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Atualizado em 30/10/2025 18:50:52 Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958) ![]() Data: 1925 Créditos: Afonso de E. Taunay (1876-1958) Página 11
• 1°. ??? A esta efetivação da mita assistiram os principais encomenderos da província que continuavam no séquito de Cespedes, naturalmente satisfeitíssimos com esse governador que forçava os nativos a servi-los e obrigava os jesuítas a obedecer á autoridade régia. Assim mesmo, constando-lhes que d. Luiz prometera aos caciques Tayaoba e Mbaendy apadroar todos os nativos do Guayrá, pondo-os sob a jurisdição real, e justamente alarmados, endereçaram-lhe o protesto de 25 de janeiro, datado de Santo Ignacio, e encabeçado pelo mesmo de campo Ruy Ortiz Melgarejo (cf. A. do M. P.; II, 2, 151). Pediam estes signatários ardentemente a s. mercê mudasse de opinião, lembrando-lhe os trabalhos do fundador de Vila Rica e Ciudad Real, formando as duas povoações naqueles desertos, auxiliado pelo pai de Tayaoba, o cacique-mór do Guayrá e seus asseclas Araruera e Aguarucure. Referiam-se á expedição de Cabeza de Vaca e Fernando de Trecho, que pelo ano de 1550 estiveram no Ivahy. Jamais haviam os nativos daquela zona sido insolentes siquer, ainda menos rebeldes. (...) Assinada por 19 pessoas gradas, acabava a petição por uma ameaça de recorrer á real audiência de La Plata e até ao rei, responsabilizando o impolítico governador. • 2°. Fundó un pueblo que llamó de San Francisco • 3°. O fundador de Ciudad Real e Villa Rica, Ruy Dias de Melgarejo, acabou passando por São Vicente A esta efetivação da mita assistiram os principais encomenderos da província que continuavam no séquito de Cespedes, naturalmente satisfeitíssimos com esse governador que forçava os nativos a servi-los e obrigava os jesuítas a obedecer á autoridade régia. Assim mesmo, constando-lhes que d. Luiz prometera aos caciques Tayaoba e Mbaendy apadroar todos os nativos do Guayrá, pondo-os sob a jurisdição real, e justamente alarmados, endereçaram-lhe o protesto de 25 de janeiro, datado de Santo Ignacio, e encabeçado pelo mesmo de campo Ruy Ortiz Melgarejo (cf. A. do M. P.; II, 2, 151). Pediam estes signatários ardentemente a s. mercê mudasse de opinião, lembrando-lhe os trabalhos do fundador de Vila Rica e Ciudad Real, formando as duas povoações naqueles desertos, auxiliado pelo pai de Tayaoba, o cacique-mór do Guayrá e seus asseclas Araruera e Aguarucure. Referiam-se á expedição de Cabeza de Vaca e Fernando de Trecho, que pelo ano de 1550 estiveram no Ivahy. Jamais haviam os nativos daquela zona sido insolentes siquer, ainda menos rebeldes. (...) Assinada por 19 pessoas gradas, acabava a petição por uma ameaça de recorrer á real audiência de La Plata e até ao rei, responsabilizando o impolítico governador. • 4°. Fundação de Ciudad Real or "El Gauirá" A esta efetivação da mita assistiram os principais encomenderos da província que continuavam no séquito de Cespedes, naturalmente satisfeitíssimos com esse governador que forçava os nativos a servi-los e obrigava os jesuítas a obedecer á autoridade régia. Assim mesmo, constando-lhes que d. Luiz prometera aos caciques Tayaoba e Mbaendy apadroar todos os nativos do Guayrá, pondo-os sob a jurisdição real, e justamente alarmados, endereçaram-lhe o protesto de 25 de janeiro, datado de Santo Ignacio, e encabeçado pelo mesmo de campo Ruy Ortiz Melgarejo (cf. A. do M. P.; II, 2, 151). Pediam estes signatários ardentemente a s. mercê mudasse de opinião, lembrando-lhe os trabalhos do fundador de Vila Rica e Ciudad Real, formando as duas povoações naqueles desertos, auxiliado pelo pai de Tayaoba, o cacique-mór do Guayrá e seus asseclas Araruera e Aguarucure. Referiam-se á expedição de Cabeza de Vaca e Fernando de Trecho, que pelo ano de 1550 estiveram no Ivahy. Jamais haviam os nativos daquela zona sido insolentes siquer, ainda menos rebeldes. (...) Assinada por 19 pessoas gradas, acabava a petição por uma ameaça de recorrer á real audiência de La Plata e até ao rei, responsabilizando o impolítico governador. • 5°. Conduzido por André Fernandes, Luis Céspedes e sua comitiva chegam no “Porto misterioso": Nossa Senhora de Atocha Perto da confluência do Sarapoy avistara uma fazenda de gente de São Paulo, subindo canoas por este afluente que provavelmente é o Sorocaba. • 6°. Carta Na afã de demonstrar o entusiasmo que lhes ia na alma pela ação do novo governador, resolveram o Cabildo e o procurador de Vila Rica dar público e solene testemunho dos serviços que a seu ver prestava d. Luis de Cespedes. Dai o inquérito de 14 de dezembro de 1628, por eles ordenado, para que "ad perpetuam" se afirmasse aos pósteros haver o atual capitão-general acudido áquelas remotas paragens, semi arruinados pelo descaso de suas autoridades principais (cf. A. M. P.; II, 2, 91.). [Página 36] Carta do seu apoio, continuou a municipalidade a gir contra ação jesuítica. Pediu a abertura de um inquérito sobre a próxima passada visita do capitão Felippe Romero aos povos do distrito e o seu encontro com os caciques Tayaoba e Mbaendy e, ao mesmo tempo, exprimiu a muita admiração causada pela absoluta ausência dos padres e caciques seus jurisdicionados em Vila Rica, como a se furtarem ao dever de prestar homenagens ao representante direto de Sua Majestade (cf. A. M. P.; II, 2, 105). E convinha muito saber por que razão haviam feito voltar do caminho ao cacique Tayaoba, quando vinha apresentar os seus respeitos ao capitão-general, obra do Padre Pedro Espiñosa, a quem severamente repreendera Felippe Romero. A este, se devera a retirada da ordem, podendo então o influente chefe nativo visitar o governador, de quem recebera o mais afetuoso acolhimento, sendo a sua chegada na Vila Rica saudada com salvas de fuzilaria. Mas, nem por isto, haviam deixado dois dos padres de o acompanhar e de o vigiar. E tanto eles, como o vigária de Vila Rica, Juan de Campo y Medina, haviam assistido á pratica entre s. exc. e o cacique, entabolada por meio de intérprete, presente grande número de colonos espanhóis e nativos. [Página 37] • 7°. Estava d. Luiz de Cespedes ainda em Pirapó A 23 de janeiro de 1629, estava d. Luiz de Cespedes ainda em Pirapó. Com toda a lentidão afastava-se das terras do Guayrá. Dali mandara tirar quinze nativos, e mais quinze de Santo Ignacio, para o transporte de fazendas de suas majestade católica, que o tesoureiro real Francisco Vera de Aragon levava ao porto de Maracaú, em transito para a Assunção, pagando-se jornal, porém, aos peles vermelhas. Eram os impostos arrecadados no Guayrá que o tesoureiro devia recolher á Assunção. Como não houvesse moeda na terra, cobrava-se em ferro e madeiras. Deviam esses índios ficar seis meses em Maracajú: a cada um se pagariam "três cuñas e outras tantas palas". Muitos se haviam oferecido para o comboio do tesoureiro mediante esta remuneração. Não dispensando formalidade alguma que lhe documentasse as passadas, ordenou Cespedes que se fizesse a relação os nativos mitayos que os encomenderos de Vila Rica e Ciudad Real tinham conseguido reaver em Loreto. Trinta e três caciques ali refugiados com 343 companheiros entregaram 55 mitayos. Apenas um se recusou, certo Pedro Yapoay da "encomienda" de Ruy Diaz de Guzman que "arrimou sua gente á igreja" (cf. A. do M. P.; II, 2, 143, 144). [p. 53, 54] • 8°. Manifesto A esta efetivação da mita assistiram os principais encomenderos da província que continuavam no séquito de Cespedes, naturalmente satisfeitíssimos com esse governador que forçava os nativos a servi-los e obrigava os jesuítas a obedecer á autoridade régia. Assim mesmo, constando-lhes que d. Luiz prometera aos caciques Tayaoba e Mbaendy apadroar todos os nativos do Guayrá, pondo-os sob a jurisdição real, e justamente alarmados, endereçaram-lhe o protesto de 25 de janeiro, datado de Santo Ignacio, e encabeçado pelo mesmo de campo Ruy Ortiz Melgarejo (cf. A. do M. P.; II, 2, 151). Pediam estes signatários ardentemente a s. mercê mudasse de opinião, lembrando-lhe os trabalhos do fundador de Vila Rica e Ciudad Real, formando as duas povoações naqueles desertos, auxiliado pelo pai de Tayaoba, o cacique-mór do Guayrá e seus asseclas Araruera e Aguarucure. Referiam-se á expedição de Cabeza de Vaca e Fernando de Trecho, que pelo ano de 1550 estiveram no Ivahy. Jamais haviam os nativos daquela zona sido insolentes siquer, ainda menos rebeldes. (...) Assinada por 19 pessoas gradas, acabava a petição por uma ameaça de recorrer á real audiência de La Plata e até ao rei, responsabilizando o impolítico governador. • 9°. Praça Respondeu Cespedes que o caso era grave: ia consultar a real audiência e por ela á coroa, determinava, neste ínterim, a Tayaoba e Mbaendy que esperassem a decisão real e que, quanto isto, continuassem a frequentar, com todos os seus nativos, a doutrinação dos jesuítas. Tal recado lhes deu verbalmente na praça pública de Santo Ignácio, a 29 de janeiro, traduzindo-lhe as palavras Felippe Romero. (...) No ano imediato voltaria ao Guayrá com duzentas famílias espanholas para desenvolver a colonização; se achasse nativos fóra de seus "pueblos", saberia castiga-los severamente. Acatassem todos e muito a autoridade do padre Montoya. Ao despachar os dois caciques móres e os demais provenientes da região de Ybitirembá, deu-lhes muitos abraços, retribuídos efusivamente pelos nativos, que lhe prometeram seguir á risca as instruções. De Santo Ignácio mandou tirar os mitayos que estavam devendo serviços. De cerca de 350 nativos, nestas condições, apartaram-se 57, que, por sua ordem, acompanharam os respectivos encomendadores. Ainda no momento de partir, reiterou especialmente a Tayaoba e Mbaendy: Nada façam enquanto el-rei não decidir sobre o seu caso. "Criem os seus filhos e fabriquem as suas fazendas". [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958) Páginas 53, 54 e 55] • 10°. Assim, reagindo, a 30 de janeiro de 1629, atacaram por ordem expressa de Antonio Raposo Tavares, a aldeia de Santo Antônio, onde governava o padre Mola, "a sacar por fuerça de armas, no solamente al dicho Tataraúna, sino tambien a toda la demas gente que el padre estaba doctrinando" Assim, reagindo, a 30 de janeiro de 1629, atacaram por ordem expressa de Antonio Raposo Tavares, a aldeia de Santo Antônio, onde governava o padre Mola, "a sacar por fuerça de armas, no solamente al dicho Tataraúna, sino tambien a toda la demas gente que el padre estaba doctrinando". (...) "No dia seguinte, ao amanhecer", continua Jarque, "ao pueblo accommetteram os paulistas como leões desatados" tendo á frente o próprio Simão Alvares e seus tupys, "todos muy bien armados y prevenidos. Y en el primer asalto lo llevaron todo á sangre y fuego hiriendo, matando y robando sin perdonar á los que se acogian al sagrado de la iglesia profanandola sacrilegamente, desacatando una imagem de la Santissima Virgen y alzando con las sagradas alhajas." [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 81] Quem dirigiu o assalto a Santo Antônio foi o próprio Simão Alvares, relatam os padres Mancilla e Maceta. [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 82] • 11°. Na mesma ocasião em que Bicudo de Mendonça ocupava a redução de São Miguel, caia, a 20 de março de 1629, uma outra expedição, destacada do exército de Manuel Preto, e comandada por Manuel Mourato, sobre a aldeia de Jesus Maria • 12°. Passados menos de dois meses, a 23 de março, acometeram os paulistas a aldeia de São Miguel de Ybituruna sob o comando de Antonio Bicudo de Mendonça Passados menos de dois meses, a 23 de março, acometeram os paulistas a aldeia de São Miguel de Ybituruna sob o comando de Antonio Bicudo de Mendonça. Encontraram-na deserta, porém. Havia os jesuítas ordenado a todos os moradores que a abandonassem. Durante muitos dias permaneceram os agressores na redução, procurando pelas matas próximas capturas os retardatários daquela retirada. [p. 83] • 13°. “Relacion de los agravios que hizieran algunos vezinos y moradores de la villa de San Pablo de Piratininga, de la Capitania de San Vicente, del estado del Brasil, saqueando la Aldeas de los Padres de la Compania de Jesus en la mission de Guayrá y Campos del Iguaçu en la governacion del Paraguay con grande menosprecio del sancto evangelio en el Año de 1629” Em princípios de 1629, pois, assaltaram os paulistas da grande expedição de Manuel Preto e Antonio Raposo Tavares, as reduções jesuíticas guayrenhas e as arrasaram ali fazendo enorme quantidade de cativos que arrastaram a São Paulo. Analisemos os documentos jesuíticos que a estes fatos notáveis se prendem. Coisa geralmente sabida é que dois jesuítas, os padres Justo Mancilla Van Surck e Simão Mazzeta ou Macetta, vieram de longe acompanhando até São Paulo a coluna dos nativos apresados no Guayrá. Chegados á vila piratiningana,desceram a Santos, partindo dai para a Bahia, afim de exporem ao então governador geral do Brasil, Diogo Luiz de Oliveira, o que se passara nas reduções do Ivahy e pedir-lhe garantias contra novos assaltos dos paulistas. Documento preciosíssimo para a história de São Paulo, e inédito, é o relatório que ao governador apresentaram sobre os fatos, em 10 de outubro de 1629, o qual passamos a comentar. Já é o título o mais saboroso. Relacion de los agravios que hizieran algunos vezinos y moradores de la villa de San Pablo de Piratininga, de la Capitinia de San Vicente, del estado del Brasil, saqueando la Aldeas de los Padres de la Compania de Jesus en la mission de Guayrá y Campos del Iguaçu en la governacion del Paraguay con grande menosprecio del sancto evangelio en el Año de 1629. (...) Mazzeta de quem já no tomo primeiro desta obra falamos, era napolitano, relata Jarque no seus "Insignes misioneros". Natural de Castelensi, reino de Napoles, em 1582 "nació a la vida mortal para levar su predicacion tropas de innumerables almas á la eterna". Em menino um tiro casual lhe quebrara uma perna; ficara para sempre coxo e sofrera imenso deste desastre, e sempre com a maior resignação e piedade. Ainda secular vivia em rigorosa penitência e contínua mortificação e fora exemplar, fervorosíssimo no noviciado. Já em certa época, antes de 1628, enfrentara uma expedição de Manuel Preto que pretendia atacar Santo Ignacio e a obrigara a retirar-se. Era na data do grande assalto o superior das províncias de Tucuty, Iñecay e Tayaoba. Fundára o pueblo de San Pablo. [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Páginas 77 e 78] Neste ínterim haviam Pedro Vaz de Barros e Braz Leme seguido outro rumo, mas com péssimo resultado. Nas terras por eles percorridas, habitadas por nativos bravos, perderam bastante gente. Assim duas vezes recuaram ante os nativos de Caayú. No Huybay e Ybianguira não foram mais felizes.(...) Comentando estes sucessos, desesperados exclamam, amargamento, os dois jesuítas: "El aver-se reducido y juntado estos yndios en pueblos con los Padres para recivir la ley de Diós y para no ser esclavos y captivos de los Portuguzes!" Espavoridas com as notícias de tantos descalabros, ficaram então desertas quatro grandes reduções da província de Tayaoba, a saber: Encarnacion no Natinguy, a de São Paulo, junto a ela, a dos Santos Anjos e São Thomé, Apóstolo. [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 86] • 14°. Saíra de Vila Rica uma força sob o comando do capitão Lourenço de Villalva Incidente curioso, e que se prende á época que estamos analisando, é o do conselho de guerra a que respondeu o capitão Francisco Benitez, por haver desamparado o presídio de soldados que se havia posto na redução do Ytupé, é foz do Yniay, para impedir a passagem dos paulistas conselho cujas sessões se encetaram em Vila Rica del Espiritu Santo, a 21 de julho de 1631 (cf. Annaes do Museu Paulista t. 1, p. 318). A enfrentar os paulistas, por ordem de Cespedes, viera a Vila Rica, comandando uma força, o meste de campo don Alonso Riquelme de Gusman, nomeado "teniente de governador y justicia mayor, capitan a guerra" da localidade. Já se batera com uma das expedições em Eupabay. Corria o ano de 1631, e Antonio Raposo Tavares encetara as operações da segunda faze da agressão aos estabelecimentos jesuíticos. [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 127] Graves acusações de Juan Merino, soldado, ao seu ex-comandante. No Ytupé havia encontrado um frade que conseguira obter a restituição de alguns nativos, cativos dos paulistas e a quem mandara embora. Logo depois ordenara que os seus soldados tratassem de aprisionar selvícolas. Neste ínterim chegara um bilhete escrito a ele por Benitez e ao padre por um chefe paulista, avisando-os de que ao "Pueblo Nuevo querian benir los dichos portugueses a dar". Reunida, a soldadesca alvorotou-se ao saber de tal ameaça, achando prudente avisar-se do ocorrido ao mestre de campo. Com pasmo geral, decidira Benitez faze-lo em pessoa, deixando como substituto o alferes real Francisco de Villalva e o aguazil-mór Manuel de Peralta, a quem fornecera instruções para o caso em que por ali surgisse o inimigos. Assim partira em companhia do depoente. Chegando a Villa Rica e apresentando-se o desidioso chefe ao seu superior dera-lhe este, como de esperar, voz de prisão. Ordenou o Mestre de Campo Gusman que o algemassem e o puzessem em duro cárcere. Ao se executar este mandado fugiu o oficial para lugar desconhecido. Assim, por público pregão, determinou o Mestre de Campo o confisco de seus bens e nativos de seu serviço, correndo-lhe o processo á revelia. Nele figura, no rosto dos autos, interessantíssimo papel, uma carta, recebida pelo oficial faltoso, de um chefe paulista, sertanista de medíocre destaque, genro de Domingos Fernandes e com este co-fundador de Ytú, Christovam Diniz. Na íntegra o reproduzimos, pois cremos que seja o primeiro documento desta natureza que se divulga, uma missiva de sertanista em ação de guerra a um oficial espanhól seu adversário: "Meu senhor capitão Francisco Benitez" - Pela Vossa mercê soube que tinha v. m. saúde a qual aumente o Senhor por largos anos O que dizer v. m. que não lhe respondera a uma carta foi por falta de papel como manifestei ao Reverendo padre frey João, porque não sou eu tão descortês quando mais a pessoa a quem tenho tanta obrigação. Pediu-me v. m. que evite a que não vão para essa parte meus negros, o não fizemos desde que viemos de Tayaoba, que o derradeiro salto foi então que os que para lá andam; são dest´outros arraiais de que não tenho a meu cargo. (...) Mais de que me consolo que nenhuma pessoa de Parnahyba estão quá, que todos somos recolhidos. O que me a mim parecia bem era tomarem v. ms. essa tapera de Utupeba para que se ponhão alá com eles e requerer-lhes o que é bem; que eles não quererão de v. m. coisa nenhuma, se não nativos, se os poderem tomar a seu salvo. [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Páginas 128 e 129]
Atualizado em 30/10/2025 18:50:51 O Padre Roque Honzales, com o Padre Romero, fundou a redução de Nossa Senhora de Candelária do Caazapá-mini, entre os rios Piratini e Ijuí
Atualizado em 30/10/2025 01:32:21 Carta
• 1°. Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958) 1925 Na afã de demonstrar o entusiasmo que lhes ia na alma pela ação do novo governador, resolveram o Cabildo e o procurador de Vila Rica dar público e solene testemunho dos serviços que a seu ver prestava d. Luis de Cespedes. Dai o inquérito de 14 de dezembro de 1628, por eles ordenado, para que "ad perpetuam" se afirmasse aos pósteros haver o atual capitão-general acudido áquelas remotas paragens, semi arruinados pelo descaso de suas autoridades principais (cf. A. M. P.; II, 2, 91.). [Página 36] Carta do seu apoio, continuou a municipalidade a gir contra ação jesuítica. Pediu a abertura de um inquérito sobre a próxima passada visita do capitão Felippe Romero aos povos do distrito e o seu encontro com os caciques Tayaoba e Mbaendy e, ao mesmo tempo, exprimiu a muita admiração causada pela absoluta ausência dos padres e caciques seus jurisdicionados em Vila Rica, como a se furtarem ao dever de prestar homenagens ao representante direto de Sua Majestade (cf. A. M. P.; II, 2, 105). E convinha muito saber por que razão haviam feito voltar do caminho ao cacique Tayaoba, quando vinha apresentar os seus respeitos ao capitão-general, obra do Padre Pedro Espiñosa, a quem severamente repreendera Felippe Romero. A este, se devera a retirada da ordem, podendo então o influente chefe nativo visitar o governador, de quem recebera o mais afetuoso acolhimento, sendo a sua chegada na Vila Rica saudada com salvas de fuzilaria. Mas, nem por isto, haviam deixado dois dos padres de o acompanhar e de o vigiar. E tanto eles, como o vigária de Vila Rica, Juan de Campo y Medina, haviam assistido á pratica entre s. exc. e o cacique, entabolada por meio de intérprete, presente grande número de colonos espanhóis e nativos. [Página 37] ver mais
Atualizado em 30/10/2025 18:50:53 “El Guairá. Historia de la antiga província (1554-1676)”. Ramón I. Cardozo, professor de História en los colégios de 2a. enseñanza del Paraguay
• 1°. João Dias Solis penetrou na emboucadura do Rio da Prata O Lugar Geográfico e Seus Habitantes 1. A antiga Província do Guairá - Antes de Portugal entrar em franca concorrência com a Espanha na conquista e colonização das terras do Rio da Prata apesar da imprecisa e fantástica linha de Tordesilhas, a Espanha teve a sorte de se tornar proprietária das terras de Santa Catalina dentro dessa demarcação. Os náufragos da expedição Solis foram os primeiros a ocupá-los em 1516 2. Sua situação geográfica Fazia parte dessa rica área, a chamada Província do Guairá, nome derivado do cacique de uma tribo Guarani que vivia então nas proximidades da grande cachoeira de mesmo nome. Esta província, que alcançou fama nos primeiros tempos da conquista e estava prestes a dar nome a todo o Paraguai, situava-se entre o Paraná e o Atlântico, entre 22° 30´ e 25° 30´ de latitude e os 49° 30´ e 54° 30´ de longitude oeste de Greenwich com limites, ao norte, o Paranapané Aspecto geral Atravessado pela linha tropical (Trópico de Capricórnio) goza de todas as belezas naturais correspondentes à sua situação geográfica. É formado por duas regiões separadas pelas montanhas de Ybytyrembetá: a parte plana, alta a leste, em direção ao mar, e a parte montanhosa. Este é quase totalmente coberto por selvas impenetráveis e imensas montanhas de cujas encostas nascem múltiplos cursos de água que, ao chegarem ao Paraná, transformam-se em caudalosos rios. Numerosos afluentes do rio principal fluem das serras de Ybytyrembetá. Bem ao sul, o Yguasú corre com grandes recifes e saltos que dificultam a navegação. Segundo Lozano, próximo à foz desse imponente afluente do Paraná, os primeiros conquistadores tiveram seu porto marcado pela famosa Peña Pobre, assim chamada porque, a princípio, acreditaram que a rocha era feita de metal rico, o sonho dourado, devido ao brilho esplêndido que emitia à luz do sol e, por fim, descobriram que não era nada. Mais acima, a trinta léguas, está o grande Salto del Guairá, uma das cachoeiras mais maravilhosas do mundo; Duas léguas acima cai o Piquyry, e doze, ao norte dele, o Huybay com bastante fluxo e curso. Nasce no coração da província. Em seu curso, e a setenta léguas de sua foz, está o Salto de Arayny. São afluentes do Huybay, do Yñe-e-y que atravessa as altas montanhas através de barrancos e vales pedregosos e do Carimbatay. Outro afluente do Paraná é o Paraná-pané, um rio caudaloso e extenso que nasce nas proximidades de Piratin-ní. Seus afluentes são o Pirapó, o Itangu-á e o Tibaxiba (Tebicybá?). [Páginas 14 e 15] A Província do Guairá incluía em seu perímetro outros indígenas, famosos na conquista, como o de Ypambusú nas proximidades da foz do Pirapó, o de Tucuty na nascente do Itaangu-á, o de Tayaoba ou Tayaoty no de Yñee-y, a de Ñuatinguy na de Huybay e a de Ybytyrembetá, bem ao leste, a de Caí-yú ou Guarayrú ou Cabelludos onde a colina de Ybytyruná se ergue majestosamente no meio da solidão da planície. Lozano conta que pela província de Tayaoba a estrada guarani chamada Peabirú atravessava 200 léguas, desde São Vicente, no litoral do Brasil, até o Paraná com oito palmos de largura e coberta de capim finíssimo. Ele mesmo diz que na província de Ñuatinguy existe uma proeminente colina de mesmo nome onde os indígenas tinham um santuário no qual veneravam o cadáver do abapayé Urobolí ou Urubumorotín (corvo branco). [Página 16] 8 - Guiraberá - Senhor de Tayaoba ou Tayaoty, na nascente do Yñeé- e afluente do Huybay, bem no coração do Guairá onde se formou a redução Arcángel, próximo à serra de Ybytyrembetá. A princípio se opôs à pregação do Evangelho em seus domínios até se converter e se tornar um grande amigo dos jesuítas com o nome de Nicolás. (...) 11. Añaryry-i - Cacique encontrado por Alvar Nuñez en Caíyú. 12 - Ararundy - Cacique de Tayaoba ou Tayaoty, segundo Padre Techo. [Página 30] 24 - Tay-i tetu - Cacique de Ybytyrembetá, segundo Padre Techo. [Página 32] As fundações - De modo que com o desvio da rota natural da conquista e colonização, com o trânsito continuado pelas regiões paranaenses, os conquistadores asunceños entraram em contato com as diversas parcialidades dos nativos daquelas vastas terras com as quais se concretizaram as riqueza da terra, da mansidão natural dos cariós e da necessidade de haver centros a meio caminho para proteção e refúgio e para efetivar a ocupação do vasto território. Como consequência das relações estabelecidas entre os conquistadores Asunceños e os indígenas da área Guairá - extremamente populoso - foi a presença na capital da conquista do Rio da Prata de vários chefes tribais, caciques influentes de diferentes lugares, para solicitar proteção ao governador como súditos declarados e espontâneos do monarca espanhol contra os habitantes das encostas orientais do montanhas por Ybytyrembetá, que, arrastados pelos colonos portugueses, estabelecidos em São Vicente, iniciaram o movimento que, a longo prazo, resultou na ruína do Guairá e na perda daquela rica possessão espanhola. [Páginas 43 e 44] • 2°. Irala teria chegado no salto do Avanhandava às margens do rio Anhembi • 3°. O mesmo Melgarejo funda Villa Rica del Espiritu Santo, distante 60 léguas de Ciudad Real. Levava com ele mais cavalos que homens: 40 vecinos e 53 cavalos • 4°. Fundação Naquela época, o padre Montoya trouxe de Buenos Aires, como diz Techo, uma imagem da Virgem, obra de um distinto escultor, que foi colocada na igreja de Loreto para grande deleite dos neófitos. Seguem as bases. Os padres Montoya, Cataldino e Salazar dirigiram-se com numerosos neófitos rumo às terras de Ybytyrebemtá, localizadas como se sabe, a leste da Província, à beira das serras e da planície, nas cabeceiras do Tibaxiba. Depois de muito percorrerem rios e montanhas, encontraram um sítio propositalmente e ali, em 1622, construíram uma igreja e traçaram um povoado que deram o nome de São Francisco Javier, onde residia o padre Cataldino. • 5°. Encarnação de Nuatynguay • 6°. São Roque Gonzales fundou quatro Reduções: Candelária, Caaçapa-Mirim, Assunção do Juí e Caaró • 7°. “Do lado espanhol” Padre Montoya continuou fundando reduções. Um no próprio planalto de Ybytyrebemtá, num local conhecido como “Cemitério Santo Tomás”, com o nome deste Apóstolo, Santo Tomás. Nessa época, seria em 1628, os pais souberam que o governador Luis de Céspedes Xeria, vindo da Espanha, vinha do Brasil a caminho de Assunção. • 8°. Luís de Céspedes chega a Vila Rica • 9°. Manifesto Em 25 de janeiro de 1629, Rodrigo Ortiz de Melgarejo, Mestre do Campo e Tenente do Governador e Prefeito de Justiça de Villa Rica del Espiritu Santo, apresentou uma petição escrita ao Governador Geral em nome dos moradores e encomenderos da Villa não deu efeito ao pedido dos caciques [Página 113] • 10°. Praça Por isso, as relações entre os pais e o Governador esfriaram. Céspedes disse que se absteve de visitar as reduções do interior, principalmente em Tayaoty, para não causar transtornos porque o haviam avisado para isso. Durante sua estada em Vila Rica, todos os caciques compareceram para homenageá-lo, exceto Tayaoty, que "se desviou da estrada sem chegar a esta vila nem atender a sua vontade", mas por ordem do capitão Felipe Romero, o referido cacique apareceu perante o Governador que lhe ordenou "fazer uma recepção solene com muita saudação do arcabuz e outras festividades e mandou-o sentar-se ao seu lado onde ouviu com muita atenção o raciocínio que Vossa Graça lhe ordenou fazer através do seu intérprete, estando presentes três padres religiosos e do Padre Juan de Ocampo y Medina, sacerdote e beneficiário destas províncias dos índios naturais dela e Vicario da dita Villa". [p. 114 e 115]
Atualizado em 30/10/2025 18:50:51 Praça
• 1°. Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958) 1925 Respondeu Cespedes que o caso era grave: ia consultar a real audiência e por ela á coroa, determinava, neste ínterim, a Tayaoba e Mbaendy que esperassem a decisão real e que, quanto isto, continuassem a frequentar, com todos os seus nativos, a doutrinação dos jesuítas. Tal recado lhes deu verbalmente na praça pública de Santo Ignácio, a 29 de janeiro, traduzindo-lhe as palavras Felippe Romero. (...) No ano imediato voltaria ao Guayrá com duzentas famílias espanholas para desenvolver a colonização; se achasse nativos fóra de seus "pueblos", saberia castiga-los severamente. Acatassem todos e muito a autoridade do padre Montoya. Ao despachar os dois caciques móres e os demais provenientes da região de Ybitirembá, deu-lhes muitos abraços, retribuídos efusivamente pelos nativos, que lhe prometeram seguir á risca as instruções. De Santo Ignácio mandou tirar os mitayos que estavam devendo serviços. De cerca de 350 nativos, nestas condições, apartaram-se 57, que, por sua ordem, acompanharam os respectivos encomendadores. Ainda no momento de partir, reiterou especialmente a Tayaoba e Mbaendy: Nada façam enquanto el-rei não decidir sobre o seu caso. "Criem os seus filhos e fabriquem as suas fazendas". [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958) Páginas 53, 54 e 55] ver mais • 2°. “El Guairá. Historia de la antiga província (1554-1676)”. Ramón I. Cardozo, professor de História en los colégios de 2a. enseñanza del Paraguay 1938 Por isso, as relações entre os pais e o Governador esfriaram. Céspedes disse que se absteve de visitar as reduções do interior, principalmente em Tayaoty, para não causar transtornos porque o haviam avisado para isso. Durante sua estada em Vila Rica, todos os caciques compareceram para homenageá-lo, exceto Tayaoty, que "se desviou da estrada sem chegar a esta vila nem atender a sua vontade", mas por ordem do capitão Felipe Romero, o referido cacique apareceu perante o Governador que lhe ordenou "fazer uma recepção solene com muita saudação do arcabuz e outras festividades e mandou-o sentar-se ao seu lado onde ouviu com muita atenção o raciocínio que Vossa Graça lhe ordenou fazer através do seu intérprete, estando presentes três padres religiosos e do Padre Juan de Ocampo y Medina, sacerdote e beneficiário destas províncias dos índios naturais dela e Vicario da dita Villa". [p. 114 e 115] ver mais
Atualizado em 30/10/2025 18:50:52 Testimonio de autos hechos en la Villa Rica del Espiritu Santo desde el 21 de Julio al 12 de agosto de 1631
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