semana o ouro tirado, pagando os quintos A 11 de fevereiro de 1601, porém, por um mandado, autorizava a tirar ouro em Monserrate, registrando o interessado cada semana o ouro tirado, pagando os quintos a S. M., fundindo-o e dele fazendo barras, marcadas com as armas reais. Supondo que nenhuma pessoa pudesse ser tão ousada para infringir tais ordens, e tivesse ouro em pó, entretanto, estabeleceu penas severíssimas a serem aplicadas aos infratores, tais como a perda do ouro tirado, sendo metade para cativos e a outra metade para o acusador, incorrendo mais no degredo para fora da capitania e pagando cem cruzados. Nenhuma pessoa, branca ou escrava poderia comprar ouro, salvo em barra com as marcas reais, sob pena, sendo branco, de ser degradado para Angola, com baraço e pregão na vila, e sendo índio, ser açoitado, pela vila. [p. 285] • 67°. Partida • 68°. Cigana Francisca Rodrigues responsável pela aposentadoria do mesmo D. Francisco de Sousa Apesar de substituído no Governo-geral do Brasil, ainda se conservou em S. Paulo durante algum tempo, pelo menos até o ano de 1603, como se vê “no termo de ajuntamento que se fez para tratar da volta dos soldados que vieram de Vila Rica do Espírito Santo (no Guairá) “ajuntamento que se fez em presença de D. Francisco de Sousa” (Atas, vol. 2º, págs. 138 e 139). Nesse mesmo ano, em 9 de agosto, a Câmara da vila de S. Paulo havia providenciado a aposentadoria do mesmo D. Francisco de Sousa, e mais gente que com ele vinha, e disso sendo encarregada a cigana Francisca Rodrigues (Atas, vol 2º, págs. 132 e 133). Quis ele sem dúvida esperar o resultado da expedição de Nicolau Barreto, para se apresentar em Madri com as provas da existência das grandes minas, que com tanta obstinação buscava. Partiu afinal para a Espanha. Na Espanha reinava, então, Filipe III que, no Governo do Brasil, substituíra D. Francisco por Diogo Botelho. [Na Capitania de São Vicente p.287] • 69°. Novo Regimento das Minas de São Paulo após o testemunho ocular de Clemente Alvares As chamadas minas do Jaraguá, Bituruna, foram também descobertas por Clemente Álvares (Atas, vol. 2º, pág. 172) que as manifestou em 1606, procurando-as, segundo disse, desde 14 anos, época mais ou menos em que também as descobriram os Sardinhas, nada produziam ainda, dois anos depois do testamento de Afonso Sardinha, o moço, no sertão. E nada tinham produzido, porque o próprio Clemente Álvares pede que se registre o seu descobrimento em Jaraguá para “não perder o seu direito, vindo oficiais e ensaiadores que o entendam, por ele não o entender senão por notícia e bom engenho”. No tempo em que as manifestou, em 1606, as minas de Jaraguá ainda esperavam os mineiros e ensaiadores. Não tinha ainda havido exploração, estavam ainda intactas,conforme determinara D. Francisco de Sousa. Se houvesse produção o Fisco, curioso e ávido, não teria deixado de arrecadar os quintos para receber as porcentagens. As penas para quem guardasse ouro em pó eram severíssimas, e importavam em confisco desse metal, em multas pecuniárias, açoites nas ruas públicas, degredo para Angola, devendo todos reduzir o ouro a barras, depois de quintado (Reg. Geral, vol. 1º, págs. 93e 94). • 70°. Diversos homens poderosos, cujos nomes por essa razão não são talvez mencionados, revéis e desobedientes aos mandos das justiças, se aprontavam para ir aos carijós • 71°. Ebirapoeira, na qual se fabricavam coisas para resgate: Testamento de “Belchior casado com Hilária Luís Grou, tio de Domingos Fernandes” • 72°. Falecimento de Belchior Dias Carneiro* Foi cabo da bandeira que em 1607 entrou pelo sertão dos bilreiros a cativar índios a mandado de Diogo de Quadros, provedor das minas, a fim de arranjar mão-de-obra para uma fábrica de ferro que havia em Ebirapoeira, na qual se fabricavam coisas para resgate. Belchior Carneiro tomou parte na entrada de Antônio de Macedo e de Domingos Luís Grou, seu sogro, a qual na volta, fora desbaratada perto do rio Jaguari; fora um dos membros da companhia de Nicolau Barreto e, parece, fizera uma entrada por sua própria conta no sertão dos índios temiminós (Inv., vol. 2º, pág. 111). [Página 331] • 73°. João Soares nomeado capitão dos índios de Guarapiranga Não estará longe da verdade quem disser que João Ramalho fazia parte da feitoria, estabelecida por iniciativa particular no porto de São Vicente, e, sem perder o contacto com essa feitoria, estabeleceu-se no planalto. Morou em lugar chamado Jaguaporecuba, próximo a Ururaí, como se vai ver. Na carta de sesmaria, concedida por Jerônimo Leitão aos índios de Piratininga em 1580 (Registro Geral, vol. 1º, pág. 354) escreve-se a palavra Jaguaporecuba cuja penúltima sílaba está roída por traças. Mas no mesmo 1º volume desse Registro, pág. 150, se encontra a transcrição da provisão em que João Soares, em 1607, é nomeado capitão-mor dos índios da aldeia de Guarapiranga, da aldeia-nova de Guanga e de Jaguaporecuba. [Página 152 • 74°. D. Francisco de Sousa os privilégios que haviam sido concedidos a Gabriel Soares de Sousa, para a exploração das minas Lá D. Francisco de Sousa desenvolveu as suas habilidades convencendo o Governo Espanhol da existência das famosas minas,conseguindo que o Governo do Brasil fosse dividido em dois, dele retirando as capitanias de Espírito Santo, Rio de Janeiro e S. Vicente, que passaram a constituir a repartição do sul e dela foi encarregado o próprio D. Francisco para a conquista e administração das minas descobertas e de todas as mais que ao adiante se acharem nas três capitanias. (Carta de 2 de janeiro de 1608). [p.287] • 75°. Provisão de D. Francisco A 3 de novembro de 1609 fez registrar nos livros da Câmara quatorze provisões régias que lhe davam na Repartição do Sul poderes idênticos ao do Governador-Geral do Brasil, e mais os poderes de fazer fidalgos a quatro pessoas, a conceder o foro de cavaleiros da casa real a cem pessoas e o de moços da Câmara a outros cem, de conceder dezoito hábitos de Cristo, sendo doze com 20$000 de tença e seis com 50$000, podendo ainda nomear capitão e governador das minas, prover os ofícios de justiça, de provedor e tesoureiro, nomear mineiros e dar-lhes ordenado e ainda com ordem aos governadores do Rio da Prata e de Tucumã para o proverem de trigo e cevada. Todas essas provisões são dadas de 2 de março e 16 de junho de 1608 (Reg. Geral, vol. 1º, págs. 188 a 207). [Página 334] • 76°. Provisão de D. Francisco A 3 de novembro de 1609 fez registrar nos livros da Câmara quatorze provisões régias que lhe davam na Repartição do Sul poderes idênticos ao do Governador-Geral do Brasil, e mais os poderes de fazer fidalgos a quatro pessoas, a conceder o foro de cavaleiros da casa real a cem pessoas e o de moços da Câmara a outros cem, de conceder dezoito hábitos de Cristo, sendo doze com 20$000 de tença e seis com 50$000, podendo ainda nomear capitão e governador das minas, prover os ofícios de justiça, de provedor e tesoureiro, nomear mineiros e dar-lhes ordenado e ainda com ordem aos governadores do Rio da Prata e de Tucumã para o proverem de trigo e cevada. Todas essas provisões são dadas de 2 de março e 16 de junho de 1608 (Reg. Geral, vol. 1º, págs. 188 a 207). • 77°. Falecimento de Belchior Dias, Raposo Tavares assume o comando Nessa expedição Belchior Carneiro morreu no sertão a 26 de junho de 1608; mas não se declara qual a causa de sua morte; assumiu, então, o comando da bandeira Antônio Raposo, o velho, que mandou fazer, no mesmo sertão, o inventário dos bens encontrados aí de seu antecessor. Por esse inventário pode-se constituir a lista de alguns dos bandeirantes que lá estiveram, pelos diversos termos lavrados onde se encontram os respectivos nomes dos arrematantes e fiadores. • 78°. Desceu o Tietê expedição com Baltasar Gonçalves Na vereança de 6 de setembro de 1608 consta que os oficiais da Câmara reuniram o povo para eleger um vereador para substituir Martim Rodrigues, que era ido ao sertão (Atas, vol. 2º, pág. 217). De fato, em 1608, fez ele uma entrada “ao sertão onde estavam os bilreiros”, partindo do porto do Anhembi, assim o declaram Lourenço Gomes Ruxaque e Manuel Dias, em seus testamentos (Inventários, vol. 2º, pág. 358 – vol. 11, pág. 23). Foram testemunhas do testamento de Lourenço Gomes Ruxaque, Baltasar Gonçalves, João de Santana, Brás Gonçalves, Manuel de Oliveira, João Pais e o capitão Martim Rodrigues (Idem, pág. 360) e no de Manuel Dias além de alguns mencionados no testamento de Ruxaque, Diogo Martins Manuel de Oliveira. Parece que essas pessoas, estando no porto do rio Anhembi, como testemunhas dos testadores, que iam na companhia de Martim Roiz Tenório, também fizeram parte da sua bandeira. Parece também que a maior parte dessa bandeira desapareceu, pois que ao se iniciar o inventário de Martins Rodrigues Tenório, alguns anos depois, o escrivão declara em 1612, “que ele era ido ao sertão e se dizer que era lá morto” (vol. 2º, pág. 5). Mais uma bandeira que o sertão consumia.Sobre a entrada de Belchior Carneiro o seu inventário (vol. 2º, págs. 111 e seguintes) ministra algumas informações, e também as fornece as atas da Câmara da vila de S. Paulo numa longa, se bem que muito confusa, vereança (Atas, vol. 2º, págs. 234 a 237). Belchior Carneiro era, como já ficou dito, filho de Lopo Dias, português, e de sua primeira mulher, Beatriz Dias, filha ou neta de Tibiriçá. Foi casado com Hilária Luís Grou, filha de Domingos Luís Grou e de Maria da Penha, que era filha do cacique de Carapicuíba. (Página 330) • 79°. Vereança Na vereança de 6 de setembro de 1608 consta que os oficiais da Câmara reuniram o povo para eleger um vereador para substituir Martim Rodrigues, que era ido ao sertão (Atas, vol. 2º, pág. 217). De fato, em 1608, fez ele uma entrada “ao sertão onde estavam os bilreiros”, partindo do porto do Anhembi, assim o declaram Lourenço Gomes Ruxaque e Manuel Dias, em seus testamentos (Inventários, vol. 2º, pág. 358 – vol. 11, pág. 23). Foram testemunhas do testamento de Lourenço Gomes Ruxaque, Baltasar Gonçalves, João de Santana, Brás Gonçalves, Manuel de Oliveira, João Pais e o capitão Martim Rodrigues (Idem, pág. 360) e no de Manuel Dias além de alguns mencionados no testamento de Ruxaque, Diogo Martins Manuel de Oliveira. Parece que essas pessoas, estando no porto do rio Anhembi, como testemunhas dos testadores, que iam na companhia de Martim Roiz Tenório, também fizeram parte da sua bandeira. Parece também que a maior parte dessa bandeira desapareceu, pois que ao se iniciar o inventário de Martins Rodrigues Tenório, alguns anos depois, o escrivão declara em 1612, “que ele era ido ao sertão e se dizer que era lá morto” (vol. 2º, pág. 5). Mais uma bandeira que o sertão consumia.Sobre a entrada de Belchior Carneiro o seu inventário (vol. 2º, págs. 111 e seguintes) ministra algumas informações, e também as fornece as atas da Câmara da vila de S. Paulo numa longa, se bem que muito confusa, vereança (Atas, vol. 2º, págs. 234 a 237). Belchior Carneiro era, como já ficou dito, filho de Lopo Dias, português, e de sua primeira mulher, Beatriz Dias, filha ou neta de Tibiriçá. Foi casado com Hilária Luís Grou, filha de Domingos Luís Grou e de Maria da Penha, que era filha do cacique de Carapicuíba. (Página 330) • 80°. Cunhado Belchior da Costa apresentou ao juiz o inventário de Belchior Dias feito no sertão e nesse dia se iniciou o legal na vila de S. Paulo Nessa expedição Belchior Carneiro morreu no sertão a 26 de junho de 1608; mas não se declara qual a causa de sua morte; assumiu, então, o comando da bandeira Antônio Raposo, o velho, que mandou fazer, no mesmo sertão, o inventário dos bens encontrados aí de seu antecessor. Por esse inventário pode-se constituir a lista de alguns dos bandeirantes que lá estiveram, pelos diversos termos lavrados onde se encontram os respectivos nomes dos arrematantes e fiadores. Em 29 de dezembro de 1608, já era conhecida a morte desse cabo, pois que seu cunhado Belchior da Costa apresentou ao juiz o inventário (vol. 2º, pág. 112) feito no sertão e nesse dia se iniciou o legal na vila de S. Paulo. [p.332] • 81°. Em janeiro de 1609, a Câmara esperava a qualquer momento D. Francisco de Sousa e o ouvidor-geral, e “mandou fazer o caminho do mar” Pode-se seguir a sua viagem desde Pernambuco, na costa do Brasil, pelas atas da Câmara, que a foram registrando (Atas de janeiro de 1609). Em janeiro de 1609, a Câmara esperava a qualquer momento D. Francisco de Sousa e o ouvidor-geral, e “mandou fazer o caminho do mar (vol. 2º pág. 232); a 25 de abril de 1609, ainda o esperava e o caminho do mar ainda estava por fazer (...). [Páginas 333 e 334] • 82°. Afonso Sardinha acresce seu patrimônio com “uns alagadiços ao longo do rio Jerobatiba” Pelo estudo feito neste parágrafo, baseado nos documentos autênticos locais, deve-se concluir que nenhum dos Afonsos Sardinhas teve propriedade em Jaraguá; que a fazenda de Afonso Sardinha, o velho, onde ele morava e tinha trapiches de açúcar estavam nas margens do rio Jerobativa, hoje rio Pinheiros, e mais que a sesmaria que obtivera em 1607 no Butantã nada rendia e que todos os seus bens foram doados à Companhia de Jesus e confiscados pela Fazenda Real em 1762 em São Paulo. Se casa nesta sesmaria houvesse, deveria ser obra dos jesuítas. Pelo mesmo estudo se conclui que Afonso Sardinha, o moço, em 1609 ainda tinha a sua tapera em Embuaçava, terras doadas por seu pai. Não poderia ter 80.000 cruzados em ouro em pó, enterrados em botelhas de barro. Quem possuísse tal fortuna não faria entradas no sertão descaroável nem deixaria seus filhos na miséria. • 83°. Notícia certa de que D. Francisco de Sousa já estava no Rio de Janeiro, e estavam todos moradores da Capitania apenados em fazer o caminho do mar A a 26 de abril do mesmo ano (1609), tiveram notícia certa de que D. Francisco de Sousa já estava no Rio de Janeiro, e estavam todos moradores da Capitania apenados em fazer o caminho do mar. • 84°. D. Francisco registra nos livros da Câmara quatorze provisões régias que lhe davam na Repartição do Sul poderes idênticos ao do Governador-Geral do Brasil D. Francisco chegou afinal à capitania de S. Vicente, trazendo em sua companhia dois filhos, D. Antônio, o mais velho e D. Luís, ainda menor. A 3 de novembro de 1609 fez registrar nos livros da Câmaraquatorze provisões régias que lhe davam na Repartição do Sul poderes idênticos ao do Governador-Geral do Brasil, e mais os poderes de fazer fidalgos a quatro pessoas, a conceder o foro de cavaleiros da casa real a cem pessoas e o de moços da Câmara a outros cem, de conceder dezoito hábitos de Cristo, sendo doze com 20$000 de tença e seis com 50$000, podendo ainda nomear capitão e governador das minas, prover os ofícios de justiça, de provedor e tesoureiro, nomear mineiros edar-lhes ordenado e ainda com ordem aos governadores do Rio da Prata e de Tucumã para o proverem de trigo e cevada. • 85°. O triste destino de D. Francisco de Souza, fundador do Itavuvu e 7° Governador-Geral do Brasil Em 1611, Pedro Vaz de Barros, comandando 32 homens,brancos e muitos índios tupis, em Guairá, teve “dares e tomares” com D.Antônio de Añasco, conforme este relata numa carta a Diego Marin Negron, a 14 de setembro do ano acima indicado (Anais do Museu de S.Paulo, vol. 1º, pág. 154). Pedro Vaz de Barros ia com um mandado de D. Luís de Sousa,filho menor de D. Francisco de Sousa, e que ficara governando a repartição do sul, por morte de seu pai e ausência de seu irmão D. Antônio de Sousa, para buscar índios para trabalho das minas. Este mandado está transcrito nos Anais do Museu Paulista (vol. 1º, pág. 148 e seguintes). • 86°. Carta de D. Antônio de Añasco a Diego Marin Negron Em 1611, Pedro Vaz de Barros, comandando 32 homens, brancos e muitos índios tupis, em Guairá, teve “dares e tomares” com D. Antônio de Añasco, conforme este relata numa carta a Diego Marin Negron, a 14 de setembro do ano acima indicado (Anais do Museu de S. Paulo, vol. 1º, pág. 154). Pedro Vaz de Barros ia com um mandado de D. Luís de Sousa,filho menor de D. Francisco de Sousa, e que ficara governando a repartição do sul, por morte de seu pai e ausência de seu irmão D. Antônio de Sousa, para buscar índios para trabalho das minas. Este mandado está transcrito nos Anais do Museu Paulista (vol. 1º, pág. 148 e seguintes). • 87°. Bartolomeu de Torales escreve ao Governador Diogo Marin Negron que Sebastian Preto, português de S. Paulo levou cinco caciques com muitos índios para a dita vila de S. Paulo* Em 1612, Bartolomeu de Torales escreve ao Governador Diogo Marin Negron que Sebastian Preto, português de S. Paulo levou cinco caciques com muitos índios para a dita vila de S. Paulo (Idem vol. 1º, pág. 158) o que é confirmado por carta do cabido de Ciudad Real, calculando o número de índios em 3.000 (Idem, pág. 159). [p. 351] • 88°. Bandeira parte para o sertão Em 1623, a 18 de novembro, outra bandeira de que faziamparte Henrique da Cunha, o velho, João Gago da Cunha Lobo, João Raposo, Diogo Barbosa Rego, Mateus Luís Grou, Jeronimo Abres, Jerônimo da Veiga, estava acampada no sertão dos carijós (Inv. e Test., vol. 1º,pág. 208 e seguintes). André Fernandes, de Parnaíba, foi grande matador de índios eo mais cruel dos invasores, e, segundo o extrato de Pastells (obr. cit.,pág. 461), fez lá entradas. • 89°. “O Novo Mundo: Descrição das Índias Ocidentais” ("Nieuvve wereldt, ofte, Beschrijvinghe van West-Indien"), 1625. Jean de Laet (1571-1649) A expedição fora resgatar com bilreiros. Bilreiros, segundo alguns cronistas (Simão de Vasconcellos, João de Laet), eram nomes portugueses que em tupi designavam os ibirajaras; porque usavam como armas paus ou lanças de madeira. [Página 332] • 90°. D. Luís Céspedes y Xeria escreve ao rei da Espanha Segundo narra esse Governador do Paraguai, após 15 dias de sua nomeação foi a Cádiz e daí saiu para Lisboa, a fim de seguir para a América e tomar posse do seu governo; mas nessa cidade teve que se demorar um ano pois que aí, por causa da guerra com os holandeses, havia ordem de não sair navio algum, antes que partissem as naus da Índias, que eram comboiadas por forças militares marítimas. Afinal partiu de conserva com essas naus até certa altura e afastando-se seguiu para Salvador, na Capitania da Bahia de Todos os Santos. Aí assistiu ao ataque feito pelos holandeses. Foi muito bem recebido pelo Governador Geral, Diogo Luís de Oliveira, que lhe proporcionou transporte marítimo até o Rio de Janeiro. Da Bahia escreveu ao rei de Espanha a 30 de julho de 1627 (Documentação Espanhola – Anais do Museu Paulista, v. 1º, pág. 168). • 91°. “Do lado espanhol” À margem esquerda do Iñeai (alto Ivaí) situaram S. Paulo (1627) e nessa mesma margem S. Antônio (1628) no lbiticoí. A leste do Taiobá e ao sul de Taiati ficava S. Miguel de Ibituruna (1628). No mais alto das serranias, Jesus Maria em terras do cacique Guiravera, a última fundada, em 1630. A leste destas duas últimas e de Encarnación estava S. Pedro, fundada em 1627. Na margem direita do Iguaçu quase na sua foz no Paraná, estava Santa Maria Maior fundada em 1626. Em 1628 já haviam fundado Arcângelos. Havia nessa região, como se vê, duas cidades espanholas e quatorze reduções jesuíticas. • 92°. D. Luís requereu ao ouvidor da capitania, então Amador Bueno Em S. Vicente, a 22 de junho de 1628, alegando possuir as licenças necessárias do Governo de Espanha para passar por terra ao Paraguai, D. Luís requereu ao ouvidor da capitania, então Amador Bueno, que com grandes penas, fossem publicados editais para que nenhuma pessoa, de qualquer qualidade que fosse, o acompanhasse nessa sua viagem, a não ser aquelas que o capitão-mor de S. Vicente designasse, no que foi atendido (Idem, vol. 1º, pág. 172) por despacho no mesmo dia. O Capitão-Mor, naquela época, Álvaro Luís do Vale, designou o Capitão Manuel Preto para que, apenas com seis índios sem nenhuma pessoa branca, acompanhasse D. Luís Céspedes, pelos rios abaixo, voltando imediatamente a S. Paulo, sem ir ao sertão nem trazer outros índios (Idem, pág. 176). Ainda obteve esse governador, no mesmo dia 22 de junho de 1628, atestado dos padres jesuítas João de Almeida e José da Costa superiores das aldeias de Escada, de Conceição (Guarulhos?) e S. Miguel, e também do Padre Salvador da Silva, superior da casa de Santo Inácio na vila de S. Paulo, declarando que ele não levava consigo nada mais que seus criados e roupas de seu serviço. Tudo isso confirmado pelos tabeliães e escrivães de Santos e de S. Paulo (Anais do Museu Paulista, vol. 1º, págs. 178 e 179). • 93°. Testamento da esposa de André Fernandes Antônia de Oliveira • 94°. Bandeira ao mando de Fernão Dias Pais e de Garcia Roiz Em 1637, outra bandeira ao mando de Fernão Dias Pais e de Garcia Roiz (Vide representação de Francisco Dias Taño) estava também no Rio Grande, denominação, que, segundo Taques, os espanhóis davam ao rio Paraná. Essa denominação – Rio Grande – era dada a diversos rios. O próprio Tamanduateí foi assim chamado. • 95°. Efetivamente Fernão Dias Pais esteve acampado no sertão do Rio Grande, com uma bandeira Efetivamente Fernão Dias Pais, de 2 a 19 de abril de 1638 esteve acampado no sertão do Rio Grande, com uma bandeira8, (Invent. eTest., Vol. 11, págs. 239 e 253). Dela faziam parte entre outros: Antônio da Silveira, Romão FreireJoão Nunes da SilvaValentim de BarrosLuís Dias Leme Pedro Dias LemeSebastião Gil, o moço, Pascoal Leite Pais Pero Agulha de Figueiredo, Salvador Simões, João de Santa Ma- ria, Pascoal Leite Fernandes, Cristóvão de Aguiar Girão, Gaspar da Costa, Mauríciode Castilho, o moço, Manuel de Castilho, Sebastião Antônio, o moço, AntônioGonçalves Perdomo, Paulo da Costa, João Favacho, Fructuoso da Costa, Domin- gos Leme da Silva André Fernandes Mateus Leme, Lu... Marinho, Domingos Bar- bosa, João de Oliveira, Pascoal Ribeiro. [Página 389] • 96°. Em sessão da Câmara os oficiais juntos com as pessoas da governança da terra com o mais povo, resolveram pôr em execução o que em S. Vicente, cabeça da capitania, havia sido resolvido A ameaça da execução do breve do papa exasperou os povos.Aos 2 do mês de julho de 1640, em sessão da Câmara os oficiais desta (7) juntos com as pessoas da governança da terra com o maispovo (124), ao todo 131 pessoas, resolveram pôr em execução o que emS. Vicente, cabeça da capitania, havia sido resolvido, e que consistia emexpulsar da capitania os padres da Companhia de Jesus. Foram todos aocolégio dos padres da Companhia de Jesus e intimaram “ao reverendo padre Reitor Nicolau Botelho que dentro de seis dias todos os padres despejassem a vilae se recolhessem ao colégio do Rio de Janeiro para segurança de suas vidas, honras efazendas, por causa do levantamento do gentio, e por outros motivos que levariam aoconhecimento de Sua Santidade e de Sua Majestade” (Atas, vol. 5, págs. 8 e 9,de 25 a 28) • 97°. Acabado o prazo concedido, o povo requereu a execução da medida A 7 de julho, por ser acabado o prazo concedido, o povo requereu a execução da medida; mas foram ainda concedidos mais três dias sendo encarregado o escrivão de fazer aviso da prorrogação. [Página 406] • 98°. Terceira notificação, em nome das duas capitanias de S. Vicente e da Vila de Conceição, dando mais dois dias peremptórios A 10 de julho, fizeram terceira notificação, em nome das duas capitanias de S. Vicente e da Vila de Conceição, dando mais dois dias peremptórios. Em S. Paulo se juntaram os moradores às vilas de S. Paulo e S. Vicente, os procuradores das vilas de Parnaíba e de Mogi-mirim (Mogi das Cruzes) e todos fizeram idêntica notificação ao Padre Antônio Ferreira que, na ausência do Reitor, estava encarregado da direçãodo mosteiro. [Página 406] • 99°. paulistas, em número de 350 homens brancos, com arcabuzes, escopetas e mosquetes, e 1.300 índios auxiliares, sob o comando geral do capitão-mor Manuel Pires se quedaram no Acaraguá nesse e no dia seguinte O dia 9 de março de 1641, sábado, foi todo ele um temporal desfeito. Os paulistas, em número de 350 homens brancos, com arcabuzes, escopetas e mosquetes, e 1.300 índios auxiliares, sob o comando geral do capitão-mor Manuel Pires se quedaram no Acaraguá nesse e no dia seguinte. Comandava um dos terços das tropas paulistas, o capitão Jeronimo Pedroso, um dos maiores velhacos na opinião dos jesuítas. Desse terço faziam parte Sebastião Gonçalves, João Correia, Domingos Cordeiro, Valentim Cordeiro Malio, Francisco Mattoso, Gaspar Correia, Antônio Borges, Fernando Dias Borges, Antônio Rodrigues, Domingos Pires, Francisco Barreto, Mathias Cardoso, Pedro Cabral de Melo, João Leite, João de Pinha, João Dias Peres, Antônio da Cunha, Mateus Alves Grou, Francisco de Siqueira, Antônio de Carvalhaes, Antônio de Aguiar, Antônio Fernandes Sarzedas, Jorge Dias, Domingos Pires Valadares, Sebastião Pedroso Bayão, Manuel de Moraes, Pero da Silva, Francisco...................., Pero Lourenço, Amador Lourenço, Simão Borges, João Pi- res Monteiro, Gonçalo Guedes, Pero Nunes Dias, Baltasar Gonçalves, Domingos Furtado, Bartolomeu Alves, Miguel Lopes, Antônio Pedroso de Barros, Clemente Álvares (Vide Inventários e Testamentos, vol. 11, pág. 497). A qualificação dada a Jerônimo Pedroso encontra-se na narrativa jesuítica. • 100°. Rei concede perdão aos paulistas O caso teve solução em virtude do Alvará de D. João IV de 7 de outubro de 1647 que resolveu conceder perdão aos moradores da vila de S. Paulo de todas e quaisquer culpas que tivessem cometido na expulsão dos jesuítas, reservando-lhes (aos jesuítas) para demandarem no cível perdas e danos, com a declaração de que o perdão concedido só teria efeito “depois de restituídos os padres da Companhia de tudo que tinham na capitania (Documento publicado na Rev. do Inst. Geog. de S. Paulo, por Leite Cordeiro, vol. 51, pág. 300, extraído do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa). • 101°. Provinciae Paraquariae Societatis Jesv Leodii Pedro Taques informa que ele e sua mulher, Filipa Vicente, naturais de Olivença, nessa época ainda pertencente no território português, eram pessoas nobres e honradas. No inventário de João de Prado declara-se somente que ela, Filipa Vicente, era pessoa honrada e viúva de pessoa honrada, o que significa que os dois foram pessoas de destaque na então insignificante vila de São Paulo. João de Prado, pela sua pessoa, pela sua família, pelas suas armas, pelo número de nativos administrados e escravizados que possuía, foi um dos mais poderosos elementos que compuseram a expedição de João Pereira de Sousa. Era tal a importância de que gozava, que a sua presença na expedição o punha em evidência de chefe. O Padre Del Techo, na sua História Provinciae Paraquariae o considerou chefe da expedição, o que não é verdade. Teria sido um dos chefes, mas o chefe supremo foi João Pereira de Sousa, em cujo arraial no sertão, ele faleceu a 13 de fevereiro de 1597, conforme expressamente é declarado no respectivo inventário. Não se pode afirmar com segurança o dia exato da partida da bandeira; mas foi depois de 5 de outubro de 1596, porque, nessa data, Francisco da Gama, que nela tomou parte, ainda estava em S. Paulo e, nessa data, passou um documento a João Fernandes, em que declarou ter dele recebido “dez cruzados emprestados de amor em graça os quais prometeu pagar em dinheiro de contado ou em uma peça (do gentio) pelo que valer nesta guerra em que ora vamos com o Sr. João Pereira de Sousa, como capitão” (Inv. e Test. vol. 1º, pág. 351). Esse documento de dívida, que é cobrado judicialmente, prova que a bandeira a 5 de outubro de 1596 ainda estava em S. Paulo, mas em preparativos para a partida. Qual o sertão em que foi feita essa entrada? A provisão de D. Francisco de Sousa, que armou cavaleiro Sebastião de Freitas, declarou que este acompanhou Jorge Correia, Manuel Soeiro e João Pereira de Sousa a fazer guerra ao gentio que, em ataque, tinha vindo contra a vila de S. Paulo (vide provisão). Essas três bandeiras foram, pois, ao mesmo sertão. A 13 de fevereiro de 1597, no sertão da Parnaíba, onde estava o arraial de João Pereira de Sousa, começou-se o inventário de João de Prado, que lá falecera (Inv. cit. pág.79). Um outro documento de dívida de Francisco da Gama, foi cobrado judicialmente, em S. Paulo, e cujo processo se iniciou a 22 de Julho de 1600 com citação por éditos “por se achar o devedor ausente, perto de três anos ou perto de quatro anos (Inv. Francisco da Gama, vol. 1º, págs. 349 e 350) e nele depõem cinco testemunhas que afirmam que ele era ido à guerra de Parnaíba e dele não havia notícias”. Citando ainda Del Techo, História do Paraguai, o Barão do Rio Branco, em Ephemerides Brasileiras, de lº de setembro de 1583, narra que no vale do Anhembi, hoje Tietê, os Tupiniquins tinham 300 aldeias e 30. 000 sagitários, que, em seis anos de guerra, de 1592 a 1599, foram todas destruídas e exterminados os selvagens do rio de Jeticaí, hoje rio Grande. O rio Parnaíba é afluente da margem direita do rio Paraná e tem suas nascenças mais a leste, do lado das nascenças do rio S. Francisco. Conforme se vê pelas atas da Câmara de S. Paulo, que se referem às entradas de Antônio de Macedo e de Domingos Luis Grou, já esses sertanistas lá tinham estado. As bandeiras já tinham atravessado o rio [p. 262 e 263] • 102°. Primeira via de ligação entre a capital e o litoral paulista, a Calçada do Lorena foi concluída No fim do século 18, Bernardo José de Lorena mandou fazer uma estrada, em ziguezague na descida, que se chamou a “Calçada do Lorena”. A Câmara de S. Paulo, todos capitães-generais, todos os viajantes descrevem o caminho novo como temeroso. Todas as administrações, conforme as suas posses, fizeram esforços para melhorá-lo. O Capitão General Antônio de Melo e Castro, em 1799, fez uma memória sobre esse caminho que se pode ler nos Documentos Interessantes, Vol. 29, pág. 112 e seguintes, publicados pelo Arquivo do Estado. • 103°. O Conselheiro Cansanção de Sinimbu organizou uma comissão de engenheiros para o fim de estudar os portos do Brasil e a navegação interior dos grandes rios que desembocam no oceano Em 1879, o Conselheiro Cansanção de Sinimbu, então à testado Governo Imperial, iniciando uma política de melhoramentos materiais, organizou, sob a direção do abalizado engenheiro americano, William Milnor Roberts, uma comissão de engenheiros para o fim de estudar os portos do Brasil e a navegação interior dos grandes rios que desembocam no oceano. Além do chefe, W. M. Roberts, havia no pessoal dessa comissão os engenheiros Amarante, Wieser, Lisboa, Saboya, Pecegueiro,Aquino e Castro, Orville Derby e Teodoro Sampaio. Teodoro Sampaio escreveu um livro sobre essa expedição doqual tiro estes informes: “Essa comissão, em pouco mais de quatro meses, subiu o Rio S. Francisco desde a sua foz, no Atlântico, até Pirapora, corredeira, no Estado de MinasGerais, levantando o seu curso, desenhando as serras vizinhas, esboçando as pequenas vilas e cidades, marcando o desemboque dos seus afluentes.“Passou na confluência do rio Paracatu, à margem esquerda e depois nado rio das Velhas à margem direita.“A comissão esteve na barra do rio Paracatu, no dia 9 de dezembro de1879, onde se demorou para receber lenha para o vapor em que viajava, e para medir a embocadura desse rio, que tinha 216 metros de largo.” Aí ouviu Teodoro Sampaio a narrativa de lendas misteriosas,de coisas extraordinárias, para as quais não faltaram, como sempreacontece, testemunhas oculares e sérias, que afirmaram a veracidade sobpalavra de honra. Daí seguiram alcançando a barra do rio das Velhas a 13 de dezembro de 1879. Foram todos até Pirapora e na volta, estiveram de novo napovoação Manga, na confluência do rio das Velhas com o S. Francisco,da qual fizeram um esboço. Aí a Comissão se desmembrou, estabelecendo-se o planopara ultimar as explorações. O Sr. Orville Derby remontaria o vale do rio das Velhas,transporia a serra do Espinhaço e voltaria por estrada de ferro para o Rio de Janeiro. O restante da Comissão voltaria pelo S. Francisco, rio abaixo (Th. Sampaio, O Rio S. Francisco. Págs. 5, 20, 91). Assim foi feito. Orville Derby, pois, conheceu pessoalmente no norte comotécnico competente, em 1879, a região atingida em 1603, pela expedição de que fez parte W. Glymmer. Teve, pois, elementos para identificar essa região, que mais tarde estudou toda minuciosamente até muitomais ao Sul, baseado em documentos paulistas e em estudos sobre oterreno. Orville Derby foi, e por muitos anos, como muitas pessoasainda se lembrarão, e então adquiriu conhecimento do terreno ao suldo S. Francisco, chefe da então Comissão Geográfica e Geológicacriada em S. Paulo pelo Conselheiro João Alfredo, no tempo doImpério. Dirigindo a Comissão Geológica e Geográfica do Estado, eleestudou e fez levantar plantas, mapas da maior parte do território deS.Paulo, principalmente nas fronteiras do Estado de Minas Gerais, numaépoca em que se desejava bem conhecer a região para decidir e fixar asdivisas entre esses dois estados. A respeito dessas divisas o Arquivo Público do Estado de S. Paulo publicou grossos volumes de documentos.Orville Derby não se limitou ao estudo atento desses documentos, leutambém todos os nossos cronistas e os cronistas estrangeiros, que seocuparam do Brasil colonial e de sua expansão. Teve ele ocasião de conhecer, na História Natural de Piso e Marcgraff, o escrito de Glymmersobre o roteiro de uma das primeiras bandeiras paulistas partidas de S.Paulo para o sertão, no tempo em que D. Francisco de Sousa, viera daBahia para a vila de S. Paulo, a fim de procurar minas de metais preciosos, nas nascenças do rio S. Francisco. Podia, pois, concluir, com pouco risco de errar, que o rio Guaibiíera o Guaicuí ou rio das Velhas, um dos afluentes da margem direita doS. Francisco (R.I.H.G.S. Paulo, vol. IV e vol. 8, pág. 400). Atendendo à sugestão de Capistrano de Abreu fez traduzir oroteiro de Glymmer, pôs em contribuição os trabalhos e os estudos próprios que lhe advieram do conhecimento da zona, como membro deuma comissão exploradora do rio S. Francisco e como chefe da Comissão Geográfica e Geológica do Estado, e identificou todos nos pontos nele mencionados com a conformação e acidentes do terreno, pelosseus rios, cursos e cachoeiras, pelos seus vales, montes, planícies, campos e matos desde S. Paulo até as cabeceiras do rio S. Francisco nocentro do Brasil. Consultou também as fontes históricas locais, então existentes – Pedro Taques, num manuscrito conservado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que fala na entrada de André de Leão, e Azevedo Marques nos Apontamentos Cronológicos, que narra que em 1602partiu numerosa bandeira para o sertão sob o comando de NicolauBarreto e formulou a hipótese de que as duas informações se referiama uma só entrada, e que a expedição fora uma única, cabendo a Nicolau Barreto a organização civil e a André de Leão, a parte militar. Foi aexpedição, em que tomou parte Glymmer, que O. Derby identificouno terreno. Na época em que Orville Derhy divulgou o seu estudo não tinham ainda sido publicados pelo Arquivo do Estado de S. Paulo osInventários e Testamentos; e escassas eram as notícias sobre essas entradas;mas desde que teve conhecimento dos inventários, feitos por morte deBrás Gonçalves, o moço, e de Manuel de Chaves, e verificou que a hipótese sugerida de uma expedição única não tinha cabimento, apressou-seele mesmo em bani-la como se pode ver em um estudo aditivo naR.I.H.G. de S. Paulo, v. 8º, pág. 400. Aliás a hipótese da unidade da expedição só poderia interessarao renome dos seus comandantes, nenhum valor tendo para identificação do roteiro de W. Glymmer, que era o objetivo essencial para fixarpontos do devassamento e ocupação do sertão, identificação que continua, pois, com o seu mérito próprio. O vale do Paraíba já estava domado pelos portugueses nas lutas que sustentaram com os Tamoios e pelo abandono do Rio de Janeiropelos franceses. Relativamente fácil foi à expedição de André de Leão ocaminhar por esse rio, vales e montes. Vai transcrita a identificação feita,por Orville Derby, no terreno e nos rios tornando por base a descriçãode W. Glymmer. [p. 293, 294, 295] • 104°. Conselheiro Cansanção de Sinimbu, então à testa do Governo Imperial, iniciando uma política de melhoramentos materiais, organizou, sob a direção do abalizado engenheiro americano, William Milnor Roberts Em 1879, o Conselheiro Cansanção de Sinimbu, então à testado Governo Imperial, iniciando uma política de melhoramentos materiais, organizou, sob a direção do abalizado engenheiro americano, William Milnor Roberts, uma comissão de engenheiros para o fim de estudar os portos do Brasil e a navegação interior dos grandes rios que desembocam no oceano. Além do chefe, W. M. Roberts, havia no pessoal dessa comissão os engenheiros Amarante, Wieser, Lisboa, Saboya, Pecegueiro,Aquino e Castro, Orville Derby e Teodoro Sampaio. Teodoro Sampaio escreveu um livro sobre essa expedição doqual tiro estes informes: “Essa comissão, em pouco mais de quatro meses, subiu o Rio S. Francisco desde a sua foz, no Atlântico, até Pirapora, corredeira, no Estado de MinasGerais, levantando o seu curso, desenhando as serras vizinhas, esboçando as pequenas vilas e cidades, marcando o desemboque dos seus afluentes.“Passou na confluência do rio Paracatu, à margem esquerda e depois nado rio das Velhas à margem direita.“A comissão esteve na barra do rio Paracatu, no dia 9 de dezembro de1879, onde se demorou para receber lenha para o vapor em que viajava, e para medir a embocadura desse rio, que tinha 216 metros de largo.” Aí ouviu Teodoro Sampaio a narrativa de lendas misteriosas,de coisas extraordinárias, para as quais não faltaram, como sempreacontece, testemunhas oculares e sérias, que afirmaram a veracidade sobpalavra de honra. Daí seguiram alcançando a barra do rio das Velhas a 13 de dezembro de 1879. Foram todos até Pirapora e na volta, estiveram de novo napovoação Manga, na confluência do rio das Velhas com o S. Francisco,da qual fizeram um esboço. Aí a Comissão se desmembrou, estabelecendo-se o planopara ultimar as explorações. O Sr. Orville Derby remontaria o vale do rio das Velhas,transporia a serra do Espinhaço e voltaria por estrada de ferro para o Rio de Janeiro. O restante da Comissão voltaria pelo S. Francisco, rio abaixo (Th. Sampaio, O Rio S. Francisco. Págs. 5, 20, 91). Assim foi feito. Orville Derby, pois, conheceu pessoalmente no norte comotécnico competente, em 1879, a região atingida em 1603, pela expedição de que fez parte W. Glymmer. Teve, pois, elementos para identificar essa região, que mais tarde estudou toda minuciosamente até muitomais ao Sul, baseado em documentos paulistas e em estudos sobre oterreno. Orville Derby foi, e por muitos anos, como muitas pessoasainda se lembrarão, e então adquiriu conhecimento do terreno ao suldo S. Francisco, chefe da então Comissão Geográfica e Geológicacriada em S. Paulo pelo Conselheiro João Alfredo, no tempo doImpério. Dirigindo a Comissão Geológica e Geográfica do Estado, eleestudou e fez levantar plantas, mapas da maior parte do território deS.Paulo, principalmente nas fronteiras do Estado de Minas Gerais, numaépoca em que se desejava bem conhecer a região para decidir e fixar asdivisas entre esses dois estados. A respeito dessas divisas o Arquivo Público do Estado de S. Paulo publicou grossos volumes de documentos.Orville Derby não se limitou ao estudo atento desses documentos, leutambém todos os nossos cronistas e os cronistas estrangeiros, que seocuparam do Brasil colonial e de sua expansão. Teve ele ocasião de conhecer, na História Natural de Piso e Marcgraff, o escrito de Glymmersobre o roteiro de uma das primeiras bandeiras paulistas partidas de S.Paulo para o sertão, no tempo em que D. Francisco de Sousa, viera daBahia para a vila de S. Paulo, a fim de procurar minas de metais preciosos, nas nascenças do rio S. Francisco. Podia, pois, concluir, com pouco risco de errar, que o rio Guaibiíera o Guaicuí ou rio das Velhas, um dos afluentes da margem direita doS. Francisco (R.I.H.G.S. Paulo, vol. IV e vol. 8, pág. 400). Atendendo à sugestão de Capistrano de Abreu fez traduzir oroteiro de Glymmer, pôs em contribuição os trabalhos e os estudos próprios que lhe advieram do conhecimento da zona, como membro deuma comissão exploradora do rio S. Francisco e como chefe da Comissão Geográfica e Geológica do Estado, e identificou todos nos pontos nele mencionados com a conformação e acidentes do terreno, pelosseus rios, cursos e cachoeiras, pelos seus vales, montes, planícies, campos e matos desde S. Paulo até as cabeceiras do rio S. Francisco nocentro do Brasil. Consultou também as fontes históricas locais, então existentes – Pedro Taques, num manuscrito conservado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que fala na entrada de André de Leão, e Azevedo Marques nos Apontamentos Cronológicos, que narra que em 1602partiu numerosa bandeira para o sertão sob o comando de NicolauBarreto e formulou a hipótese de que as duas informações se referiama uma só entrada, e que a expedição fora uma única, cabendo a Nicolau Barreto a organização civil e a André de Leão, a parte militar. Foi aexpedição, em que tomou parte Glymmer, que O. Derby identificouno terreno. Na época em que Orville Derhy divulgou o seu estudo não tinham ainda sido publicados pelo Arquivo do Estado de S. Paulo osInventários e Testamentos; e escassas eram as notícias sobre essas entradas;mas desde que teve conhecimento dos inventários, feitos por morte deBrás Gonçalves, o moço, e de Manuel de Chaves, e verificou que a hipótese sugerida de uma expedição única não tinha cabimento, apressou-seele mesmo em bani-la como se pode ver em um estudo aditivo naR.I.H.G. de S. Paulo, v. 8º, pág. 400. Aliás a hipótese da unidade da expedição só poderia interessarao renome dos seus comandantes, nenhum valor tendo para identificação do roteiro de W. Glymmer, que era o objetivo essencial para fixarpontos do devassamento e ocupação do sertão, identificação que continua, pois, com o seu mérito próprio. O vale do Paraíba já estava domado pelos portugueses nas lutas que sustentaram com os Tamoios e pelo abandono do Rio de Janeiropelos franceses. Relativamente fácil foi à expedição de André de Leão ocaminhar por esse rio, vales e montes. Vai transcrita a identificação feita,por Orville Derby, no terreno e nos rios tornando por base a descriçãode W. Glymmer. [p. 293, 294, 295] • 105°. Daí seguiram alcançando a barra do rio das Velhas / Pirapora/MG Em 1879, o Conselheiro Cansanção de Sinimbu, então à testa do Governo Imperial, iniciando uma política de melhoramentos materiais, organizou, sob a direção do abalizado engenheiro americano, William Milnor Roberts, uma comissão de engenheiros para o fim de estudar os portos do Brasil e a navegação interior dos grandes rios que desembocam no oceano. Além do chefe, W. M. Roberts, havia no pessoal dessa comissão os engenheiros Amarante, Wieser, Lisboa, Saboya, Pecegueiro, Aquino e Castro, Orville Derby e Teodoro Sampaio. Teodoro Sampaio escreveu um livro sobre essa expedição doqual tiro estes informes: “Essa comissão, em pouco mais de quatro meses, subiu o Rio S. Francisco desde a sua foz, no Atlântico, até Pirapora, corredeira, no Estado de Minas Gerais, levantando o seu curso, desenhando as serras vizinhas, esboçando as pequenas vilas e cidades, marcando o desemboque dos seus afluentes. “Passou na confluência do rio Paracatu, à margem esquerda e depois nado rio das Velhas à margem direita.“A comissão esteve na barra do rio Paracatu, no dia 9 de dezembro de1879, onde se demorou para receber lenha para o vapor em que viajava, e para medir a embocadura desse rio, que tinha 216 metros de largo.” Aí ouviu Teodoro Sampaio a narrativa de lendas misteriosas,de coisas extraordinárias, para as quais não faltaram, como sempreacontece, testemunhas oculares e sérias, que afirmaram a veracidade sobpalavra de honra. Daí seguiram alcançando a barra do rio das Velhas a 13 de dezembro de 1879. Foram todos até Pirapora e na volta, estiveram de novo napovoação Manga, na confluência do rio das Velhas com o S. Francisco,da qual fizeram um esboço. Aí a Comissão se desmembrou, estabelecendo-se o planopara ultimar as explorações. O Sr. Orville Derby remontaria o vale do rio das Velhas,transporia a serra do Espinhaço e voltaria por estrada de ferro para o Rio de Janeiro. O restante da Comissão voltaria pelo S. Francisco, rio abaixo (Th. Sampaio, O Rio S. Francisco. Págs. 5, 20, 91). Assim foi feito. Orville Derby, pois, conheceu pessoalmente no norte comotécnico competente, em 1879, a região atingida em 1603, pela expedição de que fez parte W. Glymmer. Teve, pois, elementos para identificar essa região, que mais tarde estudou toda minuciosamente até muitomais ao Sul, baseado em documentos paulistas e em estudos sobre oterreno. Orville Derby foi, e por muitos anos, como muitas pessoasainda se lembrarão, e então adquiriu conhecimento do terreno ao suldo S. Francisco, chefe da então Comissão Geográfica e Geológicacriada em S. Paulo pelo Conselheiro João Alfredo, no tempo doImpério. Dirigindo a Comissão Geológica e Geográfica do Estado, eleestudou e fez levantar plantas, mapas da maior parte do território deS.Paulo, principalmente nas fronteiras do Estado de Minas Gerais, numaépoca em que se desejava bem conhecer a região para decidir e fixar asdivisas entre esses dois estados. A respeito dessas divisas o Arquivo Público do Estado de S. Paulo publicou grossos volumes de documentos.Orville Derby não se limitou ao estudo atento desses documentos, leutambém todos os nossos cronistas e os cronistas estrangeiros, que seocuparam do Brasil colonial e de sua expansão. Teve ele ocasião de conhecer, na História Natural de Piso e Marcgraff, o escrito de Glymmersobre o roteiro de uma das primeiras bandeiras paulistas partidas de S.Paulo para o sertão, no tempo em que D. Francisco de Sousa, viera daBahia para a vila de S. Paulo, a fim de procurar minas de metais preciosos, nas nascenças do rio S. Francisco. Podia, pois, concluir, com pouco risco de errar, que o rio Guaibiíera o Guaicuí ou rio das Velhas, um dos afluentes da margem direita doS. Francisco (R.I.H.G.S. Paulo, vol. IV e vol. 8, pág. 400). Atendendo à sugestão de Capistrano de Abreu fez traduzir oroteiro de Glymmer, pôs em contribuição os trabalhos e os estudos próprios que lhe advieram do conhecimento da zona, como membro deuma comissão exploradora do rio S. Francisco e como chefe da Comissão Geográfica e Geológica do Estado, e identificou todos nos pontos nele mencionados com a conformação e acidentes do terreno, pelosseus rios, cursos e cachoeiras, pelos seus vales, montes, planícies, campos e matos desde S. Paulo até as cabeceiras do rio S. Francisco nocentro do Brasil. Consultou também as fontes históricas locais, então existentes – Pedro Taques, num manuscrito conservado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que fala na entrada de André de Leão, e Azevedo Marques nos Apontamentos Cronológicos, que narra que em 1602partiu numerosa bandeira para o sertão sob o comando de NicolauBarreto e formulou a hipótese de que as duas informações se referiama uma só entrada, e que a expedição fora uma única, cabendo a Nicolau Barreto a organização civil e a André de Leão, a parte militar. Foi aexpedição, em que tomou parte Glymmer, que O. Derby identificouno terreno. Na época em que Orville Derhy divulgou o seu estudo não tinham ainda sido publicados pelo Arquivo do Estado de S. Paulo osInventários e Testamentos; e escassas eram as notícias sobre essas entradas;mas desde que teve conhecimento dos inventários, feitos por morte deBrás Gonçalves, o moço, e de Manuel de Chaves, e verificou que a hipótese sugerida de uma expedição única não tinha cabimento, apressou-seele mesmo em bani-la como se pode ver em um estudo aditivo naR.I.H.G. de S. Paulo, v. 8º, pág. 400. Aliás a hipótese da unidade da expedição só poderia interessarao renome dos seus comandantes, nenhum valor tendo para identificação do roteiro de W. Glymmer, que era o objetivo essencial para fixarpontos do devassamento e ocupação do sertão, identificação que continua, pois, com o seu mérito próprio. O vale do Paraíba já estava domado pelos portugueses nas lutas que sustentaram com os Tamoios e pelo abandono do Rio de Janeiropelos franceses. Relativamente fácil foi à expedição de André de Leão ocaminhar por esse rio, vales e montes. Vai transcrita a identificação feita,por Orville Derby, no terreno e nos rios tornando por base a descriçãode W. Glymmer. [p. 293, 294, 295] • 106°. Ribeirão Pires, wiki.pt-pt.nina.az
Atualizado em 02/11/2025 04:48:46 “Os transportes em São Paulo no período colonial”, José Gonçalves Salvador ![]() Data: 1959 Créditos: José Gonçalves Salvador Página 87
• 1°. Mudança para Piratininga: Tibiriça e Caiubi Estabelecidos os primeiros colonos no litoral, onde fundaram São Vicente e Santos, transpunham logo depois as costas abruptas da serra de Paranapiacaba, vindo localizar-se no Planalto. Ao lado de Santo André da Borda do Campo surgia a 25 de janeiro de 1554 São Paulo de Piratininga. Mas durante muitas décadas haveriam seus passos de ser morosos,tardios, e de permanecer mesmo isolada de suas vizinhas do litoral, e sobretudo da Metrópole. Enorme barreira se interpunha às suas relações com a marinha: a Serra do Mar, coberta pela mata densa, o indígena que nela se ocultava, alémdas escarpas inclementes. Só à custa de muita coragem e dispêndio de energias se conseguia vencê-la, aproveitando-se, assim mesmo, de velhas trilhas abertas pelo íncola em suas descidas ao mar para buscar peixe ou sal. Afinal, a dos tupiniquins, ou do padre José, como veio a chamar-se, acabou preddminando (1) . • 2°. Ata da Câmara: Haviam animais mas não cavalgavam • 3°. Fernão Cardim sobre o caminho Estabelecidos os primeiros colonos no litoral, onde fundaram São Vicente e Santos, transpunham logo depois as costas abruptas da serra de Paranapiacaba, vindo localizar-se no Planalto. Ao lado de Santo André da Borda do Campo surgia a 25 de janeiro de 1554 São Paulo de Piratininga. Mas durante muitas décadas haveriam seus passos de ser morosos,tardios, e de permanecer mesmo isolada de suas vizinhas do litoral, e sobretudo da Metrópole. Enorme barreira se interpunha às suas relações com a marinha: a Serra do Mar, coberta pela mata densa, o indígena que nela se ocultava, alémdas escarpas inclementes. Só à custa de muita coragem e dispêndio de energias se conseguia vencê-la, aproveitando-se, assim mesmo, de velhas trilhas abertas pelo íncola em suas descidas ao mar para buscar peixe ou sal. Afinal, a dos tupiniquins, ou do padre José, como veio a chamar-se, acabou preddminando (1) . Melhorou-a Anchieta, auxiliado pelos naturais, sem a haver, contudo, modificado grandemente, pois só excepcionalmente e com indizível sacrifício podia transpô-la, agora, qualquer animal doméstico. O recurso então viável consistia no uso de pés e mãos, pelo menos na serra. Deixemos, a propósito, que fale o padre jesuíta em sua Informação de 1585. "Vão lá por umas serras tão altas que dificultosamente podem subir nenhuns animais, e os homens sobem com trabalho e às vêzes de gatinhas por não despenharem-se, e por ser o caminho tão mau e ter ruim serventia padecem os moradores e os nossos grandes trabalhos". Verdade que permaneceria com poucas atenuantes por mais uns duzentos anos. O padre Fernão Cardim, que em 1585 veio a São Paulo na companhia do visitador da Ordem dos Jesuítas, o padre Cristóvão de Gouveia, nos deixou uma descrição dessa viagem, e na qual gastaram quatro dias. Até à base da serra caminharam distância de duas léguas por água e uma por terra, pernoitando numa tejupaba (palhoça). No dia seguinte fizeram a ascenção até ao meio dia. Quando, por fim, chegaram ao cume, achavam-se "bem cansados", "sendo o caminho tão íngreme que às vêzes iam pegando com as mãos". De novo pernoitaram, e mais uma vez se puseram a caminho, "o pior que nunca haviam visto". (Página 81 e 82) A última etapa da viagem dos padres Cardim e Cristóvão de Gouveia, em 1585, fizera-se a cavalo, como dissemos, linhasatrás, sinal de que os paulistas desde cêdo se utilizaram dêssemeio. Tão bem impressionado ficara o companheiro do Visitador da Ordem, que nos legou estas expressivas declarações: "quem tem sal é rico, porque as criações não faltam" • 4°. “República”; "a quem tomasse cavalgadura alheia no campo e nela cavalgasse sem licença do dono" E caso êsses não chegassem, lembraríamos uma decisão da Câmara, datada de 14 de abril de 1590, a qual, a fim de coibir abusos, ameaçava com a "multa de duzentos réis a quem tomasse cavalgadura alheia no campo e nela cavalgasse sem licença do dono". [Página 87] • 5°. D. Francisco solicitava à Câmara providenciar a melhora e arrumação do “caminho do mar”, terrível serpenteado de trilhas que partiam da base da serra do mar e subiam até o planalto* O último, na direção norte, conduzia ao porto do Rio Tietê. Descer ao mar era ainda uma aventura das mais arriscadas, exigindo coragem e espírito de sacrifício. É verdade que o governador, D. Francisco de Souza, mandara melhorar o dito caminho em 1597 e 1598, mas nem assim podiam transitar por ele as cavalgaduras. Isto, entretanto, não impedia que uma vez ou outra surgissem na pacata vila de Piratininga mercadores forasteiros, acompanhados de seus cargueiros nativos, a trocar os artigos do comércio. • 6°. Acorria o povo a atender a provisão do Governador Geral, D. Francisco de Souza O último, na direção norte, conduzia ao porto do Rio Tietê. Descer ao mar era ainda uma aventura das mais arriscadas, exigindo coragem e espírito de sacrifício. É verdade que o governador, D. Francisco de Souza, mandara melhorar o dito caminho em 1597 e 1598, mas nem assim podiam transitar por ele as cavalgaduras. Isto, entretanto, não impedia que uma vez ou outra surgissem na pacata vila de Piratininga mercadores forasteiros, acompanhados de seus cargueiros nativos, a trocar os artigos do comércio. • 7°. Inventário e Testamento de Maria Gonçalves, em Birapoera, casas de Clemente Álvares (Ainda em 1607) Descer ao mar era ainda aventura das mais arriscadas, exigindo coragem e espírito de sacrifício. É verdade que o governador, D. Francisco de Souza, mandara melhorar o dito caminho em 1597 e 1598, mas nem assim podiam transitar por êle as cavalgaduras. Isto, entretanto, não impedia que uma vez ou outra surgissem na pacata vila de Piratininga mercadores forasteiros, acompanhados de seus cargueiros indígenas, a trocar os artigos de seu comércio. Dizemos trocar porque, realmente, não se dispunha de moedas para as transações. Nessas circunstâncias, valiam-se êles de tôdas as oportunidades para cometerem abusos, fatos contra os quais a edilidade precisou reagir. Mas também é verdade que ela os procurou favorecer, tal como se deu em 1599, inquirindo quem lhes queria fornecer "casa e mesa" , pois convinha recebê-los de quando em quando, visto fornecerem aos moradores artigos úteis, além das noticias que traziam. Os veículos de rodas constituíam então objeto raríssimo, se é que os havia. Referimo-nos aos carros de bois. É possível ter existido algum já no término do século, embora as evidências sejam vagas por demais. Sabemos que no inventário de Maria Gonçalves, mulher de Clemente Álvares, com roça em Ibirapuera, e datado de 1599, consta um ferro de arado, avaliado em 1$600, juntamente com o "carro velho", que o acompanha. Este "carro velho", contudo, outra coisa não seria senão uma das peças do arado quadrangular de rodas, semelhante ao que se usava em Portugal, sobretudo no Minho, conforme sugestão do professor Jorge Dias a Sérgio Buarque de Holanda. Lembraríamos, porém, que o caminho do Ibirapuera (Virapoeira, Burapuera, etc.) ou de Santo Amaro, passaria a chamar-se alguns anos depois o "caminho de carro" nas cartas de datas de terra. Os inventários e as atas da Câmara, auxiliares indispensáveis a tal respeito, guardam o mais absoluto silêncio, fato que nos obriga a ficar nas meras conjecturas. Não podemos deixar de nos reportar a uma prática existente em São Paulo por longo tempo: o transporte de água, especialmente para fins domésticos. As paredes de taipas, por exemplo, eram feitas de terra socada e amolecida com água que os escravos carregavam em potes e gamelas. A indústria da cerâmica estava associada de há muito às atividades do ameríndio. O precioso líquido apanhava-se nas minas, nas bicas e nos rios junto à vila. Para evitar imoralidades, determinara a Câmara em 1576 e ainda noutras ocasiões, que sômente às mulheres se permitia a freqüência aos referidos lugares. Assim viveu São Paulo durante o quinhentismo. Quase isolado, por falta de bons caminhos, de transportes convenientes e de produtos que lhe permitissem concorrer com o Nordeste. Os recursos lhe viriam do apresamento do selvícola e da venda do mesmo naquelas regiões açucareiras. Desde fins do século XVI o escravo seria objeto de tráfico intenso, além de sua serventia nas roças do Planalto. • 8°. “se vendiam mui bons cavalos, cada qual por um chapéu ou meias-calças, e as vacas andavam em almoeda, sem haver quem as quisesse por três patacas, que era a dívida pela qual se rematavam” E o padre Jácome Monteiro, que também por aquí estivera, por volta de 1607, pôde observar como "se vendiam mui bons cavalos, cada qual por um chapéu ou meias-calças, e as vacas andavam em almoeda, sem haver quem as quisesse por três patacas, que era a dívida pela qual se rematavam". Não se julgue, no entanto, que andar a cavalo ou servir-se dêle como cargueiro fôsse muito comezinho, porque não o exigiam as distâncias e nem os caminhos se prestavam para tanto. As roças ficavam perto . Os trilhos predominavam em quase tôdas as direções. Apenas quatro dêles escapavam à regra geral, em fins do século: o do mar, que partindo do Páteo do Colégio, prosseguia pela atual rua do Carmo até à várzea e dali rumava para os lados do extinto Santo André da Borba do Campo, passando antes pela ribeira do Ipiranga. O outro, dirigia-se para a aldeia de Ibirapuera, a três léguas de distância, pelo espigão que separa o Anhangabaú e o Cambucí, velha trilha palmilhada pelos indígenas, e que se transformaria no caminho para Santo Amaro, no trajeto que hoje conhecemos como rua da Liberdade, rua do Vergueiro, Domingos de Morais e Avenida Jabaquara. O terceiro, seguia para os lados da aldeia de Pinheiros e demandava os sertões de Jundiaí, "nesse tempo apenas habitado por criminosos e homiziados". [Página 87] Ainda neste século foram os rios de grande importância na vida do Planalto. Até 1610 quem quisesse ir de São Paulo para Mogí das Cruzes teria que meter-se numa canoa Tietê acima. De igual modo, quem quer que tivesse sítio ou fazenda próximo a curso navegáveis, recorria ao uso desse meio de transporte. Fabricavam os escravizados nativos à sua moda, mas com o auxílio de ferramentas introduzidas pelo europeu. [Página 92] • 9°. Desceu o Tietê expedição com Baltasar Gonçalves E o padre Jácome Monteiro, que também por aquí estivera, por volta de 1607, pôde observar como "se vendiam mui bons cavalos, cada qual por um chapéu ou meias-calças, e as vacas andavam em almoeda, sem haver quem as quisesse por três patacas, que era a dívida pela qual se rematavam". Não se julgue, no entanto, que andar a cavalo ou servir-se dêle como cargueiro fôsse muito comezinho, porque não o exigiam as distâncias e nem os caminhos se prestavam para tanto. As roças ficavam perto . Os trilhos predominavam em quase tôdas as direções. Apenas quatro dêles escapavam à regra geral, em fins do século: o do mar, que partindo do Páteo do Colégio, prosseguia pela atual rua do Carmo até à várzea e dali rumava para os lados do extinto Santo André da Borba do Campo, passando antes pela ribeira do Ipiranga. O outro, dirigia-se para a aldeia de Ibirapuera, a três léguas de distância, pelo espigão que separa o Anhangabaú e o Cambucí, velha trilha palmilhada pelos indígenas, e que se transformaria no caminho para Santo Amaro, no trajeto que hoje conhecemos como rua da Liberdade, rua do Vergueiro, Domingos de Morais e Avenida Jabaquara. O terceiro, seguia para os lados da aldeia de Pinheiros e demandava os sertões de Jundiaí, "nesse tempo apenas habitado por criminosos e homiziados". [Página 87] Ainda neste século foram os rios de grande importância na vida do Planalto. Até 1610 quem quisesse ir de São Paulo para Mogí das Cruzes teria que meter-se numa canoa Tietê acima. De igual modo, quem quer que tivesse sítio ou fazenda próximo a curso navegáveis, recorria ao uso desse meio de transporte. Fabricavam os escravizados nativos à sua moda, mas com o auxílio de ferramentas introduzidas pelo europeu. [Página 92] • 10°. Até 1610 quem quisesse ir de São Paulo para Mogí das Cruzes teria que meter-se numa canoa Tietê acima Ainda neste século foram os rios de grande importância na vida do Planalto. Até 1610 quem quisesse ir de São Paulo para Mogí das Cruzes teria que meter-se numa canoa Tietê acima. De igual modo, quem quer que tivesse sítio ou fazenda próximo a curso navegáveis, recorria ao uso desse meio de transporte. Fabricavam os escravizados nativos à sua moda, mas com o auxílio de ferramentas introduzidas pelo europeu. [Página 92] • 11°. Registro de uma carta de dada de terras a Manuel João Branco O documento fornece elementos seguros para avaliarmos das condições do Caminho do Mar nesta época, ou seja, no ano de 1717, as quais, embora péssimas, já permitia o tráfego de cavalos. Todavia, ainda durante muitas décadas o bom senso recomendava efetuar o transporte, pelo menos de cidadãos, em rêdes. É verdade que o Ouvidor Francisco da Cunha Lobo, em 1725, correspondendo-se de Santos com a Câmara paulista solicitava-lhe na carta mandasse apenas trinta índios e três cavalos a aguardá-lo no Cubatão, pois dispensava a rêde. • 12°. Em 1653, do Snr. Ouvidor Geral, determinando que todos os caminhos que saiam da vila e principalmente o do mar, se limpassem todos os anos infalivelmente Em 1653, do Snr. Ouvidor Geral, determinando que todos os caminhos que saiam da vila e principalmente o do mar, se limpassem todos os anos infalivelmente (29) . É bom lembrar que, a êsse tempo, uma nova saída existia com direção ao Caminho do Mar, partindo do "caminho de carro, ou de Santo Amaro", na altura da Cruz das Almas, e daqui seguindo pelas imediações do sítio do padre Albernaz, capela do Acurí, rumo a São Bernardo. • 13°. Não havia cavalos em Santos Não seria, difícil, então, a Matias Barbosa da Silva constatar êsse fato quando, em 1699, chegou a São Paulo, e fazer inserir em seu testamento, a favor do filho ilegítimo, que êle, Matias, não possuía à época da conceição qualquer cargo que o constituísse no grau de nobreza, isto é, não fôra cavaleiro ou escudeiro. Alega que "só vivia então de algum negócio com que andava de uma parte para outra, mas não a cavalo", que "nem o possuia, nem os havia a êsse tempo em Santos e São Paulo, de sorte que por falta dêles até os cabos de guerra e pessoas principais da terra todos andavam a pé". [Página 97] • 14°. Caminho do Mar: as quais, embora péssimas, já permitia o tráfego de cavalos Demos, a propósito, a palavra ao redator do Diário da Jornada de D. Pedro de Almeida e Portugal para nos descrever a viagem de Sua Excia. do Cubatão ao alto da serra. Diz êle: "...e partirão os vinte Indios, ou carijos com as cargas governados p.los seus oficiais, e por Pays Velozo", eprossegue: " — Pela manhã marchamos, e por não ter ainda bastante cavalos para toda a familia, foi preciso que o secretario do Governo, e Paschoal da sylva fossem em rede. A marcha foi tirana, não somente pela aspereza de Fernampiacaba que assim se chama a Serra, que logo que saímos pela manhã começamos a subir quanto por estar chovendo todo o dia, e pelos grandes lameiros, que acabada a serra encontramos, e tão infames, que nenhum da comitiva deixou de cair neles, hua e duas vezes, e que quem repetisse treteira, os das redes forão mais bem livrados neste dia, porem também tiveram o dissabor de chegarem as onze horas da noite a pousada, que eram umas casas de palma...". O documento fornece elementos seguros para avaliarmos das condições do Caminho do Mar nesta época, ou seja, no ano de 1717, as quais, embora péssimas, já permitia o tráfego de cavalos. Todavia, ainda durante muitas décadas o bom senso recomendava efetuar o transporte, pelo menos de cidadãos, em rêdes. É verdade que o Ouvidor Francisco da Cunha Lobo, em 1725, correspondendo-se de Santos com a Câmara paulista solicitava-lhe na carta mandasse apenas trinta índios e três cavalos a aguardá-lo no Cubatão, pois dispensava a rêde: [Os transportes em São Paulo no período colonial, 1958. José Gonçalves Salvador. Página 110] Levando vantagem sôbre o muar na estatura, na ligeireza do passo e no garbo do porte, o cavalo tornou-se o meio de transporte, por excelência, do negociante abastado, do fazendeiro, dos bem aquinhoados, enfim, da elite do Planalto . Assim mesmo, andou pelo sertão, esteve nas Minas e desceu muitas vêzes o Caminho do Mar. [Os transportes em São Paulo no período colonial, 1958. José Gonçalves Salvador. Página 113] • 15°. Família Laço, consultado em geneall.net
Atualizado em 02/11/2025 04:48:44 “Memória Histórica de Sorocaba, parte III”, 1965. Luís Castanho de Almeida (1904-1981)* ![]() Data: 1965 Créditos: Aluísio de Almeida Página 115
• 1°. A expedição de Raposo Tavares percorreu esse caminho (que na época correspondia ao braço principal do antigo caminho indígena do Peabiru, que ligava a atual São Vicente ao Paraná e ao Paraguai), rumo às reduções jesuíticas do Guairá, com a finalidade de captura e escravização de índios, tipo de ação que os historiadores do século XIX passaram a denominar "desbravamento" • 2°. A vila começara a estender-se além-ponte,em 1695 havia uma casinha de palha ou sapé junto à ponte A vila já começara a estender-se além-ponte, em 1695 havia uma casinha de palha ou sapé junto à ponte. • 3°. Ruas • 4°. João Luís do Passo e sua mulher Luzia de Abreu, venderam por 50.000 réis a João Correia de Oliveira uma casa de taipa e coberta de palha no além-ponte A vila já começara a estender-se além-ponte, em 1695 havia uma casinha de palha ou sapé junto à ponte. Em 1724 (Livro de Notas no Arquivo Público), João Luís do Passo e sua mulher Luzia de Abreu, venderam por 50.000 réis a João Correia de Oliveira uma casa de taipa e coberta de palha da outra banda do rio de Sorocaba para uma rua deserta, pela mão direita, tudo que se acha da borda do rio Grande para baixo até o ribeirão de Taquarivaí. É a atual avenida São Paulo e estrada de Itú. Rua deserta, uma só casa. • 5°. Camara • 6°. Futuro capitão-mor José Barros Lima construiu as suas casas à direita da ponte, dando princípio à atual rua cel. Nogueira Padilha A vila já começara a estender-se além-ponte, em 1695 havia uma casinha de palha ou sapé junto à ponte. Em 1724 (Livro de Notas no Arquivo Público), João Luís do Passo e sua mulher Luzia de Abreu, venderam por 50.000 réis a João Correia de Oliveira uma casa de taipa e coberta de palha da outra banda do rio de Sorocaba para uma rua deserta, pela mão direita, tudo que se acha da borda do rio Grande para baixo até o ribeirão de Taquarivaí. É a atual avenida São Paulo e estrada de Itú. Rua deserta, uma só casa. Mas aí por 1733 o futuro capitão-mor José Barros Lima construiu as suas casas àdireita da ponte, dando princípio à atual rua cel. Nogueira Padilha.Em 1770 e poucos, João de Almeida Pedroso aforou da Câmara por 120$ réis anuais um terreno grande que começava na casa dos Barros Lima e se limitava pela rua São Paulo e a estrada de Votorantim e assim ficou parado todo o bairro de Além-Ponte, menos a estrada e rua da Contagem ou de São Paulo que chegou até perto do Lava-Pés até o fim do século XVIII, como eram prova muitas construções de grossas taipas.O portão da rua dos Morros existia até o século passado, primeiro perto da ponte, depois na altura da atual matriz do Bom Jesus. Pouco mais ou menos de 1780 é a casa de João de Almeida Pedroso, que a fêz com ouro do Paranapanema. Depois de 1800 a chácara dividiu-se em duas, nascendo a Chácara Amarela. De ambos os lados da estrada dos Morros que as dividia em linha reta (daí o belo traçado da rua Cel. Nogueira Padilha, que começou larga por causa das tropas) existia um vale dividindo as chácaras, cujas sedes vêm vencendo o tempo, as chácaras Quinzinho de Barros e Amarela.Já pouco depois de 1732 surgem reclamações na Câmara pelo estrago das tropas na ponte, que foi reconstruída. No ano de 1818 a Câmara construiu de nôvo, um pouco acima da antiga, uma ponte de madeira. Contribuiram os "homens bons" e ricos com uma dobra e meia dobra, 25 mil réis e 12$500.Nessa época, a rua mons. João Soares e a da Penha mais a Direita (não havia a Brigadeiro Tobias, a da Penha acabando ali pela rua prof. Toledo) estavam povoadas. O sobradinho que resta na primeira (esquina da rua dr. Braguinha) é francamente do século XVIII. Ao findar essa é que a rua Direita chegou à atual Souza Pereira, ao portão do sôgro do primeiro Antônio Lopes, porque no livro do Procurador há ordem de pagar a primeira desapropriação de que se tem notícia, já com atraso, depois de 1800. • 7°. Instalado o “Registro de Sorocaba” junto a ponte do mesmo nome. Salvador de Oliveira Leme é nomeado o primeiro Administrador Até 1750, porém, os tropeiros pagavam à escolha, aqui ou em Itú, pois nesse ano Cristovão Pereira ainda providenciou livros para os assentamentos daquela vila. É que pelo Itapeva, Nhaiba, São Roque era permitido viajar para São Paulo, de forma a não passar perto de Itú. Um documento antes de 1740 fixa o caminho para São Paulo pela fazenda do padre Dr. João Leite... • 8°. Falecimento de Cristóvão Pereira de Abreu • 9°. Provisão Régia: Instituição encarregada de recolher a metade dos tributos pertencente à Casa do conselheiro ultramarino Tomé Joaquim da Costa Corte Real Falecendo Cristóvão Pereira, Jerônimo Côrte-Real o mesmo que como secretário lhe escrevera a doação assinada pelo Rei, recolheu a herança dos meios direitos, em pagamento de seus serviços à Corôa, como era uso, mas os verdadeiros heróis do caminho e seus frequentadores nada ganharam do Tesouro Público. Casa Doada é o nome da detentora dos meios direitos, pois passou em herança. Os funcionários eram os mesmos, no fim é que se acertavam as contas, repartindo o "bolo". Nem uma das metades fazia o menor serviço na estrada que era horrível. A Câmara de Sorocaba e as que foram nascendo pelo caminho, reparavam anualmente, de mão comum, após o tempo das águas, os pontilhões e trechos piores. Mais ainda. Quando a Câmara de São Paulo se viu obrigada a construir a grande ponte do rio Pinheiros, recorreu à ajuda das que aproveitavam o passo, inclusive Sorocaba. E ainda mais: Sorocaba e as outras, ajudavam a Câmara paulistana a conservar o terrível caminho do Cubatão. A Casa Doada não seria doada, se fizesse algo... • 10°. Supiriri A dificuldade não diminui quando para os anos de 1766 em diante se podem consultar os recenseamentos, porque diziam apenas "vive de seus negócios". Acontece que não havia legista que não empregasse suas rendas nesse jôgo arriscado, mesmo porque as vendas no varêjo eram a crédito em boa parte, e o crédito existia para as pessoas envolvidas nessas "agências". • 11°. João de Almeida Pedroso aforou da Câmara por 120 réis anuais um terreno grande que começava na casa dos Barros Lima Em 1770 e poucos, João de Almeida Pedroso aforou da Câmara por 120-réis anuais um terreno grande que começava na casa dos Barros Lima e se limitava pela rua São Paulo e a estrada de Votorantim e assim ficou parado todo o bairro de Além-Ponte, menos a estrada e rua da Contagem ou de São Paulo que chegou até perto do Lava-Pés até o fim do século XVIII, como eram prova muitas construções de grossas taipas. O portão da rua dos Morros existia até o século passado, primeiro perto da ponte, depois na altura da atual matriz do Bom Jesus. [p. 118] • 12°. Construção da capela Nossa Senhora Aparecida de Piragibú De 1785, segundo o Livro do Tombo, é a capela de Nossa Senhora Aparecida de Piragibú, bairro que hoje se chama só Aparecida. [Página 129] • 13°. No ano de 1818 a Câmara construiu de novo, um pouco acima da antiga, uma ponte de madeira. Contribuíram os "homens bons" e ricos com uma dobra e meia dobra, 25 mil réis e 12$500. No ano de 1818 a Câmara construiu de nôvo, um pouco acima da antiga, uma ponte de madeira. Contribuíram os "homens bons" e ricos com uma dobra e meia dobra, 25 mil réis e 12$500. Nessa época, a rua mons. João Soares e a da Penha mais a Direita (não havia a Brigadeiro Tobias, a da Penha acabando ali pela rua prof. Toledo) estavam povoadas. O sobradinho que resta na primeira (esquina da rua dr. Braguinha) é francamente do século XVIII. Ao findar essa é que a rua Direita chegou à atual Souza Pereira, ao portão do sôgro do primeiro Antônio Lopes, porque no livro do Procurador há ordem de pagar a primeira desapropriação de que se tem notícia, já com atraso, depois de 1800. • 14°. Rua da Margem A rua que depois de 1805 ficou se chamando do Hospital, continuava até o rio e os animais podiam sair na ponte, mas por essa época os ricos proprietários da rua Sousa Pereira levaram seus quintais até a margem, precisando a Câmara abrir de nôvo a rua da Margem lá por 1835, é verdade que sem pagar. Dessa rua desciam dois caminhos para o Supirirí que com o da rua Padre Luís se reuniam no Caminho Fundo, única saída para Ipanema e Pôrto Feliz e os bairros do Ipatinga e Terra Vermelha. Todo o Supirirí era mato, depois capoeira, enfim brejo, onde a saparia coaxava...Não é fácil relatar os nomes, já não digo dos peões e domadores anônimos que moravam em ranchos de Sapé, de graça, nos campos reúnos, mas os dos primeiros sorocabanos que foram buscar bestas nos campos do sul, parece fora de dúvida, que foram membros da família Antunes Maciel, mostrando que mesmo genealogicamente a sucessão do bandeirante foi recolhida pelo tropeiro. [Página 121]
Atualizado em 02/11/2025 04:48:42 Revista do Arquivo Municipal de São Paulo CLXXVI. Prefeitura do Município de SP ![]() Data: 1969 Página 60
• 1°. Caminho da Serra* Capistrano de Abreu já ensinava que os paulistas começaram a descer o Tietê desde os primeiros tempos, provavelmente na primeira metade do século XVI, logo depois de 1532, quando a mando de Martim Afonso foi fundada Piratininga. Alguns subiram os afluentes do Tietê, “o Juqueri, o Jundiaí, o Piracicaba, o Sorocaba. Outros foram até o Paraná”, diz o mestre. • 2°. Casamento de Afonso Sardinha, "o Velho", e Maria Gonçalves (filha do Mestre Bartholomeu Gonçalves e Antônia Rodrigues, “a índia”) Em 1615 devia Afonso Sardinha contar mais de oitenta anos de idade, pois contráira matrimônio em 1510 (o ano correto é 1550), isto é, sessenta e cinco anos antes, quando então não deveria ter menos de dezoito anos. Talvez julgando estar próximo o fim de seus dias, a 9 de julho fêz apresentar-se no mosteiro da Companhia de Jesus o tabelião da vila de São Paulo, para mais uma vez, lavrar seu testa mento, anulando aquele outro escrito vinte e três anos antes. quando partira para a guerra. Naquela igreja, “ diante do altar de Nossa Senhora da Graça, perante testemunhas, ele e Maria Gonçalves declararam. • 3°. Nascimento de Balthazar Fernandes • 4°. Fundação da Usina de Ferro do Vale das Furnas Da consulta aos Inventários e Testamentos, à Genealogia Paulistana de Silva Leme, aos Apontamentos Históricos de Azevedo Marques, à Nobiliarquia de Pedro Taques, às obras de Américo de Moura e de Carvalho Franco, estão identificados os seguintes filhos do casal Manuel Fernandes Ramos e Suzana Dias, dos quinze filhos vivos em 1589:1 - André Fernandes2 - Balthazar Fernandes3 - Domingos Fernandes4 - Pedro Fernandes5 - Custódia Dias6 - Angela Fernandes7 - Benta Dias8 - Maria Machado9 - Margarida Dias10 - Catarina Dias11 - Francisco Dias12 - Paula Fernandes13 - Agostinha Dias • 5°. Por patente entre a 2 de maio de 1592, foi entregue a Afonso Sardinha, em substituição a Jorge Correa, o lugar de capitão-mór, pois que a vila estava ameaçada pelo nativo Nessa incerteza em que andavam desde que em 1592 fôra Afonso Sardinha nomeado capitão da gente da vila, ora aprontando-se para partirem desde logo; ora aguardando que o capitão mór os viesse acompanhar na entrada contra os índios do sertão do Mogí, ora a indagar se receberiam auxílio dos de Santos e de São Vicente ou se o pediriam aos do Rio de Janeiro, reuniram-se mais uma vez a 22 de maio de 1595 aqueles angustiados moradores da vila de São Paulo de Piratininga. [p. 607, 608] • 6°. Requeria a suas mercês os mandassem tapar e entupir, a saber, mandasse a Susana Dias que entupisse duas covas que estão na praça que seu filho Francisco Dias fez seu filho Francisco Dias fez e um beco que esta junto com ela Segundo Américo de Moura, Antônio Rodrigues teria o mesmo nome de seu pai, o que explica os dois nomes Antônio Rodrigues e Garcia Rodrigues em documentos diferentes, referindo-se à mesma pessoa. De qualquer maneira, Antônio Rodrigues estaria identificado como genro de Susana Dias, por uma ata de 17 de julho de 593, e que é empossado como almotacel e citado pelo escrivão Belchior da Costa como "genro de Suzana Dias". Francisco Dias está perfeitamente identificado por uma ata de 17 de julho de 1593, a propósito de "bequos e covas destampadas", da seguinte maneira: "... requeria a suas mercês os mandassem tapar e entupir, a saber, mandasse a Susana Dias que entupisse duas covas que estão na praça que seu filho Francisco Dias fez seu filho Francisco Dias fez e um bequo que esta junto com ela..." [p. 175] • 7°. Oficiais da Câmara e outras pessoas da governança, lembrando o procurador a Afonso Sardinha “o recado do senhor capitão para estarem todos prestes para a guerra". Ao procurador parecia que tendo Afonso Sardinha "ordem para vigiar os nativos”, não fora isso necessário por não se haver “apresentado gente do sertão”, convindo agora fazê-lo “indo vinte homens brancos a ver o que passava até oo Pirapitinguí” partindo outros a “vigiarem até Sabaúma” Em vindo o ano de 1594, reuniram-se a 13 de fevereiro os oficiais da Câmara e outras pessoas da governança, lembrando o procurador a Afonso Sardinha "o recado do senhor capitão para estarem todos prestes para a guerra". Ao procurador parecia que tendo Afonso Sardinha "ordem para vigiar os nativos", não fora isso necessário por não se haver “apresentado gente do sertão”, convindo agora fazê-lo “indo vinte homens brancos a ver o que passava até o Pirapitinguí” partindo outros a “vigiarem até Sabaúma”. [Página 59 e 60] • 8°. Troca entre chãos que Garcia tinha recebido de seu pai e mãe falecidos, com outros de Antonio de Siqueira, morador de Santos • 9°. Antonio Rodrigues vendeu chãos defronte ao pelourinho a Marcos Sanches de Paredes (Manuel Ramos falecido) O mesmo documento que citamos acima, datado 30 de junho de 1594, talvez identifique mais um filho de Manuel Fernandes Ramos e Susana Dias, de nome Manuel Dias Machado. Na carta de venda das casas de Antônio Rodrigues assinam como testemunhas seu cunhado Domingos Fernandes e um outro cunhado, Manuel Dias Machado, morador Rio de Janeiro. [p. 175] • 10°. Diogo de Lara assinou na Câmara A 5 de fevereiro de 1595 reunia-se a Câmara para que tratassem "das coisas pertencentes ao bem comum e principalmente sobre um mandado do provedor Pero Cubas em que manda apregar nesta vila que todos os moradores e estantes desta vila fossem ou mandassem levar todas as peças índios e índias e escravos desta guerra de Bougi e de outras guerra e entradas...". • 11°. Aguardando que o capitão-mór os viesse acompanhar na entrada contra os nativos do sertão do Mogí, ora a indagar se receberiam auxílio dos de Santos e de São Vicente ou de pediriam aos do Rio de Janeiro, reuniram-se mais uma vez a 22 de maio de 1595 aqueles angustiados moradores da vila de São Paulo de Piratininga Nessa incerteza em que andavam desde que em 1592 fôra Afonso Sardinha nomeado capitão da gente da vila, ora aprontando-se para partirem desde logo; ora aguardando que o capitão mór os viesse acompanhar na entrada contra os índios do sertão do Mogí, ora a indagar se receberiam auxílio dos de Santos e de São Vicente ou se o pediriam aos do Rio de Janeiro, reuniram-se mais uma vez a 22 de maio de 1595 aqueles angustiados moradores da vila de São Paulo de Piratininga. Alí estavam na Câmara juízes e vereadores e o procurador do Concelho, com o capitão Afonso Sardinha à frente, e alguns homens da governança da terra e outros moradores. Queriam saber se era bem requererem ao capitão mór Jorge Correia, também presente, que "se fizesse guerra com brevidade" e se conveniente seria impedirem a ida de uma canoa que o mesmo capitão queria enviar ao Rio de Janeiro, tendo em vista "a dilação" que daí proviria, pela distância que os separava. E que se os moradores de Santos e de São Vicente não quisessem vir, que Jorge Correia acompanhasse o povo de São Paulo ao qual se juntariam os moradores de Itanhaém e índios da terra. Houve o capitão mór de prometer que "com brevidade faria a dita guerra e não levaria mão dela e nem sairia da vila", mas desenhava, para garantia e "satisfação de seu cargo e ofício", dessem-lhe um documento de todo o combinado. Concordaram os oficiais da Câmara, assinando eles e mais Afonso Sardinha. Não consignam os documentos ou sejam as atas da Câmara, quando e quais as peripécias dessa entrada dos paulistas, ocasião em que teriam desbaratado o índio que os ameaçava e lhes roubava principalmente a tranquilidade. Consta da patente passada por dom Francisco de Souza a favor de Sebastião de Freitas, armado cavaleiro, que acompanhara no ano de 1594, "ao capitão Jorge Correia ao sertão desta capitania a dar guerra ao gentio inimigo... vindo a esta vila de São Paulo a dar-lhe guerra e pô-lo em cêrco". • 12°. Tem minas de ouro de lavagem nas chamadas de Vuturuna, em cuja terra as descobrio no anno de 1597 o Paulista Afonso Sardinha, como fica referido Em 1597, acompanhado pelo filho e com a colaboração de Clemente Alvares, acharia a iniciaria a mineração de ouro de lavagem nas serras de Jaguamimbaba e Jaraguá, em São Paulo e na de Ivuturuna em Parnaíba. Daí o avolumar-se sua opulência. • 13°. Acorria o povo a atender a provisão do Governador Geral, D. Francisco de Souza Acorria o povo, a 8 de março de 1598 a atender a provisão do Governador Geral, D. Francisco de Souza para que, com os moradores da vila de Santos, fossem fazer o caminho do mar, discutindo se o trabalho seria "de mão comum", se fintado o povo ou pagando a quem o desejasse. • 14°. Doze dias após Afonso Sardinha à Câmara, onde novamente tratavam do mesmo assunto e quando, a bem do povo, deliberaram sobre o quanto havia de custar a carne fresca do porco, que tabelaram a "quatorze réis o macho e a fêmea a doze réis e a da vaca fresca a duzentos réis a arroba", confirmando as posturas relativas ao gado e continuando proibida sua venda para Santos, sem licença da Câmara Doze dias após Afonso Sardinha à Câmara, onde novamente tratavam do mesmo assunto e quando, a bem do povo, deliberaram sobre o quanto havia de custar a carne fresca do porco, que tabelaram a "quatorze réis o macho e a fêmea a doze réis e a da vaca fresca a duzentos réis a arroba", confirmando as posturas relativas ao gado e continuando proibida sua venda para Santos, sem licença da Câmara. • 15°. Afonso Sardinha e seu filho Pedro fazem parte do regimento dado ao administrados das minas para que descobrisse as minas Anos depois, chegaria ao conhecimento de dom Francisco de Souza, o 7° governador geral do Brasil, por volta de 1598, a descoberta de pai e filho. Iniciava-se o século XVII com a chegada deste à vila de São Paulo donde partia para Araçoiaba a ver as jazidas. Ia acompanhado de vistoso séquito, a visitar a fábrica dos Sardinhas, acompanhado pelo mais moço deles. No ano anterior para lá enviara o perito Diogo Gonçalves Lasso, a fim de que examinasse os descobrimentos, tendo o técnico chegado a Piratininga a 13 de maio de 1598, na qualidade de Administrador das Minas e Capitão da vila. Era ele portador de um regimento que posteriormente lhe dera o Governador Geral, datado de 10 de setembro de 1601, onde determinava que não consentisse "que pessoa alguma possa ir às minas já descobertas nem tratem de descobrir outras, salvo Afonso Sardinha o velho e Afonso Sardinha o moço, aos quais deixo ordem do que neste particular poderão fazer que vos mostrarão por serem os ditos descobridores e pessoas que bem o entendem", evidenciando o prestígio que ambos desfrutavam junto ao poder governante. • 16°. sardinha A partir de então continuara ele afastado da administração da vila, só comparecendo aos ajuntamentos, quando a 25 de novembro de 1601, foi incluído no rol organizado para "se fazer um capitão, conforme ao regimento do senhor governador". Por mais cinco anos permaneceria Sardinha na obscuridade, cuidando tão somente de seus negócios particulares. • 17°. Oficiais da Câmara ainda reclamavam que Afonso Sardinha, o pai • 18°. Sardinha é eleito vereador* • 19°. Terras No ano seguinte veria Afonso Sardinha aumentada suas propriedades. Tendo requerido a Gaspar Conqueiro, capitão e ouvidor com alçada em São Vicente, loco tenente de Lopo de Souza, que como morador antigo da capitania, que em tudo servira a el-Rei e pronto estava para outra vez o fazer, desse-lhe "uns alagadiços e campos", situados ao longo do rio "Jerobatiba", de ambos os lados, onde tinha sua fazenda e um trapiche de açúcar, deferindo-lhe o ouvidor ao que pedia, mandando passar-lhe a respectiva carta em data de 3 de novembro de 1607. • 20°. Fundição criada por Afonso Sardinha no morro Ipanema para de funcionar • 21°. Doação da Aldeia de Carapicuíba feita por Afonso Sardinha e sua mulher Maria Gonçalves • 22°. Falecimento de Suzana Dias Dessa maneira, embora não se sabia a idade exata de cada um deles, ficam identificado treze, dos quinze filhos a que se refere Suzana Dias em seu testamento datado de 1628, ditado na casa de Baltazar Fernandes Alvarenga, como testamenteiro de sua mãe, em Santa Ana de Parnaíba. • 23°. Balthazar Fernandes deixa o Uruguai com cerca de 400 escravizados* Balthazar Fernandes foi companheiro de seu irmão André em 1613 na expedição para o sertão goiano, e, como ele também foi para o Rio Grande do Sul de 1637 a 1639, trazendo de suas expedições, centenas de nativos. Tornando-se extremamente rico, de acordo com seu inventário, foi proprietário de doze sesmarias em terras do então município de Parnaíba, ao qual pertenciam as terras que formariam posteriormente os municípios de Itu e Sorocaba. Com grandes plantações de algodão e trigo, tinha a seu serviço, mais de quatrocentos nativos. Em Parnaíba também se dedicou à fundição de ferro, onde tinha um engenho que foi sequestrado em 1645. • 24°. Tomada da fundição de Balthazar Fernandes e sua possível chegada a Sorocaba Tornando-se extremamente rico, de acordo com seu inventário, foi proprietário de doze sesmarias em terras do então município de Parnaíba, ao qual pertenciam as terras que formariam posteriormente os municípios de Itu e Sorocaba. Com grandes plantações de algodão e trigo, tinha a seu serviço, mais de quatrocentos nativos. Em Parnaíba também se dedicou à fundição de ferro, onde tinha um engenho que foi sequestrado em 1645. • 25°. Balthazar Fernandes se estabeleceu definitivamente na região, com família e 380 escravizados* Balthazar Fernandes foi companheiro de seu irmão André em 1613 na expedição para o sertão goiano, e, como ele também foi para o Rio Grande do Sul de 1637 a 1639, trazendo de suas expedições, centenas de nativos. Tornando-se extremamente rico, de acordo com seu inventário, foi proprietário de doze sesmarias em terras do então município de Parnaíba, ao qual pertenciam as terras que formariam posteriormente os municípios de Itu e Sorocaba.Com grandes plantações de algodão e trigo, tinha a seu serviço, mais de quatrocentos nativos. Em Parnaíba também se dedicou à fundição de ferro, onde tinha um engenho que foi sequestrado em 1645. • 26°. Balthazar Fernandes: Culpado ou Inocente?
Atualizado em 02/11/2025 04:48:40 “Visão do Paraíso - Os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil”. Sérgio Buarque de Holanda ![]() Data: 1959 Créditos: Sérgio Buarque de Holanda Páginas 70 e 71
• 1°. Mapa de Andrèa Bianco • 2°. Colombo Ainda em 1436, o mapa de Andrèa Bianco, provavelmente conhecido de Colombo, mostra, ao lado do Paraíso, numa península projetada do oriente da Ásia, homens sem cabeça e com olhos e a boca no peito. A Índia verdadeira, Índia Maior, como lhe chamavam antigos geógrafos e que o Almirante presumia ter alcançado, tanto que escrevera, ainda em 1503, aos Reis Católicos que certa região por ele descoberta ficava a dez jornadas do Ganges, era, dada a notoriedade de seus tesouros e mistérios, um dos lugares favorecidos pela demanda do sítio do Éden. [Páginas 22 e 23] • 3°. Martin Waldseemüller chega a converter em “pagus S. Paulli ”, originando a hipótese de que se acharia ali o mais antigo povoado europeu no Brasil onde ficara a impressão das pisadas, para consigo levarem as raspasem relicários. Foi, em parte, a êsse hábito que, segundo o autor daCrônica da Companhia, se deveu o desgaste das ditas rochas, até aopaulatino desaparecimento das pegadas que já nos meados do séculoXVII eram invisíveis, pôsto que a lembrança delas ainda a guardassemos antigos. Além disso era sua existência atestada em certas cartas dedoação, onde se lia por exemplo: "Concedo uma data de terra sita naspegadas de São Tomé, tanto para tal parte, tanto para outra[ .... ]"10•A relação dos milagres do apóstolo, aqui como na índia, nãofica, porém, nisso, e sua notícia não nos chegou unicamente atravésdos padres missionários. Ao próprio Anthony Knivet, tido por herege,que em certo lugar chamado Itaoca ouvira dos naturais ter sido alio lugar onde pregara São Tomé, mostraram perto do mesmo sítio umimenso rochedo, que em vez de se sustentar diretamente sôbre o solo,estava apoiado em quatro pedras, pouco maiores, cada uma, do queum dedo. Disseram-lhe os índios que aquilo fôra milagre e que arocha era, de fato, uma peça de madeira petrificada. Disseram mais,que o apóstolo falava aos peixes e dêstes era ouvido. Para a parte domar encontravam-se ainda lajedos, onde o inglês pudera distinguirpessoalmente grande número de marcas de pés humanos, todos de igualtamanho li. Parece de qualquer modo evidente que muitos pormenores dessaespécie de hagiografia do São Tomé brasileiro se deveram sobretudoà colaboração dos missionários católicos, de modo que se incrustaram,afinal, tradições cristãs em crenças originárias dos primitivos moradores da terra. Que a presença das pegadas nas pedras se tivesseassociado, entre êstes, e já antes do advento do homem branco, àpassagem de algum herói civilizador, é admissível quando se tenha emconta a circunstância de semelhante associação se achar disseminadaentre inúmeras populações primitivas, em todos os lugares do mundo.E é de compreender-se, por outro lado, que entre missionários e catequistas essa tendência pudesse amparar o esfôrço de conversão dogentio à religião cristã. Não admira, pois, se a legenda "alapego de sam paulo", que numadas mais antigas representações cartográficas do continente sul-americano, a de Caverio, aparentemente de 1502, se acha colocada emlugar aproximadamente correspondente à bôca do Rio Macaé, no atualEstado do Rio de Janeiro e que, em 1507, Waldseemüller chega aconverter em "pagus S. Paulli", originando a hipótese de que se achariaali o mais antigo povoado europeu no Brasil, levasse pelo menos umestudioso e historiador à idéia de que a outro apóstolo cristão, alémde São Tomé, se associassem as impressões de pés humanos encontradas em pedras através de várias partes do Brasil e ligadas pelosíndios à lembrança ancestral de algum personagem adventício que, ao lado de revelações sobrenaturais, lhes tivesse comunicado misteres maiscomezinhos, tais como o plantio, por exemplo, e a utilização da mandioca 12. Essas especulações foram reduzidas a seus verdadeiros limites,desde que Duarte Leite, aparentemente com bons motivos, explicoucomo a discutida palavra "alapego" não passaria de simples corrupçãode "arquipélago", alusivo à pequena Ilha de Sant´Ana, em frente à fozdo Macaé e a algumas ilhotas circunvizinhas. Em realidade a identificação de rastros semelhantes no ExtremoOriente, que os budistas do Cambodge atribuíam a Gautama, o seu"preah put" como lhe chamam, e os cristãos a São Tomé, de onde odizerem vários cronistas que uns e outros os tinham por coisa sua,não deveria requerer excessiva imaginação de parte das almas naturalmente piedosas no século XVI. A prova está em que, ainda em 1791, missionários franceses do Cambodge se deixarão impressionar também pela possibilidade da mesma aproximação. Em carta daquela data,escrita por Henri Langenois, um dêsses missionários, encontra-se, por exemplo, o seguinte trecho, bem ilustrativo : "Há alguns anos, nosso chefe Capo de Orta, tendo ido a Ongcor vat, perto do sítio onde estamos, mais para o norte, disse-lhe o grande bonzo: Cristão, vês essa estátua de um homem prosternado em frente ao nosso preah put(é o nome de seu falso deus)? Chama-se Chimé. Que significa aquela marca de uma planta de pé impressa em suas costas? Foi por não querer reconhecer e adorar a divindade de nosso preah put, que a tanto o forçou êsse pontapé. Ora, como se afirma que São Tomé Dídimo passou para a China através do Ongcor, não estaria aqui ahistória de suas dúvidas sôbre a Ressurreição e, depois, da adoração de Nosso Senhor Jesus Cristo?"14. Sumé no Brasil; Chimé em Angcor, nomes que aparecem relacionados, um e outro, a impressões de pegadas humanas, que tanto noOriente, como aqui, se associavam, por sua vez, às notícias do aparecimento em remotas eras de algum mensageiro de verdades sobrenaturais, essas coincidências podem parecer deveras impressionantes.Não seria difícil, pelo menos na órbita da espiritualidade medieval equinhentista, sua assimilação à lembrança de um São Tomé apóstolo,que os autores mais reputados pretendiam ter ido levar às partes da1ndia, a luz do Evangelho cristão. Não só as pisadas atribuídas aosanto, mas tudo quanto parecesse assinalar sua visita e pregação aosíndios da terra. Em Itajuru, perto de Cabo Frio, existiu outrora umpenedo grande, amolgado de várias bordoadas, sete ou oito para cima,como se o mesmo bordão dera com fôrça em branda cêra, por seremiguais as marcas, e os naturais do lugar faziam crer que viriam do [p. 109, 110] • 4°. A primeira versão conhecida dessa presença do discípulo de Jesus em terras americanas encontra-se, com efeito, na chamada Nova Gazeta Alemã, referente, segundo se sabe hoje, à viagem de um dos navios armados por Dom Nuno Manuel Pode dar-se idéia de celeridade com que se difundiu a lenda do \\windows-pd-0001.fs.locaweb.com.br\WNFS-0002\brasilbook3\Dados\resumos\apostolado\apostolado.txtie São Tomé nas índias, e não apenas nas índias Orientais, lembrando como, em 1516, quando Barbosa acabou de escrever seu livro, já se falava em sua estada na costa do Brasil. A primeira versão conhecida dessa presença do discípulo de Jesus em terras americanas encontra-se, com efeito, na chamada Nova Gazeta Alemã , referente, segundo se sabe hoje, à viagem de um dos navios armados por Dom Nuno Manuel, Cristóvão de Haro e outros, que a 12 de outubro de 1514 aportava, já de torna-viagem, à Ilha da Madeira. Dos dados que o autor da Gazeta pôde recolher a bordo e mandar em seguida a um amigo de Antuérpia, constava a existência naquela costa de uma gente de muito boa e livre condição, gente sem lei, nem rei, a não ser que honram entre si aos velhos. Contudo, até àquelas paragens tinha chegado a pregação evangélica e dela se guardava memória entre os naturais. “Eles têm recordação de São Tomé”, diz o texto. E adianta: “Quiseram mostrar aos portugueses as pegadas de São Tomé no interior do país. Indicam também que têm cruzes pela terra adentro. E quando falam de São Tomé, chamam-lhe o Deus pequeno, mas que havia outro Deus maior”. “No país chamam freqüentemente a seus filhos Tomé.” A presunção, originária das velhas concepções colombinas, e que a cartografia contemporânea nem sempre se mostrara solícita em desfazer, de uma ligação por terra entre o Novo Continente e a Ásia, facilitava grandemente essa idéia de que à América e ao Brasil, particularmente, se estendera a pregação de São Tomé Apóstolo. Na própria Gazeta acha-se refletida essa idéia, onde se lê que o piloto da nau portadora das notícias, presumivelmente o célebre João de Lisboa, já afeito à carreira da índia, não acreditava achar-se o cabo e terra do Brasil a mais de seiscentas milhas de Malaca, e pensava até que em pouco tempo, e com grande vantagem para el-rei de Portugal, se poderia navegar do Reino até aquelas partes. “Achou também que a terra do Brasil continua, dobrando, até Malaca.” E presume o autor que esse fato favorece a crença na vinda do apóstolo a estas partes. “É bem crível”, diz, “que tenham lembrança de São Tomé, pois é sabido que está corporalmente por trás de Malaca: jaz na Costa de Siramath, no Golfo de Ceilão.” O crédito universal do motivo da impressão dos pés humanos, a que provavelmente não seriam alheios os nossos índios, a julgar pelos testemunhos de numerosos cronistas, dava ainda mais corpo à idéia. Aos europeus recém-vindos tratavam logo os naturais de mostrar essas impressões, encontradas em várias partes da costa. Simão de Vasconcelos, por exemplo, refere-nos como as viu em cinco lugares diferentes: para o norte de São Vicente; em Itapoã, fora da barra da Baía de Todos os Santos; na praia do Toqué Toqué, dentro da mesma barra; em Itajuru, perto de Cabo Frio, e na altura da cidade de Paraíba, a sete graus da parte do sul, para o sertão. Neste último lugar, com um penedo solitário, achavam-se duas pegadas de um homem maior e outras duas menores, de onde tirou o jesuíta que não andaria só o apóstolo e reporta-se, aqui, a São João Crisóstomo tanto quanto ao Doutor Angélico, segundo os quais se fazia ele acompanhar, em geral, de outro discípulo de Cristo: “as segundas pegadas menores”, escreve, “devem ser deste” 5. Por sua vez, Frei Jaboatão, dos Frades Menores, diz que no lugar do Grojaú de Baixo, sete léguas distante do Recife de Pernambuco, vira gravada a estampa de um pé, e era o esquerdo, “tão admiravelmente impresso, que à maneira de sinete em líquida cera, entrando com violência pela pedra, faz avultar as fímbrias da pegada, arregoar a pedra e dividir os dedos, ficando todo o circuito do pé a modo que se levanta mais alto que a dita pedra sobre que está impressa a pegada” 6 . Admite que sem embargo de atribuir-lhe a fama do vulgo a São Tomé, seria antes de um menino que andasse em sua companhia, porventura seu anjo da guarda. E a causa da suspeita estava na pequenez da impressão, que mostrava ser de um menino de cinco anos, com pouca diferença. • 5°. Referências dos nativos a São Tomé aparecerem na “Nova Gazeta da Terra do Brasil” Pode dar-se ideia de celeridade com que se difundiu a lenda do apostolado de São Tomé nas Índias, e não apenas nas Índias Orientais, lembrando, como, em 1516, quando Barbosa acabou de escrever seu livro já se falava em sua estada na costa do Brasil. A primeira versão conhecida dessa presença do discípulo de Jesus em terras americanas encontra-se, com efeito, na chamada Nova Gazetta Alemã, referente, segundo se sabe hoje, à viagem de um dos navios armados por D. Nuno Manuel, Cristóvão de Haro e outros, que a 12 de outubro de 1514 aportava, já de torna-viagem, á Ilha da Madeira. Dos dados que o autor da Gazeta pôde recolher a bordo e mandar em seguida a um amigo de Antuérpia, constava a existência naquela costa de uma gente de muito boa e livre condição, gente sem lei, nem rei, a não ser que honram entre si aos velhos. Contudo, até àquelas paragens tinha chegado a pregação evangélica e dela se guardava memória entre os naturais. "Eles tem recordação de São Tomé", diz o texto. E adianta: "Quiseram mostrar aos portugueses as pegadas de São Tomé no interior do país. Indicam também que tem cruzes pela terra adentro. E quando falam de São Tomé, chamam-lhe o Deus pequeno, mas que havia outro Deus maior". "No país chamam frequentemente seus filhos Tomé." A presunção, originária das velhas concepções colombinas, e que a cartografia contemporânea nem sempre se mostrara solícita em desfazer, de uma ligação por terra entre o Novo Continente e a Ásia, facilitava grandemente essa idéia de que à América e ao Brasil, particularmente, se estendera a pregação de São Tomé Apóstolo. Na própria Gazeta acha-se refletida essa idéia, onde se lê que o piloto da nau portadora das notícias, presumivelmente o célebre João de Lisboa, já afeito à carreira da índia, não acreditava achar-se o cabo e terra do Brasil a mais de seiscentas milhas de Malaca, e pensava até que em pouco tempo, e com grande vantagem para el-rei de Portugal, se poderia navegar do Reino até aquelas partes. “Achou também que a terra do Brasil continua, dobrando, até Malaca.”. E presume o autor que esse fato favorece a crença na vinda do apóstolo a estas partes. “É bem crível”, diz, “que tenham lembrança de São Tomé, pois é sabido que está corporalmente por trás de Malaca: jaz na Costa de Siramath, no Golfo de Ceilão.” [Páginas 135 e 136] À fé comum dos índios Tupi poderia o cronista da Companhia juntar a de muitos descobridores e conquistadores brancos do Novo Mundo. O próprio Colombo não começara por ver no Pária, precisamente ao norte da Amazônia, em lugar que Schõner, no seu Globo de 1515, chega a identificar com o Brasil - Paria sive Brasília - a verdadeira porta do Éden? E não lhe parece tão bom como o do Fison o ouro que na mesma terra se criava? Mais tarde, sob a forma de Eldorado, se deslocaria esse paraíso colombino para a Guiana e para o rio de Orellana. Nem faltariam argumentos ainda mais respeitáveis, apoiados estes em escritos de teólogos antigos e modernos, a favor da crença dos que situassem o sagrado horto no coração do Brasil, e de preferência na Amazônia. Observa Vasconcelos que muitos daqueles teólogos, entre eles o próprio São Tomás de Aquino, teriam colocado o Paraíso debaixo da linha equinocial, cuidando que era a parte do mundo mais temperada (...) [Página 173] Confirmadas, bem ou mal, as notícias obtidas pela expedição lusitana de 1514 e documentadas na Nova Gazeta acerca das terras do ouro e prata, não tardariam muito em manifestar-se os ciúmes e divergências nacionais em torno de sua posse. Entre as Coroas de Portugal e Castela, que eram as diretamente interessadas, conduziu-se a polêmica sem acrimônia visível, como convinha a casas reais tão intimamente aparentadas, e no entanto com obstinada firmeza. A esperança dos maravilhosos tesouros, alvo de todas as ambições, dissimulava-se naturalmente sob raciocínios mais confessáveis, de sorte que não vinham à tona senão argumentos como o da demarcação ou o da prioridade. Não menos do que os castelhanos, presumiam-se os portugueses favorecidos, neste caso, pela linha de Tordesilhas, chegando mesmo a reivindicar todo o litoral que se estende até o estuário platino ou mais ao sul. E quem provaria a sem-razão dessas pretensões? Quanto ao problema das prioridades eram capazes de apresentar argumentos ainda mais impressionantes. [Página 91] • 6°. São Thomé Pode dar-se ideia de celeridade com que se difundiu a lenda do apostolado de São Tomé nas Índias, e não apenas nas Índias Orientais, lembrando, como, em 1516, quando Barbosa acabou de escrever seu livro já se falava em sua estada na costa do Brasil. A primeira versão conhecida dessa presença do discípulo de Jesus em terras americanas encontra-se, com efeito, na chamada Nova Gazetta Alemã, referente, segundo se sabe hoje, à viagem de um dos navios armados por D. Nuno Manuel, Cristóvão de Haro e outros, que a 12 de outubro de 1514 aportava, já de torna-viagem, á Ilha da Madeira. Dos dados que o autor da Gazeta pôde recolher a bordo e mandar em seguida a um amigo de Antuérpia, constava a existência naquela costa de uma gente de muito boa e livre condição, gente sem lei, nem rei, a não ser que honram entre si aos velhos. Contudo, até àquelas paragens tinha chegado a pregação evangélica e dela se guardava memória entre os naturais. "Eles tem recordação de São Tomé", diz o texto. E adianta: "Quiseram mostrar aos portugueses as pegadas de São Tomé no interior do país. Indicam também que tem cruzes pela terra adentro. E quando falam de São Tomé, chamam-lhe o Deus pequeno, mas que havia outro Deus maior". "No país chamam frequentemente seus filhos Tomé." [Páginas 135 e 136] • 7°. Real Cédula de D. Joana • 8°. Carta do embaixador Juan de Çúñiga a Carlos V* • 9°. Partida • 10°. Subiram o rio* • 11°. Uma carta do embaixador João da Silveira a Dom João III era portadora de notícias alarmantes* • 12°. A denominação Santa Catarina aparece, pela primeira vez, no mapa-mundi de Diego Ribeiro • 13°. Diário de Pero Lopes Francisco de Chaves, morador antigo de Cananéia e possivelmente um dos que ficaram em terra da nau San Gabriel de Dom Rodrigo de Acuna, se não mesmo um dos náufragos da armada de Solis, e neste caso, antigo companheiro de Henrique Montes e Aleixo Garcia, aparece no Diário da Navegação de Pero Lopes, a propósito da jornada que mandou Martim Afonso de Cananéia terra adentro em busca do metal precioso. Para tanto seguira Pero Lobo a 1 de setembro de 1531 com quarenta besteiros e quarenta espingardeiros, guiados pelo mesmo Chaves, que “se obrigava que em dez meses tornara ao dito porto com quatrocentos escravos carregados de prata e ouro”. Pode dizer-se que cronologicamente é essa a primeira grande entrada paulista de que existe documentação. [p. 98] • 14°. De onde partiu a expedição, com 80 soldados bem equipados, sendo 40 besteiros e 40 arcabuzeiros, que acabou aniquilada? Dos Patos saíra Aleixo Garcia, e saíra, mais tarde, Cabeza de Vaca. Ambos tinham subido o Rio Itapucu, rumando para terras do atual Estado do Paraná, e sabe-se que o adelantado, valendo-se de guias indígenas, seguiu o itinerário de seu antecessor. Esse itinerário está descrito nos “Comentários” de Pero Hernandez e sobre ele discorre, com sua habitual segurança, o Barão do Rio Branco, além de reproduzi-lo em mapa 55. Tudo faz admitir que em algum ponto dessa via devesse desembocar o caminho que tinham percorrido, saindo de Cananéia, os expedicionários de Pero Lobo. De outro modo explica-se mal o fato de a gente de Cabeza de Vaca transitar em sua entrada pelo mesmo lugar onde dez anos antes se verificara o trucidamento daqueles expedicionários encontrando, além disso, à altura do Tibaji, um índio recentemente convertido chamado Miguel, de volta à costa do Brasil, de onde era natural, após longa assistência entre os castelhanos do Paraguai. Desse Miguel dirá mais tarde Irala, em documento publicado por Machaín, que tinha seguido pelo caminho que percorreu Aleixo Garcia: “por el camino que Garcia vino”. • 15°. Adorno assassina Henrique Montes • 16°. Uma expedição capitaneada por Alonso Cabrera partiu da Espanha rumo ao Rio da Prata, em socorro à expedição de Pedro de Mendoza, o fundador de Buenos Aires Na atividade que, já a partir de 1538, e até 1546, ano em que morreu, desenvolvera na Ilha de Santa Catarina, no continente vizinho, no Guairá e até em Assunção, o Frade Bernardo de Armenta, comissário da Ordem de São Francisco, estariam, muito possivelmente, os acontecimentos históricos que podem ter servido para avivar a lenda. A alta reputação ganha por ele entre os indígenas teria sido partilhada e talvez herdada, até certo ponto, por outro franciscano que o acompanhou e lhe sobreviveu, Frei Alonso Lebron, o mesmo que Pascoal Fernandes iria aprisionar em 1548, levando para São Vicente 39 . A este podia corresponder, na história, o papel atribuído no mito indígena ao “companheiro” de Sumé. Sabe-se que Frei Bernardo percorreu, pelo menos uma vez, em toda a sua extensão, o caminho chamado de São Tomé quando acompanhou, à frente de uma centena de índios, o Governador Gabeza de Vaca, e que o tinham em grande acatamento aqueles índios. Posto que o não estimasse o “adelantado ”, autor de sérias acusações ao seu comportamento, entre outras a de que, junto com Frei Alonso Lebron, guardaria encerradas em sua casa mais de trinta índias dos doze aos vinte anos de idade 40, a boa conta em que era geralmente havido entre catecúmenos e gentios Carijó espelha-se no nome que todos lhe atribuíam de Pay Zumé, como a identificá-lo com figura mítica. Consta que, ao chegar a Santa Catarina, onde aceita a oferta do feitor real Pedro Dorantes, que se propõe ir descobrir o caminho “por donde garcia entró”, Cabeza de Vaca conseguiria realizar mais facilmente o intento de penetrar por terra até o Paraguai pelo fato de o julgarem os índios filho do comissário da Ordem de São Francisco, ou seja, de Bernardo de Armenta, “a quien ellos dizen Payçumé y tienen en mucha veneración”, segundo se expressaria em carta o próprio Dorantes 43 . No que dirão mais tarde os guaiarenhos aos missionários jesuítas, não parece muito fácil separar o que pertenceria ao franciscano, predecessor daqueles na obra de catequese, dos atributos do personagem mitológico celebrado pelos seus avós e a eles comunicado de geração em geração. Mesmo no nome dado ao caminho que, da costa do Brasil, procurava as partes centrais do continente, não se prenderia, de alguma forma, a lendária tradição a uma verdade histórica ou, mais precisamente, ao fato de o ter trilhado Frei Bernardo, que na imaginação dos índios da terra deveria ser figura mais considerável do que o adelantado? O certo, por este ou outro motivo, é que o mítico Sumé assume então no Paraguai, em particular no Guairá, que se achava para todos os efeitos dentro do Paraguai, proporções que desconhecera na América Lusitana, de precursor declarado e verdadeiro profeta da catequese jesuítica. Que dizer então do Pay Tumé peruano, em quem se acrisolam suas virtudes taumatúrgicas, dando ensejo à formação de toda uma brilhante hagiografia capaz de emparelhar-se com a do apóstolo cristão nas supostas andanças através do extremo oriente? [Páginas 152 e 153] • 17°. Documento • 18°. Expedição de Mercadillo à província de Maxifaro, perto das cabeceiras do Amazonas, e ao país dos Omágua • 19°. Tupinambás Êsse fato surpreende tanto mais quanto a mestiçagem e o assíduo contato dos portuguêses com o gentio da costa, longe de amortecer, era de molde talvez a reanimar alguns dos motivos edênicos trazidos da Europa e que tanto vicejaram em outras partes do Nôvo Mundo. Sabe-se, por exemplo, graças aos textos meticulosamente recolhidos e examinados por Alfred Métraux, o papel considerável que para muitas daquelas tribos chegara a ter a sedução de uma terra misteriosa "onde não se morre". Nem essa idéia, porém, que dera origem, por volta de 1540, a extensa migração tupinambá do litoral atlântico para o poente - causa, por sua vez, da malfadada aventura de Pedro de Orsúa na selva amazônica -, nem outras miragens paradisíacas dos mesmos índios, que se poderiam inocular nas chamadas "santidades" do gentio, parece ter colorido entre nossos colonos o fascínio, êste indiscutível, que exerceram sôbre êles as notícias da existência de minas preciosas. • 20°. Tem-se registro de uma ofensiva por parte dos Tupinambás à região* Sabe-se, por exemplo, graças aos textos meticulosamente recolhidos eexaminados por Alfred Métraux, o papel considerável que para muitas daquelas tribos chegara a ter a sedução de uma terra misteriosa "onde não se morre". Nem essa idéia, porém, que dera origem, por volta de 1540, a extensa migração tupinambá do litoral atlântico para o poente - causa, por sua vez, da malfadada aventura de Pedro de Orsúa na selva amazônica -, nem outras miragens paradisíacas dos mesmos índios, que se poderiam inocular nas chamadas "santidades" do gentio, parece ter colorido entre nossos colonos o fascínio, êste indiscutível, que exerceram s"ôbre êles as notícias da existência de minas preciosas. Num primeiro momento, é certo, tiveram essas notícias qualquer coisa de deslumbrante. Delas tratara, em carta a D. João III, certo Filipe Guillén, castelhano de nação, o qual, tendo sido boticário em sua terra, fizera-se passar em Portugal por grande astrônomo e astrólogo, até que, revelado um dia seu embuste, o mandou prender el-rei.Já à sua chegada ao Brasil, pelo ano de 1539, êsse mesmo homem,de quem Gil Vicente chegou a declarar, numas trovas maldizentes,que andou por céus e terras, olhou o solo e o abismo,de[ abismo vió el profundo,de[ profundo el paraisa,dei paraíso vió el mundo,dei mundo vió quanto quiso5,pretendera ter ouvido como de Pôrto Seguro entravam terra adentrouns homens e andavam lá cinco e seis meses. Empenhando-se eminquirir e saber das "estranhas coisas dêste Brasil", propusera-se sair,com o favor de Sua Alteza, a descobrir as minas que os índios diziamlá haver. [Páginas 34 e 35] • 21°. Carta de mestre Pedro de Medina • 22°. Descoberta das minas de Potosí • 23°. Pascoal Fernandes aprisiona o Frei Alonso Lebron • 24°. Entrada grande de Domingo Martinez de Irala • 25°. Depoimento de Brás Arias, em Sevilha Brás Arias, português de São Vicente, dera causa a uma denúncia por onde os oficiais da Casa de Contratação puderam ter conhecimento dos processos usados em tais assaltos. A denúncia partira do mesmo Martin de Orue que apare- cerá mais tarde em Lisboa a colher informações para o Conselho de Sua Majestade sobre as propostas de Diogo ou Domingos Nunes a el-rei Dom João III e sobre as pretensões territoriais lusitanas com respeito a terras da demarcação de Castela. Quatro ou cinco dias apenas depois da chegada de Arias, era este chamado a com- parecer perante o visitador de Sua Majestade na Casa, a fim de prestar depoimento acerca dos latrocínios e malícias atribuídos por Orue aos de São Vicente e outras partes do Brasil em prejuízo de vassalos e súditos do imperador. Tomado seu juramento na devida forma de como diria a verdade do que sabia, confirmou Arias, acrescentando-lhes novos pormenores, as acusações do espião castelhano. Referiu como, cerca de um ano antes, dois navios, um de São Vicente, outro da capitania de Ilhéus, se tinham reunido em Cananéia, seguindo em conserva até a laguna do Viaça, junto à Ilha de Santa Catarina, onde estavam vários espanhóis, além de muitos índios e índias, que vinham sendo doutrinados por Frei Alonso Lebron, da Ordem de São Francisco. Achando-se a testemunha num dos navios, em que saíra a fazer os seus tratos, viu como Pasqual Fernandes, genovês, vizinho de São Vicente, e Martim Vaz, de Ilhéus, senhores e mestres dos navios, atraíram a bordo com enganos e fingida amizade aos espanhóis, entre estes Frei Alonso, além de parte dos catecúmenos que apresaram, e seriam cento e tantas peças, entre homens e mulheres. Feito isso partiram ambos os navios, com todos aqueles prisioneiros, seguindo um deles, o que era de Pascoal Fernandes, com destino a São Vicente, e neste iam o dito frade e os demais espanhóis, além de parte dos índios aprisionados, en- quanto o de Martim Vaz tomava o caminho de Ilhéus. Vira mais a testemunha, e assim o disse, que chegado a São Vicente o navio de Pasqual Fernandes, o capitão daquele porto, que se chamava Brás Cubas, lhe tomou os espanhóis e índios cristãos, pondo aqueles em liberdade e entregando estes a Frei Alonso, que lhe mostrara os privilégios e faculdades recebidos da sua Ordem e de Sua Majestade. Em seguida, deixou o frade em poder de certos vizinhos e moradores portugueses de São Vicente os índios e índias convertidos, para que os guardassem provisoria- mente, enquanto ele próprio ia a Portugal e Castela a queixar-se do sucedido. E com efeito, partiu para esses reinos onde, todavia, não chegou, constando-lhe que fora aprisionado por algum corsário francês. Quanto aos índios ainda não convertidos, sabia ainda o depoente que Brás Cubas os deixou em poder de Pasqual Fernandes e dos companheiros deste que participavam do negócio com a condição de os devolverem se e quando fossem reclamados por quem de direito os pudesse haver. • 26°. Primeira notícia da descoberta de metais preciosos foi o biscainho João Sanches: “e na parte donde nós outros povoamos, os portuguezes encontraram muitas minas de prata muito ricas, e isto digo porque na minha presença fizeram muitas fundições, as quais todas enviam ao rei de Portugal para que logo mande povoar toda a costa” • 27°. Caminho Também é provável que a via de São Vicente a Assunção, aberta aparentemente pelo ano de 1552 ou pouco antes, fosse um dos galhos da mesma estrada. Não há prova de que antes da vinda dos europeus fosse correntemente usada, em todo o seu curso, pelos Tupi vicentinos. Ao menos em certa informação que, depois de 1554, escreveu do Paraguai Dona Mencia Galderón, a viúva de Juan de Sanabria, diz-se que de São Vicente se podia ir até Assunção “por cierto camino nuevo que se habia descubierto”. • 28°. Maniçoba / Ulrico Schrnidel partiu de Buenos Aires, que veio do Paraguai a São Vicente, passando por Santo André, a vila de João Ramalho Também é provável que a via de São Vicente a Assunção, aberta aparentemente pelo ano de 1552 ou pouco antes, fosse um dos galhos da mesma estrada. Não há prova de que antes da vinda dos europeus fosse correntemente usada, em todo o seu curso, pelos Tupi vicentinos. Ao menos em certa informação que, depois de 1554, escreveu do Paraguai Dona Mencia Galderón, a viúva de Juan de Sanabria, diz-se que de São Vicente se podia ir até Assunção “por cierto camino imevo que se habia descubierto”. Esse novo caminho, descrito no livro do célebre aventureiro alemão Ulrico Schmidl, que em 1553 o percorreu de regresso ao Velho Mundo, foi largamente trilhado naqueles tempos, em toda a sua extensão, pelos portugueses de São Vicente, em busca dos Carijó, e ainda mais pelos castelhanos do Paraguai, que vinham à costa do Brasil ou pretendiam ir por ela à Espanha, até que os mandou cegar Tomé de Sousa no mesmo ano de 1553. Com alguma possível variante, deve ser uma das trilhas que no século seguinte percorrerão numerosos bandeirantes de São Paulo para seus assaltos ao Guairá. • 29°. Carta de D. Duarte da Cósta ao Rei Esse novo caminho, descrito no livro do célebre aventureiro alemão Ulrico Schmidl, que em 1553 o percorreu de regresso ao Velho Mundo, foi largamente trilhado naqueles tempos, em toda a sua extensão, pelos portugueses de São Vicente, em busca dos Carijó, e ainda mais pelos castelhanos do Paraguai, que vinham à costa do Brasil ou pretendiam ir por ela à Espanha, até que os mandou cegar Tomé de Sousa no mesmo ano de 1553. Com alguma possível variante, deve ser uma das trilhas que no século seguinte percorrerão numerosos bandeirantes de São Paulo para seus assaltos ao Guairá. • 30°. Ulrico Schmidel chegou a São Vicente Também é provável que a via de São Vicente a Assunção, aberta aparentemente pelo ano de 1552 ou pouco antes, fosse um dos galhos da mesma estrada. Não há prova de que antes da vinda dos europeus fosse correntemente usada, em todo o seu curso, pelos Tupi vicentinos. Ao menos em certa informação que, depois de 1554, escreveu do Paraguai Dona Mencia Galderón, a viúva de Juan de Sanabria, diz-se que de São Vicente se podia ir até Assunção “por cierto camino imevo que se habia descubierto”. Esse novo caminho, descrito no livro do célebre aventureiro alemão Ulrico Schmidl, que em 1553 o percorreu de regresso ao Velho Mundo, foi largamente trilhado naqueles tempos, em toda a sua extensão, pelos portugueses de São Vicente, em busca dos Carijó, e ainda mais pelos castelhanos do Paraguai, que vinham à costa do Brasil ou pretendiam ir por ela à Espanha, até que os mandou cegar Tomé de Sousa no mesmo ano de 1553. Com alguma possível variante, deve ser uma das trilhas que no século seguinte percorrerão numerosos bandeirantes de São Paulo para seus assaltos ao Guairá. Por esse tempo, o vivo interesse com que a “costa do ouro e da prata” fora disputada pelas duas Coroas ibéricas parecia em grande parte arrefecido. Tanto que, compreendida em um dos quinhões que a Pero Lopes coubera na distribuição de capitanias hereditárias, o qual quinhão devia estender-se de Cananéia até, aproximadamente, o porto dos Patos, não se preocupam em colonizá-la os portugueses. Quando muito continuam a impedir que nela se estabeleçam os seus rivais. Em vez do metal precioso que dali parecera reluzir aos antigos navegantes, o que iam a buscar na mesma costa eram os Carijó para a lavoura ou o serviço doméstico. • 31°. Mais um parente do capitão-mor Antônio de Oliveira, representante do "proprietário" das terras adquiriu em Assumpção trinta e dois índios guaranys, a troco de ferro, para vende-los nas capitanias do norte • 32°. Documento • 33°. Carta • 34°. Documento* • 35°. Partida da expedição de Bras Cubas* Outro tanto dissera em 1560 Vasco Rodrigues de Caldas, quando obteve de Mem de Sá autorização para rematar a jornada do espanhol. No mesmo ano e no anterior tinham-se realizado as expedições de Brás Cubas e Luís Martins, saídas do litoral vicentino. De uma delas há boas razões para presumir que teria alcançado a àrea do São Francisco, onde recolheu amostras de minerais preciosos. Marcava-se,assim, um trajeto que seria freqüentemente utilizado, no século seguinte,pelas bandeiras paulistas. É de crer, no entanto, que o govêrno, interessado, porventura, em centralizar os trabalhos de pesquisa mineral,tanto quanto possível, junto à sua sede no Brasil, não estimulasse as penetrações a partir de lugares que, dada a distância, escapavam mais fàcilmente à sua fiscalização. [p. 44 e 45] Se em vida do Senhor de Beringel tiveram, não obstante, algum alento as pesquisas de minerais preciosos, não só nas proximi- dades da vila de São Paulo, mas também em sítios apartados, como aqueles - porventura na própria região do São Francisco - de onde Brás Cubas e Luís Martins tinham tirado ouro já nos anos de 1560 e 61, por sua morte vieram elas a fenecer ou, por longo espaço, a afrouxar-se. [p. 64] • 36°. CARTA de nomeação de Domingos Garrucho para mestre-de-campo-general da projectada jornada de descobrimento da lagoa do Ouro • 37°. Peru • 38°. O Minion of London zarpou de Harwich a três de novembro de 1580 com dois integrantes da tripulação de John Winter a bordo, homens que conheciam a rota e tinham no currículo uma estadia em São Vicente • 39°. Conversa com o então embaixador de Portugal em Londres, Antônio de Castilho • 40°. Chegada da armada de Valdez ao Rio de Janeiro Sabe-se, com efeito, que um dos informantes de Hakluyt sobre as vantagens que podia oferecer a Ilha de São Vicente é o mesmo Thomas Griggs, que, tendo viajado anteriormente no Minion, aludira, segundo aqui mesmo já foi notado, à pouca distância, “doze dias apenas”, por terra ou água, entre a vila de Santos e certas partes do Peru. Que não deveria parecer muito extraordinária essa idéia indicam-no os receios surgidos na mesma época, isto é, em 1582, no Rio de Janeiro, de que se desgarrassem e fugissem para o Peru os oitenta soldados deixados em São Vicente parada defesa do porto pelo contador Andrés de Equino, da armada de Diego Florez Valdez. Mesmo a quem não partilhasse de ilusões semelhantes sobre a pretensa facilidade de acesso ao Peru entrando pelo caminho de São Vicente, pareceria claro, ainda nos primeiros anos do século seguinte, e mais tarde, que, de todas as do Brasil, era aquela a capitania de melhor passagem para as míticas serras, de onde, segundo numerosos testemunhos, continuamente se despejavam riquezas fabulosas no lago que ia alimentar o São Francisco e outros rios. E se o mau sucesso de tantas buscas sucessivas parecia sugerir que, ao menos na América Portuguesa, se não verificava a antiga crença de que os tesouros naturais sempre se avolumam à medida que se vai de oeste para leste, impunha-se a suspeita de que essas minas estariam, ao contrário, nas vizinhanças dos lugares onde fora largamente comprovada sua existência: em outras palavras, para as bandas do poente e junto às raias do Peru. Idéia simplista, sem dúvida; por isso mais apta a logo fazer prosélitos. A prova de que não se apartaria muito da realidade está em que, passado mais de um século, se descobrirão, justamente naquele rumo, as grandes aluviões auríferas de Cuiabá e Mato Grosso, das mais avultadas que registra a história das minas do Brasil. [p. 118] • 41°. Discourse of Western Planting • 42°. Alvará de Felipe II concediendo privilegios a Gabriel Soares de Sousa • 43°. Expedição de Martim Correia de Sá • 44°. Richard Hakluyt • 45°. Relato do padre Andrea Lopez • 46°. D. Francisco partiu de São Paulo, com destino incerto* • 47°. Carta dos oficiais da Câmara da vila de São Paulo, dirigida ao donatário da capitania Lopo de Souza E se a imagem serrana das vizinhanças de São Paulo ainda não falasse bastante à sua imaginação, outros motivos, em particular a suspeita de que estando ali se acharia mais perto do Peru, por conseguinte das sonhadas minas de prata e ouro, poderiam militar em favor da escolha que fêz dessa vila para lugar de residência. Justamente pela época em que andaria na côrte da Espanha a pleitear junto ao Duque de Lerma e Filipe III sua nomeação para a conquista, benefício e administração das minas das três capitanias do Sul, devera ter chegado às mãos do donatário de São Vicente, aparentado seu, uma carta dos camaristas de São Paulo com data de janeiro de 1600, que era de natureza a suportar tais ambições e ainda mais corroborar suas ilusões acêrca da distância entre aquela vila e o Peru. A carta é, antes de tudo, um cerrado libelo contra os capitães, ouvidores e até governadores-gerais que segundo diz, não entendiam e nem estudavam senão como haviam de "esfolar, destruir e afrontar" o povo de São Paulo. Para dar remédio a tais malefícios, pede-se ao donatário que, por sua pessoa, ou "coisa muito sua", trate de acudir com brevidade à terra que o Senhor Martim Afonso de Sousa ganhou e Sua Majestade lhe deu com tão avantajadas mercês e favores. E para mostrar a bondade da mesma terra, referem-se os oficiais da Câmara entre outras coisas, às minas, exploradas ou não, que nela se acham, a de Caatiba, de onde se tirou o primeiro ouro, e ainda a serra que vai dali para o norte - "haverá sessenta léguas de cordilheira de terra alta, que tôda leva ouro" -, além do ferro de Santo Amaro, já em exploração, e o de Biraçoiaba, que é região mais larga e abastada, e também do muito algodão, da muita madeira, de outros muitos achegos, tudo, enfim, quanto é preciso para nela fazer-se "um grande reino a Sua Majestade". Ao lado disso, fala-se também no grande meneio e trato com o Peru e na presença de "mais de 300 homens portuguêses, fora seus índios escravos, que serão mais de 1500, gente usada ao trabalho do sertão, que com bom caudilho passam ao Peru por terra, e isto não é fábula" [M. E. de AZEVEDO MARQUES, Apontamentos Históricos, Geográficos, Biográficos, Estatísticos e Noticiosos da Província de São Paulo, 11, págs. 224 e segs. Cf. também ACSP, li, págs. 497 e segs., onde vem reproduzida a carta dos camaristas de São Paulo, de acôrdo com o texto anteriormente impresso por Azevedo Marques.]. Sôbre a distância entre o litoral atlântico e os Andes são muitas vêzes imprecisas e discordes as notícias da época, e já se sabe como a idéia de que os famosos tesouros peruanos eram vulneráveis do lado do Brasil, chegara a preocupar a própria Coroa de Castela nos dias. [Páginas 94 e 95] • 48°. Belchior Dias Carneiro comandou uma bandeira de cerca de 50 homens brancos e muitos nativos. Esta expedição partiu de Pirapitingui, no rio Tietê, rumo ao sertão dos nativos bilreiros e caiapós. O objetivo explícito era o descobrimento de ouro e prata e mais metais • 49°. Aporta a Pernambuco dom Francisco de Sousa, nomeado capitão-general e governador da Repartição do Sul (ver 11 de junho de 1611) • 50°. BN. Biblioteca Nacional do Brasil. 22/04/1609 Carta de Dom Diogo de Menezes, governador do Brasil, escrita da Bahia ao rei D. Felipe II em que se lhe queixou de prover Dom Francisco de Souza as Fortalezas do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Vicente desobrigando-o da homenagem que delas tinha e lhe apontou alguns inconvenientes pertencentes ao governador daquela província e a sua fazenda como dela se podem ver] • 51°. D. Francisco chegou em São Paulo Com todo o desvairado otimismo de seus planos grandiosos, não é impossível que, no íntimo, Dom Francisco se deixas-se impressionar por aquela idéia, partilhada com outros portugueses da época, de que, em matéria de ouro e prata, Deus se mostrara mais liberal aos castelhanos, dando-lhes a fabulosa riqueza de suas minas. Assim se explica a miragem do Potosi, o sonho, que já tinha sido o de Tomé de Sousa, de fazer do Brasil um “outro Peru” e que está presente em todos os atos de sua administração. Essa idéia obsessiva há de levá-lo, em dado momento, ao ponto de querer até introduzir lhamas andinas em São Paulo. Com esse fito chegaria a obter provisão real, lavrada em 1609, determinando que se metessem aqui duzentas lhamas ou, em sua linguagem, “duzentos carneiros de carga, daqueles que costumam trazer e carregar a prata de Potosi, para acarrear o ouro e a prata” das minas encontradas nas terras de sua jurisdição. E recomenda-se no mesmo documento que das ditas lhamas se fizesse casta e nunca faltassem 77 . Já seria essa, à falta de outras, uma das maneiras de ver transfiguradas as montanhas de Paranapiacaba numa réplica oriental dos Andes. E se a imagem serrana das vizinhanças de São Paulo ainda não falasse bastante à sua imaginação, outros motivos, em particular a suspeita de que estando ali se acharia mais perto do Peru, por conseguinte das sonhadas minas de prata e ouro, poderiam militar em favor da escolha que fez dessa vila para lugar de residência. Justamente pela época em que andaria na Corte da Espanha a pleitear junto ao Duque de Lerma e Filipe III sua nomeação para a conquista, benefício e administração das minas das três capitanias do sul, devera ter chegado às mãos do donatário de São Vicente, aparentado seu, uma carta dos camaristas de São Paulo com data de janeiro de 1600, que era de natureza a suportar tais ambições e ainda mais corroborar suas ilusões acerca da distância entre aquela vila e o Peru. • 52°. D. Francisco enviou a Madri um de seus filhos, Antônio de Sousa, com dois regalos para d. Filipe II: uma espada e uma cruz forjadas com o pouco ouro das minas de São Paulo* Em maio de 1610, enquanto seu filho se preparava para ir à Espanha levando a incumbência, entre outras, de fazer vir bacelos de vinha e sementes de trigo a fim de se introduzirem dessas granjearias, assentou-se em câmara que, na procuração dada a Dom Antonio em nome do povo para ir tratar de coisas relacionadas com o bem comum fosse excluída qualquer solicitação para a vinda daquelas plantas, de modo a que ninguém ficasse depois com a obrigação de as cultivar 4 *. Semelhante exemplo esclarece bem os receios que deveria causar entre a mesma gente o descobrimento ou conquista das minas, tão apetecidas de Dom Francisco. Tal há de ser sua constância nesses temores que, para fins do século, um governa- dor do Rio de Janeiro assinala o escasso interesse que demonstravam os paulistas por aquelas minas. Julgavam, e abertamente o diziam, observa ele, que, descobertos os tesouros, lhes haveriam de enviar governador e vice-rei, meter presídios na capitania para sua maior segurança, multiplicar ali os tributos, com o que ficariam expostos ao descrédito, perderiam o governo quase livre que tinham de sua república, seriam mandados onde antes mandavam, e nem lhes deixariam ir ao sertão, ou, se lá fossem, lhes tirariam as peças apresadas para as empregar no serviço das minas. • 53°. O triste destino de D. Francisco de Souza, fundador do Itavuvu e 7° Governador-Geral do Brasil • 54°. Inventário de Martim Tenório, registrado em ebirapoeira, termo da Vila de São Paulo • 55°. Balthazar e seu irmão, André Fernandes, rumam ao sertão de Paraupava, em Goiás* • 56°. “Do lado espanhol” • 57°. Carta de Manuel Juan Morales ao rei Filipe IV (1605- 1665), “O Grande” • 58°. Quevedo, escrito por volta de 1636 • 59°. Carta do secretário do Conselho Ultramarino, solicitando informações sobre as minas de prata de Sabarabuçu e outras minas de esmeraldas e ouro de fundição de que se tinha notícia e que haviam motivado a preparação da jornada de Fernão Dias • 60°. Ruiz Montoya en Indias (1608-1652). Francisco Jarque (1609-1691) Francisco Jarque, por sua vez, na biografia que escreveu de Montoya, além de reproduzir o que diz este das origens e fama do mesmo caminho chamado de São Tomé, refere como, por ele, “el Peabiyu, que es el camino que llaman de San Tomé”, tratara o Padre Antônio Ruiz de recolher os catecúmenos que se tinham escapado, em 1628, às garras dos “portugueses dei Brasil”, assim como à servidão a que os queriam sujeitar os espanhóis da Vila Rica iniciando, à beira dele, a fundação de um povoado que teria, afinal, destino idêntico ao dos outros, destruído que foi pelos mamelucos de São Paulo. • 61°. Já em fins do século XVII, como os viajantes que saíssem do Brasil para o Guairá ainda podiam avistar a senda de São Tomé, onde andara o apóstolo Também Nicolas dei Techo, recorrendo ao testemunho de Nóbrega, apoiado pelas razões de Orlandini, o historiador da Companhia, refere, já em fins do século XVII, como os viajantes que saíssem do Brasil para o Guairá ainda podiam avistar a senda de São Tomé, onde andara o apóstolo. Conserva-se, adianta, “igual todo el ano, sin mas que las hierbas crecen algo y difieren bastante de las que hay en el campo, ofreciendo el aspecto de una via hecha con artificio; jamás la miran los misioneros dei Guairá que no experimenten grande asombro”. Além disso, perto da capital do Guairá existiriam elevados penhascos coroados de pequenas planícies onde se viam, como em várias partes do Brasil, gravadas sobre o rochedo, pisadas humanas. Contavam os indígenas como, daquele lugar, costumava o apóstolo, freqüentemente, pregar ao povo que acudia de toda parte a ouvi-lo. • 62°. Livro de Frei Antônio do Rosário, aponta entre os tesouros do Brasil o diamante, que seria então mandado “não em bisalhos, mas em caixas, que todo ano vem a este Reyno” • 63°. Descoberta dos diamantes no Brasil, no Cerro Frio • 64°. Missionários franceses do Cambodge se deixarão impressionar também pela possibilidade da mesma aproximação com S. Tomé Em realidade a identificação de rastros semelhantes no Extremo Oriente, que os budistas do Cambodge atribuíam a Gautama, o seu "preah put" como lhe chamam, e os cristãos a São Tomé, de onde o dizerem vários cronistas que uns e outros os tinham por coisa sua, não deveria requerer excessiva imaginação de parte das almas naturalmente piedosas no século XVI. A prova está em que, ainda em 1791, missionários franceses do Cambodge se deixarão impressionar também pela possibilidade da mesma aproximação. Em carta daquela data,escrita por Henri Langenois, um dêsses missionários, encontra-se, por exemplo, o seguinte trecho, bem ilustrativo: "Há alguns anos, nosso chefe Capo de Orta, tendo ido a Ongcor vat, perto do sítio onde estamos, mais para o norte, disse-lhe o grande bonzo: Cristão, vês essa estátua de um homem prosternado em frente ao nosso preah put (é o nome de seu falso deus)? Chama-se Chimé. Que significa aquela marca de uma planta de pé impressa em suas costas? Foi por não querer reconhecer e adorar a divindade de nosso preah put, que a tanto o forçou êsse pontapé. Ora, como se afirma que São Tomé Dídimo passou para a China através do Ongcor, não estaria aqui a história de suas dúvidas sôbre a Ressurreição e, depois, da adoração de Nosso Senhor Jesus Cristo?" 14. Sumé no Brasil; Chimé em Angcor, nomes que aparecem relacionados, um e outro, a impressões de pegadas humanas, que tanto no Oriente, como aqui, se associavam, por sua vez, às notícias do aparecimento em remotas eras de algum mensageiro de verdades sobrenaturais, essas coincidências podem parecer deveras impressionantes. Não seria difícil, pelo menos na órbita da espiritualidade medieval e quinhentista, sua assimilação à lembrança de um São Tomé apóstolo, que os autores mais reputados pretendiam ter ido levar às partes da 1ndia, a luz do Evangelho cristão. Não só as pisadas atribuídas ao santo, mas tudo quanto parecesse assinalar sua visita e pregação aos índios da terra. Em Itajuru, perto de Cabo Frio, existiu outrora um penedo grande, amolgado de várias bordoadas, sete ou oito para cima, como se o mesmo bordão dera com fôrça em branda cêra, por serem iguais as marcas, e os naturais do lugar faziam crer que viriam do [p. 109, 110] • 65°. “Terra sem mal”
Atualizado em 02/11/2025 04:48:39 Livro dos Transportes Seleção de Textos Organizada ![]() Data: 1970 Créditos: Dinah Silveira de Queiroz Página 25
• 1°. Provisão de Artur de Sá relativa ao Caminho Novo O primeiro empreiteiro de estradas no Brasil - Estrada de Minas - O ouro provindo das minas descobertas pelos paulistas transportado para São Paulo e daí para o Rio de Janeiro por via marítima, sendo embarcado em Santos ou em Parati. Esta circunstância excitava a cobiça dos piratas que operavam nos mares das costas e se apoderaram de muitos carregamentos. Neste ano foi assinalada a passagem em frente à barra do Rio de Janeiro, rumo ao Sul, de vários navios franceses que despertaram grandes suspeitas, tendo o governador mandado aviso a todas as povoações do Sul para que se acautelassem. Atendendo também a que transporte do produto das minas via São Paulo era muito demorado, Artur de Sá e Meneses contratou com o bandeirantes Garcia Rodrigues Pais, primogênito de Fernão Dias Pais, o Caçador de Esmeraldas, a construção dum caminho que, através das terras e dos campos gerais, ligasse diretamente o Rio de Janeiro aos distritos de Cataguases e de Sabarabuçu. Deste contrato deu o governador informações ao rei pela carta de 24 de maio. Pode assim Garcia Rodrigues Pais ser considerado como o primeiro dos empreiteiros de estradas a exercer atividade no Brasil. Garcia Pais, entretanto, consumiu longo tempo em reunir gente e fazer os preparativos para a obra a que só deu início em 1702, construindo então a estrada que serviu durante quase um século e foi conhecida com o nome de Caminho Novo. [Página 84] • 2°. Caminho Novo Atendendo também a que transporte do produto das minas via São Paulo era muito demorado, Artur de Sá e Meneses contratou com o bandeirantes Garcia Rodrigues Pais, primogênito de Fernão Dias Pais, o Caçador de Esmeraldas, a construção dum caminho que, através das terras e dos campos gerais, ligasse diretamente o Rio de Janeiro aos distritos de Cataguases e de Sabarabuçu. Deste contrato deu o governador informações ao rei pela carta de 24 de maio. Pode assim Garcia Rodrigues Pais ser considerado como o primeiro dos empreiteiros de estradas a exercer atividade no Brasil.
Atualizado em 02/11/2025 04:48:39 “Peabiru” de Hernâni Donato (1922-2012) do IHGSP* ![]() Data: 1971 Página 10
• 1°. São Tomé e o Caminho do Peabiru O nativo vinha e ia, despreocupado de roteiros. Seguia a direção apenas geral e remota, dos rios e dos montes, “caminhos quase sem caminhos; incertos e tênues caminhos, em parte marcados no solo... em parte nos galhos das árvores”. Isto, em toda a costa dos descobrimentos portugueses. Em São Vicente, a exceção. Vestida de mistério, galgando a serra do mar, oferecia-se ao europeu estrada definida, antiga, visivelmente transitada. Oito palmos de largura, mergulhando nas distâncias interiores. Os que naqueles primeiros dias de Brasil viram o trecho de serra acima, reconhecendo que pouco perdia para as vias de Portugal, quiseram saber: “Que é isto? Quem realizou este trabalho?” “Peabiru!”, respondeu o nativo. • 2°. Referências dos nativos a São Tomé aparecerem na “Nova Gazeta da Terra do Brasil” Nos dois primeiros séculos de Brasil, a crença em uma anterior estada física de São Tomé, estava acima de dúvidas. Fizera um intervalo em suas tarefas na Índia para vir falar de Cristo aos nossos nativos. Na crônica daqueles anos não há voz discordante. Em 1515, a "Nova Gazeta da Terra do Brasil", refere-se a "lembrança que os nativos tinham de São Tomé, cujas pegadas quiseram mostrar aos portugueses". [Página 5] • 3°. Fundação da vila de São Vicente, conhecido como “Porto dos Escravos” • 4°. Carta de Manoel da Nóbrega Manoel da Nóbrega, contra quem não cabe o rótulo de fantasioso, noticiou em carta de 1549: "Dizem eles que São Tomé, a quem eles chamam Zamé, passou por aqui, e isto lhes ficou por dito de seus antepassados, e que suas pisadas estão assinaladas junto de um rio, as quais eu fui ver por mais certeza da verdade, e vi com meus próprios olhos quatro pisadas mui sinaladas com seus dedos, as quais cobre o rio quando enche; dizem também que, quando deixou estas pisadas, ia fugindo dos índios que o queriam flechar, e chegando ali, se lhe abrira o rio e passara por meio dele à outra parte, sem se molhar, e dali fôra para a Índia." [p. 6] • 5°. Tomé de Souza escreve ao Rei D. João III: “nomeei João Ramalho para vigiar e impedir o trânsito de espanhóis e portugueses entre Santos e Assunção e vice-versa; e assegurar a soberania portuguesa no campo de Piratininga e sobre os caminhos de penetração que dali partiam” A este ponto, Tomé de Sousa não hesitou. Nada de arriscar-se. Preferiu indispor-se com os jesuítas a deixar vulnerável os domínios do seu rei. Ao qual escreveu a 1 de junho de 1553: “Achei que os de São Vicente se comunicavam muito com os castelhanos e tanto que na Alfandega rendeu este ano passado cem cruzados de direitos de coisas que os castelhanos trazem a vender. E por ser esta gente que parece que por castelhanos não se pode V.A. desapegar deles em nenhuma parte, ordenei com grandes penas que este caminho se evitasse, até o fazer saber a V.A. e por nisto grandes guardas e foi a causa por folguei de fazer as povoações que tanto dito no campo de São Vicente de maneira que me parece que o caminho estará vedado (...)” [Página 12] • 6°. Peabiru É seu Tomé de Souza que o impede de partir. A 15 de junho de 1553, relata ao padre Luís Gonçalves da Câmara porque não seguira ainda: "... a principal causa de todas para atrapalhar foi fechar o caminho por causa de os castelhanos, que estão a pouco mais de 100 léguas desta capitania. E tem-se por certo haver muita prata nessa terra, e tanto que dizem haver serras delas, e muita notícia de ouro, cujo serro está neste caminho..." [“Peabiru”, 10.1971. Hernâni Donato do IHGSP. Página 12] • 7°. “O principal motivo de todos os impedimentos foi o fechamento da estrada por causa dos castelhanos, que estão a pouco mais de cem léguas desta capitania. E eles têm terras, e tanto que dizem que há montanhas deles, e muitas notícias de ouro pelo qual fecharam e bloquearam a estrada A proibição foi travo amargo para Nóbrega. O Paraguai era seu objetivo. Acreditava-se em terras portuguesas. E lá estava o núcleo maior de nativos, a junção de grandes rios, a abertura para o coração do continente. É seu amigo Tomé de Souza que o impede de partir. A 15 de junho de 1553, relata ao padre Luís Gonçalves da Câmara porque não seguira ainda: "...a principal causa de todas para atrapalhar foi fechar o caminho por causa de os castelhanos, que estão a pouco mais de 100 léguas desta capitania. E tem-se por certo haver muita prata nessa terra, e tanto que dizem haver serras delas, e muita notícia de ouro, cujo serro está neste caminho..." [Página 11] • 8°. “E é por aqui a porta e o caminho mais certo e seguro para entrar nas gerações do sertão” Nos fins de 1553, o mesmo Nóbrega que tanto insistia em jornadear o caminho e tanto lamentaria o seu fechamento, enviou padres e irmãos que se juntassem aos nativos e erguessem o colégio que logo seria povoação. [Página 12] • 9°. A vila de São Paulo ficou completamente fundada e reconhecida, data da respectiva provisão Teria sido também para mantê-lo (o Caminho do Peabiru), além da ameaça do tupiniquim que de amigo se tornara inimigo, que em 1560, abriu-se o áspero caminho do Cubatão, ligando São Paulo ao lagamar vicentino. É bem pode ter ocorrido que, para seguir à risca a ordenança, deixou-se parecer a fundação de Maniçoba (proximidade da atual cidade de Itu), o primeiro aldeamento no sul do Brasil). Houve longo silêncio sobre o Peabiru. "Perdeu-se de tal modo a tradição desse caminho - lamenta-se Batista Pereira em sua carta a Paulo Duarte - que, apesar de saber quanto Santo André lhe estava à orla, a localização da vila à borda do campo era até há pouco um problema". • 10°. Partida da expedição de Bras Cubas* De poucas violações se tem notícias. Assis de Moura revela algumas. De São Paulo tocou-se para o sertão gente como "Diogo Nunes, na sua viagem ao Paraguai e ao Peru; o nativo Miguel, cristão convertido de São Vicente, que regressava do Paraguai à sua redução; Bras Cubas e Luís Martins que, em 1562, se internaram pelo país em distância de 300 léguas". Estes já não seguiam caminho chamado Peabiru mas, dizia-se, de São Tomé. • 11°. Guerra A proibição foi cumprida. Para nativos, plebeus e nobres, portugueses e castelhanos. Mesmo gente como João de Salazar, Melgarejo e filhos de Luís Góis, querendo ir ao Paraguai e não vendo outro roteiro senão aqueles vedado, não obtiveram a necessária licença. E uma vez conhecida a sua intenção, passaram a ser vigiados. Os tupis eram ótimos para o serviço de observação. Tão ciosos, que da vigilância passaram à perseguição. Lá se foram os fidalgos espanhóis, às escondidas, até encontrar o rio, onde lhes foi possível embarcar. Anos mais tarde, um grupo de gente paraguaia aproximou-se de São Paulo. A indiada tupi, afeita ao controle do caminho, caiu-lhe em cima e todos teriam morrido, não fosse a decidida intervenção dos jesuítas. Mesmo para os soldados ludos estava vetado o Peabiru. Em 1584, para a guerra contra os carijós, as forças velejaram pelo litoral, alongando o caminho, a fim de não romper a proibição. • 12°. “os oficiais ordenaram que sejam feitos serviços de manutenção do caminho do Ipiranga, que é no rumo do caminho do mar” • 13°. Hernando Arias estimula a ida de soldados de Villa Rica pelo mesmo caminho de São Paulo para estabelecer contatos Do outro lado, do rio Paraná não houve proibição e sim desejo de retomar contato, chegar por terra ao Atlântico sem as dificuldades e as latitudes do Prata. Em novembro de 1603, quatro soldados de Vila Rica do Espírito Santo romperam em São Paulo. Viagem tranquila, calçada nos antigos roteiros e um século atrás. Causaram assombro. Tal como vieram os quatro, poderiam vir quatrocentos, caravanas de mercadores ou magotes de assaltantes. Mas também os de São Paulo poderiam surpreender os de lá. Havia lembranças e crônicas do caminho das selvas - da "estrada nacional dos nativos". São Paulo festejou os quatro exploradores. Promessas foram feitas. Pensar-se-ia no reatamento de relações, iriam os daqui e receberiam bem os que aparecessem. No fim da visita, o pretexto de cordialidade e despedidas, doze (outros documentos dizem quinze) paulistanos acompanharam os visitantes. Teriam levado a missão secreta de "conhecer e levantar novamente o roteiro do Peabiru". A partir daí, o caminho retomou por algum tempo a sua importância. Em muitos pontos, o longo traçado já não seria mais que referências, sinais, memórias. Tinham-se acabado a imponência e os cuidados viários que lhe haviam imprimido seus construtores. • 14°. parte de São Paulo a grande bandeira comandada por Raposo Tavares tendo como imediato Manoel Preto que atacou as reduções jesuíticas e aldeias guaranis, com 69 portugueses, 900 mamelucos e 3 mil índios Em 1628, quando Raposo Tavares levou ao Guairá uma das maiores e principais bandeiras saídas de Piratininga, seguiu o roteiro que Alfredo Ellis Júnior retraçou assim: "Saindo de São Paulo, foi pela crista planaltina bordejante da Serra do Mar. Pinheiros, Apotribu, Quitaúna, Maruí, etc., foram deixados para trás, como marcos de uma caminhada em direção de Guairá. Por fim, eis Araçoiaba..."
Atualizado em 02/11/2025 04:48:38 Anais do VII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História ![]() Data: 1974 Créditos: Anais do VII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História
• 1°. D. Francisco autorizava a tirar ouro em Monserrate, registrando o interessado cada semana o ouro tirado, pagando os quintos • 2°. D. Francisco elevou o novo local com o nome de vila de São Filipe: “Entre 1611 e 1654, tudo é silêncio, menos as sesmarias de André Fernandes, uma das quais êle doou antes de 1648, ano de sua morte, a Baltazar” • 3°. O Capitão Balthazar Fernandes doou a Igreja de Nossa Senhora da Ponte, hoje Mosteiro de São Bento, aos frades beneditinos existentes na Vila de Parnaiba. Em 1661, Balthazar Fernandes, o fundador de Sorocaba, manda construir a Igreja de Nossa Senhora no local onde é hoje o mosteiro de São Bento, legando-a aos padres Beneditinos do Parnaíba, pois ele era bandeirante que com toda sua família e escravizados veio do Parnaíba para Sorocaba. A nova matriz, teve o início de sua construção em 1770 e em 1773 foi solenemente inaugurada. • 4°. mudança Em 1661, Balthazar Fernandes, o fundador de Sorocaba, manda construir a Igreja de Nossa Senhora no local onde hoje é o mosteiro de São Bento, legando-a aos padres Beneditinos do parnaíba, pois ele era bandeirante que com toda sua fazenda e escravizados veio de Parnaíba para Sorocaba. A nova matriz teve o início de sua construção em 1770 e em 1773 foi solenemente inaugurada. • 5°. “Acha-se a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Ponte da Vila de Sorocaba destituída de toda a qualidade de ornamentos precisos para a celebração dos Officios Divinos” Em 1661, Balthazar Fernandes, o fundador de Sorocaba, manda construir a Igreja de Nossa Senhora no local onde hoje é o mosteiro de São Bento, legando-a aos padres Beneditinos do parnaíba, pois ele era bandeirante que com toda sua fazenda e escravizados veio de Parnaíba para Sorocaba. A nova matriz teve o início de sua construção em 1770 e em 1773 foi solenemente inaugurada. (Anais do VII Simpósio Nacional dos Professores Universitários de História, 1974. Página 1490
Atualizado em 02/11/2025 04:48:37 É inaugurada a Rodovia dos Imigrantes, que liga São Paulo a Santos ![]() Data: 1976 Créditos: Via Trolebus
Atualizado em 02/11/2025 04:48:36 Cadernos da divisão do arquivo histórico e pedagógico municipal Nº 2, 1988. Prof. Dr. Armando Sérgio da Silva, Secretário Municipal de Educação e Cultura de Mogi das Cruzes ![]() Data: 1988 01/01/1988
• 1°. Nascimento de Martim Tenório Clemente Álvares e seus sócios, Martim Rodrigues (um nativo batizado e civilizado pelos frades carmelitas) e Damião Simões encontraram "mantas de ouro" e minas de "betas" quando penetraram, pelo caminho da Borda do Campo, além das "cruzes" que, segundo depoimento do primeiro, Bras Cubas inscrevera empedras, cumprindo uma composição de divisas com Luis Góes, lavrada em escritura pública. Esse caminho era o divisor de águas que nasciam na Serra do Mar e desciam por ela. Na orografia da Serra do Mar, "mogy", ou "mogy" é nome encontradiço de "rio que nasce junto a Cubatão", denominado-se o vale de "Mogi". • 2°. Leatherman: Os mistérios em torno do mendigo que intrigou os Estados Unidos. aventurasnahistoria.com.br Clemente Álvares e seus sócios, Martim Rodrigues (um nativo batizado e civilizado pelos frades carmelitas) e Damião Simões encontraram "mantas de ouro" e minas de "betas" quando penetraram, pelo caminho da Borda do Campo, além das "cruzes" que, segundo depoimento do primeiro, Bras Cubas inscrevera em pedras, cumprindo uma composição de divisas com Luis Góes, lavrada em escritura pública. Esse caminho era o divisor de águas que nasciam na Serra do Mar e desciam por ela. Na orografia da Serra do Mar, "mogy", ou "mogy" é nome encontradiço de "rio que nasce junto a Cubatão", denominado-se o vale de "Mogi". • 3°. "(..) o qual marco é uma pedra grande que está deitada desde seu nascimento, na qual foi feita por João Vieira uma cruz (..); outra pedra talada que assim talou o mesmo João Viera e fez outra cruz em cima; (...) ao pé de uma árvore grande (...) e foi feito pelo dito João Vieia como marco uma cruz; (...) sobre uma grande pedra que ali estava deitada, uma cruz foi feita pelo dito João Vieira e saindo do mato em uma rossa do Mestre Bartholomeu está uma pedra grande com umas pancadas de machado, foi feito uma cruz pela mãos do Sr Capitão Brás Cubas (...)" Oficiando como Juiz de demarcações, na vila de Santos, Brás Cubas sentenciou uma demanda de terras processada entre Mestre Bartholomeu, João Ennes e Geraldo Alves. Pessoalmente, Brás Cubas, o meirinho João Vieira e o tabelião Diogo foram a "metter marcos", no dia 18 de maio de 1566. "(o qual marco há uma pedra grande que está deitada de seu nascimento, na qual foi feita por João Vieira uma cruz outra pedra talada que assim talou o mesmo João Viera e fez outra cruz em cima; ao pé de uma árvore grande e foi feito pelo dito João Vieira como marco uma cruz; sobre uma grande pedra que ali estava deitada uma cruz foi feita pelo dito João Vieira e saindo do mato em uma rossa do Mestre Bartholomeu está uma pedra grande com umas pancadas de machado, foi feito uma cruz pela mãos do Sr Capitão Brás Cubas." • 4°. A população de São Paulo recebia a notícia através de dois participantes de uma entrada O rio Jaguari, junto do qual foram dizimados, não é afluente do Rio Tietê, nem existem cachoeiras em Mogi ou nas suas redondezas, entre o Tietê e o vale do Paraíba. Documenta-se, em São José dos Campos, um rio chamado Jaguari e um lugar denominado "campos do Jaguari", à margem da vila D. Pedro I, nas cercanias de Jacareí. [Página 2] • 5°. “Antonio Arenso chegou quinta-feira a sua fazendo fugindo do sertão” Contaram à Câmara da vila de São Paulo, em sessão, segundo a Ata de 5/12/1593, que voltavam dos lados do Paraíba para o Anhemby: "vinham para esta Capitania (São Paulo), quando os nativos atacaram. O rio Jaguari, junto do qual foram dizimados, não é afluente do Rio Tietê, nem existem cachoeiras em Mogi ou nas suas redondezas, entre o Tietê e o vale do Paraíba. Documenta-se, em São José dos Campos, um rio chamado Jaguari e um lugar denominado "campos do Jaguari", à margem da vila D. Pedro I, nas cercanias de Jacareí. [Cadernos da divisão do arquivo histórico e pedagógico municipal Nº 2, 1988. Página 2] • 6°. Jerômilo Leitão ordenou um reconhecimento prévio do local* Mongi significa estronde de águas ou cachoeiras., Lê-se no memorável texto histórico que foi em “mongi” que nativos desbarataram a bandeira de Luiz Grou e massacraram seus seguidores, em 1590. Sobreviventes do morticínio “disseram que é verdade que o nativo de mongi rio abaixo do Anhemby perto de outro rio de Jaguary (...) no dito sitio foram dando neles e matando e desbarataram a uns e outros”. Contaram à Câmara da vila de São Paulo, em sessão, segundo a Ata de 5/12/1593, que voltavam dos lados do Paraíba para o Anhemby: "vinham para esta Capitania (São Paulo), quando os nativos atacaram. O rio Jaguari, junto do qual foram dizimados, não é afluente do Rio Tietê, nem existem cachoeiras em Mogi ou nas suas redondezas, entre o Tietê e o vale do Paraíba. Documenta-se, em São José dos Campos, um rio chamado Jaguari e um lugar denominado "campos do Jaguari", à margem da vila D. Pedro I, nas cercanias de Jacareí. • 7°. Depoimento sobre o ataque a Antonio de Macedo e Domingos Luis Grou no rio Jaguari: Manoel Fernandes uma das vítimas Clemente Álvares e seus sócios, Martim Rodrigues (um nativo batizado e civilzado pelos frades carmelitas) e Damião Simões encontraram "mantas de ouro" e minas de "betas" quando penetraram, pelo caminho da Borda do Campo, além das "cruzes" que, segundo depoimento do primeiro, Bras Cubas inscrevera empedras, cumprindo uma composição de divisas com Luis Góes, lavrada em escritura pública. À luz da documentação da Irmandade Carmelita, onde se encontram suas posses em "Santa Ana das Cruzes de Mogi Mirim", todas as vezes que se referem à região em questão, utilizam o nome SABAÚMA. A Fonte que temos em nosso poder, é uma cópia da "pública forma", feita pelo tabelião Álvaro Pinto da Silva Novaes, datado de Santos, em 9 de novembro de 1943. Nela constata que em 1770, o frei Manoel Senna solicita uma cópia do livro original, que seria feita pelo tabelião Eugênio de Almeida Ramos. E aqui um fato nos causa certa inquietação: quando aparecem as referências à SABAÚMA, percebe-se que foram feitass não pelo primeiro escrição, mas por um transladador posteriormente.As ditas referências, em nossa cópia estão descritas à margem; não sabemos se é a mesma letra original. Muito provavelmente não seria. Acreditamos ser do primeiro transcritor. Como ilustração à nossa tese, transcrevemos à seguir tais referências: "Lançamento e Treslado da petição das terras pedidas em Sabaúma (a margem está) Fazenda Sabaúma; "Lançamento e Trelasdo do termo e auto de posse (à margem está) Sabaúma"; "Extraído do Livro do Tombo do Convento de Nossa Senhora do Carmo da Vila de Santa Ana das Cruzes de Mogi (...) cujo teor é o seguinte: (à margem está: pertence à Sabaúma)"; Lançamento e Treslado da petição, despacho e treslado da escritura das terras de Sabaúma. (à margem está): Botujuru junto das terras de Sabaúma (...)"; "Lançamento e Traslado da escritura de doação de terras (...) em Sabaúma. (à margem está: botujuru junto às terras de Sabaúma)"; "Lançamento de escritura (...) na paragem Barraquaiacora (...) (à margem está): Bracaiacoara pertence a Sabaúma"; "Lançamento e Treslado de escritura (...) na paragem chamada Ribeirão Bracaiaocara (...) por compra que fez frei Thomé Alvares de Christo. (à margem está acrescentado: pertence à Sabaúma) (...)" Lê-se no memorável texto histórico que foi em “mongi” que nativos desbarataram a bandeira de Luiz Grou e massacraram seus seguidores, em 1590. Sobreviventes do morticínio “disseram que é verdade que o nativo de mongi rio abaixo do Anhemby perto de outro rio de Jaguary (...) no dito sitio foram dando neles e matando e desbarataram a uns e outros”. Contaram à Câmara da vila de São Paulo, em sessão, segundo a Ata de 5/12/1593, que voltavam dos lados do Paraíba para o Anhemby: "vinham para esta Capitania (São Paulo), quando os nativos atacaram. O rio Jaguari, junto do qual foram dizimados, não é afluente do Rio Tietê, nem existem cachoeiras em Mogi ou nas suas redondezas, entre o Tietê e o vale do Paraíba. Documenta-se, em São José dos Campos, um rio chamado Jaguari e um lugar denominado "campos do Jaguari", à margem da vila D. Pedro I, nas cercanias de Jacareí. [Página 2] • 8°. Em 15 de Agosto de 1601, assentou-se como confrade de Nossa Senhora do Carmo e tomou o batismo Clemente Álvares e seus sócios, Martim Rodrigues (um nativo batizado e civilizado pelos frades carmelitas) e Damião Simões encontraram "mantas de ouro" e minas de "betas" quando penetraram, pelo caminho da Borda do Campo, além das "cruzes" que, segundo depoimento do primeiro, Bras Cubas inscrevera em pedras, cumprindo uma composição de divisas com Luis Góes, lavrada em escritura pública. Esse caminho era o divisor de águas que nasciam na Serra do Mar e desciam por ela. Na orografia da Serra do Mar, "mogy", ou "mogy" é nome encontradiço de "rio que nasce junto a Cubatão", denominado-se o vale de "Mogi". • 9°. Novo Regimento das Minas de São Paulo após o testemunho ocular de Clemente Alvares Clemente Álvares e seus sócios, Martim Rodrigues (um nativo batizado e civilzado pelos frades carmelitas) e Damião Simões encontraram "mantas de ouro" e minas de "betas" quando penetraram, pelo caminho da Borda do Campo, além das "cruzes" que, segundo depoimento do primeiro, Bras Cubas inscrevera empedras, cumprindo uma composição de divisas com Luis Góes, lavrada em escritura pública. Este o excerto da execução da sentença: "(...) o qual marco é uma pedra grande que está deitada de seu nascimento, na qual foi feita por João Vieira uma cruz (...); outra pedra talada que assim talou o mesmo João Vieira e fez outra cruz em cima; (...) ao pé de uma árvore grande (...) e foi feita pelo dito João Vieira como marco uma cruz; (...) sobre uma grande pedra que alo estava deitada uma cruz foi feita pelo dito João Vieira e saindo do mato em uma roça do Meste Bartholomeu está uma pedra grande com umas pancadas de machado, foi feito uma cruz pelas mãos do Snr. Capitão Braz Cubas (...)". Segundo o testemunho ocular de Clemente Álvares, registrado na Câmara da vila de São Paulo, no dia 16 de dezembro de 1606, Brás Cubas extremou as suas terras das dos Góes, na Serra do Mar, por "umas cruzes em pedras inscritas" e que estão lá até agora, declarou ele à Câmara. Está escrito na justificação das divisas da vila de Santa Ana com a vila de São Paulo, em 1665, que a divisão "empatou" no chamado "morro do Gy" e "onde Francisco Cubas tem as suas rossas". Daí a elaboração da hipótese: por que não chamariam as terras do "Boi Gy",já que o morro era chamado e conhecido como "morro do Gy"? [p. 1 e 2] • 10°. Elevação do povoado a vila / mudança do Pelourinho / Aldeados poderiam administrar as minas Em 1611, em número ainda insuficiente de acordo com as Ordenanças do Reino, sob a liderança do seu primeiro povoador, Gaspar Vaz, conseguiram provisão de D. Luiz de Souza e o primitivo povoado de Boigy Mirim foi elevado a vila no dia 1 de setembro, com o nome de Santa Ana de Mogi Mirim. • 11°. Ata da confirma a denominação "Santa Ana" Data de 1614, 3 anos após a instalação da Villa, o nome desta assim formado: "Santa Ana das Cruzes de Mogi". Vila conceituava-se, nas Ordenanças do Reino, como o Município, pessoa jurídica de direito público interno, no exercício dos 3 Poderes, a vila e do dois Poderes, o Município, tendo recebido, na sua instalação, no dia 1 de setembro de 1611, o nome oficial de "Santa Anna", segundo a Ata de 3 de setembro de 1611. [p. 1] • 12°. “Americae pars Meridionalis”, Johannes Janssonius, colaboração de Hendrik Hondius (1597-1651) • 13°. Foi feita a justificação judicial dos limites da Vila de Santa Anna com a Vila de São Paulo pela "yembiaçava" Foi feita a justificação judicial dos limites da Vila de Santa Anna com a Vila de São Paulo pela "yembiaçava". A divisa "empatou" no chamado "Morro do Gy", nas rossas de "Francisco Cubas", irmão de Bras Cubas e, para a fixação dos rumos, observou-se o costume de assinalá-las com cruzes. Certifica-o techo desta justificação: "(...) onde se pos uma cruz em um pau diz "repatição do limite de Mogy com a vila de São Paulo"; (...) um pau seco de carvalho que está em pé aonde se por uma cruz; (...) saiu a estrada real aonde se por uma cruz ao pau de Ibitinga (...); saiu a estrada Real de Goyaó aonde se pos uma cruz ao lado do caminho (...)" • 14°. História de Boituva, São Paulo – SP, suburbanodigital.blogspot.com
Atualizado em 02/11/2025 04:48:35 Referências e teorias sobre o nome Itapocu. Correio do Povo, de Jaraguá do Sul. José Alberto Barbosa ![]() Data: 1989 Página 9
• 1°. Carta de Américo Vespucci destinada a Lorenzo Medici* • 2°. Cabeza de Vaca desembarca em Santa Catarina • 3°. Maniçoba / Ulrico Schrnidel partiu de Buenos Aires, que veio do Paraguai a São Vicente, passando por Santo André, a vila de João Ramalho • 4°. Tomé de Souza escreve ao Rei D. João III: “nomeei João Ramalho para vigiar e impedir o trânsito de espanhóis e portugueses entre Santos e Assunção e vice-versa; e assegurar a soberania portuguesa no campo de Piratininga e sobre os caminhos de penetração que dali partiam” Mandou obstruir o caminho que da costa de Santa Catarina ia ter ao Rio da Prata (Assunção) e que era um dos ramos da linha tronco do Peabiru. Esse roteiro fechado inutilmente por Tomé de Souza é o da subia ao planalto a partir do Itapocu. Antigo caminho nativo. [Página 15] • 5°. Ulrico Schmidel chegou a São Vicente • 6°. Partida da expedição de Bras Cubas* Em seguida, arrola numerosas pessoas e expedições que se utilizaram do caminho do Peabiru, indo por ele em várias direções: Cabeza de Vaca e comitiva (1541); Joahnn Ferdinando, de Assunção para Santa Catarina (1549); os campanheiros de Hans Staden em toda para Assunção (1551); Ulrich Schmidel (em 1553) do Paraguai para São Vicente; o Pe. Leonardo Nunes; os irmãos Pedro Correia e João de Souza, Mártires pacificadores dos carijós; Juan de Salazar Espinosa, Cipirano de Góés e Ruy Diaz Melgarejo (1556) com algumas senhoras e soldados; Diogo Nunes viajando para Paraguai e Peru; Braz Cubas e Luiz Martins (1562). • 7°. Mapa de Bartholomeu Velho • 8°. Mapa "Brasilia", de Christoph: AB Artischav Arciszewski • 9°. “Novus Brasiliae Typus”, Jodocus Hondius • 10°. Mapa “Americae nova Tabula”, de Willem & Jan Blaeu • 11°. Mapa "Acuratissima Brasilia Tabula" de Johannes Janssonius • 12°. “O Tupi na Geographia Nacional”. Teodoro Fernandes Sampaio (1855-1937) • 13°. Diccionario castellano-guaraní y guaraní-castellano, de Antonio Guasch
Atualizado em 02/11/2025 04:48:35 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de SP. LVVVX ![]() Data: 1990 Página 33
Atualizado em 02/11/2025 04:48:35 Santo Antônio da Minas de Apiahy. Rubens Calazans Luz* ![]() Data: 1993 Créditos: Rubens Calazans Luz Página 23
• 1°. Diário de Pero Lopes Principiamos este modesto trabalho com essas três citações, caminhando à ré no tempo, numa tentativa de identificarmos aquele ou aqueles que por primeiro pisaram as terras que hoje agasalham a cidade de Apiaí, que se denominou “Santo Antonio das Minas de Apiahy”, com as variações de “Apiahú”, “Piahú”, ou simplesmente “Piahi”, conforme se lê em alguns documentos primitivos. Significa afirmar que pretendemos encontrar, à vista de fatos acontecidos no decurso do tempo, aliados a documentação esparsa conservada em arquivos oficiais, e aproveitando pesquisas transcritas em obras de estudiosos historiadores, os primeiros que se fixaram nestes sertões com o ânimo de permanecer ocupando a terra de modo a que ela, paulatinamente se constituísse no Apiaí que hoje é ou que passou a ser a contar do século XVIII. Relatamos que a primeira expedição exploradora mandada por Martim Afonso de Souza partiu de Cananéia, seguindo a rota do rio Ribeira que em seu trecho mediano dista pouco mais de vinte quilômetros de Apiaí, cujas minas passaram a ser vasculhadas pouco tempo depois. [p.24] • 2°. De onde partiu a expedição, com 80 soldados bem equipados, sendo 40 besteiros e 40 arcabuzeiros, que acabou aniquilada? Principiamos este modesto trabalho com essas três citações, caminhando à ré no tempo, numa tentativa de identificarmos aquele ou aqueles que por primeiro pisaram as terras que hoje agasalham a cidade de Apiaí, que se denominou “Santo Antonio das Minas de Apiahy”, com as variações de “Apiahú”, “Piahú”, ou simplesmente “Piahi”, conforme se lê em alguns documentos primitivos. Significa afirmar que pretendemos encontrar, à vista de fatos acontecidos no decurso do tempo, aliados a documentação esparsa conservada em arquivos oficiais, e aproveitando pesquisas transcritas em obras de estudiosos historiadores, os primeiros que se fixaram nestes sertões com o ânimo de permanecer ocupando a terra de modo a que ela, paulatinamente se constituísse no Apiaí que hoje é ou que passou a ser a contar do século XVIII. Relatamos que a primeira expedição exploradora mandada por Martim Afonso de Souza partiu de Cananéia, seguindo a rota do rio Ribeira que em seu trecho mediano dista pouco mais de vinte quilômetros de Apiaí, cujas minas passaram a ser vasculhadas pouco tempo depois. Conta-nos que seu objetivo seria encontrar minas no rio Paraguai, e que teria sido dizimada pelos nativos carijós na foz do rio Iguaçú. Entretanto, como ainda não havia carta geográfica do interior do continente recém descoberto, os cursos d´água ainda não tinham nome e nem se conheciam os habitantes nativos, tem-se que nenhuma daquelas hipóteses poderá ser aceita como escorreita. Tanto mais que não restaram sobreviventes da infausta caravana. E como ela estava a cata de riquezas minerais, não poderá ser descartada a versão de que os aventureiros tenham passado por terras hoje pertencentes a Apiaí e imediações, onde pouco mais tarde ricos depósitos de ouro seriam encontrados e explorados. A respeito da gradual ocupação do vale do Ribeira no caminhar dos anos que se seguiram naquele século XVI não se catalogaram fatos concretos esclarecedores. Mas é certo que as minas de ouro descobertas desde Iguape até Apiaí se constituíram no motivo de sua colonização. • 3°. Expedição planejada por Thomé de Souza; (...) notícia dada pelo Padre Anchieta em 1554; enquanto a localização do Ypanema da primeira descoberta de Afonso Sardinha* • 4°. “Ouro que pesava três quartos de dobra e seis grãos” Foi no Estado de São Paulo que, em meados do século XVI, se descobriram as primeiras minas de ouro do Brasil. Confirmaram esses achados missivas do bispo Sardinha e do padre Anchieta, datadas respectivamente de 1552 e 1554. As jazidas auríferas são verificadas nas expedições de 1560 e 1562, do provedor Braz Cubas e seu auxiliar Luiz Martins. • 5°. A primeira povoação dizem que foi estabelecida em 1.600 por habitantes da parte inferior da Ribeira arruinaram o teto da capela inteiro, e quase o de todas as casas. Junho (princípio)5 noites para geada, as manhãs 2 a 3 graus abaixo da geada, com neve em algumas partes. A primeira povoação dizem que foi estabelecida em 1.600 por habitantes da parte inferior da Ribeira; e isto por causa do ouro que eles acharam em todos os rios acima. Vêem-se ainda as pedreiras estéreis das antigas lavagens de ouro, e o lugar onde estavam as casas ou para melhor dizer os ranchos. Quando estes procuradores de ouro descobriram que havia ouro nessa massa de ruínas do vale, na parte meridional do Morro de Ouro, então eles todos foram se mudando sucessivamente para lá e aí construíram suas casas, sem plano e onde mais lhes agradava. Assim formou-se a denominada Vila Velha, isto foi pelo ano de 1.760 a 1.770. Eles obtiveram permissão de construir uma Igreja Paroquial, que era consagrada a Santo Antonio de Lisboa; eles eram muito zelosos em seus negócios de lavar ouro e descobriram o conteúdo de ouro do Morro.” • 6°. as minas descobertas e exploradas no vale do Ribeira, principalmente Apiaí, o que tudo ensejou a instalação em Iguape, da primeira casa de fundição do precioso metal, por volta de 1637. E quando Calógeras com sua autoridade menciona o Estado de São Paulo como sendo o berço da mineração do ouro no Brasil, implicitamente destaca naquele episódio as minas descobertas e exploradas no vale do Ribeira, principalmente Apiaí, o que tudo ensejou a instalação em Iguape, da primeira casa de fundição do precioso metal, por volta de 1637. “Ahi, na antiquíssima cidade de Iguape, existiu a primeira Casa da Moeda, isto é, a fundição onde eram fundidas as antigas moedas de ouro, cujo metal precioso era catado ou bateado em todo o Ribeira acima e, levado para esse lugar, a fim de ser transformado em meio circulante”. • 7°. Assim formou-se a denominada Vila Velha arruinaram o teto da capela inteiro, e quase o de todas as casas. Junho (princípio) 5 noites para geada, as manhãs 2 a 3 graus abaixo da geada, com neve em algumas partes. A primeira povoação dizem que foi estabelecida em 1600 por habitantes da parte inferior da Ribeira; e isto por causa do ouro que eles acharam em todos os rios acima. Vêem-se ainda as pedreiras estéreis das antigas lavagens de ouro, e o lugar onde estavam as casas ou para melhor dizer os ranchos. Quando estes procuradores de ouro descobriram que havia ouro nessa massa de ruínas do vale, na parte meridional do Morro de Ouro, então eles todos foram se mudando sucessivamente para lá e aí construíram suas casas, sem plano e onde mais lhes agradava. Assim formou-se a denominada Vila Velha, isto foi pelo ano de 1760 a 1770. Eles obtiveram permissão de construir uma Igreja Paroquial, que era consagrada a Santo Antonio de Lisboa; eles eram muito zelosos em seus negócios de lavar ouro e descobriram o conteúdo de ouro do Morro.” [Página 26] • 8°. Rebatizado em 1770 como Santo Antônio das Minas de Apiaí
Atualizado em 02/11/2025 04:48:32 Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo ![]() Data: 1998 Página 15
• 1°. Cartas de Caminha e do Mestre João Emenelau Farás • 2°. A esquadrilha portuguesa de Martim Afonso de Sousa partiu de Lisboa Ao invés disto, e em contraste com os sertanistas que já preferiam o ouro a qualquer outra exploração, quis o administrador geral das minas desenvolver o fabrico do ferro na Capitania de São Vicente. Já eram conhecidas outras minas, como já vimos; e para aproveita-las foi celebrado por escritura de 26 de fevereiro de 1609, em notas do tabelião Simão Borges de Cerqueira, (diz a Chronologia), um contrato de sociedade entre o marques das Minas, o provedor da fazenda Diogo de Quadros e o cunhado deste Francisco Lopes Pinto. Visavam os sócios estabelecer o novo engenho na ilha de Santo Amaro, á margem do rio Geribatuba, fronteiro á ilha de São Vicente e á esquerda do Morro das Neves. Esses termos da escritura identificam esta fábrica nova com as ruínas visitadas por Eschwege em 1810, aproximadamente. O auto de ereção á freguesia (14 de janeiro de 1680) da capela de Santo Amaro, ereta por João Peres e a sua mulher Suzana Rodrigues, naturais de Portugal e vindos na frota de Martim Afonso, declara que se acha este edifício colocado á margem do Gerybatuba, "nome que o vulgo corrompeu na pronuncia para o de Jerubatuba". É a mesma Chronologia citando Taques, declara, a proposito de carta patente do Capitão-mór João Corrêa, nomeando Sardinho o primeiro descobridor de minas no Brasil, que o sítio de Ubatá, pertencente a este último, estava localizado junto ao rio Jurubatuba, "que agora se diz Rio dos Pinheiros". Não ha dúvida, portanto, que as minas atribuídas pelo Barão de Eschwege, á primeira fábrica de ferro brasileira, e são efetivamente da segunda, que estava colocada nas vizinhanças das terras de Afonso Sardinha, morador no Ubatú enquanto que o engenho se achava "no sítio Borapoeira da outra banda do Rio Jerabatiba", segundo afirma Taques. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (1998). Páginas 33 e 34] • 3°. Neste local, porta de entrada para a “Cidade de Santo Amaro” onde aportou a primeira expedição, que consta ter sido em 1552 Em 1552 fôra achado o ouro; possível é que uma descoberta de minério de ferro, feita mais ou menos na mesma época na zona entre o litoral e São Paulo tivesse dado lugar a que o Padre Anchieta reunisse ambos os fatos sob uma epígrafe comum. Vários indícios e alguns fatos parecem corroborar esse modo de ver. • 4°. Uma das primeiras notícias sobre a existência destas riquezas se deu através de uma carta do bispo Pedro Fernandes Sardinha ao rei • 5°. Expedição planejada por Thomé de Souza; (...) notícia dada pelo Padre Anchieta em 1554; enquanto a localização do Ypanema da primeira descoberta de Afonso Sardinha* Pouco tempo após os europeus estabelecem-se em Piratininga, em março de 1554 a expedição planejada por Thomé de Souza e dirigida por Bruja partiu das proximidades de Santo Amaro rumo a região de Sorocaba. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, 1998. Página 21] • 6°. Registro de terras Ao invés disto, e em contraste com os sertanistas que já preferiam o ouro a qualquer outra exploração, quis o administrador geral das minas desenvolver o fabrico do ferro na Capitania de São Vicente. Já eram conhecidas outras minas, como já vimos; e para aproveita-las foi celebrado por escritura de 26 de fevereiro de 1609, em notas do tabelião Simão Borges de Cerqueira, (diz a Chronologia), um contrato de sociedade entre o marques das Minas, o provedor da fazenda Diogo de Quadros e o cunhado deste Francisco Lopes Pinto. Visavam os sócios estabelecer o novo engenho na ilha de Santo Amaro, á margem do rio Geribatuba, fronteiro á ilha de São Vicente e á esquerda do Morro das Neves. Esses termos da escritura identificam esta fábrica nova com as ruínas visitadas por Eschwege em 1810, aproximadamente. O auto de ereção á freguesia (14 de janeiro de 1680) da capela de Santo Amaro, ereta por João Peres e a sua mulher Suzana Rodrigues, naturais de Portugal e vindos na frota de Martim Afonso, declara que se acha este edifício colocado á margem do Gerybatuba, "nome que o vulgo corrompeu na pronuncia para o de Jerubatuba". É a mesma Chronologia citando Taques, declara, a propósito de carta patente do Capitão-mór João Corrêa, nomeando Sardinho o primeiro descobridor de minas no Brasil, que o sítio de Ubatá, pertencente a este último, estava localizado junto ao rio Jurubatuba, "que agora se diz Rio dos Pinheiros". Não ha dúvida, portanto, que as minas atribuídas pelo Barão de Eschwege, á primeira fábrica de ferro brasileira, e são efetivamente da segunda, que estava colocada nas vizinhanças das terras de Afonso Sardinha, morador no Ubatú enquanto que o engenho se achava "no sítio Borapoeira da outra banda do Rio Jerabatiba", segundo afirma Taques. [Páginas 33 e 34] • 7°. Gastos* Biraçoyaba, ou Morro de Araçoyaba segundo a lição contemporânea, é um serro que se acha na comarca de Sorocaba. Em 1710, quando o sertão paulista já estava trilhado e as comunicações eram mais fáceis, dizia Antonil que eram precisos doze dias de viagem para transpor a distância que separava essa localidade da vila de São Paulo. Devia ser mais longa a jornada em fins do século XVI, principalmente se tratando de uma viagem de descobertas, sem estradas de antemão conhecidas e onde o guia natural, os acidentes geográficos como os rios ou as serras, leva sempre pelos caminhos mais desenvolvidos. Seja qual for a data exata da entrada dos paulistas nesta região, o certo é que somente em 1597 se deu conta dos descobrimentos ao Governador Geral D. Francisco de Souza que se achava então na Bahia. Em outubro de 1598 partiu da Bahia para o sul o Governador Geral, aportando em poucos dias na Victoria, afim de providenciar sobre o descobrimentos das esmeraldas e da prata de que havia notícia na Serra do Mestre Alvaro. Mando também de lá para as lavras de São Vicente uns duzentos nativos, cujo transporte por mar se fez em navio de Aguine por conta do Almoxarifado de Santos, á vista da provisão data de Victoria a 1 de dezembro de 1598. [Páginas 29, 30 e 31] • 8°. Chegada Compreendo o valor da nova que lhe era dada, e enquanto se apressava a seguir para as minas, mandou imediatamente nomear o administrador delas, Diogo Gonçalves Laço, a quem também fez Capitão da Vila de São Paulo, deu-lhe um alferes, Jorge João, e, providência mais acertada, remeteu para lá dois mineiros experimentados, Gaspar Gomes Moalho e Miguel Pinheiro Zurara, vencendo estes por ano 200$000 casa um, e um fundidor, D. Rodrigo ou Rodrigues, com as necessárias instruções e ordem para receber do almoxarife da Fazenda Real da vila de Santos o dinheiro de que este carecesse para seus trabalhos. Chegaram esses homens práticos em São Vicente a 18 de maio de 1598. Poder-se-ia dizer que a estes, e não a Afonso Sardinha, caberia a glória de ter levantado a usina de Araçoyaba, tendo o Paulista somente a de descobrir o minério. Não parece procedente esta arguição, pois consta dos documentos, uníssonos neste ponto terem sido os engenhos construídos á custa daquele, que os doou, como coisa sua, a El-Rey. Os trabalhos dos auxiliares remetidos por D. Francisco de Souza, a ser exata a versão que contestamos, deveriam ter sido pagos por Sardinha. Ora diz Taques, baseando-se no 1°. livro de regimentos do Cartório da Provedoria que além dos ordenados do pessoal foram despendidos 589$100 da data da sua chegada até janeiro de 1598, para o benefício das Minas. Essas despesas, portanto, deviam ser outras que não as do estabelecimento da usina, custeada pelo Paulista ilustre, fundador da siderurgia no Brasil. • 9°. D. Francisco partiu para o Sul Em outubro de 1598 partiu da Bahia para o sul o Governador Geral, aportando em poucos dias na Victoria, afim de providenciar sobre o descobrimentos das esmeraldas e da prata de que havia notícia na Serra do Mestre Alvaro. Mando também de lá para as lavras de São Vicente uns duzentos nativos, cujo transporte por mar se fez em navio de Aguine por conta do Almoxarifado de Santos, á vista da provisão data de Victoria a 1 de dezembro de 1598. [Páginas 29, 30 e 31] • 10°. Provisão de Francisco Mandou também de lá para as lavras de São Vicente uns duzentos nativos, cujo transporte por mar se fez em navio de Aguirre por conta do Almoxarifado de Santos, á vista da provisão data de Victoria a 1 de dezembro. [Páginas 30 e 31] • 11°. O navio holandês Eendracht, da pequena esquadra comandada por Olivier van Noort, aproxima-se da barra do Rio de Janeiro, para proteger um desembarque de 70 homens perto do Pão de Açúcar D. Francisco de Souza ainda parou no Rio de Janeiro, onde providenciou sobre a administração da justiça que encontrou inteiramente descurada, e depois de rechaçar uns corsários que lhe e embargavam a saída, seguia para São Vicente ai chegando em princípios de 1599. Vinham em sua companhia, além de soldados e oficiais tirados do presidio da Bahia, dois alemães, um mineiro e outro engenheiro, chamado Jaques de Palte (Walter?) e Geraldo Betimk, vencendo cada um 200$ por ano. • 12°. D. Francisco chegou à vila de São Vicente* D. Francisco de Souza ainda parou no Rio de Janeiro, onde providenciou sobre a administração da justiça que encontrou inteiramente descurada, e depois de rechaçar uns corsários que lhe e embargavam a saída, seguia para São Vicente ai chegando em princípios de 1599. Vinham em sua companhia, além de soldados e oficiais tirados do presidio da Bahia, dois alemães, um mineiro e outro engenheiro, chamado Jaques de Palte (Walter?) e Geraldo Betimk, vencendo cada um 200$ por ano. • 13°. D. Francisco parte de São Paulo para as minas de Bacaetava, Vuturuna e Jaraguá, na Serra de Biraçoiaba onde passa 6 meses A 23 de maio seguiu o Governador para Sorocaba e as minas, deixando em Santos, para guarnecer a vila contra os corsários, as companhias militares que trouxera da Bahia. • 14°. De junho a princípios de setembro de 1599 ficou D. Francisco em Biraçoyaba, inspecionando as minas e melhorando-as; mudou-lhes o nome para Nossa Senhora do Monserrate e aí levantou pelourinho* A 23 de maio seguiu o Governador para Sorocaba e as minas, deixando em Santos, para guarnecer a vila contra os corsários, as companhias militares que trouxera da Bahia. De junho a princípios de setembro de 1599 ficou ele em Biraçoyaba, inspecionando as minas e melhorando-as; mudou-lhes o nome para N. Senhora do Monserrate e ai levantou pelourinho. • 15°. Segunda visita a Nossa Senhora de Montsserrat / Adiante desta vila quatro léguas (19km), no sitio chamado serra de Biraçoiaba* Já em 1°. de outubro estava ele em São Paulo, onde datou uma provisão alterando de 100$ para 200$ o ordenado do Capitão Diogo Gonçalves Laço, e só voltou ás jazidas em 11 de fevereiro de 1601. É pois inexata a afirmação das memórias de Frei Gaspar da Madre de Deus quando dá a D. Francisco como presente em Biraçoyaba em 1600. Desta segunda viagem voltou ele para São Paulo antes de junho, pois em 19 de julho já nesta vila ele expedia instruções a André de Leão que ia fazer uma expedição pelo sertão á procura da prata. Registrada a doação do engenho de ferro de Afonso Sardinha a El-Rei no primeiro livro de regimentos de 1600, no Archivo da Câmara de São Paulo, como afirmam as Notas Genealógicas citadas por Vergueiro, parece razoável supor ter se dado a transferência no ano anterior. Em 1601 morria Laço, dando lhe substituto o Governador na pessoa de um neto, daquele e determinando que, durante a menoridade deste, servisse de capitão de São paulo e sua minas Pedro Arias de Aguirre. Assim se fez, e D. Francisco de Souza voltou para Portugal sucedendo-lhe no Governo Diogo Botelho, que em 1608 chegou do reino diretamente á Pernambuco, coisa que nunca acontecera até então. Em Madrid D. Francisco, além de provar a lisura de sua administração, conseguiu despertar a atenção de Felippe IV sobre as riquezas novamente descobertas no Brasil, organizando se então o regimento das terras minerais de 1603 e obteve a concessão [Página 31] • 16°. D. Francisco autorizava a tirar ouro em Monserrate, registrando o interessado cada semana o ouro tirado, pagando os quintos Já em 1o. de outubro estava ele em São Paulo, onde datou uma provisão alterando de 100$ para 200$ o ordenado do Capitão Diogo Gonçalves Laço, e só voltou ás jazidas em 11 de fevereiro de 1601. É pois inexata a afirmação das memórias de Frei Gaspar da Madre de Deus quando dá a D. Francisco como presente em Biraçoyaba em 1600. Desta segunda viagem voltou ele para São Paulo antes de junho, pois em 19 de julho já nesta vila ele expedia instruções a André de Leão que ia fazer uma expedição pelo sertão á procura da prata. Registrada a doação do engenho de ferro de Afonso Sardinha a El-Rei no primeiro livro de regimentos de 1600, no Archivo da Câmara de São Paulo, como afirmam as Notas Genealógicas citadas por Vergueiro, parece razoável supor ter se dado a transferência no ano anterior. • 17°. Falecimento de Diogo Gonçalves Lasso* Em 1601 morria Laço, dando lhe substituto o Governador na pessoa de um neto, daquele e determinando que, durante a menoridade deste, servisse de capitão de São paulo e sua minas Pedro Arias de Aguirre. Assim se fez, e D. Francisco de Souza voltou para Portugal sucedendo-lhe no Governo Diogo Botelho, que em 1608 chegou do reino diretamente á Pernambuco, coisa que nunca acontecera até então. Em Madrid D. Francisco, além de provar a lisura de sua administração, conseguiu despertar a atenção de Felippe IV sobre as riquezas novamente descobertas no Brasil, organizando se então o regimento das terras minerais de 1603 e obteve a concessão [Página 31] • 18°. Após a descoberta do ouro em terras brasileiras, Portugal instituiu várias medidas de caráter fiscalizador com o chamado “Primeiro regimento das terras minerais” Conhecedor do Brasil, que já governara por três anos, e tendo ido demoradamente visitar o distrito mineiro de São Vicente, obteve do rei de Hespanha e Portugal, o regimento de 15 de agosto de 1603, e o estabelecer se no novo continente uma verdadeira administração de terras minerais, sob sua direção, e abrangendo, além de um tesoureiro, com 120$ por ano, três mineiros de ouro, sendo um especialista em betas, um de pérolas e um de esmeraldas, e um ensaiador a 240$, por ano cada um, um mineiro de salitre com 200$ e dois de ferro com 160$ cada um. [Página 32] • 19°. Quadros • 20°. nunca Em 1601 morria Laço, dando lhe substituto o Governador na pessoa de um neto, daquele e determinando que, durante a menoridade deste, servisse de capitão de São paulo e sua minas Pedro Arias de Aguirre. Assim se fez, e D. Francisco de Souza voltou para Portugal sucedendo-lhe no Governo Diogo Botelho, que em 1608 chegou do reino diretamente á Pernambuco, coisa que nunca acontecera até então. Em Madrid D. Francisco, além de provar a lisura de sua administração, conseguiu despertar a atenção de Felippe IV sobre as riquezas novamente descobertas no Brasil, organizando se então o regimento das terras minerais de 1603 e obteve a concessão [Página 31] • 21°. D. Francisco de Sousa os privilégios que haviam sido concedidos a Gabriel Soares de Sousa, para a exploração das minas Datam de 2 de janeiro de 1608 esse alvarás, esboçando o sistema instituído pela metrópole para fomentar o desenvolvimento de minas e organizar o aproveitamento delas. • 22°. Fim? • 23°. Sorocaba (data estimada) Assim findou em 1609, após trinta anos de duração, a primeira fase da siderúrgica do Brasil. O trabalho da fábrica real de Biraçoiaba, e o transporte do forro, dos materiais e do pessoal entre esse lugar e a vila de São Paulo não tinham conseguido estabelecer uma estrada permanente, ao longo do qual os pousos balizassem o centro das futuras povoações. Sorocaba, por exemplo a cujo termo pertenciam as minas, só em 1610 foi fundada. Não é de estranhar, portanto, que pouco a pouco de perdesse a noção dessas jazidas metalíferas, em uma época na qual as vistas se voltavam preferencialmente para as pesquisas de ouro, que ia sendo descoberto em quantidades cada vez mais crescentes. [Página 35] • 24°. Mandava pôr a Camara escriptos á porta conselho e da egreja matriz, para que todos caiassem suas casas sob pena de dois mil réis de multa • 25°. O triste destino de D. Francisco de Souza, fundador do Itavuvu e 7° Governador-Geral do Brasil Ocupado, porém, com a instalação da nova usina, achacado de doenças que o levaram ao túmulo, tendo de acudir ao desenvolvimento da extração de ouro, não é provável nem consta fosse ele novamente ver as minas de Biraçoyaba. Estas iam sendo dirigidas por Diogo de Quadros, que pouco após a morte de D. Francisco de Souza, em 10 de junho de 1611, mais se dedicou á nova mina do que á antiga, vindo está a cessar seu trabalho. [p.33] • 26°. André Fernandes obteve para si uma sesmaria onde havia encontrado ouro / Balthazar obteve sesmaria no Porto de Canoas 1.º de Dezembro de 1607, diziam os officiaes da Camara "que lhes era vindo à sua noticia que, desta villa se queria hir Belchior Rodrigues, de Birapoeira, com forja de ferreiro,para Piassava das Conôas, a donde desembarcavam os Carijós,que para esta villa vem de resgate, o que era em prejuizo desta terra, porquanto, poderia levar ferro e fazer resgate etc". [p.763] • 27°. teste Este Manoel Rodrigues, casado com Beatriz Rodrigues, era filho de Bernardo Rodrigues Bueno, neto de Bernardo Rodrigues Chaves, bisneto de Francisco de Chaves e trineto de Cosme Fernandes. Pelos documentos por nós examinados, deduzimos que Francisco de Chaves tinha dois filhos, um por nome Bernardo Rodrigues Chaves e o outro Nuno Chaves. Não podemos disser qual fosse o primogénito e não afnrmamos que não houvesse outros. A prole de Bernardo Rodrigues Chaves era: António de Barcellos, Bernardo Rodrigues Bueno e uma filha casada com Bartholomeu Francisco. A prole de Nuno Chaves era : Bernardo Chaves e uma filha casada com Philiph Pereira Nunes. No principio do século XVII 09 descendentes de António de Barcellos se achavam estabelecidos nos terrenos hoje occnpados pela cidade de Iguape e pela povoação do Porto da Ribeira; os de Bernardo Rodrigues Bueno nos terrenos que fazem frente ao Mar-Pequeno ao sul do rio Sorocaba; os de Bartholomeu Francisco nos terrenos próximos ao da antiga villa e que fazem frente ao mesmo Mar-Pequeno ; quanto aos de Bernardo Chaves e Philiph Pereira Nunes occupavam o trecho que faz frente ao oceano, entre a barra de Capara e a do rio Ribeira, de modo que, antes do meiado do mesmo século, estas famílias tinham domínio sobre toda a extensão do terreno comprehendido entre a barra do rio Ribeira e a do rio Sobauma, que deságua no mesmo Mar-Pequeno. No ano de 1637, Francisco de Pontes Vidal, casado com uma filha de Francisco Alvares Marinho, filho de António de Barcellos, requereu por si e por seu filho Francisco de Pontes Vidal, uma sesmaria de quatro léguas de terras no rio Mumuna, e como elle diz na sua petição: "comessando da data de Francisco Alvares Marinho, todas as cabesseiras de areya varjas, e esteios, e assim mais meya legoa de terras comessando da mesma data do dito Francisco Alvares". Esta ultima meia légua de que reza a petição fazia frente ao rio Ribeira, sita rio abaixo das terras pertencentes ao mesmo Francisco Alvares Marinho, sogro do requerente. As terras pertencentes a Francisco Alvares Marinho faziam frente ao Mar-Pequeno, desde o pé dos morros próximos a cidade até á barra do rio Sorocaba, e frente ao rio Ribeira desde a lagoa, hoje chamado «do porto da Ribeira*, rio acima até um pequeno monte denominado «Morretes*. Francisco Alvares Marinho tinha duas filhas, uma casada com Francisco de Pontes Vidal e a outra casada com Bernardo Rodrigues Bueno, bisneto de Bernardo Rodrigues Chaves, e por morte de Francisco Alvares suas terras passaram ao poder de seus genros. Falecendo Bernardo Rodrigues Bueno em 1666 mais ou menos, sua parte nas ditas terras ficaram pertencendo a seus filhos: Catherina Bueno casada com André do Fontes, An na Maria das Dores casada com Manoel da Costa, uma filha casada com seu primo Francisco de Pontes Vidal Júnior, Maria Rodrigues casada com André Gonçalves e Sebastião Rodrigues Bueno casado com Maria Nunes Chaveiro. É de presumir que até o ano de 1679 as terras que pertenciam ao fallecido Francisco Alvares Marinho não foram divididas entre seus herdeiros, ainda que destes somente dois assi- [Páginas 10 e 11] • 28°. Carta Regia pedindo informação sobre as Minas de Ferro descobertas em Biraçoyaba, por Luiz Lopes de Carvalho É tanto mais de se crer essa falta de execução, quanto a petição de Lopes de Carvalho se filia á série de esforços que desde 1690 vinha fazendo para estabelecer a fábrica a princípio no Rio de Janeiro de depois em São Paulo causa sobre a qual iam expedidas as Cartas Régias de 16 de outubro de 1691 e 23 de outubro de 1692 mandando pedir a informação do governo da Capitania; dai resultou a transferência da instalação para Biraçoyaba a que alude a petição. • 29°. Domingos Ferreira Pereira construiu uma fábrica de ferro no Araçoiaba, cerca de 3 km do engenho dos Sardinha • 30°. Ofício do governador e capitão-general da capitania de São Paulo, D. Luís de Antônio de Sousa Botelho Mourão, Morgado de Matheus, para o ministro e secretário de estado dos negócios do reino, Sebastião José de Carvalho de Melo, Conde de Oeiras, dando-lhe conhecimento do envio da amostra do primeiro ferro extraído por Domingos Ferreira Pereira da mina junto à vila de Sorocaba e manifestando o desejo que o ferro seja o suficiente para o trabalho dos mineiros • 31°. Instruções para João Mando Pereira cumprir na viagem ás barreiras de São Paulo, devendo examinar as minas de ferro da serra de Araçoiaba, junto da vila de Sorocaba; uns "buracos" que se diz terem sido minas de prata Já em 1800, em São Paulo, o capitão general Antonio Manoel de Mello Castel e Mendonça em cumprimento da ordem de 1795 tinha mandado a Ypanema o então Coronel mais tarde Marechal, Cândido Xavier de Almeida, junto com o químico João Manço Pereira afim de examinarem a montanha e designarem o local para uma fábrica, mandando impedir a devastação das matas; e autorizando-as a designar peças, que se deveriam importar, necessárias para este empreendimento. Referindo-se a estes fatos, diz Eschwege que em companhia de Manço tinha ido não o coronel Almeida, e sim o Dr. Martim Francisco Ribeiro de Andrada, nomeado em 1801 inspetor das minas e matas da Capitania de São Paulo; e aproveita a ocasião para tratar zombeteiramente a este naturalista, com aquela maledicência e descortesia de que ficou a fama trazida ao nosso conhecimento por antigos habitantes de Ouro Preto, onde o eminente cientista alemão por longo tempo morou. • 32°. Visita a Ypanema* • 33°. Dr. Martim Francisco Ribeiro de Andrada, nomeado em 1801 inspetor das minas e matas da Capitania de São Paulo Referindo-se a estes fatos, diz Eschwege que em companhia de Manço tinha ido não o coronel Almeida, e sim o Dr. Martim Francisco Ribeiro de Andrada, nomeado em 1801 inspetor das minas e matas da Capitania de São Paulo. • 34°. Alvará de D. João VI mandando estabelecer uma fábrica de ferro em Sorocaba Atenuado, embora, pelo estado de sobre salto contínuo em que unia a Europa talada pelos exércitos napoleônicos, sofrendo as duras provações a que estava sujeita toda a península ibérica continuou esse movimento emancipador da Colônia da América. Poucos documentos tem sido publicados relativos a esta época mas encontram-se nos arquivos ainda inéditos dos governos das capitanias e no do Vice-Rei, elementos comprobatórios dessa afirmativa. Para citar tão somente dois atos desse governo, lembraremos o alvará de 24 de abril de 1801, mandando estabelecer uma fábrica de ferro em Sorocaba, e o de 13 de maio de 1803 criando a Real Junta Administrativa de Mineração e Modelagem, pelo qual se tratava, entre outras coisas, de prover ao "estabelecimento de escolas mineralógicas e metalúrgicas semelhante as de Freiberge e Shemintz de que tem resultado aquele países tão grandes, e assinaladas vantagens"; nele se diminuia de 20 a 10°. o imposto sobre o ouro: decentralizavam-se os serviços administrativos referentes ás lavras, e procurava-se orientar as reformas em um sentido liberal. Já em 1800, em São Paulo, o capitão general Antonio Manoel de Mello Castel e Mendonça em cumprimento da ordem de 1795 tinha mandado a Ypanema o então Coronel mais tarde Marechal, Cândido Xavier de Almeida, junto com o químico João Manço Pereira afim de examinarem a montanha e designarem o local para uma fábrica, mandando impedir a devastação das matas; e autorizando-as a designar peças, que se deveriam importar, necessárias para este empreendimento. Referindo-se a estes fatos, diz Eschwege que em companhia de Manço tinha ido não o coronel Almeida, e sim o Dr. Martim Francisco Ribeiro de Andrada, nomeado em 1801 inspetor das minas e matas da Capitania de São Paulo; [Página 62] • 35°. Relatório É mais plausível, portanto, a afirmativa de Vergueiro, que adotamos, de que a visita do Dr. Martim Afonso a Ypanema foi posterior á missão de João Manço, e que todos os atos deste somente foi aprovado por aquele a escolha do local para o açude e para a Fábrica. E se uma prova complementar fosse necessária, ai estaria o Jornal da Viagem referente a 1803, em que o sábio acusado declara, na data de 23 de fevereiro: "Ocupei o dia em fundir a amostra da mina de ferro de Araraçoiava e obtive acima de 60 por 100 em ferro coado.". Parece, portanto, liquidado este ponto, secundário aliás, de nossa História industrial. Ao passo que em São Paulo se ensaiavam a produzir ferro em Ypanema, as tentativas em Minas já tinham transposto a primeira fase de incertezas. A ordem para guardar sigilo e não alargar o âmbito das experiências, dada por D. Rodrigo José de Menezes, não tinha podido ser observada á risca, em uma capitania onde numerosíssimos eram os escravizados vindos da África, metalurgistas natos como bem fazem notar os etnólogos, e dos que alguns eram empregados em pequenas ferrarias onde o preparo de metal acessoriamente podia ser feito. O testemunho autorizado de D. Luiz Antonio de Sousa mostra não importante foi o concurso do Negro para o funcionamento da fábrica de Araçoyaba, em 1765-1775. O mesmo fato notou-se em Minas, e é referido pelo Barão de Eschwege. Graças ao auxílio desses humilimos operários, podiam ser fabricados pelos fazendeiros alguns objetos de ferro para uso próprio, e parece ter tido algum desenvolvimento esta industria após a Carta Régia de 1795, pois em 1803 mostraram ao autor do Pluto em Lisboa tesouras e facas remetidas pelo Governador da Capitania. Atribui aquele geólogo a dois escravizados, um pertencente ao Capitão Antonio Ales (de Antonio Pereira, junto a Ouro Preto) e o outro do Capitão Durães (de Inficionado), a iniciativa dessas fábricas rudimentares. Além desses elementos de convicção e o desenvolvimento da siderúrgica Mineira, e é a correspondência governo com o Conde de Palma. • 36°. Por decreto de 13 de maio tinha D. João contrai um empréstimo de 100.00 cruzados para estabelecer uma fábrica de fundição de peças de artilharia e de canos de espingardas • 37°. Criação em Minas de uma fábrica de espingardas e de baionetas, para o que o conde de Linhares deu instruções ao Capitão General • 38°. Regimento • 39°. Capitão Francisco Galvão de Barros França em seu Relatório, mostrando a facilidade que ha de se conseguir uma Estrada que se comunique do Porto do Rio Ypiranga de Juquiá com as vilas de Itapetininga, Paranapanema e Sorocaba, e como para o futuro pode ser de grande vantagem para esta vila Segunda, que, tendo esta mesma Comissão feito todas as reflexões que estão ao seu alcance tendente a exposição que faz o capitão Francisco Galvão de Barros França em seu Relatório, mostrando a facilidade que ha de se conseguir uma Estrada que se comunique do Porto do Rio Ypiranga de Juquiá com as vilas de Itapetininga, Paranapanema e Sorocaba, e como para o futuro pode ser de grande vantagem para esta vila.
Atualizado em 02/11/2025 04:48:34 Jornal O Pioneiro ![]() Data: 1550 Fonte: O Pioneiro
• 1°. Quando as minas de prata de Potosí (Peru) aumentaram a riqueza do tesouro espanhol, um tipo humano específico surgiu no Cone Sul • 2°. Ouro • 3°. Sorocaba: Registro da primeira tropa de muar em Sorocaba* • 4°. O gaúcho encontrado nos Campos de Cima da Serra é diferente, interpreta o pesquisador Mário Gardelin, ao analisar o período entre 1750 e 1950 • 5°. Criação de uma cavalaria • 6°. Os tropeiros começam a se fixar por mais tempo em cada estância
Atualizado em 02/11/2025 04:48:32 O Povo Brasileiro. Autor: Darcy Ribeiro ![]() Data: 2001 Créditos: O Povo Brasileiro
• 1°. Cartas falam da Ilha Brasil "Ninguém sabe como o mundo vai ser daqui 50 ha anos só sabemos de uma coisa será totalmente diferente do que é hoje alguém podia imaginar quando acabou a guerra que o mundo ia mudar tanto é uma reinvenção do mundo que o mundo desenvolvido está fazendo então a coisa mais importante dos brasileiros presta atenção o mais importante é inventar o Brasil que nós queremos." (...) "Antes do Brasil existir como é que era o mundo? O Brasil nasce sobre o signo da utopia a terra sem males a morada de Deus. Há mil anos atrás, lá pelo ano 1000, existem cartas que falam de uma ilha Brasil, isso significa que o nome Brasil não vem do pau-brasil, não. Isso aqui era a ilha Brasil que alguns navegantes sabiam, mas um dia os portugueses precisaram fazer uma descoberta oficial, mandando até um escrivão do cartório, declarar no cartório, que foi descoberto. Isso foi em 1500, mas pré existia há muito, fisicamente, biotericamente e humanamente. Humanidade indígena, humanidade diferente, de uma gente que agradecia a Deus o mundo ser tão bonito, que existia para viver a vida para gozar a vida a finalidade da vida era viver." • 2°. O “Descobrimento” do Brasil Darcy Ribeiro: "Ninguém sabe como o mundo vai ser daqui 50 ha anos só sabemos de uma coisa será totalmente diferente do que é hoje alguém podia imaginar quando acabou a guerra que o mundo ia mudar tanto é uma reinvenção do mundo que o mundo desenvolvido está fazendo então a coisa mais importante dos brasileiros presta atenção o mais importante é inventar o Brasil que nós queremos." (...) "Antes do Brasil existir como é que era o mundo? O Brasil nasce sobre o signo da utopia a terra sem males a morada de Deus. Há mil anos atrás, lá pelo ano 1000, existem cartas que falam de uma ilha Brasil, isso significa que o nome Brasil não vem do pau-brasil, não. Isso aqui era a ilha Brasil que alguns navegantes sabiam, mas um dia os portugueses precisaram fazer uma descoberta oficial, mandando até um escrivão do cartório, declarar no cartório, que foi descoberto. Isso foi em 1500, mas pré existia há muito, fisicamente, biotericamente e humanamente. Humanidade indígena, humanidade diferente, de uma gente que agradecia a Deus o mundo ser tão bonito, que existia para viver a vida para gozar a vida a finalidade da vida era viver."
Atualizado em 02/11/2025 04:48:32 Mapa adaptado por Reinhard Maack ![]() Data: 2002 Organizado por Ana Paula Colavite. Ver: COLAVITE, Ana Paula; BARROS, Miriam Vizintim Fernandes. Op cit, v.5, p.93, 2009. O artigo traz um estudo acurado acerca das localizações geográficas do extenso caminho do Peabiru. Além disso, por meio do uso de ferramentas georreferenciadas, os autores traçaram as rotas equivalentes às configurações territoriais atuais. O relato mais conhecido acerca do caminho do Peabiru foi feito pelo alemão Ulrich Schimidel, em meados do século XVI, e na década de 1950 foi estudado por Reinhard Maack. Ver: MAACK, R. Sobre o itinerário de Ulrich Schmidel através do Sul do Brasil (1552-1553). Curitiba, PR, 1959
Atualizado em 02/11/2025 04:48:31 Arqueologia de uma Fábrica de Ferro: Morro de Araçoiaba Séculos XVI-XVII. Autora: Anicleide Zequini, Universidade de São Paulo, Museu de Arqueologia e Etnologia, PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA* ![]() Data: 1985 Créditos: CENEA- Centro Nacional de Engenharia Agrícola Floresta Nacional de Ipanema, Escala: 1:250 000
• 1°. Artefato O outro vasilhame cerâmico encontrado na área B, identificada como de procedência local ou regional (neo-brasileira), apresenta características semelhantes e, também a mesma datação do vasilhame de cerâmica anteriormente descrito. (Figura 57, 58). Este artefato foi encontrado a 0,30 cm da superfície e foi em parte, reconstituído e levado para o exame de datação pelo processo de termoluminscência ao Laboratório de Vidros e Datação da Faculdade de Tecnologia de São Paulo - FATEC. O resultado do ensaio apontou a idade de 540 +/- 75 anos, correspondendo a possíveis datas de fabricação daquele artefato entre 1391 e 1541, sendo esta última data a mais provável.(Relatório de Ensaio, Anexo 1). • 2°. Artefato • 3°. A primeira versão conhecida dessa presença do discípulo de Jesus em terras americanas encontra-se, com efeito, na chamada Nova Gazeta Alemã, referente, segundo se sabe hoje, à viagem de um dos navios armados por Dom Nuno Manuel Em 1514, Portugal enviou uma outra expedição ao sul, desta vez, chefiada por João de Lisboa e Estevão Frois, financiada D. Nuno Manuel e Cristóvão de Haro, em cujo trajeto estava Cananéia e a Ilha de São Francisco do Sul (Santa Catarina). Esta expedição descobriu o estuário do rio que denominaram de Rio da Prata. Os resultados dessa expedição foram informações dadas pelos nativos(Charruas) sobre a existência de uma “Serra de Prata”, fato que deve ter impulsionado o envio da expedição espanhola para o sul de Cananéia, em 1515,chefiada por Juan Diaz de Sólis (VIANNA, 1972, p. 54). • 4°. De onde partiu a expedição, com 80 soldados bem equipados, sendo 40 besteiros e 40 arcabuzeiros, que acabou aniquilada? • 5°. Artefato O outro vasilhame cerâmico encontrado na área B, identificada como deprocedência local ou regional (neo-brasileira), apresenta característicassemelhantes e, também a mesma datação do vasilhame de cerâmica anteriormente descrito. (Figura 57, 58). Este artefato foi encontrado a 0,30 cm da superfície e foi em parte, reconstituído e levado para o exame de datação pelo processo de termoluminscência ao Laboratório de Vidros e Datação da Faculdade de Tecnologia de São Paulo - FATEC. O resultado do ensaio apontou a idade de540 +/- 75 anos, correspondendo a possíveis datas de fabricação daquele artefato entre 1391 e 1541, sendo esta última data a mais provável.(Relatório de Ensaio, Anexo 1). [Página 147] • 6°. Descoberta das minas de Potosí • 7°. Carta: Ir. José de Anchieta ao Padre Inácio de Loyola, São Paulo de Piratininga • 8°. Expedição de Mem de Sá / O português Manuel Fernandes Ramos, primeiro marido de Suzana Dias construiu a capela de Santo Antônio* • 9°. Hélio Vianna • 10°. Marcelino Pereira Cleto
Atualizado em 02/11/2025 04:48:29 “Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”. Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP ![]() Data: 2008 Créditos: Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP Página 259
• 1°. Envio de Diogo Leite Quanto aos caminhos que partiam do planalto ou passavam por Piratininga, o mais importante deles, sem dúvida, foi o Peabiru, que significa “caminho pisado” (pe= caminho de gente + apyrun= amassado). Através de ramais, ligava as várias regiões do litoral – fluminense, paulista, paranaense e catarinense – com um tronco principal que ia ao Paraguai, chegando provavelmente até a Bolívia, como mostra o trabalho de Chmyz & Sauner, que retomou o traçado de Maack. A ligação do litoral do Rio de Janeiro com o planalto de Piratininga foi assinalada por Montoya, quando descreveu a vila de São Paulo, com suas comunicações terrestres, sendo que um caminho vinha “desde o rio Ginero, abrindo-se um trecho de mato, mas isso repugna muito aos de São Paulo”. Certamente era o trecho que atravessava a Serra do Mar, na forte súbita da Serra das Araras. [Conquista espiritual..., [1639] 1985, p. 125.] Este percurso foi feito também por um grupo português, por ocasião da viagem de Martim Afonso de Sousa, relatada no diário de Pero Lopes. Percorreram-se 115 léguas, gastando dois meses entre ida e volta, passando por “montanhas mui grandes”. • 2°. Diário de Pero Lopes O outro ramal foi utilizado pelo português Pero Lobo, que em 1532 foi enviado por Martim Áfonos de Sousa, com cerca de 80 indígenas para trazer riquezas do Peru. Esperava retornar dentro de 10 meses, com mais de 400 escravos carregados de ouro e prata, como se lê no diário de Pero Lopes de Sousa. [p. 62] • 3°. De onde partiu a expedição, com 80 soldados bem equipados, sendo 40 besteiros e 40 arcabuzeiros, que acabou aniquilada? O outro ramal foi utilizado pelo português Pero Lobo, que em 1532 foi enviado por Martim Áfonso de Sousa, com cerca de 80 indígenas para trazer riquezas do Peru. Esperava retornar dentro de 10 meses, com mais de 400 escravos carregados de ouro e prata, como se lê no diário de Pero Lopes de Sousa. Foi este mesmo caminho que o irmão jesuíta Pero Correia usara para alcançar a terrado Ybirajara, passando pela terra dos Carijó e que, mais tarde, o levaria ao litoral norte de Santa Catarina, próximo à foz do rio São Francisco do sul, onde encontraria a morte. • 4°. Os navios de Martim Afonso e seu irmão Pedro Lopes parte de São Vicente com destino a Portugal Em maio de 1532, o capitão mandara de volta a Portugal seu irmão para prestar contas ao rei do que viram e descobriram, sobretudo das novidades que lhe deram alguns castelhanos que viviam em Santa Catarina “de mujto ouro e prata q’ dentro no sertão avia”, tendo trazido “mujtas mostras do q’ diziam”. • 5°. Martim Afonso preside a primeira eleição popular no planalto de Piratininga e instala a primeira Câmara de Vereadores na Borda do Campo* O outro ramal saía de São Vicente, passando pela serra de Paranapicaba, subindopela Piaçaguera de cima, até alcançar o planalto de Piratininga, num trajeto proposto pelo engenheiro Bierrembach de Lima (Fig. 5, no último capítulo). Este caminho é apenas citado no Diário de Pero Lopes, quando relata sobre um grupo de portugueses que Martim Afonso deixara no planalto, em vista da instalação de uma povoação. Chamado de Trilha dos Tupiniquins tal rota apresentava muitos riscos, pois, como escreveu Vasconcelos, “os Tamoios contrários, que habitavam sobre o rio Paraíba, neste lugar vinham esperar os caminhantes de uma e outra parte, e os roubavam e cativavam e comiam”229. Com o tempo foi abandonado, quando se abriu o Caminho Novo ou o Caminho do Pe. José, que se tornou a comunicação mais utilizada para o planalto. A partir de Piratininga, o caminho alcançaria a rota-tronco na divisa do Paraná,provavelmente na altura da atual Itararé. Foi por esta rota que o Pe. Nóbrega deve ter alcançado Maniçoba, na divisa entre Paraná e São Paulo, onde realizou trabalhos missionários, como se verá mais à frente. Este trajeto deve ter sido usado pelos Carijó, quando alcançaram Piratininga, aotentar atacar os moradores de São Vicente, pois fala-se que haviam se confrontado com as aldeias do rio Grande [Tietê] [NOBREGA, Carta a Tomé de Sousa, 1559 (CN, p. 217).]. Foi também por esta rota que atingiram os paulistas asreduções jesuíticas do Guairá, no século XVII, levando-as à destruição231. Havia mais dois ramais que corriam paralelos aos rios Tietê e Paranapanema,encontrando-se com a rota-tronco na altura da antiga povoação paraguaia de Vila Rica, naregião central do Paraná, como sugerem Chmyz & Maack232.O ramal do Paranapanema levava à região do Itatim, no atual Mato Grosso do Sul,costeando a direita do rio, caminho feito pela tropa de Antônio Pereira de Azevedo, que fezparte da grande expedição de Raposo Tavares, em 1647, e não pelo ramal do Tietê, comosugere Cortesão233. Isto pela simples razão de que os caminhos indígenas costumavam serem linha reta. Parece ser a mesma rota que foi localizada numa documentação dogovernador Morgado de Mateus e que apresenta um itinerário mais detalhado: Eu tenho um mappa antigo, em q’ se ve o rot.o[roteiro] de humcam.o [caminho] q’ seguião os antigos Paulistas, o qual saindo deS. Paulo p.a Sorocaba, vay dahy a Fazenda de Wutucatú q’ foydos P.es desta S. Miguel [Missão de S. Miguel] junto doParanapanema, q’ hoje se achão destruido, dahy costiando o R.o[rio] p.la esquerda, se hia a Encarnação [redução jesuítica àbeira do Tibagi], a St.o X.er [redução S.Francisco Xavier, nomédio Tibagi] e a St.o Ignácio [redução no Paranapanema] edesde o salto das Canoas, emté a barra deste rio gastavão 20dias, dahy entrando no [rio] Paraná, navegavão o R.o Avinhema,ou das três barras, e subindo por elle emté perto das suasvertentes, tornavão a largar as canoas, e atravessavão por terraas vargens de Vacaria [no atual Mato Grosso do Sul]234. [Páginas 60, 62 e 63] • 6°. Martim Afonso concede sesmarias Entretanto, este não foi o espírito da sesmaria implantada no Brasil. O que havia de comum entre as duas era apenas a existência de uma terra sem aproveitamento, inexplorada. A sesmaria doada a Pero de Góes era vasta, começando no litoral, no rio Jurubatuba, próximo à atual Piaçaguera, subia a serra, alcançando um rio da banda norte [Anhemby/Tietê], indo até um pinhal na banda do campo do Guapé [localização incerta], alcançando o caminho que vem de Piratininga [caminho velho do mar], passando pela serra de Taperovi, na serra do Mar, até chegar no rio de São Vicente. Se o proprietário não a utilizasse no prazo de dois anos, o donatário poderia “dar aoutras pessoas que as aproveitem”, rezava o termo de doação537. Esta cessão foi passada em Piratininga, a 10 de outubro de 1532, sendo testemunhas João Ramalho e Antonio Rodrigues, “línguas desta terra já de quinze e vinte annos estantes nesta terra” e Pedro Gonçalves, homem d´armas da expedição vicentina. • 7°. Bras Cubas funda aí uma casa de misericórdia, primeiro estabelecimento do gênero criado no Brasil Pelas dificuldades de escoamento da produção local, Brás Cubas comprou terras no outro extremo da ilha, chamada pelos indígenas de Yguaguaçu-pe. De posse desta nova área, construiu, em 1543, junto ao outeiro de Santa Catarina – atual colina de Montserrat –, uma igreja dedicada à Nossa Senhora da Misericórdia e um hospital denominado Todos os Santos. Segundo Fr. Gaspar, daí veio o nome da futura vila de Santos. • 8°. Pediu ao capitão Antônio de Oliveira que lavrasse um novo termo “verbo ad verbum” e que foi passado no livro 1º de Cartas de Sesmaria* A sesmaria doada a Pero de Góes era vasta, começando no litoral, no rio Jurubatuba, próximo à atual Piaçaguera, subia a serra, alcançando um rio da banda norte [Anhemby/Tietê], indo até um pinhal na banda do campo do Guapé [localização incerta],alcançando o caminho que vem de Piratininga [caminho velho do mar], passando pela serrade Taperovi, na serra do Mar, até chegar no rio de São Vicente536.Se o proprietário não a utilizasse no prazo de dois anos, o donatário poderia “dar aoutras pessoas que as aproveitem”, rezava o termo de doação537. Esta cessão foi passadaem Piratininga, a 10 de outubro de 1532, sendo testemunhas João Ramalho e AntonioRodrigues, “línguas desta terra já de quinze e vinte annos estantes n’esta terra” e PedroGonçalves, homem d’armas da expedição vicentina. Tal doação Pero de Góes perdera o original e em agosto de 1549 pediu ao capitão Antônio de Oliveira que lavrasse um novo termo “verbo ad verbum” e que foi passado no livro 1º de Cartas de Sesmarias (Ap. MARQUES, id., p. 267). • 9°. Abandonaram, marchando a maior parte para o Paraguai e saindo outros na pequena embarcação que naufragou em Itanhaém (os vistos por Hans Staden) • 10°. Conflito entre o Padre Leonardo Nunes e «um homem que havia quarenta annos estava na terra já tinha bisnetos e sempre viveu em peccado mortal e andava excommungado" Em 1551, o jesuíta Pero Correia foi buscar, no médio Tietê, a nove dias de viagem de Piratininga, um português que vivia numa aldeia Tupi “como índio”. Para além deste limite, habitavam os Kaingang, que na época eram também chamados de Bilreiros. Na direção Sudoeste, o território se expandia pela margem esquerda do Tietê, por onde devia passar um dos ramais do Peabiru, que era o grande caminho indígena que ligava o Paraguai ao litoral atlântico, como se verá mais à frente. • 11°. Tomé de Souza escreve ao Rei D. João III: “nomeei João Ramalho para vigiar e impedir o trânsito de espanhóis e portugueses entre Santos e Assunção e vice-versa; e assegurar a soberania portuguesa no campo de Piratininga e sobre os caminhos de penetração que dali partiam” A vinda do governador foi um marco importante para os portugueses de São Vicente, pois, nesta ocasião transformou Santo André da Borda do Campo em vila, determinando a construção de um baluarte e estabelecendo João Ramalho como capitãomor, como escreveu ao rei: hordeney outra villa no começo do campo desta villa de São Vicente de moradores que estavaão espalhados por elle e os fiz cerquar e ayuntar pera se poderem aproveitar todas as povoações deste campo e se chama a villa de Santo André porque honde a cituey estava hûa ermida deste apostollo e fiz capitão della a Iohão Ramalho, naturall do termo de Coimbra, que Martim Afonso ya achou nesta terra quoando ca veyo • 12°. Carta do Padre Manoel da Nóbrega ao Padre Luís Gonzaga da Câmara Espírito empreendedor, Nóbrega sonhava ir mais longe, para atuar junto a povos de cultura menos “bárbara”, isto é, mais próximos do modo de viver europeu, com ter um único chefe, adotar a agricultura e, sobretudo, não realizar rituais antropofágicos. “(...) dia alguns dias depois chegaram alguns homens que tinham ido ao continente para descobrir as novidades do ouro, onde passaram dois anos, e nos deram grandes notícias da bondade que encontraram (...) E entre outras coisas diz[ n ] que os gentios não comem carne humana, pelo contrário, que lhes fazem muito mal e os comem, se conseguem pegar alguma não os matam nem os comem, e os tratam muito bem (...). Eles têm grandes populações e têm um diretor a quem todos obedecem. (...) Eles são agricultores e fazem manutenção” (NÓBREGA, Carta ao Pe. Luís Gonzaga da Câmara, 10.06.1553, CPJ, v. 1, p. 493). [“Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”, 2008. Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP. Página 159] • 13°. “O principal motivo de todos os impedimentos foi o fechamento da estrada por causa dos castelhanos, que estão a pouco mais de cem léguas desta capitania. E eles têm terras, e tanto que dizem que há montanhas deles, e muitas notícias de ouro pelo qual fecharam e bloquearam a estrada Mesmo alguns considerados de nobre estirpe, como o genovês Paulo Dias Adorno, não se comportou dignamente, tendo que fugir para a Bahia com um certo Affonso Rodrigues, “por um homizio [homicídio] que lá fizeram [em São Vicente]”. Igual expediente lançou mão Brás Cubas, fundador de Santos e um dos portugueses mais ricos da terra. Fugira para Portugal, “por cosas mal hechas en esta tierra siendo capitán”, como registrou Nóbrega. Entre falcatruas cometidas, são elencados roubo de terras, de escravos e de vacas de Pero Correia, que os havia destinado à manutenção das crianças indígenas da casa de São Vicente. Os jesuítas aceitaram fazer um acordo, pois ele não tinha bens suficientes para pagar uma dívida de 2.600 ducados. Devolveu os escravos e entregou as 10 vacas, reconciliando-se com os jesuítas, que afirmaram que era “mejor uno com paz que 30 com contienda”. • 14°. Carta Entusiasmado, Nóbrega escreveu a Dom João III, manifestando desejo de evangelizar os povos do interior. Porém foi barrado pela prudência de Tomé de Sousa, que via neste futuro trabalho missionário uma violação ao Tratado de Tordesilhas, podendo criar problemas com Castela. A solução foi instalar-se, a meio caminho, no planalto de Piratininga, deixando para mais tarde o missão junto aos Carijó. “(...) somente lhe darei alguma conta desta capitania de S. Vicente, onde a mayor parte residimos, por ser ella terra mais aparelhada para a conversão do Gentio que nenhuma das outras, porque nunca tiveram guerra com os Christãos, e é por aqui a porta e o caminho mais certo e seguro para entrar nas gerações do sertão, de que temos boas informações; há muitas gerações que não comem carne humana, as mulheres andam cobertas, não são cruéis em suas guerras, como estes da costa, porque somente se defendem; algumas têm um só principal, e outras cousas mui amigas da lei natural, pela qual razão nos obriga Nosso Senhor a mais presto lhes socorrermos, maiormente que nesta capitania nos proveu de instrumentos para isso, que são alguns Irmãos línguas, e por estas razões nesta capitania nos occupamos mais que nas outras (Carta para El-Rei D. João (1554), CN, p. 144-145). [Página 160] • 15°. Mudança para Piratininga: Tibiriça e Caiubi Porém foi barrado pela prudência de Tomé de Sousa, que via neste futuro trabalho missionário uma violação ao Tratado de Tordesilhas, podendo criar problemas com Castela (NÓBREGA, Carta de 15.06.1553 (In: LEITE, NCJ, p. 41). A solução foi instalar-se, a meio caminho, no planalto de Piratininga, deixando para mais tarde o missão junto aos Carijó. [p. 160] • 16°. Carta de José de Anchieta aos padres e irmãos de Coimbra Esta descrição parecia referir-se aos Carijó, que viviam em terras de Castela, e que se mostravam propensos ao cristianismo, como diziam as notícias que chegavam a São Vicente: Veio cá um principal destes índios, que chamam carijós, que é senhor daquela terra, com muitos criados seus, e não veio senão a buscar-nos para que vamos a suas terras a ensiná-los. Diz-nos sempre que lá vivem eles como animais sem saber as coisas de Deus. E afirmo-lhes que é bom cristão, muito discreto, que nenhuma coisa tem de índio. [Páginas 159 e 160] • 17°. Carta do padre jesuíta Luís da Grã a Inácio de Loyola Por estar próxima (Jurubatuba) ao caminho do litoral, seus moradores costumavam abandoná-la, quando iam “ao mar fazer sal”, permanecendo ali por um bom tempo. • 18°. Geribatiba ficava a seis passos de Piratininga Por estar próxima ao caminho do litoral, seus moradores costumavam abandoná-la, quando iam “ao mar fazer sal”, permanecendo ali por um bom tempo. Anchieta confirma esta dimensão de “guerra santa” feito pelos karaíba, que pregavam a destruição da missão e a morte dos padres: A maior parte destes (...) fez outras moradas, não longe daqui [talvez Ururay], onde agora vivem, porque ultra [além] de eles não se moverem nada às coisas divinas, persuadiu-lhes agora uma diabólica imaginação. Que esta igreja é feita para sua destruição, na qual os possamos encerrar e aí, ajudando-nos os portugueses, matar aos que não são batizados, e aos já batizados, fazer nossos escravos. No mesmo relato, afirma que, no sertão andava um outro karaíba, venerado “como um grande santo” e “onde quer que vai, o seguem todos, e andam de cá para lá, deixando suas próprias casas”. E que, ao retornar da guerra que iam ter contra seus inimigos, haveria “de destruir esta igreja [de Piratininga]”. • 19°. Nóbrega em carta escrita registra o “Colégio de Piratininga” e o porto de “Piratinim” e não “São Paulo de Piratininga” Se há consenso de que esta aldeia seria do cacique Tibiriçá, há controvérsias quanto à sua localização. É possível que Piratininga fosse um local mais próximo ao Tietê, “junto de uma lagoa, pelo Rio Grande (Tietê) abaixo, à mão esquerda”, onde os jesuítas, mais tarde, pediriam a Martim Afonso uma gleba de terra. “(...) somente se podia pedir a Martim Afonso de Sousa sete ou oito léguas (38,6km) de terra para o colégio de Piratininga; e as mais convenientes (...) eram a começar no porto que agora chamam Piratinim, junto de uma lagoa, pelo Rio Grande (Tietê) abaixo, à mão esquerda”. Um documento sobre a demarcação das terras de Brás Cubas, de 1567, confirma esta localização na foz do Tamanduateí: “[a propriedade] começará a partir pela banda oeste que vae daí [ao] caminho de Piratininga (...) sempre pelo dito caminho assim como vae passando o rio Tamanduateí e daí corta direito sempre pelo dito caminho que vae a Piratininga que está na borda do rio Grande [Tietê] que vem do Piquiri [no atual Tatuapé] e ai vae correndo direito para o sertão” (Livro de Sesmarias, v. 1, p. 54). • 20°. A vila de São Paulo ficou completamente fundada e reconhecida, data da respectiva provisão O outro ramal saía de São Vicente, passando pela serra de Paranapicaba, subindopela Piaçaguera de cima, até alcançar o planalto de Piratininga, num trajeto proposto pelo engenheiro Bierrembach de Lima (Fig. 5, no último capítulo). Este caminho é apenas citado no Diário de Pero Lopes, quando relata sobre um grupo de portugueses que Martim Afonso deixara no planalto, em vista da instalação de uma povoação. Chamado de Trilha dos Tupiniquins tal rota apresentava muitos riscos, pois, como escreveu Vasconcelos, “os Tamoios contrários, que habitavam sobre o rio Paraíba, neste lugar vinham esperar os caminhantes de uma e outra parte, e os roubavam e cativavam e comiam”229. Com o tempo foi abandonado, quando se abriu o Caminho Novo ou o Caminho do Pe. José, que se tornou a comunicação mais utilizada para o planalto. A partir de Piratininga, o caminho alcançaria a rota-tronco na divisa do Paraná,provavelmente na altura da atual Itararé. Foi por esta rota que o Pe. Nóbrega deve ter alcançado Maniçoba, na divisa entre Paraná e São Paulo, onde realizou trabalhos missionários, como se verá mais à frente. Este trajeto deve ter sido usado pelos Carijó, quando alcançaram Piratininga, aotentar atacar os moradores de São Vicente, pois fala-se que haviam se confrontado com as aldeias do rio Grande [Tietê] [NOBREGA, Carta a Tomé de Sousa, 1559 (CN, p. 217).]. Foi também por esta rota que atingiram os paulistas asreduções jesuíticas do Guairá, no século XVII, levando-as à destruição231. Havia mais dois ramais que corriam paralelos aos rios Tietê e Paranapanema,encontrando-se com a rota-tronco na altura da antiga povoação paraguaia de Vila Rica, naregião central do Paraná, como sugerem Chmyz & Maack232.O ramal do Paranapanema levava à região do Itatim, no atual Mato Grosso do Sul,costeando a direita do rio, caminho feito pela tropa de Antônio Pereira de Azevedo, que fezparte da grande expedição de Raposo Tavares, em 1647, e não pelo ramal do Tietê, comosugere Cortesão233. Isto pela simples razão de que os caminhos indígenas costumavam serem linha reta. Parece ser a mesma rota que foi localizada numa documentação dogovernador Morgado de Mateus e que apresenta um itinerário mais detalhado: Eu tenho um mappa antigo, em q’ se ve o rot.o[roteiro] de humcam.o [caminho] q’ seguião os antigos Paulistas, o qual saindo deS. Paulo p.a Sorocaba, vay dahy a Fazenda de Wutucatú q’ foydos P.es desta S. Miguel [Missão de S. Miguel] junto doParanapanema, q’ hoje se achão destruido, dahy costiando o R.o[rio] p.la esquerda, se hia a Encarnação [redução jesuítica àbeira do Tibagi], a St.o X.er [redução S.Francisco Xavier, nomédio Tibagi] e a St.o Ignácio [redução no Paranapanema] edesde o salto das Canoas, emté a barra deste rio gastavão 20dias, dahy entrando no [rio] Paraná, navegavão o R.o Avinhema,ou das três barras, e subindo por elle emté perto das suasvertentes, tornavão a largar as canoas, e atravessavão por terraas vargens de Vacaria [no atual Mato Grosso do Sul]234. [Páginas 60, 62 e 63] • 21°. Cerco de Piratininga ou A Guerra de Piratininga A ameaça de morte aos padres e de destruição da igreja da vila de São Paulo concretizou-se em julho de 1562, liderada pelo grupo dissidente de Ururay, entre os quais havia jovens que freqüentaram “a doutrina dos padres”. Como escreveu Simão de Vasconcelos (1597-1671), aqueles nativos “eram filhos da Igreja”, isto é, que já tinham passado pela catequese, sendo que, possivelmente, alguns já tivessem sido batizados. Os protagonistas deste ataque foram diversamente identificados, sobretudo em obras da história regional mais antigas. Aparecem como Guaianases de Ururaí ou como Carijó. Até o grande estudioso da São Paulo quinhentista, Affonso de Taunay, coloca esta guerra como uma articulação de vários povos, como Guaianases, Carijós e Tupis, repetindo Azevedo Marques. A historiografia recente, com Monteiro, conseguiu recuperar a verdadeira identidade destes guerreiros. • 22°. “sendo coisa maravilhosa que se achavam ás flechadas irmãos com irmãos, primos com primos, sobrinhos com tios, e, o que mais é, dois filhos, que eram cristãos detestavam conosco contra seu pai, que era contra nós” Outras aldeias Sobre as demais aldeias do Tamanduateí, não há referências. Por ocasião do ataque à missão, em 1562, ao citar os familiares de Tibiriçá, Anchieta escreveu que este cacique “recolheu toda a sua gente, que estava repartida em três aldeias” [ANCHIETA, Carta ao Pe. Diogo Laínes, 16.04.1563, CAP, p. 194], sendo que a tradição identifica apenas a aldeia de Ururay. Desta forma, não se pode afirma se seus parentes viviam nas aldeias do Tamanduateí ou do Tietê. [“Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”, 2008. Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP. Página 45] • 23°. Um documento sobre a demarcação das terras de Brás Cubas, de 1567, confirma esta localização na foz do Tamanduateí: “[a propriedade] começará a partir pela banda oeste que vae daí [ao] caminho de Piratininga (...) sempre pelo dito caminho assim como vae passando o rio Tamanduateí e daí corta direito sempre pelo dito caminho que vae a Piratininga que está na borda do rio Grande [Tietê] que vem do Piquiri [no atual Tatuapé] e ai vae correndo direito para o sertão” Um documento sobre a demarcação das terras de Brás Cubas, de 1567, confirma esta localização na foz do Tamanduateí: “[a propriedade] começará a partir pela banda oeste que vae daí [ao] caminho de Piratininga (...) sempre pelo dito caminho assim como vae passando o rio Tamanduateí e daí corta direito sempre pelo dito caminho que vae a Piratininga que está na borda do rio Grande [Tietê] que vem do Piquiri [no atual Tatuapé] e ai vae correndo direito para o sertão” (Livro de Sesmarias, v. 1, p. 54). • 24°. “um deles nobre e conhecido por Domingos Luís Grou, ambos casados e ambos com família tendo cometido um assassinato fugiram com os seus para o sertão, metendo-se de companhia com os bárbaros (carijós), que estavam com os nossos em guerra, estimulando-os a que acometessem e pondo em assombro e medo toda a capitania” Elas tornaram-se também locais de refúgio para os que praticavam assassinatos ou outros delitos graves, como se viu num episódio, ocorrido por volta de 1570, envolvendo a Domingos Grou, o primeiro capitão de Índios. Ao praticar o crime, fugiu com sua família para junto de uma comunidade indígena do médio Tietê, na região do rio Sorocaba. Como estes indígenas estavam em conflito com os moradores de Piratininga, Anchieta decidiu buscá-lo, aproveitando para tentar fazer as pazes com este povo. A viagem foi acidentada, tendo o barco virado numa cachoeira, quando afundou parte a carga, juntamente com o missionário. Não sabendo nadar, Anchieta foi socorrido pelo jovem Tupi Araguaçu. Por este motivo, o salto passou a ser chamado Abaremanduaba, isto é, “local que recorda o padre”. Chegando à aldeia, conseguiu a paz e o retorno de Grou e sua família. Voltaram para São Paulo, tendo obtido perdão do Conselho. • 25°. “Historia de la fundación del Colegio del Rio de Enero”, Quirino Caxa (1538-1599) Maniçoba Apesar desta proposta inicial de catequese itinerante, houve tentativa de uma missão sedentária, que ocorreu, talvez devido à distância, em Maniçoba, aldeia tupi que ficava no caminho para o Paraguai. Como já foi assinalado atrás, o objetivo de Nóbrega era atingir a terra dos Carijó; e por isso, sua primeira experiência missionária no planalto foi junto a esta aldeia, chamada também de Japiúba, que ficava provavelmente à beira do ramal do Peabiru, que ligava Piratininga ao Paranapanema. Foi para lá que Nóbrega se dirigiu, ao passar por Piratininga, em agosto de 1553, quando deixou as bases para a fundação da Casa de São Paulo. Esta aldeia ficava a 50 léguas (330 km) de Piratininga no dizer de Pero Correia. Um jesuíta anônimo, certamente Quiricio Caxa, afirmava que ela estava “junto de um rio donde se embarca para os Carijós [Guarani]”. Como demonstrei em minha pesquisa anterior, este rio deveria ser o Paranapanema e não o Tietê, como desejaram os defensores da tese de que esta aldeia estaria onde hoje se encontra a cidade de Itu. É possível que este ramal seguisse o traçado proposto por Chmyz, costeando o Tietê, passando por Carapicuíba, Barueri e Araçariguama, para alcançar Itapetininga, Itapeva, Itararé, adentrando-se para a região do Paraná (CHMYZ, I. & SAUNER, Z., Nota prévia sobre as pesquisas arqueológicas no vale do rio Piquiri. Dédalo, v. 13, 1971, p. 16-17). [Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração, 2008. Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP. Página 180 do pdf] • 26°. Jesuítas, estiveram no aldeamento de “Nossa Senhora dos Pinheiros da Conceição”, a uma légua de Piratininga Em 1583, por ocasião da passagem do visitador dos jesuítas, o Pe. Cardim escrevia que estiveram no aldeamento de “Nossa Senhora dos Pinheiros da Conceição”, a uma légua de Piratininga, onde “os índios os receberam com muita festa como o costumam, mandando de sua pobreza”. Como o aldeamento estava apenas se iniciando, a vida ali era mais simples e sem a estrutura que se formou em outros aldeamentos cristãos. Embora não haja relatos desta época, é possível que os indígenas vivessem como no aldeamento da capitania do Espírito Santo, descrito pelo Pe. Rodrigues: Todos os dias, em amanhecendo, se tange as Ave Marias de pela manhã e daí a pouco à missa, que acabada se lhes ensina adoutrina na sua língua. E depois vai cada um a seu serviço. (...) à cinco horas da tarde se torna a tanger o sino à doutrina a que acode a gente que se acha pela aldeia, e se lhe ensina a doutrina com a outra parte do Diálogo, que contém a declaração dos sacramentos. Finalmente à boca da noite saem os meninos em procissão, da porta da igreja até à cruz, cantando algumas orações e encomendando as almas do fogo do purgatório. Como os padres não viviam nesses aldeamentos, a catequese devia ser feita de forma itinerante ou por um catequista devidamente preparado. As casas, que agora abrigavam famílias nucleares, eram construídas em volta de um pátio, onde havia a igreja e a cruz, como se vê ainda hoje na aldeia de Carapicuíba, uma das poucas que manteve a estrutura original. Quanto ao vestir, os indígenas seguiam os padrões ocidentais, como escrevia este mesmo missionário: As mulheres quando hão de ir à igreja, ou hão de aparecer diante de gente, vestem-se mui decentemente, convém a saber, com uma camisa ou hábito bem feito, cerrado, largo e comprido até o chão; os cabelos são compridos enastrados [trançados] com suas fitas, e nas mãos suas contas de rezar. Os homens andam com o vestido que podem, mas na igreja e pelas festas muitos deles se tratam à portuguesa. Embora vivessem de “sua lavoura de mantimentos que plantam e semeiam, de caça, de pescaria e criações” prestavam também serviço aos colonos. “Servem [além do] mais aos moradores em suas fazendas; e para isso se põem com eles por soldada [salário], por certos meses, por seu estipêndio [trabalho], conforme os regimento de S. M. [Sua Majestade]” . • 27°. “Manuel Fernandes, homem branco, antigo morador de São Paulo, estava no sertão com uma forja com os gentios, devendo ser castigado. Porém, a denúncia era infundada, porque o martelo e a bigorna estavam na casas dele e os foles estavam com seu cunhado, Gaspar Fernandes” Em 1583, houve também o caso de Manoel Fernandes, ferreiro na vila. Tendo se desentendido por algum motivo, levou seus instrumentos de trabalho para a casa do irmão, escondendo-os. Sem ter os trabalhos do ferreiro, algumas pessoas da vila o denunciaram junto ao Conselho, acusando-o de ter fugido para o sertão junto a alguma comunidade indígena, levando a forja e as ferramentas, o que resultava em “muito prejuízo para terra”. Indignados, os vereadores logo determinaram aos oficiais que “mandassem ao meirinho com um escrivão após ele e o trouxessem prezo e lhe dessem o castigo conforme ele merecesse”. ["Os Tupi de Piratininga. Acolhida, resistência e colaboração", 2008. Benedito A. G. Prezia] • 28°. A população de São Paulo recebia a notícia através de dois participantes de uma entrada Em março de 1590, a população de São Paulo recebia a notícia através de dois participantes de uma entrada – João Vallenzuella, espanhol, e um índio cristão, tecelão que na região do rio Jaguari, um dos formadores do rio Paraíba, na tapera de Iaroubi [Jarobi] o grupo português havia sido atacado, morrendo Gregório Affonso, e que Cunhaqueba havia morto a Isaque Dias “e que fiquara [ficara] hu genro de Carobi, Jundiapoen e outros prezos pa os matarem e juntamente dizen q’ he toda gente da entrada morta e acabada”. E deixavam o recado: todo aquele que fosse ao Vale do Paraíba seria morto. O texto da ata não é claro, mas parece que um grupo, chefiado por Cajapitanga – que parece ser indígena de Piratininga – , estava colaborando com estes contrários. Por isso, a Câmara propunha fazer um devassa para apurar os fatos e caso fossem confirmadas as suspeitas, que fossem presos os traidores. E pedia que a população estivesse “prestes com armas e mãtimentos pa quando for tempo” para ir combater o grupo inimigo. Pedia-se igualmente que os muros da vila fossem reforçados. O muro que protegia a vila já não era suficiente, pois havia o risco de indígenas que pudessem chegar pelo médio Tietê. Foi então construída uma fortificação na confluência do Tietê com o Jurubatuba (rio Pinheiros) 1395. Era a ambuaçava, que aparece nas atas da Câmara deste período e que era também conhecida como “o forte”. • 29°. Por ocasião da ameaça de ataque à são Paulo, os camaristas escreviam: “(...) que se ponha gente na ambuaçava na aldeia de Caiapurui” Por ocasião da ameaça de ataque à são Paulo, os camaristas escreviam: “(...) que se ponha gente na ambuaçava na aldeia de Caiapurui [Carapicuíba]”. • 30°. Ataque tem a intenção de tomar o caminho do mar A situação era tão crítica que foi solicitada ajuda ao capitão-mor, em Santos, para enviar homens e munições “com mta brevidade”, pois, segundo as informações passadas pelos índios cristãos e pelos espias, estes inimigos deveriam chegar pelo caminho do mar. E confirmavam que a única solução para estes conflitos era “cada hun ir buscar o seu remédio”, isto é que se escravizassem estes insurgentes. [ACSP, 9.04.1590 (v. 1, p. 393).] • 31°. “República” O muro que protegia a vila já não era suficiente, pois havia o risco de indígenas que pudessem chegar pelo médio Tietê. Foi então construída uma fortificação na confluência do Tietê com o Jurubatuba (rio Pinheiros). Era a ambuaçava, que aparece nas atas da Câmara deste período e que era também conhecida como “o forte”. [Página 352] • 32°. “(...) todos os homiziados e apelados [os que tiverem processo] q’ na dita villa houver ou ai estiverem por quoallquer cauzo (...) que aparesão e venhão a dita vila com suas armas para ajudaren a defender do nosso gentio A partir de 1590, inicia-se um novo período de confrontos, a ponto de a Câmaraconvocar pessoas que estavam refugiadas no sertão, por terem cometido crimes e outros delitos, “porquanto o gentio estava já junto nas frontras e era certeza vir já marchando con grande guerra”. “(...) todos os homiziados e apelados [os que tiverem processo] q’ na dita villa houver ou ai estiverem por quoallquer cauzo (...) que aparesão e venhão a dita vila com suas armas para ajudaren a defender do nosso gentio. • 33°. Por terem matado Domingos Grou O ataque temido ocorreu em junho desse ano de 90, desfechado pelo grupo do Vale do Paraíba. Segundo o relato dos camaristas, numa grande investida, matarão três homeis brãquos e ferirão outros muitos e matarão muitos escravos e escravas e índios e índias xpãos [cristãos] e destruirão muitas fazendas asin de brãquos como de índios. 1399 (7.07.1590). Nesta ofensiva, ocorreu um fato surpreendente: o ataque contra a igreja do aldeamento de Pinheiros, onde “quebrarão a imagem de nossa sr a do rozairo dos pinheiros”1400. Vê-se que estes Tupi já haviam morado em Piratininga, pois a ata afirma que herão nossos vezinhos e estavão amiguos connosquo e herão nossos compadres e se comoniquavão connosquo guozãdo de nossos resguates e amizades e isto de muitos annos a esta parte 1401. Nesta ocasião, estavam em Piratininga os padres Pedro Soares, Leonardo do Vale, um grande tupinista, e Manuel Viegas, que ficou conhecido depois como “pai do Maromomi”, além dos Irmãos Antônio Ribeiro e António de Miranda1402. Serafim Leite afirma que este ataque somente ocorreu porque o Pe. Manuel Chaves, que grande ascendência tinha sobre os indígenas, havia morrido em janeiro daquele ano, não tendo tempo para impedir o conflito1403. O fato de serem indígenas “compadres” dos portugueses e terem quebrado a imagem de Nosso Senhora, parece indicar, novamente, um conflito com indígenas que conviveram com a missão, trazendo um lado de revanche religiosa. Esta hipótese é provável, embora a documentação seja escassa, pois para o indígena, não há separação entre o religioso e o político. • 34°. O ataque temido ocorreu em junho desse ano de 90, desfechado pelo grupo do Vale do Paraíba O ataque temido ocorreu em junho desse ano de 90, desfechado pelo grupo do Vale do Paraíba. Segundo o relato dos camaristas, numa grande investida, matarão três homens brancos e ferirão outros muitos e matarão muitos escravos e escravas e índios e índias xpãos [cristãos] e destruirão muitas fazendas asin de brãquos como de índios. Nesta ofensiva, ocorreu um fato surpreendente: o ataque contra a igreja do aldeamento de Pinheiros, onde “quebrarão a imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Pinheiros”. Vê-se que estes Tupi já haviam morado em Piratininga, pois a ata afirma que herão nossos vezinhos e estavão amiguos connosquo e herão nossos compadres e se comoniquavão connosquo guozãdo de nossos resguates e amizades e isto de muitos annos a esta parte. Nesta ocasião, estavam em Piratininga os padres Pedro Soares, Leonardo do Vale, um grande tupinista, e Manuel Viegas, que ficou conhecido depois como “pai do Maromomi”, além dos Irmãos Antônio Ribeiro e António de Miranda. Serafim Leite afirma que este ataque somente ocorreu porque o Pe. Manuel Chaves, que grande ascendência tinha sobre os indígenas, havia morrido em janeiro daquele ano, não tendo tempo para impedir o conflito. O fato de serem indígenas “compadres” dos portugueses e terem quebrado a imagem de Nosso Senhora, parece indicar, novamente, um conflito com indígenas que conviveram com a missão, trazendo um lado de revanche religiosa. Esta hipótese é provável, embora a documentação seja escassa, pois para o indígena, não há separação entre o religioso e o político. [Páginas 352 e 353] • 35°. Guerra Como a vila continuava em sobressalto e vulnerável, em 16 fevereiro de 1591 os camaristas determinaram, como forma de proteger a população, que quando houvesse rebate de guerra [toque do sino] as mulheres e filhos dos homeis q’ viven fora nos aravalldes [arrabaldes, isto é, nas fazendas] e dos que estavão auzentes [da vila] se recolhião [recolhessem] ao alpendre da igreja e andavão desaguazalhados no q’ hera mto aperto e desenquietação [e] q’ suas mercês devião de mãdar alarguar esta serqua per fora de maneira q’ aja espaso p a q’ fique a gente aguazalahada e aja espaso pa pelejaren. Por esta redação, parece que os muros já não estavam em condições de dar proteção e a solução mais rápida era fazer uma cerca para que, entre esta proteção e a igreja, onde havia um alpendre, houvesse “espaso pa pelejaren”. E convocavam um mutirão para concluir a obra. [Página 354] • 36°. “Estes ataques não impediram que os colonos continuassem suas incursões pelo sertão. Além do Vale do Paraíba, foram escravizar os Tupi do médio Tietê, em Pirapitingui, na região de Itu, onde mataram muitos e trouxeram outros cativos” Estes ataques não impediram que os colonos continuassem suas incursões pelo sertão. Além do Vale do Paraíba, foram escravizar os Tupi do médio Tietê, em Pirapitingui, na região de Itu, onde mataram muitos e trouxeram outros cativos (15.06.1591). • 37°. Proibido ir ao sertão Com o tempo e com as entradas escravistas, o clima entre os indígenas do sertão mostrava-se cada vez mais conflitivo, não só entre os Tupi, como também entre os Guaianá/Guaizanazes e Maromomi. Isto explica a proibição da Câmara, em agosto de 1593, quando determinou q’ se não fose a tera [terra] dos guaramimis [Maramomi] e goianazes por aver pa iso muitas rezõis e por se não alevantaren com os [Tupi] do sertão [que] estavão alevantados e a mais vozes. • 38°. Depoimento sobre o ataque a Antonio de Macedo e Domingos Luis Grou no rio Jaguari: Manoel Fernandes uma das vítimas Como a situação continuava tensa, em dezembro de 1593, os camaristas de São Paulo, juntamente com os de Santos e Itanhaém, reuniram-se para preparar uma estratégia de guerra, como resposta ao último ataque dos Tupi de Mogi. Estes haviam morto, na região do Jaguari, o grupo de Antônio Macedo e Domingos Luiz Grou. Desta vez, não era boato, mas um fato real, pois, Gregório Ramalho, filho de Vitório Ramalho e sobrinho de Antônio Macedo, juntamente com Manoel, índio cristão de São Miguel, que deviam ter escapado do ataque, juraram sobre os “sãtos avãgelhos” dizer a verdade. Além destes chefes de bandeira, mais oito colonos foram mortos, tendo sido levados muitos Tupiães que haviam sido escravizados no Sul de Minas. Afirmavam que Tamarutaka, irmão de Macedo, estava desaparecido, e sua morte seria confirmada mais tarde. Assim, os dois filhos do velho caudilho morriam nesta expedição. Neste mesmo dia, foi reunida uma assembléia popular que decidiu pela guerra contra o “gentio de Bongi [Mogi]” 1414. Esta foi, seguramente, a última grande ofensiva dos Tupi do Paraíba e do médio Tietê contra os moradores de Piratininga, numa tentativa de expulsão dos invasores portugueses do planalto. Alguns destes indígenas foram aliciados pelos colonos para participarem de expedições escravistas, como foi aquela comandada por Domingos Grou e Antonio Macedo, que em 1593 penetrou o sertão do Paraíba, onde aparecia o nome de Manoel, “índio espião [cristão] de são miguel, irmão de fernão de sousa”. • 39°. “Tesoro de la lengua guaraní”, Antonio Ruiz de Montoya (1595-1652) A ligação do litoral do Rio de Janeiro com o planalto de Piratininga foi assinalada por Montoya, quando descreveu a vila de São Paulo, com suas comunicações terrestres, sendo que um caminho vinha “desde o rio Ginero, abrindo-se um trecho de mato, mas isso repugna muito aos de São Paulo”. Certamente era o trecho que atravessava a Serra do Mar, na forte súbita da Serra das Araras. [Conquista espiritual..., [1639] 1985, p. 125.] • 40°. Raposo Tavares estivera em Portugal Sugerem Chmyz & Maack haver mais dois ramais que corriam paralelos aos rios Tietê e Paranapanema, encontrando-se com a rota-tronco na altura da antiga povoação paraguaia de Vila Rica, na região central do Paraná. O ramal do Paranapanema levava à região do Itatim, no atual Mato Grosso do Sul, costeando a direita do rio, caminho feito pela tropa de Antônio Pereira de Azevedo, que fez parte da grande expedição de Raposo Tavares, em 1647, e não pelo ramal do Tietê, como sugere Cortesão. Isto pela simples razão de que os caminhos indígenas costumavam ser em linha reta. Parece ser a mesma rota que foi localizada numa documentação do governador Morgado de Mateus e que apresenta um itinerário mais detalhado: “Eu tenho um mapa antigo, em que se ve o roteiro de um caminho que seguiam os antigos paulistas, o qual saindo de São Paulo para Sorocaba, vai até a Fazenda de Wutucatú, que foi dos padres São Miguel das Missões junto do Paranapanema, q’ hoje se achão destruido, dahy costiando o rio a esquerda, se hia a Encarnação [redução jesuítica à beira do Tibagi], a St.o X.er [redução S.Francisco Xavier, no médio Tibagi] e a St.o Ignácio [redução no Paranapanema] e desde o salto das Canoas, até a barra deste rio gastavão 20 dias, dai entrando no rio Paraná, navegavão o R.o Avinhema, ou das três barras, e subindo por elle emté perto das suas vertentes, tornavão a largar as canoas, e atravessavão por terra as vargens de Vacaria [no atual Mato Grosso do Sul.” • 41°. Expedição liderada por Raposo Tavares partiu do porto de Pirapitingui Havia mais dois ramais que corriam paralelos aos rios Tietê e Paranapanema,encontrando-se com a rota-tronco na altura da antiga povoação paraguaia de Vila Rica, na região central do Paraná, como sugerem Chmyz & Maack232. O ramal do Paranapanema levava à região do Itatim, no atual Mato Grosso do Sul, costeando a direita do rio, caminho feito pela tropa de Antônio Pereira de Azevedo, que fez parte da grande expedição de Raposo Tavares, em 1647, e não pelo ramal do Tietê, como sugere Cortesão. Isto pela simples razão de que os caminhos indígenas costumavam ser em linha reta. Parece ser a mesma rota que foi localizada numa documentação do governador Morgado de Mateus e que apresenta um itinerário mais detalhado: “Eu tenho um mapa antigo, em que se ve o roteiro de um caminho que seguiam os antigos paulistas, o qual saindo de São Paulo para Sorocaba, vai até a Fazenda de Wutucatú, que foi dos padres São Miguel das Missões junto do Paranapanema, q’ hoje se achão destruido, dahy costiando o rio a esquerda, se hia a Encarnação [redução jesuítica à beira do Tibagi], a St.o X.er [redução S.Francisco Xavier, no médio Tibagi] e a St.o Ignácio [redução no Paranapanema] e desde o salto das Canoas, emté a barra deste rio gastavão 20 dias, dai entrando no rio Paraná, navegavão o R.o Avinhema, ou das três barras, e subindo por elle emté perto das suas vertentes, tornavão a largar as canoas, e atravessavão por terra as vargens de Vacaria [no atual Mato Grosso do Sul.” • 42°. Vida do Venerável Padre José de Anchieta, 1672. Simão de Vasconcelos (1597-1671) A ameaça de morte aos padres e de destruição da igreja da vila de São Paulo concretizou-se em julho de 1562, liderada pelo grupo dissidente de Ururay, entre os quais havia jovens que freqüentaram “a doutrina dos padres”. Como escreveu Simão de Vasconcelos (1597-1671), aqueles nativos “eram filhos da Igreja”, isto é, que já tinham passado pela catequese, sendo que, possivelmente, alguns já tivessem sido batizados. • 43°. “De Itu ao Rio grande não se encontram facilmente os Caiapós, a que por outro nome chamam Bilreiros, porque com grande dificuldade passam o Rio grande, e chegaram tão perto de S. Paulo, que tocaram o sino da Igreja de Jundiaí, com cujo som aterrados fugiram” Havia também o caminho que mais tarde levou a Cuiabá e que foi chamado de “estrada dos Bilreiros”. Segundo um relato anônimo do século XVIII, este caminho é o caminho ordinário e viagem, que fazem os Paulistas (...) que alguns dizem-se poder fazer todo por terra de S. Paulo para o Cuiabá (...) e de Itu caminhar para o Rio Pirachicaba aberto caminho pelo mato. Em quatro dias se pode chegar ao Campo de Aracoarara [Araraquara], daí ao Nordeste levando a mão esquerda a mata do Rio Tietê, chegasse ao rio Grande, julgam alguns será caminho de um mês; mas outros julgam que feito o caminho e abatidos os pastos, que são altos, com fogo, em menos de dias se fará esta viagem. Passado o rio Grande, seguia até o ribeirão Guacuri, depois tomava o rio Verde, entrando pelo rio Pardo, até chegar às terras de Cuiabá. [Páginas 67 e 68] • 44°. Nascimento de Maximilien François Marie Isidore de Robespierre • 45°. Caminho de São Tomé, hoje chamado Peabiru: Sorocaba-Paranapanema
Atualizado em 02/11/2025 04:48:28 A Vila de São Paulo em seus primórdios – ensaio de reconstituição do núcleo urbano quinhentista ![]() Data: 1616 (documento por nós datado do ano de 1616 ou 1617), conservada na Real Academia de la Historia em Madri, republicada pelo Professor Nestor Goulart Reis, e cuja autoria é atribuída ao engenheiro militar italiano Alessandro Massaii.
• 1°. Fernão Cardim sobre o caminho • 2°. Em seu Testamento descreve seus bens, especialmente uma grande Fazenda em Amboaçava, onde Braz Cubas teria “umas cruzes de pedras” • 3°. Terras • 4°. Pedro Nunes, Manoel Fernandes e Fernão Marques pedem terras no caminho de Burapoera a começar com João Fernandes, genro de André Mendes Da primeira medição, datada de 1598, só se conservam os autos relativos à implantação de dois marcos, um no caminho de Virapoeira, ao sul, e outro no caminho de Pinheiros, a oeste. Os outros dois autos, relativos aos marcos posicionados ao norte e a leste, sem dúvida se perderam (R. G.,v.2, p.110). • 5°. Planta atribuída a Alexandre Massaii A mencionada planta atribuída a Massaii pelo Professor Nestor Goulart Reis Filho merece minuciosa análise e interpretação, por constituir, sem dúvida nenhuma, a mais remota representação iconográfica do primitivo assentamento paulistano (fig.22). Embora se trate de documento sumário e esquemático, com notações por vezes confusas e incorretas, temos de reconhecer que a interrelação de distâncias existente entre seus elementos constitutivos não foi estabelecida de modo completamente aleatório. Há decerto erros bastante grosseiros de orientação o convento de São Bento, por exemplo, que até hoje se mantém no mesmo lugar, aparece no mapa situado a poucos passos adiante do colégio jesuítico, imediatamente à direita da Igreja da Misericórdia, edifício que, por sua vez, deveria ter sido locado mais a nordeste. Assim, observamos que, depois de galgar a “serra de parana piacaba” [sic], e atingir talvez o ponto mais alto onde, ficamos sabendo, havia um pequeno cruzeiro, o caminho procedente do litoral atravessava sucessivamente três cursos d’água, o Rio Pequeno, ou “Garaiba ti miri” [sic, por Jeribatiba-mirim], o Grande, ou “Garaiba ti guoasu” [sic, por Jeribatiba-guaçu], e o “Rio Tamandoatibi” [sic], cujo nome é curiosamente traduzido no mapa (e provavelmente de maneira errônea) por “aguoa de rapoza”. Este último curso d’água aparece transposto duas vezes; a segunda ultrapassagem sendo feita por meio de uma ponte que só pode ser a da Tabatinguera. [Página 73] À mão esquerda da encosta que conduzia a São Paulo de Piratininga, reparamos a seguir num cruzeiro, que, julgamos, devia ficar em frente do local onde fora erguida a forca em 1587 (ATAS, v.1, p.315), à direita do viandante que chegava à Piratininga, no alto do Outeiro da Tabatinguera, mais tarde conhecido como Morro do Saibro. O odiado instrumento de execução de pena capital, seguidas vezes derrubado pela população piratiningana, seria depois, como veremos, transferido para o futuro Largo da Liberdade. Em seguida, identificamos uma série de distorções de orientação na reprodução do percurso que o Caminho do Mar fazia nas imediações da vila. Depois de subir a Ladeira da Tabatinguera, o recém-chegado deveria virar para o norte, no intuito de entrar na futura Rua do Carmo (essa mudança de orientação quase não é perceptível no mapa que estamos observando). Passaria então pelo convento dessa denominação, à margem direita da via, atingindo logo a seguir o Mosteiro da Companhia (simplesmente identificado em planta com o nome de Iesus). No documento gráfico aqui analisado aparecem corretamente representados na parte traseira do mosteiro da Companhia os muros da cerca jesuítica que, sabemos, atingiam a margem esquerda do Tamanduateí. Em contrapartida, a matriz, naquela altura ainda não totalmente concluída, mostra-se erradamente posicionada, pois, deduz-se, sua posição original era muito próxima à da antiga Sé paulistana demolida em 1912. Nesse caso, a matriz deveria ter sido mantida a oeste, sim, porém em ponto abaixo do colégio de Jesus e não imediatamente à sua frente, à esquerda, como aparece no desenho. Um pouco acima da matriz, vemos a Igreja da Misericórdia, e, mais além, temos a ermida de Santo Antônio, sequência de construções que estaria correta se estivesse sido orientada para oeste e não para o norte, como se observa. Na região correspondente ao atual bairro do Brás, estendiam-se os famosos campos piratininganos. Por eles se espalhavam várias “fazendas”, a respeito das quais o autor da planta faz a seguinte observação: “Serquas de taipa de Pilão e seo vallo asi tem todas ellas co suas arvores e vinhas dentro”, lembrando-nos o que relatou o Padre Fernão Cardim, em 1585, sobre a fartura dos pomares paulistanos, onde marmeleiros, figueiras, laranjeiras e muitas vinhas produziam abundantemente, fazendo o planalto piratiningano parecer “um verdadeiro Portugal” (apud PREZIA, p.311). A crer no que a planta nos mostra, os muros protetores dessas quintas seriam desprovidos de entradas, sendo feito o acesso por meio de precárias escadas de mão, facilmente eu removíveis, solução engenhosa que procurava garantir a proteção contra os ataques dos indígenas provenientes de Mogi e do Vale do Paraíba, ainda frequentes nos últimos anos do século XVI. Neste caso, o documento talvez pretendesse retratar não propriamente a região leste imediatamente contígua à vila, como se vê, mas uma zona mais recuada, constituída talvez pelo Tatuapé e Piqueri. Ainda na margem direita do Tamanduateí, observamos um intrigante grupo de caçadores de perdizes nativas (enapupês, Rhynchotus rufescens), aves características dos campos e cerrados, habitualmente caçadas com cães (tiro ao voo), e, um pouco acima, mais ou menos onde deveria iniciar a região do Guarepe, vemos bois vagueando livres pelo pasto, coisa que de fato ocorria nas campinas paulistanas, pois conforme o Padre Cardim estavam elas “cheias de vaccas”, às quais se juntava por vezes gado bravio, que deveria ser imediatamente retirado do local por ordem dos vereadores (ATAS, v.1, p.385) . [Páginas 74 e 75] Do outro lado da vila, na parte do curso superior do Anhangabaú (Anhagavabahi), uma inscrição nos dá o significado em português do nome desse ribeiro, “aguoa do Rosto do diabo”, numa referência à crença nativa de ocorrerem nesse local aparições do espírito malfazejo Anhangá (PREZIA, p.82). E, em suas margens, na altura, mais ou menos, da atual intercessão das Avenidas Nove de Julho e 23 de Maio, descobrimos instalados dois moinhos d’água, um em cada margem, pertencentes a “Mel Joam” (Manuel João), destinados sem dúvida a moer trigo, produto agrícola muito abundante na São Paulo daquele tempo, segundo o depoimento do mesmo Padre Cardim. Este detalhe configura-se da máxima importância, pois, é por meio dele que podemos datar com bastante precisão a planta ora sob análise. Em 2 de fevereiro de 1616, os vereadores atenderam a solicitação de um certo Manuel João (certamente o mesmo Manuel João Branco, rico morador de São Paulo que no final da vida decidiu ir a Portugal beijar a mão do Rei D. João IV e presenteá-lo com um pequeno cacho de bananas feito de ouro, a que se refere o historiador Pedro Taques de Almeida Pais Leme, 1714-1777, em sua Nobiliarquia Paulistana). O peticionário solicitava datas de terra para construir dois moinhos, numa paragem que hoje seria impossível de identificar se só pudéssemos contar com a transcrição confusa feita pelo escrivão da Câmara: “queria fazer dous moinhos em hua agoa saindolhe do caboulo a outra parte fazer houtro da banda dalem de bartolameu glz as quais Agoas nacem na tera diguo tapera de Diogo glz lasso da banda dos pinheiros hu da banda dalem houtro da banda de bartalomeu glz e terras pera hu quintal” (ATAS, v.2, p.375-377). Como a carta de data de terra concedida vem datada do dia 2 de fevereiro de 1616, deduzimos que a confecção do documento gráfico aqui analisado, registrando os moinhos já construídos, só pode ser posterior de vários meses a essa época. Se supusermos que esses engenhos demoraram cerca de um ano para ficar prontos, teremos de admitir que a planta em questão só poderia ter sido executada a partir de fins de 1616. Como o Professor Nestor (p. 231) afirma que no ano seguinte Massaii já se encontrava de volta à Europa trabalhando em Portugal, mais precisamente no Algarve, somos induzido a concluir que a planta em exame tenha sido executada ou em fins de 1616 ou logo nos primeiros meses do ano seguinte, levando-se em consideração o largo tempo necessário para que o autor do mapa se trasladasse de navio a Portugal e voltasse a exercer suas atividades profissionais nesse país ainda em 1617. Retomando a análise do registro iconográfico objeto de nossa atenção, reparamos ainda que, abaixo do largo da matriz, havia um curral. Este abrigo para gado, conjecturamos, deveria estar situado perto da saída para a Vila de Santos, à esquerda do observador que olha a Rua Tabatinguera a partir da várzea, talvez na região conhecida hoje como Baixada do Glicério. A localização de redis era então regulada pela Câmara. Deviam-se distanciar uns dos outros em 60 braças (132 m), segundo postura de 1580, e das demais construções da vila em 300 braças (660 m), de acordo com as posturas de 1583, diminuídas para 200 (440 m) pelas posturas de 1590 (ATAS, v.1, p. 163, 201 e 397). Decerto eram em cercados como esse que se abatiam e retalhavam para o consumo humano as reses criadas soltas nas capoeiras ou campos do Guarepe (ATAS, v.1, p.123). Quando a caminho do litoral, para servir de aprovisionamento aos navios ancorados no porto ou para alimentar o povo estabelecido à beira-mar, o gado do Guarepe, por culpa dos “pastores”, tinha o mau costume de passar por dentro da vila murada, causando estragos nas construções de taipa e sérios aborrecimentos aos moradores piratininganos (ATAS, v.1, p.98-99 e 387). Nem tudo, porém, parece verossimilhante no documento cartográfico que estamos apreciando. O autor deve ter-se deixado levar às vezes ou pela imaginação, ou pela desatenção, ou apenas pelo hábito. Com relação aos caçadores de perdizes, por exemplo, surpreendidos em plena atividade venatória nos campos próximos do Tamanduateí, apresentavam-se muito bem trajados, com longos calções bufantes e chapéus de copa alta e abas estreitas, sobre montarias que se erguiam com garbo sobre as patas traseiras, como nos retratos da orgulhosa e rica nobreza espanhola. Esses caçadores tinham porte aristocrático, em grande contraste com a aparência modesta e descuidada dos quase semidespidos mamelucos paulistanos, enquanto seus cavalos trazem à mente os espécimes apreciados por Fernão Cardim, que os qualificou de ginetes dada a sua boa raça. Quanto aos elegantes caçadores, seriam porventura membros remanescentes do distinto séquito do requintado e esbanjador D. Francisco de Sousa), sétimo Governador Geral do Brasil (1592-1602) e, depois, entre 1609 e 1611, nomeado Governador da Repartição do Sul do Estado do Brasil (resultante da reunião das capitanias do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Vicente) (R.G.,v.1, p.188-190). Francisco de Sousa, por volta desses mesmos anos, fixara residência na Vila de São Paulo, à cata de notícias sobre minas de ouro e prata e outros metais existentes na região. A esse respeito, Frei Vicente do Salvador conta que os paulistanos muito se impressionaram com a luxuosa comitiva do fidalgo, pois antes da chegada de D. Francisco, só se vestiam com algodão tinto, não contando com peças de vestuário adequadas nem ao menos para se apresentarem em cerimônias de casamento. No que foi corroborado pelo jesuíta Fernão Cardim, que viu os piratininganos singelamente vestidos com roupas antiquadas e feitas de pano grosseiro: Vestem-se de burel, e pellotes pardos e azues, de pertinas compridas como antigamente se vestiam. Vão aos domingos à igreja com roupões ou berneos de cacheira sem capa. (p. 173) Depois da chegada do vaidoso governador tudo teria mudado na vila, segundo o historiador baiano: Depois que chegou d. Francisco de Souza, e viram suas galas, e de seus criados e criadas houve logo tantas librés, tantos periquitos [altos topetes usados pelos homens da aristocracia de então] e mantos de soprilhos [tecido de seda muito leve e ralo, segundo Bluteau] que já parecia outra coisa. (apud TAUNAY, 1920, p. 163) (informações adicionadas entre colchetes pelo Autor) Mais um pormenor nos intriga nessa planta. É a aparência da igreja da Companhia de Jesus, representada com seu flanco esquerdo à mostra. Segundo o desenho, a construção possuía nave única, capela-mor e, acima do telhado, assomava algo que parece ser uma alta parede terminada em empena, com duas sineiras (elemento arquitetônico conhecido em espanhol pelo nome de espadaña), em posição perpendicular à fachada principal e recuada em relação a ela, compondo uma tipologia arquitetônica pouco comum entre as igrejas jesuíticas portuguesas (veja-se, por exemplo, o Santuário de Nossa Senhora da Lapa, na freguesia de Quintela, Sernancelhe, erguida pelos jesuítas no século XVII em Portugal). Além desse, há outro detalhe singular na representação do templo jesuítico: nele não se vê o alpendre que a igreja apresentava desde 1556, e que ainda era mencionado nas Atas paulistanas de 1624 (fig. 23). A alusão feita em documento camarário datado deste último ano pode, porém, ter sido o resultado de um equivoco cometido pelo escrivão da Câmara. Na Ata do dia 22 de novembro de 1624 são citados os nomes de determinados personagens que deixavam o gado de sua propriedade sujar os adros da vila (da Matriz, do Carmo, da Misericórdia e do Colégio); dias depois, o escrivão transcreve novamente a acusação de que os mesmos personagens deixavam suas cabeças de gado sujar os alpendres dos citados templos (ATAS, v.3, p.144 e 147). Na vereação do dia 13 de dezembro de 1631. Volta-se a falar na necessidade de se afastar o gado que danificava os adros da vila (ATAS, v.4 , p. 102). Não estaria o escrivão cometendo um lapso, usando uma palavra pela outra, já que a planta atribuída a Massaii, datada dos anos 1616/1617, não traz nenhuma igreja alpendrada dentro da vila paulistana – nem a Matriz, nem o Carmo, nem a Misericórdia, nem o Colégio? Num aspecto, porém, temos plena certeza de que o desenhista se descuidou. Foi quando assinalou bosques de pinheiros nativos ao nascente da povoação. Os exemplares representados têm a copa com a conformação cônica típica dos espécimes europeus e em nada sugerem as belas araucárias brasileiras, com sua característica silhueta em forma de taça de champanhe. • 6°. Escritura • 7°. Pedro Fernandes presta contas da curadoria. Declara entre outras contas, que Manoel João está de partida para Portugal, pelo que requeria precatório contra o dito, porque havia um depósito em juízo. Nesta causa, Manoel João Branco foi fiado por seu irmão Francisco João (em 1640). Em 2 de fevereiro de 1616, os vereadores atenderam a solicitação de um certo Manuel João (certamente o mesmo Manuel João Branco, rico morador de São Paulo que no final da vida decidiu ir a Portugal beijar a mão do Rei D. João IV e presenteá-lo com um pequeno cacho de bananas feito de ouro, a que se refere o historiador Pedro Taques de Almeida Pais Leme, 1714-1777, em sua Nobiliarquia Paulistana). • 8°. Caminho Se em meados do século XVIII a paragem de Piratininga já havia perdido seu topônimo original, a senda que ia até ela, ou, antes, que por ela passava, continuou, como visto, sobrevivendo sob outra denominação. Tornou-se o caminho de Nossa Senhora do Ó (CARTAS DE DATAS, v.6, p. 54), devendo, após atingir a margem esquerda do Tietê, virar à esquerda e acompanhar o rio a jusante, até o ponto em que o atravessava por meio de uma ponte, de acordo com uma menção documental de 1741. A etapa desse caminho até a ponte, ao que parece, já estava com pouco uso na segunda metade do século XVIII, havendo sido preterida pelo caminho de Jundiaí, que saía do Piques e se bifurcava para os lados de Nossa Senhora do Ó na região da Água Branca.
Atualizado em 02/11/2025 04:48:27 Requalificação do matadouro municipal de Sorocaba. Trabalho de Graduação Final de Mônica Pinesso Cianfarini. Orientadora: Regina Andrade Tirello. Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Arquitetura ![]() Data: 2014 Página 13
• 1°. Abertura da estrada de Curitiba no Paraná e no Rio Grande do Sul que possibilitou o ciclo do Tropeirismo. Coincidentemente, nesse ano ocorre o final do bandeirantismo No ano de 1733, um marco histórico, um novo ciclo se iniciava na Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba: o Tropeirismo, que inicia quando passa pela Vila a primeira Tropa de Muares, conduzida pelo Coronel Cristóvão Pereira de Abreu, bandeirante fundador do Rio Grande do Sul. Essa expedição utilizou a rota do Peabiru para chegar à Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba. De acordo com Nanci Marti Chiovitti: "Sorocaba teve seu maior desenvolvimento no século XIX devido ao tropeirismo, que é atualmente definido como uma economia de abastecimento e, conforme alguns autores, subsidiária do café. Além disso, esse movimento envolve a condução de tropas de animais (cavalos, muares, bovinos e suínos) por homens especializados na atividade tropeira." A partir desse momento, com o aumento de número de tropas passando por Sorocaba, devido a sua posição estratégica, a Vila de Sorocaba tornou-se marco obrigatório para os Tropeiros, um eixo econômico entre o Norte, o Nordeste e o Sul. [Página 13]
Atualizado em 02/11/2025 04:48:28 Geoprocessamento aplicado a estudos do Caminho do Peabiru. Por Ana Paula Colavite e Mirian Vizintim Fernandes Barros ![]() Data: 2009 Página 4 do pdf
• 1°. Muitas tribos fossem dizimadas
Atualizado em 02/11/2025 04:48:26 Terras, ouro e cativeiro: a ocupação do aldeamento dos Guarulhos nos séculos XVI e XVII, 2-16. José Carlos Vilardaga ![]() Data: 2016 Créditos: José Carlos Vilardaga Página 53
• 1°. Vindo a São Paulo em 1579, escreveu Anchieta ao capitão-mór uma carta em que dá informação das poucas e reduzidas aldeias situadas nos arredores da vila e faz referência a Domingos Luiz Grou “Carta de Anchieta, de Piratininga, ao cap. Jerônimo Leitão”. 15/11/1579. Cartas, Informações, Fragmentos históricos e sermões do Padre Anchieta. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1933. Outro personagem de proa na pequena vila, peça chave na sua defesa, ao lado de Salvador Pires, foi Domingos Luis, o Carvoeiro, eleito “capitão do gentio” em 1563. Domingos Luis teria recebido tal epíteto por ter nascido em Marinhota, freguesia de Santa Maria da Carvoeira. Foi casado com Ana Camacho, bisneta de João Ramalho, e, muito provavelmente, era oficial mecânico, uma vez que havia participado da construção da igreja dos jesuítas e, mais tarde, da igreja do Guaré, origem de Nossa Senhora da Luz. Deveria ser um sujeito um tanto irascível, visto que Anchieta chegou a avisar ao capitão-mor Jerônimo Leitão que Domingos Luis estava acabando a Igreja, mas que os índios se achavam meio amotinados, pois tinham “medo do carvoeiro”. • 2°. Mineiro Manoel Azurara apareceu em processos judiciais em torno da erva mate em Maracayu, onde estabeleceu negócios Jerônimo da Veiga, sertanista e um dos primeiros a se assentar em Guarulhos via casamento com Maria da Cunha, aparece em 1609 num processo movido em Assunção, no Paraguai,contra o mineiro-mor do Brasil, Manoel Pinheiro. Preso com cestas de erva mate contrabandeadas, Veiga acompanhou Pinheiro numa viagem considerada suspeita, pois se acreditava que com o mineiro vinham escravos negros e 12 quilos de ouro em contrabando. • 3°. Luis Furtado, ele mesmo morador e proprietário nas proximidades de Nossa Senhora da Conceição. Furtado denunciou Garcia Rodrigues, o moço, que impedia o livre trânsito no antigo caminho real, que era utilizado pelos Guaramimis e pelos moradores da vila que negociavam com eles
Atualizado em 02/11/2025 04:48:27 Vilas do planalto paulista: a criação de municípios na porção meridional da América Portuguesa (séc. XVI-XVIII) ![]() Data: 2015 Créditos: Fernando V. Aguiar Ribeiro Página 59
• 1°. Partiu para Buenos Aires
Atualizado em 02/11/2025 04:48:25 Estrada do Padre Dória (1832-1842): estudo de geografia histórica nos caminhos da Serra do Mar, 2019. Alexandre da Silva. USP. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Geografia ![]() Data: 2019 Estudo de geografia histórica nos caminhos da Serra do Mar, 2019. Alexandre da Silva. USP. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Geografia. Página 39
• 1°. A vila de São Paulo ficou completamente fundada e reconhecida, data da respectiva provisão Trilha dos Tupiniquins Trajeto: Vertente esquerda do Vale do Rio Mogi Tipo: Picada Rampa Máxima: Muito variável Largura média: 0,60m Conceito tecnológico básico: Chão batido Grau de interferência nas encostas: Nenhum Período: Até 1500 Principal meio de transporte: A pé Aportes tecnológicos: Empirismo Principal objetivo: Acesso ao litoral Caminho do Padre José Trajeto: Vertente direita do Vale do Rio Perequê Tipo: Picada Rampa Máxima: Muito variável Largura média: 1,00m Conceito tecnológico básico: Chão batido Grau de interferência nas encostas: Muito baixo Período: 1560-1770 Principal meio de transporte: A pé Aportes tecnológicos: Empirismo indígena Principal objetivo: Evitar contato com os tamoios Novo Caminho de Cubatão Trajeto: Vertente direita do Vale do Rio das Pedras Tipo: Picadão Rampa Máxima: 20% Largura média: 2,00mConceito tecnológico básico: Pequenos cortes, arrimos e estivasGrau de interferência nas encostas: Médio Período: 1770-1790 Principal meio de transporte: A pé e mula Aportes tecnológicos: Experiência europeia. Mestres de obras portugueses Principal objetivo: Abastecimento das expedições para o sertão Calçada de Lorena Trajeto: Espigão - Pedras/Perequê Tipo: Estrada calçada Rampa Máxima: 20% - 25% Largura média: 3,00mConceito tecnológico básico: Pequenos cortes e arrimosGrau de interferência nas encostas: BaixoPeríodo: 1790-1841 Principal meio de transporte: Tropa de mulas Aportes tecnológicos: Real Corpo de Engenheiros de Portugal Principal objetivo: Escoamento do açucar [Página 39] • 2°. Carta de Manuel Juan Morales ao rei Filipe IV (1605- 1665), “O Grande” • 3°. Caminho do Padre Caminho do Padre José Trajeto: Vertente direita do Vale do Rio Perequê Tipo: Picada Rampa Máxima: Muito variável Largura média: 1,00m Conceito tecnológico básico: Chão batido Grau de interferência nas encostas: Muito baixo Período: 1560-1770 Principal meio de transporte: A pé Aportes tecnológicos: Empirismo indígena Principal objetivo: Evitar contato com os tamoios. • 4°. Calçada de Lorena* Calçada de Lorena Trajeto: Espigão - Pedras/Perequê Tipo: Estrada calçada Rampa Máxima: 20% - 25% Largura média: 3,00mConceito tecnológico básico: Pequenos cortes e arrimosGrau de interferência nas encostas: BaixoPeríodo: 1790-1841 Principal meio de transporte: Tropa de mulas Aportes tecnológicos: Real Corpo de Engenheiros de Portugal Principal objetivo: Escoamento do açúcar • 5°. Daniel Pedro Müller (1785-1841) • 6°. Sua obstrução em 1842 foi ordenada por seu antagonista, o padre Pinto que, “como pretexto para tão impatriotico commetimento, allegou que Raphael Tobias poderia com suas tropas invadir a cidade…” A personalidade central que contribui para o grande número de pontos de interrogação acerca dos acontecimentos atinentes a Estrada que levou seu nome foi o Padre Manoel de Faria Dória. Que nasceu na então Vila de São Sebastião, Litoral Norte Paulista, noano de 1781, tendo sido batizado no em 24 de novembro do referido ano, filho do CapitãoAmaro Alvares e Maria Barbosa do Amaral. Foi vigário de São Sebastião entre os anos de 1816 e 1837, tendo sido inscrito, nas ordens diocesanas no ano de 1816. Foi também deputado provincial por quatro legislaturas entre os anos de 1835 a 1842, citado como ano de sua morte por Almeida (1959). Na obra de Almeida (1959), intitulado “Memória histórica sobre São Sebastião”, oautor indica, no capítulo sobre os vigários sebastianenses, uma pequena biografia do PadreDória, trazido na íntegra: Padre Manuel de Faria Dória. - Também esforçado sebastianense como os seus antecessores, era filho legítimo do Capitão Amaro Alves da Silva e de d. Maria Barbosa do Amaral. Nasceu a 24 de novembro de 1791, ordenando-se no ano de 1816. Desempenhou vários cargos de eleição em sua terra natal, servindo-a com verdadeira abnegação por longos anos. Por sua iniciativa foi aberta no ano de 1832 a estrada que de São José do Paraitinga [hoje Salesópolis] se dirigia para São Sebastião, e que ficou paralisada desde sua morte. Como disse um escritor, o padre Dória era cioso do progresso de sua terra e político de real valor. A estrada que tomou seu nome galgava a Serra do Mar, mesmo em frente à cidade e ia ter à freguesia de São José do Paraitinga. Sua obstrução em 1842 foi ordenada por seu antagonista, o padre Pinto que, “como pretexto para tão impatriotico commetimento, allegou que Raphael Tobias poderia com suas tropas invadir a cidade”. O padre Manuel de Faria Dória faleceu no dia 21 de abril de 1842, e“o partido contrario, que em vida não conseguira embaraçar-lhe o prestimo e offuscarlhe o merito, aproveitou-se para unitilisar a estrada tão custosamente rasgada noâmago dessa Serrania, uma vez que circumstancias os favoreciam não só com a morteinesperada desse batalhador emerito como também por já se achar ella vedada aotransito como medida de precaução ao levante de 1842, por ser de mais facil acesso”.“Depois de sua morte, seus adversários não mais consentiram que apllicassem verbaalguma em benefício da mesma, porquanto se oppunham interesses particulares” (59).O padre Dória foi deputado Provincial Constituinte do Partido Liberal e amigo íntimodo Padre Feijó.” (ALMEIDA, 1959, P. 164-165)(59) - “A estrada de Rodagem”, Ano 1.º, n.º 7, 192119 Para além do tom heroico, várias lacunas se colocam com os parênteses abertos por Almeida (1959), e que envolve o que é ser padre e Para além do tom heroico, várias lacunas se colocam com os parênteses abertos por Almeida (1959), e que envolve o que é ser padre e o que é ser um político no século XIX, e quais jogos de interesses foram mediados no enlace dos acontecimentos. E trata-se de uma Estrada que existiu por 10 anos, Campos (2000) também faz referência ao fechamento da Estrada, indicando que [...] após sua morte [do Padre Dória] em 1842, um de seus inimigos políticos, o Padre Pinto, obstruiu a estrada Dória [...], alegando que São Sebastião poderia ser invadida pelas tropas de Rafael Tobias de Aguiar, da Revolução Liberal de 1842, que seguiriam por esta estrada. (CAMPOS, 2000, p.173). A mencionada Revolução Liberal, ou levante de 1842, como nos dizeres de Almeida (1959), guarda relação, como indicado por Marinho (2015), com o início do segundo reinado, a partir da manobra da antecipação da maioridade do Imperador, manobra atribuída aos liberais. Após as eleições parlamentares, vencidas em sua maioria pelos liberais, que foram dissolvidas dois dias antes de tomarem posse a partir de articulação do Gabinete Conservador num processo de convencimento junto ao Imperador de que o pleito eleitoral teria tido abusos. Tal ocorrência incitou a revolta (embora não armada inicialmente) em especial em São Paulo e Minas Gerais. Em São Paulo, o maior foco de movimentação residiu em Sorocaba, em que foi proclamado como presidente interino da província Rafael Tobias de Aguiar, com intenções de ataque à capital. Havia várias frentes de tropas organizadas tanto em Minas Gerais quanto em São Paulo, procurando adesão da população contra a situação imposta pelo Governo Imperial. A Vila de São Sebastião era uma das frentes possíveis para atacar a capital da Província, sendo citado o caminho que parte deste para o alto da serra como caminho possível para o dito ataque (MARINHO, 2015). Além disso, conforme indicado por Hörner (2010), um dos focos da revolta teria sido em Paraibuna, comandados pelo Padre Valério da Silva de Alvarenga, assim como em outras vilas do Vale do Paraíba. Portanto, pela literatura consultada, não é possível estabelecer se o caminho para o alto da Serra mencionado seria mesmo a Estrada Dória, ou a Estrada de Paraibuna, já que lá já havia ocupação por revoltosos. Inclusive o Padre Dória era do Partido Liberal, mas não há menção de sua posição durante essa Revolução. No trecho da biografia indicada por Almeida (1959), parece um tanto escuso a motivação do fechamento da estrada a partir de uma vontade política de somente “ofuscar o mérito” de uma pessoa já falecida (já que para o autor o falecimento do Padre veio antes do fechamento da estrada) em detrimento de uma via de comunicação que traria benefícios econômicos para a localidade. Como pensar qual o nível dessa força de adversários que atravessa a morte? Quais os interesses envolvidos nessas escolhas? Considerando que também existia a Estrada que ligava São Sebastião, via Caraguatatuba, à Paraibuna, havia, portanto, interesse nessa estrada em detrimento da Estrada Dória? Por quê? Quanto ao foco da citada Revolução em Paraibuna e sob o comando de Padre Valério, citado por Hörner (2010), vale menção quanto a contemporainedade deste com Padre Dória, o alinhamento liberal, além de um alinhamento quanto a questão da busca de melhorias na infraestrutura de estradas, já que leva seu nome uma Estrada, a “Estrada do Padre Valério”. Essa, teria partido da Estrada Dória em direção à Paraibuna, cuja referência encontra-se no Decreto 5.384/32 (SÃO PAULO, 2019) na demarcamação de terras da gleba denominada Boracéa para o serviço florestal do Estado. Até onde beirava esses alinhamentos dos referidos Padres? Haverá alguma aproximação que a História não conta? O citado por Almeida (1959) como opositor político de Padre Dória, o Padre Pinto teria sido o mandante do fechamento da Estrada frente a possibilidade de uso desta pelos revolucionários do levante de 1842. Mesmo sendo um nome recorrente no que se refere quanto a ser este um mandante do fechamento da Estrada, carece dados do referido padre, o que limita o entendimento do seu papel nesse contexto. A justificativa do fechamento da estrada frente a Revolução liberal de 1842 se mostra plausível, mas em que termos isso teria acontecido? Derrubando pontes? Fechando fisicamente os acessos? Por quais causas não teria sido reaberta após o fim da Revolução? Inclusive, quanto a data da morte apresentada por Almeida (1959), tão precisa, 21 de abril de 1842, poucos antes de eclodir a Revolução Liberal, alguma coincidência? No entanto, ressalta-se a incoerência da data de morte, pois há, no Arquivo da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (1842a), documento datado de dezembro do mesmo ano, assinado pelo Padre Dória. Por qual motivo a incoerência das datas? Com mais perguntas que respostas, pouco se sabe da trajetória da vida dessa personalidade enquanto Padre e enquanto Vereador em São Sebastião para além do trabalho de Almeida (1959), e a assinatura do Padre em documentos da Câmara Municipal no período estudado, mais especificamente a partir de 1834, mesmo Almeida (1959) indicando que o mesmo teria exercido vários cargos de eleição. O autor cita que o Dória foi vigário de São Sebastião entre sua ordenação, em 1816, e o ano de 1837, portanto a construção da estrada deu se enquanto ele ainda era vigário da referida localidade. Havia será algum interesse da Igreja Católica com a construção da estrada? Ou um interesse pessoal da referida figura nesse contexto? [Páginas 18, 19 e 20]
Atualizado em 02/11/2025 04:48:23 “Razias”, Celso E Junko Sato Prado ![]() Data: 2020 Créditos: “Razias”, Celso E Junko Sato Prado Peabiru-s: São Vicente, Santa Catarina e o ramal Ponta Grossa a Sorocaba, e a esta ligação o acesso a partir de Cananéia Imagem, a grosso modo, pelas descrições de Valla
• 1°. Os “Atumuruna”, em 1350, teriam sido os construtores do Peabiru Não se sabe, com certeza, quem foram os realizadores daquelas estradas. Os difusionistas apontam os Incas, ignorados os motivos para uma estrada transoceânica. Pelas exposições de Valla tais feitos cumprem aos Atumurama, em meado do século XIV, quando refugiado em territórios do Brasil e Paraguai. A nação Atumuruna, que estudos apontam descender de escandinavos (vikings) na América do Sul, teria sido a fundadora do grande império Tiahuanaco, instalado no século XI/XII, com diversas tribos nativas tributárias ou agregadas, a exemplo dos revoltosos Araucano (Chile) que, por volta de 1350, à frente de outros confederados insurretos derrotam o Império, colocando em fuga seus sobreviventes que chegaram ao Paraguai, por via terrestre, e ao Brasil pela transposição do Rio Paraná ou por este descer ao Atlântico, para depois abeirar-se em determinados pontos do litoral brasileiro, Santa Catarina e São Vicente, princípios das futuras veredas Atlântico-Paraguai-Andes e Pacífico. Lembranças históricas apontam presenças de Atumuruna no Paraguai, até bem pouco tempo ainda encontradas nos Guayaki, os nativos louros do Paraguai (Valla, 1978: 75-76); também nos nativos brasileiros de pele clara, os chamados Auati - gente de cabelos claros, vinculados aos guaranis e citados em crônicas dos primeiros tempos do Brasil português, excluídos aqueles originados ou com eles confundidos, nascidos das relações nativos com espanhóis e holandeses. Caminhos, portanto, não faltaram aos Atumuruna para suas escapadas, segundo especialistas citados por Valla (1978: 91-102), inclusive por via oceânica, a exemplos dos "Kaole" no Taiti e dos "Ehu" no Havaí, mais misteriosos "homens louros" de algumas das ilhas polinésias (Valla, 1978: 71-73). Não se trata de concepção isolada. Relatos de expedições a serviço de Espanha mostram o uso fluvial dos rios Prata, Paraná e Paraguai, como conhecidos caminhos da Rota Cone Sul, para se chegar à estrada Peabiru, do lado paraguaio (Carvalho, 2012) e adiante, por terra, até os Andes e Pacífico. Por conseguinte, admite-se a rota terrestre Paraguai-Andes-Pacífico desde a fundação do Império Tiahuanaco - século XII, enquanto os trajetos do lado brasileiro são construções mais recentes, ou seja, depois da entrada Atumuruna em terras do Brasil, por volta do ano de 1350, então eles os construtores das duas principais rotas (Peabiru), São Vicente e Santa Catarina, em busca do retorno aos Andes. Alguma similaridade existente entre as estradas Peabiru, baseada em antigos relatos, com certas construções observáveis em sítios arqueológicos do Império Tiahuanaco, como aterros, calçamentos, ruas e estradas, apontam pelo menos para uma origem comum daquelas construções. Recentes estudos arqueológicos sobre aquele império, comparados àquilo que resta da Peabiru, assinalam semelhanças entre elas que, em absoluto, podem ser vistas como meras coincidências. [p. 36 e 37] • 2°. A armada de André Gonçalves chegou a Cananéia 6.1.2 - Uma trilha bastante movimentada - Se os primeiros indesejados portugueses foram deixados numa das ilhas em Cananeia, entre os anos 1490 e 1502, cabe pressupor tenham sido eles os precursores a atingir o continente, interiorizando-se pelas matas, alguns bem-sucedidos, outros trucidados pelos selvagens. Desconhecendo-se os pioneiros europeus, também não se sabe quando tais caminhos pré-cabralinos foram percorridos pela primeira vez, nem qual o tamanho de alguma possível incursão inaugural, mas a mais importante e longa viagem certamente ocorreu entre 1502 e 1513, a partir de São Vicente para se chegar aos Andes, em pleno centro do Império Inca. Trata-se do trajeto mais citado da antiga senda, São Vicente às costas Pacífico, com um ou outro historiador a acrescer ou excluir ramais como partes da via principal, por exemplo, o uso do ramal desde Sorocaba a Ponta Grossa. Dessa viagem é o que entende o Cortesão, ao mencionar que o galo trazido com outras espécies animais da Europa para Cananeia, em 1502, já no ano de 1513 aparecia na corte inca, levado numa expedição via Peabiru, causando pasmo tanto que o futuro governante adotaria o nome Atahuallpa, isto é, Galo. "Esta rapidez na disseminação dum elemento cultural prova quanto eram rápidas e ativas as comunicações através do continente" (Donato, 1985: 30). • 3°. galo Desconhecendo-se os pioneiros europeus, também não se sabe quando tais caminhos pré-cabralinos foram percorridos pela primeira vez, nem qual o tamanho de alguma possível incursão inaugural, mas a mais importante e longa viagem certamente ocorreu entre 1502 e 1513, a partir de São Vicente para se chegar aos Andes, em pleno centro do Império Inca. Trata-se do trajeto mais citado da antiga senda, São Vicente às costas Pacífico, com um ou outro historiador a acrescer ou excluir ramais como partes da via principal, por exemplo, o uso do ramal desde Sorocaba a Ponta Grossa. Dessa viagem é o que entende o Cortesão, ao mencionar que o galo trazido com outras espécies animais da Europa para Cananeia, em 1502, já no ano de 1513 aparecia na corte inca, levado numa expedição via Peabiru, causando pasmo tanto que o futuro governante adotaria o nome Atahuallpa, isto é, Galo. "Esta rapidez na disseminação dum elemento cultural prova quanto eram rápidas e ativas as comunicações através do continente" (Donato, 1985: 30). Os autores Sato-Prado não desprezam possibilidades que tal ave tenha chegado ao império inca pelo Pacífico, também por volta de 1513, quando Vasco Nuñez de Balboa aportou pela primeira vez às costas do Pacífico Sul, e o galo, se componente daquela expedição, poderia ter sido introduzido em terras equatorianas por algum batedor nativo e, de pronto, levado às mãos dos incas, cujo império então se estendia até o Equador. • 4°. Falecimento • 5°. Tomé de Souza escreve ao Rei D. João III: “nomeei João Ramalho para vigiar e impedir o trânsito de espanhóis e portugueses entre Santos e Assunção e vice-versa; e assegurar a soberania portuguesa no campo de Piratininga e sobre os caminhos de penetração que dali partiam” 06.1.5. - Da Peabiru São Vicente - o trecho pelo Vale do Paranapenama Da estrada, a partir de São Vicente, o governador geral Tomé de Souza proibiu-lhe trânsito, em 1º de junho de 1553, com justificativas ao rei português: - "Achei que os de São Vicente se comunicavam muito com os castelhanos e tanto que na Alfândega rendeu este ano passado cem cruzados de direitos de coisas que os castelhanos trazem a vender. E por ser com esta gente que parece que por castelhanos não se pode V. A. desapegar deles em nenhuma parte, ordenei com grandes penas que este caminho se evitasse, até o fazer saber a V. A. e por nisso grandes guardas e foi a causa por onde julguei de fazer as povoações que tenho dito no campo de São Vicente de maneira que me parece o caminho estará vedado" (Apud: Donato, 1985: 30). • 6°. Anchieta* 06.2 - Atalho pela Serra Botucatu à Paranan-Itu (Salto Grande) no Paranapename Júlio Manoel Domingues, em sua obra A História de Porangaba (2008: 21), transcreve levantamento histórico sobre a primeira concessão sesmarial em Tatutí, publicado pelo advogado e historiador Laurindo Dias Minhoto, onde a primeira menção de um caminho para Botucatu - citado Intucatu, no ano de 1609: - "O mais remoto documento, que conseguimos descobrir, foi a carta de sesmaria concedida em 10 de novembro de 1609, pelo Conde da Ilha do Príncipe, por seu procurador Thomé de Almeida Lara, sendo aquele donatário da Capitania de São Vicente. Essa concessão foi feita a João de Campos e ao seu genro Antônio Rodrigues e nela se lê: "seis léguas de terras no distrito da vila de Nossa Senhora da Ponte (Sorocaba), na paragem denominada RIbeirão de Tatuí, com todos os campos e restingas para pastos de seu gado, como também Tatuí-mirim até o Canguera, com largura que tiver, com mais três léguas em quadra no Tatuí-guassú e Canguary, três léguas para o caminho de Intucatú, seis léguas correndo Paraguary abaixo pra a parte do Paranapanema, com condição de pagar os dízimos a Deus Nosso Senhor dos produtos que delas colherem"." Os autores SatoPrado contestam a data de 10 de novembro de 1609 para o documento analisado por Dias Minhoto, sem prejuízos quanto as demais citações. Ora, o título nobiliárquico de Conde da Ilha do Príncipe somente foi criado pelo Rei D. Felipe IV da Espanha e III de Portugal e Algarves, por Carta Régia de 4 de fevereiro de 1640, a favor de Luís Carneiro de Sousa. Para o estudioso jesuíta, monsenhor Aluísio de Almeida, entre os anos 1608 e 1628 eram comuns as viagens subindo a Serra e daí ao baixo Paranapanema, tendo o rio Pardo como referência (Memória Histórica de Sorocaba - I, Revistas USP, 2016: 342). Também o estudioso, igualmente jesuíta, Luiz Gonzaga Cabral, ao mencionar Aleixo Garcia informa que os padres abriram estradas desde o litoral a São Paulo e outras rumo ao interior, inclusa aquela, que pela Serra Botucatu levava ao aldeamento no Paranapanema, com comunicação fluvial para o Paraná e Mato Grosso (Apud Donato, 1985: 35); sendo certo que os padres, no início colonial, foram usuários e reformadores de estradas e trilheiras nativas preexistentes, valendo-se de nativos pacificados que bem conheciam os feixes de caminhos, de onde saíam e para qual destino. Aluísio de Almeida, explica o melhor curso deslocado da Peabiru, em Botucatu: "A tal estrada subiu a serra, ganhou as cabeceiras do Pardo (Pardinho) antigo Espírito Santo do rio Pardo e desceu aquele rio até as alturas de Santa Cruz do rio Pardo, donde passou para o afluente Turvo e saiu nos Campos Novos do Paranapanema (nome mais novo)" - (O Vale do Paranapanema, Revista do Instituto Histórico e Geográfico - RJ, volume 247 - abril/junho de 1960: 41), sem prejuízos ao trecho prosseguinte ao Salto das Canoas (Paranan-Itu), desde onde possível a navegabilidade do Paranapanema em direção às Reduções Jesuíticas (1608/1628), e ao Rio Paraná. Os autores, SatoPrado, apontam que o antigo caminho jesuítica, rumo aos aldeamentos no Paranapanema, era pelo Tietê desde onde a trilha rumo às cabeceiras do paulista Cuiabá (AESP, BDPI: Cart325602), daí a margeá-lo até o Paranapanema. Somente após 1620, com a expedição de Antonio Campos Bicudo no alto da serra e os detalhamentos das nascentes do rio Pardo, então Capirindiba, se fez comum o trecho desde a Serra ao Paranapanema, onde o Salto das Canoas (também Quebra Canoas, Paranitu, Yucumã e Salto do Dourado), em atual município Salto Grande, pela mesma cartografia, caminho dos expedicionários e sertanistas. • 7°. A primeira povoação dizem que foi estabelecida em 1.600 por habitantes da parte inferior da Ribeira • 8°. Caminho Para o estudioso jesuíta, monsenhor Aluísio de Almeida, entre os anos 1608 e 1628 eram comuns as viagens subindo a Serra e daí ao baixo Paranapanema, tendo o rio Pardo como referência (Memória Histórica de Sorocaba - I, Revistas USP, 2016: 342). Também o estudioso, igualmente jesuíta, Luiz Gonzaga Cabral, ao mencionar Aleixo Garcia informa que os padres abriram estradas desde o litoral a São Paulo e outras rumo ao interior, inclusa aquela, que pela Serra Botucatu levava ao aldeamento no Paranapanema, com comunicação fluvial para o Paraná e Mato Grosso (Apud Donato, 1985: 35); sendo certo que os padres, no início colonial, foram usuários e reformadores de estradas e trilheiras nativas preexistentes, valendo-se de nativos pacificados que bem conheciam os feixes de caminhos, de onde saíam e para qual destino. Aluísio de Almeida, explica o melhor curso deslocado da Peabiru, em Botucatu: "A tal estrada subiu a serra, ganhou as cabeceiras do Pardo (Pardinho) antigo Espírito Santo do rio Pardo e desceu aquele rio até as alturas de Santa Cruz do rio Pardo, donde passou para o afluente Turvo e saiu nos Campos Novos do Paranapanema (nome mais novo)" - (O Vale do Paranapanema, Revista do Instituto Histórico e Geográfico - RJ, volume 247 - abril/junho de 1960: 41), sem prejuízos ao trecho prosseguinte ao Salto das Canoas (Paranan-Itu), desde onde possível a navegabilidade do Paranapanema em direção às Reduções Jesuíticas (1608/1628), e ao Rio Paraná. Os autores, SatoPrado, apontam que o antigo caminho jesuítica, rumo aos aldeamentos no Paranapanema, era pelo Tietê desde onde a trilha rumo às cabeceiras do paulista Cuiabá (AESP, BDPI: Cart325602), daí a margeá-lo até o Paranapanema. Somente após 1620, com a expedição de Antonio Campos Bicudo no alto da serra e os detalhamentos das nascentes do rio Pardo, então Capirindiba, se fez comum o trecho desde a Serra ao Paranapanema, onde o Salto das Canoas (também Quebra Canoas, Paranitu, Yucumã e Salto do Dourado), em atual município Salto Grande, pela mesma cartografia, caminho dos expedicionários e sertanistas. • 9°. Sorocaba é citada: as primeiras terras fruto das desapropriações dos homens da “Casa” de Suzana Dias começam a serem concedidas em sesmarias Atalho pela Serra Botucatu à Paranan-Itu (Salto Grande) no Paranapename Júlio Manoel Domingues, em sua obra A História de Porangaba (2008: 21), transcreve levantamento histórico sobre a primeira concessão sesmarial em Tatutí, publicado pelo advogado e historiador Laurindo Dias Minhoto, onde a primeira menção de um caminho para Botucatu - citado Intucatu, no ano de 1609: - "O mais remoto documento, que conseguimos descobrir, foi a carta de sesmaria concedida em 10 de novembro de 1609, pelo Conde da Ilha do Príncipe, por seu procurador Thomé de Almeida Lara, sendo aquele donatário da Capitania de São Vicente. Essa concessão foi feita a João de Campos e ao seu genro Antônio Rodrigues e nela se lê: "seis léguas de terras no distrito da vila de Nossa Senhora da Ponte (Sorocaba), na paragem denominada RIbeirão de Tatuí, com todos os campos e restingas para pastos de seu gado, como também Tatuí-mirim até o Canguera, com largura que tiver, com mais três léguas em quadra no Tatuí-guassú e Canguary, três léguas para o caminho de Intucatú, seis léguas correndo Paraguary abaixo pra a parte do Paranapanema, com condição de pagar os dízimos a Deus Nosso Senhor dos produtos que delas colherem"." Os autores SatoPrado contestam a data de 10 de novembro de 1609 para o documento analisado por Dias Minhoto, sem prejuízos quanto as demais citações. Ora, o título nobiliárquico de Conde da Ilha do Príncipe somente foi criado pelo Rei D. Felipe IV da Espanha e III de Portugal e Algarves, por Carta Régia de 4 de fevereiro de 1640, a favor de Luís Carneiro de Sousa. Para o estudioso jesuíta, monsenhor Aluísio de Almeida, entre os anos 1608 e 1628 eram comuns as viagens subindo a Serra e daí ao baixo Paranapanema, tendo o rio Pardo como referência (Memória Histórica de Sorocaba - I, Revistas USP, 2016: 342). Também o estudioso, igualmente jesuíta, Luiz Gonzaga Cabral, ao mencionar Aleixo Garcia informa que os padres abriram estradas desde o litoral a São Paulo e outras rumo ao interior, inclusa aquela, que pela Serra Botucatu levava ao aldeamento no Paranapanema, com comunicação fluvial para o Paraná e Mato Grosso (Apud Donato, 1985: 35); sendo certo que os padres, no início colonial, foram usuários e reformadores de estradas e trilheiras nativas preexistentes, valendo-se de nativos pacificados que bem conheciam os feixes de caminhos, de onde saíam e para qual destino. Aluísio de Almeida, explica o melhor curso deslocado da Peabiru, em Botucatu: "A tal estrada subiu a serra, ganhou as cabeceiras do Pardo (Pardinho) antigo Espírito Santo do rio Pardo e desceu aquele rio até as alturas de Santa Cruz do rio Pardo, donde passou para o afluente Turvo e saiu nos Campos Novos do Paranapanema (nome mais novo)" - (O Vale do Paranapanema, Revista do Instituto Histórico e Geográfico - RJ, volume 247 - abril/junho de 1960: 41), sem prejuízos ao trecho prosseguinte ao Salto das Canoas (Paranan-Itu), desde onde possível a navegabilidade do Paranapanema em direção às Reduções Jesuíticas (1608/1628), e ao Rio Paraná. Os autores, SatoPrado, apontam que o antigo caminho jesuítica, rumo aos aldeamentos no Paranapanema, era pelo Tietê desde onde a trilha rumo às cabeceiras do paulista Cuiabá (AESP, BDPI: Cart325602), daí a margeá-lo até o Paranapanema. Somente após 1620, com a expedição de Antonio Campos Bicudo no alto da serra e os detalhamentos das nascentes do rio Pardo, então Capirindiba, se fez comum o trecho desde a Serra ao Paranapanema, onde o Salto das Canoas (também Quebra Canoas, Paranitu, Yucumã e Salto do Dourado), em atual município Salto Grande, pela mesma cartografia, caminho dos expedicionários e sertanistas. • 10°. Conduzido por André Fernandes, Luis Céspedes e sua comitiva chegam no “Porto misterioso": Nossa Senhora de Atocha Para o estudioso jesuíta, monsenhor Aluísio de Almeida, entre os anos 1608 e 1628 eram comuns as viagens subindo a Serra e daí ao baixo Paranapanema, tendo o rio Pardo como referência (Memória Histórica de Sorocaba - I, Revistas USP, 2016: 342). Também o estudioso, igualmente jesuíta, Luiz Gonzaga Cabral, ao mencionar Aleixo Garcia informa que os padres abriram estradas desde o litoral a São Paulo e outras rumo ao interior, inclusa aquela, que pela Serra Botucatu levava ao aldeamento no Paranapanema, com comunicação fluvial para o Paraná e Mato Grosso (Apud Donato, 1985: 35); sendo certo que os padres, no início colonial, foram usuários e reformadores de estradas e trilheiras nativas preexistentes, valendo-se de nativos pacificados que bem conheciam os feixes de caminhos, de onde saíam e para qual destino. Aluísio de Almeida, explica o melhor curso deslocado da Peabiru, em Botucatu: "A tal estrada subiu a serra, ganhou as cabeceiras do Pardo (Pardinho) antigo Espírito Santo do rio Pardo e desceu aquele rio até as alturas de Santa Cruz do rio Pardo, donde passou para o afluente Turvo e saiu nos Campos Novos do Paranapanema (nome mais novo)" - (O Vale do Paranapanema, Revista do Instituto Histórico e Geográfico - RJ, volume 247 - abril/junho de 1960: 41), sem prejuízos ao trecho prosseguinte ao Salto das Canoas (Paranan-Itu), desde onde possível a navegabilidade do Paranapanema em direção às Reduções Jesuíticas (1608/1628), e ao Rio Paraná. • 11°. Antigo mapa, provavelmente do final do século XVIII, mostrando dados cartográficos entre os anos 1608/1791, nele notadas as fazendas jesuíticas em Guareí - São Miguel e Botucatu - Santo Inácio 1. Na barra do Paranapanema no Paraná, a indicação que, dali até o Salto da Canoa – em atual Salto Grande, a demora era de 20 dias. Também a informação que era aquele o velho caminho para Minas do Cuiabá - Mato Grosso, mostradas nas anotações. 2. Um rio, tributário à margem direita do Paranapanema, tomado por referência para um caminho entre o Paranapanema e o Tietê; pela imprecisão do mapa, para alguns trata-se do Rio Cuiabá Paulista, para outros o Jaguaretê. 3. O Rio Capirindiba, antigo nome do Rio Pardo, desde sua foz do Paranapanema em rumo a Serra Botucatu, cuja região fartamente informada, citando as Fazendas São Miguel em Guareí e Santo Inácio em Botucatu, os currais – campos de criar gado, sendo as sedes já destruídas. 4. Apresenta as antigas reduções jesuíticas espanholas ao longo do Paranapanema no então Paraná espanhol. 5. Para Sorocaba traz a informação: “Esta Vila foi feita cidade por El Rei Felipe 3º, para dar-lhe o nome São Felipe, no tempo de Dom Francisco de Souza, Conde do Pardo, em 1611”. 6. Das cabeceiras do Paranapanema, aponta suas descobertas pelo bandeirante Salvador Jorge [Velho], que se sabe falecido em 1705.11.2. A Fazenda São Miguel em GuareíO entradismo exterminador de tribos indígenas no ano de 1706, chefiada por João Pereira de Souza, avançou pelos campos de Guareí e a região de Botucatu, praticamente dizimando os índios da região. Sem a incômoda presença indígena, as terras de Guareí ao alto da Serra de Botucatu, tornaram-se propriedades de sesmeiros, em sua maioria da família e aparentados da família Campos Bicudo.Sem dúvidas era intenção de o governo ocupar terrenos e distribuir sesmarias àqueles dispostos explorar terras e levantar povoados, para melhor infraestrutura quanto ao processo de interiorização. Mas os sesmeiros, donos de outras lucrativas propriedades em lugares mais civilizados, raramente eram povoadores, antes dividam as posses distantes para repassá-las com bons lucros aos fazendeiros que faziam de pronto instalar os arranchados para algum futuro povoamento, entretanto apenas indivíduos se propunham aos enfrentamentos dos perigos do sertão, as famílias não vinham. Nos idos de 1700 a Companhia Jesuítica no Brasil enfrentava dificuldades financeiras, a necessitar urgente fonte de rendas para sanar problemas do Colégio de São Paulo, principal centro formador jesuítico do Brasil e gerenciador de recursos para manutenção da Ordem. • 12°. “História do Brasil”, Antônio José Borges Hermida Do lado português tem-se o registro da viagem de Francisco de Chaves aos Andes, sob autorização do colonizador Martim Afonso de Souza. Chaves, genro de Cosme e igualmente degredado, partiu de São Vicente em 1º de setembro de 1631, com o capitão Pero Lobo, mais acerca de cem homens armados e um sem número de nativos escravizados, rumo aos Andes via Paranapanema, prometendo grande carregando de ouro e prata além de escravizados, mas quatro meses depois, na travessia do Rio Paraná, a expedição foi destroçada pelos nativos guaranis. (Borges Hermida, 1958). [Páginas 36 e 37] • 13°. O Segredo dos Incas, 1978. Jean-Claude Valla As fortes quedas d´água e correntezas não favoreciam as navegações pelo Rio Paraná, e então, por terra, se fazia este o melhor e confiável caminho até às proximidades do Iguaçu, onde o encontro com a "estrada catarinense". Ambas as vias se uniam em Iguaçu [PR] para a transposição do rio Paraná, passando pelas terras de Paraguai e chegar aos Andes - localidade de Cuzco [Bolívia], o coração do Império Inca na época da conquista ibérica, com ramais para as costas do Pacífico em Peru e Equador. • 14°. “O Segredo dos Incas”. Valla Outro caminho Peabiru originava-se em São Vicente, litoral de paulista, para perfazer trecho aproximado de 200 léguas apenas em território brasileiro, ou seja, mil trezentos e vinte quilômetros, largueza de oito palmos (1,76 metros), coberto de gramíneas especiais que impediam crescimento de árvores, arbustos e ervas daninhas. O curso, a partir de São Vicente, subia a serra para chegar no Planalto Piratininga e seguir aditante, passando pelos atuais municípios de São Paulo e Sorocaba, até o pé da serra em Botucatu, de onde: - "(...) se dirigia ao vilarejo que tem ainda o malsoante nome de Avaré - (Abaré, o desagradável sobrenome do padre Zumé), a duzentos e setenta quilômetros, aproximadamente, ao nordeste. De lá ele obliquava em direção ao oeste, depois ao sudoeste, passava pelas atuais cidades de Ourinhos, onde transpunha o Paranapané (hoje Paranapanema), de Cambaré (Cambará) e (Cornélio) Procópio, atravessava o rio Tibagi, atingia Londrina, depois, por Apucarana, após ter transposto o Huybay (mais corretamente Ivaí), burgo que se chama ainda hoje Peabiru. Descia em seguida em direção sul-sudoeste até a embocadura do Iguaçú. Ou seja, por alto, um percurso de mil quilômetros (...)" (Valla, O Segredo dos Incas), 1978: 90). (...) Também o estudioso, igualmente jesuíta, Luiz Gonzaga Cabral, ao mencionar Aleixo Garcia informa que os padres abriram estradas desde o litoral a São Paulo e outras rumo ao interior, inclusa aquela, que pela Serra Botucatu levava ao aldeamento no Paranapanema, com comunicação fluvial para o Paraná e Mato Grosso (Apud Donato, 1985: 35); sendo certo que os padres, no início colonial, foram usuários e reformadores de estradas e trilheiras nativas preexistentes, valendo-se de nativos pacificados que bem conheciam os feixes de caminhos, de onde saíam e para qual destino. Aluísio de Almeida, explica o melhor curso deslocado da Peabiru, em Botucatu: "A tal estrada subiu a serra, ganhou as cabeceiras do Pardo (Pardinho) antigo Espírito Santo do rio Pardo e desceu aquele rio até as alturas de Santa Cruz do rio Pardo, donde passou para o afluente Turvo e saiu nos Campos Novos do Paranapanema (nome mais novo)" - (O Vale do Paranapanema, Revista do Instituto Histórico e Geográfico - RJ, volume 247 - abril/junho de 1960: 41), sem prejuízos ao trecho prosseguinte ao Salto das Canoas (Paranan-Itu), desde onde possível a navegabilidade do Paranapanema em direção às Reduções Jesuíticas (1608/1628), e ao Rio Paraná. Os autores, SatoPrado, apontam que o antigo caminho jesuítica, rumo aos aldeamentos no Paranapanema, era pelo Tietê desde onde a trilha rumo às cabeceiras do paulista Cuiabá (AESP, BDPI: Cart325602), daí a margeá-lo até o Paranapanema. Somente após 1620, com a expedição de Antonio Campos Bicudo no alto da serra e os detalhamentos das nascentes do rio Pardo, então Capirindiba, se fez comum o trecho desde a Serra ao Paranapanema, onde o Salto das Canoas (também Quebra Canoas, Paranitu, Yucumã e Salto do Dourado), em atual município Salto Grande, pela mesma cartografia, caminho dos expedicionários e sertanistas.
Atualizado em 02/11/2025 04:48:22 Circuito Quilombola ![]() Data: 2021 Página 3
• 1°. Martim Afonso de Souza chega em Cananéia e encontra o Bacharel • 2°. Bandeirantes exterminam os índios caaguaras após uma impiedosa caçada para escraviza-los
Atualizado em 02/11/2025 04:48:22 Qual a relação dos Tupinambás com o bairro Vila Helena? ![]() Data: 2020 Créditos: Fonte: Série “Guia Politicamente Incorreto”, 2° temporada, 6° episódio - Bandeirantes: Heróis ou Bandidos? 01/01/2020
• 1°. Em razão da lei numerosas outras casas de fundição foram criadas em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Bahia
Atualizado em 02/11/2025 04:48:21 Curiosidades sobre o Caminhão do Mar ![]() Data: 2024
• 1°. Carta de D. Duarte da Cósta ao Rei 1 de janeiro de 1553, sexta-feira Depois de algumas providências em São Vicente , esse emissário do governador geral do Brasil tornou à Bahia, regressando dali com o mesmo, em outubro de 1598, de viagem novamente para a capitania vicentina. • 2°. Carta de Manuel Juan Morales ao rei Filipe IV (1605- 1665), “O Grande” 1636 • 3°. Caminho do Mar: as quais, embora péssimas, já permitia o tráfego de cavalos 1717
Atualizado em 02/11/2025 04:48:22 Trilha do Peabiru: Conheça caminho que levava nativos do Atlântico para o Pacífico. Por Isabelle Lima. portalamazonia.com ![]() Data: 1500 Créditos: pedradoindiobotucatu.com.br
• 1°. Havia indígenas transitando • 2°. Pelo menos um dos grupos se instalou na costa atlântica, onde a Venezuela Muitas pessoas pensam nos Incas como a civilização nativa da América espanhola, mas eles não são, nem de longe, os primeiros habitantes dessa região. Acredita-se que a civilização Inca surgiu por volta o ano 1100 DC e devido a impressionantes níveis de desenvolvimento, tenham dominado sistematicamente os povos que os precederam, sendo destituídos apenas pela chegada dos espanhóis no século XVI. • 3°. A primeira versão conhecida dessa presença do discípulo de Jesus em terras americanas encontra-se, com efeito, na chamada Nova Gazeta Alemã, referente, segundo se sabe hoje, à viagem de um dos navios armados por Dom Nuno Manuel • 4°. Aleixo Garcia organizou uma expedição com centenas de índios • 5°. Foram criadas 14 capitanias hereditárias, divididas em 15 lotes Fechamento da passagem - Em meados de 1530, em nome do rei de Portugal, foi ordenado o fechamento do “caminho do sertão”, sendo proibida, sob pena de morte, sua utilização. A justificativa era que espanhóis se aproveitariam dessa passagem e assim teriam acesso a metais preciosos, estendendo sua colonização por todo continente sul-americano.
Atualizado em 02/11/2025 04:48:21 Família Laço, consultado em geneall.net ![]() Data: 1959 Créditos: José Gonçalves Salvador Página 88
• 1°. “Os transportes em São Paulo no período colonial”, José Gonçalves Salvador 30 de setembro de 1958, sexta-feira
• 1°. Diogo Gonçalves Laço chega á São Paulo Do "Dicionário de Bandeirantes e Sertanistas do Brasil" de F. de Assis Carvalho Franco, consta: "Diogo Gonçalves Laço - Portugues, casado com Guiomar Lopes. Veio do reino com D. Francisco de Souza, sétimo governador geral do Brasil, e na Bahia exerceu, em 1591, o cargo de Juiz de Orfãos. Em 1597, D. Francisco de Souza nomeou-o administrador das minas e capitão da vila de São Paulo. Trouxe ele então consigo o alferes Jorge João, os mineiros Gaspar Gomes Moalho e Miguel Pinheiro Zurara e o fundidor Domingos Rodrigues além de um regimento e ordens para receber do almoxarifado de Santos todo o dinheiro que carecesse para o benefício das minas. Depois de algumas providências em São Vicente, esse emissário do governador geral do Brasil tornou à Bahia, regressando dali com o mesmo, em outubro de 1598, de viagem novamente para a capitania vicentina. Em Vitória, onde a comitiva escalou, Diogo Gonçalves Laço comandou uma tropa à serra do Mestre Alvaro, na sondagem da prata. Com ele seguiu Francisco de Proença, sertanista de São Paulo, não dando porém resultados a diligência. Em São Paulo, Diogo Laço acompanhou D. Francisco de Souza em todas as suas jornadas ao sertão e recebeu um regimento para o serviço das minas em 19/07/1601. Faleceu deixando geração. • 2°. D. Francisco partiu para o Sul Depois de algumas providências em São Vicente , esse emissário do governador geral do Brasil tornou à Bahia, regressando dali com o mesmo, em outubro de 1598, de viagem novamente para a capitania vicentina.
Atualizado em 02/11/2025 04:48:20 Os caminhos calçados de travessia da Serra do Mar no Brasil Colônia e Império: construção e pavimentação. Por Miguel Tupinambá, engenhariaemrevista.com.br ![]() Data: 2023 Créditos: Miguel Tupinambá Figura 1. Trechos calçados de subida da Serra do Mar entre Santos e Rio de Janeiro: 1 – Calçada do Lorena, Cubatão, SP (1792); 2 – Caminho do Ouro, Paraty, RJ, 1702; 3 – Trilha do Ouro, Angra dos Reis, RJ, sec. XVIII e XIX; 4– Estrada Imperial, Mangaratiba,RJ, 1854; 5 – Serra da Calçada, Itaguaí,RJ, 1702; 6 – Estrada do Comércio, Nova Iguaçu, RJ, 1824; 7 – Calçada de Pedra e 8 – Estrada da Taquara, Petrópolis, RJ, 1809. Fonte: Tupinambá, M. et al. 2016. Geonomos, 24(2), 257-263.
• 1°. O Capitão-General Martim Lopes Lobo Saldanha, foi quem mandou, depois de 1775, construir o primeiro aterrado que houve entre os rios Grande e Pequeno • 2°. Caminho do mar • 3°. Calçada de Lorena* As estradas brasileiras no Período Colonial e no Império não eram pavimentadas, a não ser em trechos restritos e de curta extensão, como acessos íngremes de serra. Nas travessias da Serra do Mar, entre São Paulo e Rio de Janeiro (Figura 1), são conhecidos pelo menos oito trechos calçados ainda preservados, totalizando cerca de 50km (Tupinambá et al. 2016). Nos trechos preservados o calçamento utilizava rochas de jazidas próximas, sendo a disponibilidade do material condicionada à diversidade geológica local. Para a conservação destes sítios é necessário caracterizar pedras e localizar jazidas utilizadas, atividade que a equipe do projeto de extensão Caminhos Geológicos na UERJ realiza há alguns anos. As estradas, ou caminhos, foram abertos e pavimentados nos séculos XVIII e XIX entre o período colonial e imperial da história brasileira. As técnicas construtivas e de pavimentação utilizadas nos trechos íngremes, florestados e instáveis da Serra do Mar representaram grandes obras de engenharia à época. Como exemplos de projetos inovadores iremos considerar a mais antiga e a mais nova destas estradas, a Calçada do Lorena, de 1790 e a Estrada Imperial, de 1857 (Figura 2). A Calçada do Lorena, em Cubatão (SP), foi construída e pavimentada ao fim do século XVIII, sendo governador da Capitania de São Paulo Bernardo José Maria de Lorena. João da Costa Ferreira, formado pela Real Academia Militar e responsável pela construção, possuía extensa lista de projetos civis executados em Lisboa, Coimbra e outras cidades de Portugal, incluindo edificações, construções de cais e retificações de leitos de rios. Foi enviado ao Brasil em 1788 durante o reinado de D. Maria I e alocado no Real Corpo de Engenheiros, onde seguiu carreira até o posto de brigadeiro. Além da Calçada do Lorena, realizou obras públicas e levantamentos cartográficos relevantes da costa e do interior paulista e paranaense. Até 1781 a ligação entre a sede da Capitania de São Paulo e o porto de Santos era feito por uma trilha intransitável em época de chuvas, pouco evoluída em relação à trilha indígena original. Entre 1786 e 1788 foi construído o Aterro do Cubatão, que facilitou o acesso entre a costa e a base da Serra da Paranapiacaba. Neste período foi mantida uma estreita estrada de subida da serra, não calçada e com péssimas condições. É possível que a Calçada do Lorena estivesse pronta até setembro de 1790, conforme consta em carta da Câmara Municipal da Cidade de São Paulo que comprimenta Lorena pelo “calçamento da Serra mais bravia intranzitável” (Toledo, 1981). O traçado do caminho evita a passagem por cursos d´água e atoleiros, seguindo pelas cristas de divisores de bacias hidrográficas. Para evitar o forte declive foram construídas numerosas curvas de pequena amplitude. Na observação local dos trechos preservados, Toledo (1981) descreveu um pavimento com largura média do pavimento, ladeado por cortes em taludes naturais com até 5m de altura e muros de arrimo em pedra seca com até 1,80 m de altura. O leito é calçado por pedras talhadas com até 20cm de espessura organizadas em faixas paralelas, apresenta bordas levantadas em 15cm em relação ao eixo central e base em pedra miúda e saibro com cerca de 10cm de espessura (Figura 3). O acesso aos trechos preservados é feito pela Rodovia Caminho do Mar (SP-128) entre Cubatão e o alto da Serra do Mar. A rodovia cruza com a Calçada do Lorena no Monumento do Pico, no Padrão do Lorena e no Belvedere Circular. Após tentativas de restauração do conjunto arquitetônico e arqueológico da Calçada do Lorena e caminhos posteriores, em 1994 foi inaugurado no local o Parque Caminhos do Mar, através da Eletropaulo. O Caminho do Mar, incluindo a pavimentação em concreto e seus monumentos, encontra-se em bom estado de conservação na rodovia SP-128, e alguns trechos da Calçada do Lorena que cruzam o Caminho do Mar foram restaurados e estão conservados, podendo ser percorridos a pé com facilidade.
Atualizado em 02/11/2025 04:48:19 Quinto do ouro, consulta em Wikipédia ![]() Data: 1972 Página 178
• 1°. Quinto do ouro, consulta em Wikipédia 27 de agosto de 2023, domingo Pesquisando sobre o Império Inca, a jornalista e escritora Rosana Bond leu em um antigo livro espanhol que um tal de Aleixo Garcia fora o primeiro europeu avistado pelos indígenas dos Andes. E anotou aquela informação despretensiosamente. À medida em que os anos passavam e ela estudava a história da América Latina, mais aquele personagem aparecia em textos e documentos. Até que viu uma citação ao seu nome em uma obra sobre Desterro, atual Florianópolis. "Mas o que é que esse sujeito está fazendo aqui num livro de história de Santa Catarina?", perguntou-se. Bond tinha duas pontas de uma história: um europeu que esteve em Santa Catarina e nos Andes antes que os espanhóis chegassem ao Império Inca. Como se montasse um quebra-cabeças, a escritora foi juntando informações espalhadas em livros e documentos, além de entrevistar e conviver com indígenas. E escreveu, em 1998, o livro A Saga de Aleixo Garcia – o descobridor do Império Inca, ajudando a tornar um pouco mais conhecida a história do marinheiro português e dos guaranis. Após naufragar em Florianópolis, Garcia foi salvo e passou a viver com os carijós – como eram chamados os guaranis que habitavam a região. Viveu cerca de sete anos entre eles, teve um filho e ouviu histórias de um reino rico em ouro e prata comandado por um rei branco. Com um grupo de indígenas, percorreu o Caminho de Peabiru, um conjunto de trilhas e caminhos indígenas, chegando ao Império Inca, nas proximidades de Potosí. Os 500 anos da saga pelo Caminho de Peabiru Em 1524, expedição de Aleixo Garcia e de cerca de 2 mil indígenas chegaram ao Império Inca partindo de Santa Catarina Teve início nas proximidades de Florianópolis, provavelmente na atual cidade de Palhoça, por volta de 1524. Em San Pedro de Ycuamandiyú, no Paraguai, após cerca de três mil quilômetros de percurso, Aleixo Garcia foi assassinado, provavelmente por indígenas paiaguás. Caminho percorrido (ida e volta) Retornou com substantivas riquezas, mas foi morto no atual Paraguai. Sua história motivou outros exploradores a tentarem seguir seus passos, embora ninguém tenha ido tão longe. "Garcia era uma pessoa desimportante. O que o tornou importante foi a amizade com os guaranis. Eles o adotaram e o tornaram índio", avaliou Bond, ao refletir sobre a saga que completa 500 anos neste 2024. O naufrágio em Florianópolis O português Aleixo Garcia era marinheiro em uma expedição espanhola comandada por Juan Diaz de Solís, cujo objetivo era encontrar um caminho para o Oriente através do sul da América do Sul. No Rio da Prata, Solís desembarcou de sua caravela para negociar com indígenas, mas foi morto e devorado por eles. No retorno à Espanha, um dos três navios do grupo naufragou ao entrar na baía sul da Ilha de Santa Catarina – Florianópolis é formada pela ilha e mais uma pequena parte do continente. Garcia era um dos náufragos, que, segundo Bond, sobreviveram graças aos guaranis. Segundo diversos historiadores, o português destacou-se, aprendendo, inclusive, a língua dos indígenas. É provável que tenha tido um filho ainda em Santa Catarina, embora alguns autores acreditem que o menino tenha nascido no Paraguai. "O que se sabe é que, num certo dia, os índios cariós [a autora usa essa grafia para se referir aos indígenas] revelaram ao português seu maior e mais precioso segredo: conheciam um caminho sagrado que levava a uma terra longínqua, a oeste, com montanhas altas, onde havia muitos objetos que brilhavam, onde o povo usava roupas (ao contrário deles, cariós, que andavam seminus) e havia um rei de pele mais clara que a deles", descreveu Bond no livro. E, além de mostrar peças de prata e ouro, disseram ao náufrago que sabiam chegar até lá por meio do Caminho de Peabiru. A expedição e o Peabiru A arqueóloga Claudia Inês Parellada, coordenadora do núcleo de arqueologia do Museu Paranaense, descreveu em um artigo o Peabiru "como um grande conjunto de trilhas indígenas, algumas iniciando na costa Atlântica, entre as atuais São Vicente e Laguna, com ramais que acessavam o interior da América do Sul". O caminho conectava aldeias aliadas e, até por isso, o sistema alternava-se com o tempo. Peabiru é, provavelmente, um termo de origem tupi-guarani, que significaria "grama amassada". Os indígenas plantavam gramíneas que cobriam o solo, impedindo que árvores e arbustos brotassem novamente. Essa rede, segundo Parellada, encontrava-se com um sistema de caminhos andinos incas, chamado de Qhapaq Ñan. Era possível, portanto, sair do Oceano Atlântico e chegar ao Oceano Pacífico. Foi por esse caminho que a expedição catarinense seguiu. Teve início nas proximidades de Florianópolis, provavelmente na atual cidade de Palhoça, por volta de 1524 – a data correta não é conhecida. Partiram Garcia, outros três náufragos e os indígenas guaranis, com mulheres e crianças. Dirigiram-se ao norte pelo litoral, penetrando o Peabiru pelo rio Itapocu. Passaram pelo Paraná, entraram no Paraguai e, depois, chegaram à Bolívia. No caminho, foram recrutados outros indígenas: estima-se em dois mil o número de pessoas que formaram a legião. Andaram a pé e usaram barcos. O paraguaio Ruy Díaz de Guzmán, de pai espanhol e mãe indigena, conheceu remanescentes da expedição – inclusive o filho de Garcia – escreveu que "caminhando na planície daquelas terras encontraram muitos povoados de índios de diversas línguas e nações, com quem tiveram grandes encontros e lutas, ganhando de alguns e perdendo de outros". Passaram nas proximidades da atual Cochabamba e seguiram ao sul até Sucre, Presto e Tarabuco, cerca de 150 km antes da montanha de prata de Potosí, na época chamada de Alto Peru e pertencente ao Império Inca. Hoje, a região pertence à Bolívia. As comunidades mobilizaram-se contra a tropa e alertaram o rei Huayna Cápac. "O Inca enviou exércitos contra eles, que conseguiram rechaçá-los em alguns pontos, e fez construir fortificações para evitar novos assaltos", narrou o historiador argentino Enrique de Gandia. A morte Mesmo tendo que fugir, a expedição retornou com roupas finas, taças, vasilhas e coroas de prata, ouro e outros metais. O grupo chegou até a atual cidade de San Pedro de Ycuamandiyú, no Paraguai, completando cerca de três mil quilômetros de percurso. Alguns emissários foram enviados até o litoral de Santa Catarina – a hipótese é de que o objetivo era retornar ao Andes. No entanto, Garcia foi assassinado, provavelmente por indígenas paiaguás. A localidade onde ele morreu, segundo Bond, ficou conhecida como Garcia-Cué, algo como "o lugar onde cambaleou Garcia" ou "o lugar que foi de Garcia". "Esse final trágico de uma das mais fantásticas epopéias americanas não impediu que Aleixo Garcia viesse a ser reconhecido pela história do Paraguai, Bolívia, Argentina e Peru como o primeiro e mais impetuoso explorador de todo o continente sul-americano – ao contrário do que sucede no Brasil, onde é quase um desconhecido", descreveu Bond no livro de 1998. Para a escritora, Garcia continua um quase desconhecido.
• 1°. Tributo taxando o ouro passou a existir, juntamente com as primeiras capitanias hereditárias doadas por D. João III • 2°. Provisão de Francisco • 3°. Falecimento de Afonso Sardinha, "O Moço" • 4°. O triste destino de D. Francisco de Souza, fundador do Itavuvu e 7° Governador-Geral do Brasil • 5°. O governador do Rio de Janeiro, Sebastião de Castro Caldas, remete para Lisboa amostras de ouro do território depois chamado de Minas Gerais • 6°. Caminho Velho O controle dos caminhos que ligavam os distritos mineradores à Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro era complexo. Mais difícil ainda, era impedir a passagem pelas trilhas e picadas clandestinas. A "política dos caminhos", que definia as rotas proibidas e as de acesso permitido (vigiadas por milícias e entrepostos fiscais), era bastante restritiva e poderia mesmo, se levada às últimas consequências, inviabilizar a produção do ouro. Alguns poucos caminhos garantiam a ligação com o litoral: o Caminho Paulista e, em seguida, o Caminho Velho (1696); e o Caminho Novo (1698 e 1725). A união dessas rotas, e dos caminhos que levavam à região dos diamantes, deu origem à Estrada Real. As outras vias passaram a ser ilegais. • 7°. Acertada (mas nunca cumprida) uma contribuição fixa de 10 oitavas de ouro por bateia em serviço • 8°. Em razão da lei numerosas outras casas de fundição foram criadas em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Bahia • 9°. Quinto do ouro, consulta em Wikipédia
Atualizado em 02/11/2025 04:48:18 Distância entre Iporanga/SP e Iguape/SP ![]() Data: 2024 Créditos: Google Mapas
Atualizado em 02/11/2025 04:48:18 De Santa Catarina aos incas: 500 anos da saga de Peabiru ![]() Data: 2024 Créditos: amp.dw.com 09/04/2024
• 1°. Armada de João Dias de Solis teria sido "desmantelada" Pesquisando sobre o Império Inca, a jornalista e escritora Rosana Bond leu em um antigo livro espanhol que um tal de Aleixo Garcia fora o primeiro europeu avistado pelos indígenas dos Andes. E anotou aquela informação despretensiosamente. À medida em que os anos passavam e ela estudava a história da América Latina, mais aquele personagem aparecia em textos e documentos. Até que viu uma citação ao seu nome em uma obra sobre Desterro, atual Florianópolis. "Mas o que é que esse sujeito está fazendo aqui num livro de história de Santa Catarina?", perguntou-se. Bond tinha duas pontas de uma história: um europeu que esteve em Santa Catarina e nos Andes antes que os espanhóis chegassem ao Império Inca. Como se montasse um quebra-cabeças, a escritora foi juntando informações espalhadas em livros e documentos, além de entrevistar e conviver com indígenas. E escreveu, em 1998, o livro A Saga de Aleixo Garcia – o descobridor do Império Inca, ajudando a tornar um pouco mais conhecida a história do marinheiro português e dos guaranis. Após naufragar em Florianópolis, Garcia foi salvo e passou a viver com os carijós – como eram chamados os guaranis que habitavam a região. Viveu cerca de sete anos entre eles, teve um filho e ouviu histórias de um reino rico em ouro e prata comandado por um rei branco. Com um grupo de indígenas, percorreu o Caminho de Peabiru, um conjunto de trilhas e caminhos indígenas, chegando ao Império Inca, nas proximidades de Potosí. Os 500 anos da saga pelo Caminho de Peabiru Em 1524, expedição de Aleixo Garcia e de cerca de 2 mil indígenas chegaram ao Império Inca partindo de Santa Catarina Teve início nas proximidades de Florianópolis, provavelmente na atual cidade de Palhoça, por volta de 1524. Em San Pedro de Ycuamandiyú, no Paraguai, após cerca de três mil quilômetros de percurso, Aleixo Garcia foi assassinado, provavelmente por indígenas paiaguás. Caminho percorrido (ida e volta) Retornou com substantivas riquezas, mas foi morto no atual Paraguai. Sua história motivou outros exploradores a tentarem seguir seus passos, embora ninguém tenha ido tão longe. "Garcia era uma pessoa desimportante. O que o tornou importante foi a amizade com os guaranis. Eles o adotaram e o tornaram índio", avaliou Bond, ao refletir sobre a saga que completa 500 anos neste 2024. O naufrágio em Florianópolis O português Aleixo Garcia era marinheiro em uma expedição espanhola comandada por Juan Diaz de Solís, cujo objetivo era encontrar um caminho para o Oriente através do sul da América do Sul. No Rio da Prata, Solís desembarcou de sua caravela para negociar com indígenas, mas foi morto e devorado por eles. No retorno à Espanha, um dos três navios do grupo naufragou ao entrar na baía sul da Ilha de Santa Catarina – Florianópolis é formada pela ilha e mais uma pequena parte do continente. Garcia era um dos náufragos, que, segundo Bond, sobreviveram graças aos guaranis. Segundo diversos historiadores, o português destacou-se, aprendendo, inclusive, a língua dos indígenas. É provável que tenha tido um filho ainda em Santa Catarina, embora alguns autores acreditem que o menino tenha nascido no Paraguai. "O que se sabe é que, num certo dia, os índios cariós [a autora usa essa grafia para se referir aos indígenas] revelaram ao português seu maior e mais precioso segredo: conheciam um caminho sagrado que levava a uma terra longínqua, a oeste, com montanhas altas, onde havia muitos objetos que brilhavam, onde o povo usava roupas (ao contrário deles, cariós, que andavam seminus) e havia um rei de pele mais clara que a deles", descreveu Bond no livro. E, além de mostrar peças de prata e ouro, disseram ao náufrago que sabiam chegar até lá por meio do Caminho de Peabiru. A expedição e o Peabiru A arqueóloga Claudia Inês Parellada, coordenadora do núcleo de arqueologia do Museu Paranaense, descreveu em um artigo o Peabiru "como um grande conjunto de trilhas indígenas, algumas iniciando na costa Atlântica, entre as atuais São Vicente e Laguna, com ramais que acessavam o interior da América do Sul". O caminho conectava aldeias aliadas e, até por isso, o sistema alternava-se com o tempo. Peabiru é, provavelmente, um termo de origem tupi-guarani, que significaria "grama amassada". Os indígenas plantavam gramíneas que cobriam o solo, impedindo que árvores e arbustos brotassem novamente. Essa rede, segundo Parellada, encontrava-se com um sistema de caminhos andinos incas, chamado de Qhapaq Ñan. Era possível, portanto, sair do Oceano Atlântico e chegar ao Oceano Pacífico. Foi por esse caminho que a expedição catarinense seguiu. Teve início nas proximidades de Florianópolis, provavelmente na atual cidade de Palhoça, por volta de 1524 – a data correta não é conhecida. Partiram Garcia, outros três náufragos e os indígenas guaranis, com mulheres e crianças. Dirigiram-se ao norte pelo litoral, penetrando o Peabiru pelo rio Itapocu. Passaram pelo Paraná, entraram no Paraguai e, depois, chegaram à Bolívia. No caminho, foram recrutados outros indígenas: estima-se em dois mil o número de pessoas que formaram a legião. Andaram a pé e usaram barcos. O paraguaio Ruy Díaz de Guzmán, de pai espanhol e mãe indigena, conheceu remanescentes da expedição – inclusive o filho de Garcia – escreveu que "caminhando na planície daquelas terras encontraram muitos povoados de índios de diversas línguas e nações, com quem tiveram grandes encontros e lutas, ganhando de alguns e perdendo de outros". Passaram nas proximidades da atual Cochabamba e seguiram ao sul até Sucre, Presto e Tarabuco, cerca de 150 km antes da montanha de prata de Potosí, na época chamada de Alto Peru e pertencente ao Império Inca. Hoje, a região pertence à Bolívia. As comunidades mobilizaram-se contra a tropa e alertaram o rei Huayna Cápac. "O Inca enviou exércitos contra eles, que conseguiram rechaçá-los em alguns pontos, e fez construir fortificações para evitar novos assaltos", narrou o historiador argentino Enrique de Gandia. A morte Mesmo tendo que fugir, a expedição retornou com roupas finas, taças, vasilhas e coroas de prata, ouro e outros metais. O grupo chegou até a atual cidade de San Pedro de Ycuamandiyú, no Paraguai, completando cerca de três mil quilômetros de percurso. Alguns emissários foram enviados até o litoral de Santa Catarina – a hipótese é de que o objetivo era retornar ao Andes. No entanto, Garcia foi assassinado, provavelmente por indígenas paiaguás. A localidade onde ele morreu, segundo Bond, ficou conhecida como Garcia-Cué, algo como "o lugar onde cambaleou Garcia" ou "o lugar que foi de Garcia". "Esse final trágico de uma das mais fantásticas epopéias americanas não impediu que Aleixo Garcia viesse a ser reconhecido pela história do Paraguai, Bolívia, Argentina e Peru como o primeiro e mais impetuoso explorador de todo o continente sul-americano – ao contrário do que sucede no Brasil, onde é quase um desconhecido", descreveu Bond no livro de 1998. Para a escritora, Garcia continua um quase desconhecido.
“Memórias Para a História da Capitania de São Vicente”, Frei Gaspar da Madre de Deus (1715-1800) 1797. Atualizado em 28/10/2025 17:04:59 Relacionamentos • Cidades (9): Araçoiaba da Serra/SP, Bertioga/SP, Lisboa/POR, Mogi das Cruzes/SP, Rio de Janeiro/RJ, Santos/SP, São Paulo/SP, São Vicente/SP, Sorocaba/SP • Pessoas (15) Amador Bueno de Ribeira (1584-1649), Ana Camacho, Ana Pimentel Henriques Maldonado (1500-1571), Bartolomeu Carrasco (f.1571), Brás Cubas (1507-1592), Caethana/Catharina Ramalho, Caiubi, senhor de Geribatiba, Domingos Garrucho, Gaspar da Madre de Deus (82 anos), João Ramalho (1486-1580), Joseph Vaissète (1685-1756), Luis de Góes, Mestre Bartolomeu Gonçalves (1500-1566), Pero Capico, Pierre-François-Xavier de Charlevoix (1682-1761) • Temas (25): “o Rio Grande”, Capitania de São Vicente, Colégios jesuítas, Colinas, Guaianás, Guaianase de Piratininga, Hospitais, Jesuítas, Léguas, Leis, decretos e emendas, Montanhas, Nossa Senhora dos Pinheiros, Pela primeira vez, Piratininga, Portos, República, Rio Anhemby / Tietê, Rio Mboy, Rio Mogy, Rio Piratininga, Rio Tamanduatei, Santa Casa da Misericórdia, Trópico de Capricórnio, União Ibérica, Vila de Santo André da Borda ![]() ANDREA! Sobre o Brasilbook.com.br |