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Atualizado em 30/10/2025 22:27:55 Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958) ![]() Data: 1925 Créditos: Afonso de E. Taunay (1876-1958) Página 11
• 1°. ??? A esta efetivação da mita assistiram os principais encomenderos da província que continuavam no séquito de Cespedes, naturalmente satisfeitíssimos com esse governador que forçava os nativos a servi-los e obrigava os jesuítas a obedecer á autoridade régia. Assim mesmo, constando-lhes que d. Luiz prometera aos caciques Tayaoba e Mbaendy apadroar todos os nativos do Guayrá, pondo-os sob a jurisdição real, e justamente alarmados, endereçaram-lhe o protesto de 25 de janeiro, datado de Santo Ignacio, e encabeçado pelo mesmo de campo Ruy Ortiz Melgarejo (cf. A. do M. P.; II, 2, 151). Pediam estes signatários ardentemente a s. mercê mudasse de opinião, lembrando-lhe os trabalhos do fundador de Vila Rica e Ciudad Real, formando as duas povoações naqueles desertos, auxiliado pelo pai de Tayaoba, o cacique-mór do Guayrá e seus asseclas Araruera e Aguarucure. Referiam-se á expedição de Cabeza de Vaca e Fernando de Trecho, que pelo ano de 1550 estiveram no Ivahy. Jamais haviam os nativos daquela zona sido insolentes siquer, ainda menos rebeldes. (...) Assinada por 19 pessoas gradas, acabava a petição por uma ameaça de recorrer á real audiência de La Plata e até ao rei, responsabilizando o impolítico governador. • 2°. Fundó un pueblo que llamó de San Francisco • 3°. O fundador de Ciudad Real e Villa Rica, Ruy Dias de Melgarejo, acabou passando por São Vicente A esta efetivação da mita assistiram os principais encomenderos da província que continuavam no séquito de Cespedes, naturalmente satisfeitíssimos com esse governador que forçava os nativos a servi-los e obrigava os jesuítas a obedecer á autoridade régia. Assim mesmo, constando-lhes que d. Luiz prometera aos caciques Tayaoba e Mbaendy apadroar todos os nativos do Guayrá, pondo-os sob a jurisdição real, e justamente alarmados, endereçaram-lhe o protesto de 25 de janeiro, datado de Santo Ignacio, e encabeçado pelo mesmo de campo Ruy Ortiz Melgarejo (cf. A. do M. P.; II, 2, 151). Pediam estes signatários ardentemente a s. mercê mudasse de opinião, lembrando-lhe os trabalhos do fundador de Vila Rica e Ciudad Real, formando as duas povoações naqueles desertos, auxiliado pelo pai de Tayaoba, o cacique-mór do Guayrá e seus asseclas Araruera e Aguarucure. Referiam-se á expedição de Cabeza de Vaca e Fernando de Trecho, que pelo ano de 1550 estiveram no Ivahy. Jamais haviam os nativos daquela zona sido insolentes siquer, ainda menos rebeldes. (...) Assinada por 19 pessoas gradas, acabava a petição por uma ameaça de recorrer á real audiência de La Plata e até ao rei, responsabilizando o impolítico governador. • 4°. Fundação de Ciudad Real or "El Gauirá" A esta efetivação da mita assistiram os principais encomenderos da província que continuavam no séquito de Cespedes, naturalmente satisfeitíssimos com esse governador que forçava os nativos a servi-los e obrigava os jesuítas a obedecer á autoridade régia. Assim mesmo, constando-lhes que d. Luiz prometera aos caciques Tayaoba e Mbaendy apadroar todos os nativos do Guayrá, pondo-os sob a jurisdição real, e justamente alarmados, endereçaram-lhe o protesto de 25 de janeiro, datado de Santo Ignacio, e encabeçado pelo mesmo de campo Ruy Ortiz Melgarejo (cf. A. do M. P.; II, 2, 151). Pediam estes signatários ardentemente a s. mercê mudasse de opinião, lembrando-lhe os trabalhos do fundador de Vila Rica e Ciudad Real, formando as duas povoações naqueles desertos, auxiliado pelo pai de Tayaoba, o cacique-mór do Guayrá e seus asseclas Araruera e Aguarucure. Referiam-se á expedição de Cabeza de Vaca e Fernando de Trecho, que pelo ano de 1550 estiveram no Ivahy. Jamais haviam os nativos daquela zona sido insolentes siquer, ainda menos rebeldes. (...) Assinada por 19 pessoas gradas, acabava a petição por uma ameaça de recorrer á real audiência de La Plata e até ao rei, responsabilizando o impolítico governador. • 5°. Conduzido por André Fernandes, Luis Céspedes e sua comitiva chegam no “Porto misterioso": Nossa Senhora de Atocha Perto da confluência do Sarapoy avistara uma fazenda de gente de São Paulo, subindo canoas por este afluente que provavelmente é o Sorocaba. • 6°. Carta Na afã de demonstrar o entusiasmo que lhes ia na alma pela ação do novo governador, resolveram o Cabildo e o procurador de Vila Rica dar público e solene testemunho dos serviços que a seu ver prestava d. Luis de Cespedes. Dai o inquérito de 14 de dezembro de 1628, por eles ordenado, para que "ad perpetuam" se afirmasse aos pósteros haver o atual capitão-general acudido áquelas remotas paragens, semi arruinados pelo descaso de suas autoridades principais (cf. A. M. P.; II, 2, 91.). [Página 36] Carta do seu apoio, continuou a municipalidade a gir contra ação jesuítica. Pediu a abertura de um inquérito sobre a próxima passada visita do capitão Felippe Romero aos povos do distrito e o seu encontro com os caciques Tayaoba e Mbaendy e, ao mesmo tempo, exprimiu a muita admiração causada pela absoluta ausência dos padres e caciques seus jurisdicionados em Vila Rica, como a se furtarem ao dever de prestar homenagens ao representante direto de Sua Majestade (cf. A. M. P.; II, 2, 105). E convinha muito saber por que razão haviam feito voltar do caminho ao cacique Tayaoba, quando vinha apresentar os seus respeitos ao capitão-general, obra do Padre Pedro Espiñosa, a quem severamente repreendera Felippe Romero. A este, se devera a retirada da ordem, podendo então o influente chefe nativo visitar o governador, de quem recebera o mais afetuoso acolhimento, sendo a sua chegada na Vila Rica saudada com salvas de fuzilaria. Mas, nem por isto, haviam deixado dois dos padres de o acompanhar e de o vigiar. E tanto eles, como o vigária de Vila Rica, Juan de Campo y Medina, haviam assistido á pratica entre s. exc. e o cacique, entabolada por meio de intérprete, presente grande número de colonos espanhóis e nativos. [Página 37] • 7°. Estava d. Luiz de Cespedes ainda em Pirapó A 23 de janeiro de 1629, estava d. Luiz de Cespedes ainda em Pirapó. Com toda a lentidão afastava-se das terras do Guayrá. Dali mandara tirar quinze nativos, e mais quinze de Santo Ignacio, para o transporte de fazendas de suas majestade católica, que o tesoureiro real Francisco Vera de Aragon levava ao porto de Maracaú, em transito para a Assunção, pagando-se jornal, porém, aos peles vermelhas. Eram os impostos arrecadados no Guayrá que o tesoureiro devia recolher á Assunção. Como não houvesse moeda na terra, cobrava-se em ferro e madeiras. Deviam esses índios ficar seis meses em Maracajú: a cada um se pagariam "três cuñas e outras tantas palas". Muitos se haviam oferecido para o comboio do tesoureiro mediante esta remuneração. Não dispensando formalidade alguma que lhe documentasse as passadas, ordenou Cespedes que se fizesse a relação os nativos mitayos que os encomenderos de Vila Rica e Ciudad Real tinham conseguido reaver em Loreto. Trinta e três caciques ali refugiados com 343 companheiros entregaram 55 mitayos. Apenas um se recusou, certo Pedro Yapoay da "encomienda" de Ruy Diaz de Guzman que "arrimou sua gente á igreja" (cf. A. do M. P.; II, 2, 143, 144). [p. 53, 54] • 8°. Manifesto A esta efetivação da mita assistiram os principais encomenderos da província que continuavam no séquito de Cespedes, naturalmente satisfeitíssimos com esse governador que forçava os nativos a servi-los e obrigava os jesuítas a obedecer á autoridade régia. Assim mesmo, constando-lhes que d. Luiz prometera aos caciques Tayaoba e Mbaendy apadroar todos os nativos do Guayrá, pondo-os sob a jurisdição real, e justamente alarmados, endereçaram-lhe o protesto de 25 de janeiro, datado de Santo Ignacio, e encabeçado pelo mesmo de campo Ruy Ortiz Melgarejo (cf. A. do M. P.; II, 2, 151). Pediam estes signatários ardentemente a s. mercê mudasse de opinião, lembrando-lhe os trabalhos do fundador de Vila Rica e Ciudad Real, formando as duas povoações naqueles desertos, auxiliado pelo pai de Tayaoba, o cacique-mór do Guayrá e seus asseclas Araruera e Aguarucure. Referiam-se á expedição de Cabeza de Vaca e Fernando de Trecho, que pelo ano de 1550 estiveram no Ivahy. Jamais haviam os nativos daquela zona sido insolentes siquer, ainda menos rebeldes. (...) Assinada por 19 pessoas gradas, acabava a petição por uma ameaça de recorrer á real audiência de La Plata e até ao rei, responsabilizando o impolítico governador. • 9°. Praça Respondeu Cespedes que o caso era grave: ia consultar a real audiência e por ela á coroa, determinava, neste ínterim, a Tayaoba e Mbaendy que esperassem a decisão real e que, quanto isto, continuassem a frequentar, com todos os seus nativos, a doutrinação dos jesuítas. Tal recado lhes deu verbalmente na praça pública de Santo Ignácio, a 29 de janeiro, traduzindo-lhe as palavras Felippe Romero. (...) No ano imediato voltaria ao Guayrá com duzentas famílias espanholas para desenvolver a colonização; se achasse nativos fóra de seus "pueblos", saberia castiga-los severamente. Acatassem todos e muito a autoridade do padre Montoya. Ao despachar os dois caciques móres e os demais provenientes da região de Ybitirembá, deu-lhes muitos abraços, retribuídos efusivamente pelos nativos, que lhe prometeram seguir á risca as instruções. De Santo Ignácio mandou tirar os mitayos que estavam devendo serviços. De cerca de 350 nativos, nestas condições, apartaram-se 57, que, por sua ordem, acompanharam os respectivos encomendadores. Ainda no momento de partir, reiterou especialmente a Tayaoba e Mbaendy: Nada façam enquanto el-rei não decidir sobre o seu caso. "Criem os seus filhos e fabriquem as suas fazendas". [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958) Páginas 53, 54 e 55] • 10°. Assim, reagindo, a 30 de janeiro de 1629, atacaram por ordem expressa de Antonio Raposo Tavares, a aldeia de Santo Antônio, onde governava o padre Mola, "a sacar por fuerça de armas, no solamente al dicho Tataraúna, sino tambien a toda la demas gente que el padre estaba doctrinando" Assim, reagindo, a 30 de janeiro de 1629, atacaram por ordem expressa de Antonio Raposo Tavares, a aldeia de Santo Antônio, onde governava o padre Mola, "a sacar por fuerça de armas, no solamente al dicho Tataraúna, sino tambien a toda la demas gente que el padre estaba doctrinando". (...) "No dia seguinte, ao amanhecer", continua Jarque, "ao pueblo accommetteram os paulistas como leões desatados" tendo á frente o próprio Simão Alvares e seus tupys, "todos muy bien armados y prevenidos. Y en el primer asalto lo llevaron todo á sangre y fuego hiriendo, matando y robando sin perdonar á los que se acogian al sagrado de la iglesia profanandola sacrilegamente, desacatando una imagem de la Santissima Virgen y alzando con las sagradas alhajas." [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 81] Quem dirigiu o assalto a Santo Antônio foi o próprio Simão Alvares, relatam os padres Mancilla e Maceta. [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 82] • 11°. Na mesma ocasião em que Bicudo de Mendonça ocupava a redução de São Miguel, caia, a 20 de março de 1629, uma outra expedição, destacada do exército de Manuel Preto, e comandada por Manuel Mourato, sobre a aldeia de Jesus Maria • 12°. Passados menos de dois meses, a 23 de março, acometeram os paulistas a aldeia de São Miguel de Ybituruna sob o comando de Antonio Bicudo de Mendonça Passados menos de dois meses, a 23 de março, acometeram os paulistas a aldeia de São Miguel de Ybituruna sob o comando de Antonio Bicudo de Mendonça. Encontraram-na deserta, porém. Havia os jesuítas ordenado a todos os moradores que a abandonassem. Durante muitos dias permaneceram os agressores na redução, procurando pelas matas próximas capturas os retardatários daquela retirada. [p. 83] • 13°. “Relacion de los agravios que hizieran algunos vezinos y moradores de la villa de San Pablo de Piratininga, de la Capitania de San Vicente, del estado del Brasil, saqueando la Aldeas de los Padres de la Compania de Jesus en la mission de Guayrá y Campos del Iguaçu en la governacion del Paraguay con grande menosprecio del sancto evangelio en el Año de 1629” Em princípios de 1629, pois, assaltaram os paulistas da grande expedição de Manuel Preto e Antonio Raposo Tavares, as reduções jesuíticas guayrenhas e as arrasaram ali fazendo enorme quantidade de cativos que arrastaram a São Paulo. Analisemos os documentos jesuíticos que a estes fatos notáveis se prendem. Coisa geralmente sabida é que dois jesuítas, os padres Justo Mancilla Van Surck e Simão Mazzeta ou Macetta, vieram de longe acompanhando até São Paulo a coluna dos nativos apresados no Guayrá. Chegados á vila piratiningana,desceram a Santos, partindo dai para a Bahia, afim de exporem ao então governador geral do Brasil, Diogo Luiz de Oliveira, o que se passara nas reduções do Ivahy e pedir-lhe garantias contra novos assaltos dos paulistas. Documento preciosíssimo para a história de São Paulo, e inédito, é o relatório que ao governador apresentaram sobre os fatos, em 10 de outubro de 1629, o qual passamos a comentar. Já é o título o mais saboroso. Relacion de los agravios que hizieran algunos vezinos y moradores de la villa de San Pablo de Piratininga, de la Capitinia de San Vicente, del estado del Brasil, saqueando la Aldeas de los Padres de la Compania de Jesus en la mission de Guayrá y Campos del Iguaçu en la governacion del Paraguay con grande menosprecio del sancto evangelio en el Año de 1629. (...) Mazzeta de quem já no tomo primeiro desta obra falamos, era napolitano, relata Jarque no seus "Insignes misioneros". Natural de Castelensi, reino de Napoles, em 1582 "nació a la vida mortal para levar su predicacion tropas de innumerables almas á la eterna". Em menino um tiro casual lhe quebrara uma perna; ficara para sempre coxo e sofrera imenso deste desastre, e sempre com a maior resignação e piedade. Ainda secular vivia em rigorosa penitência e contínua mortificação e fora exemplar, fervorosíssimo no noviciado. Já em certa época, antes de 1628, enfrentara uma expedição de Manuel Preto que pretendia atacar Santo Ignacio e a obrigara a retirar-se. Era na data do grande assalto o superior das províncias de Tucuty, Iñecay e Tayaoba. Fundára o pueblo de San Pablo. [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Páginas 77 e 78] Neste ínterim haviam Pedro Vaz de Barros e Braz Leme seguido outro rumo, mas com péssimo resultado. Nas terras por eles percorridas, habitadas por nativos bravos, perderam bastante gente. Assim duas vezes recuaram ante os nativos de Caayú. No Huybay e Ybianguira não foram mais felizes.(...) Comentando estes sucessos, desesperados exclamam, amargamento, os dois jesuítas: "El aver-se reducido y juntado estos yndios en pueblos con los Padres para recivir la ley de Diós y para no ser esclavos y captivos de los Portuguzes!" Espavoridas com as notícias de tantos descalabros, ficaram então desertas quatro grandes reduções da província de Tayaoba, a saber: Encarnacion no Natinguy, a de São Paulo, junto a ela, a dos Santos Anjos e São Thomé, Apóstolo. [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 86] • 14°. Saíra de Vila Rica uma força sob o comando do capitão Lourenço de Villalva Incidente curioso, e que se prende á época que estamos analisando, é o do conselho de guerra a que respondeu o capitão Francisco Benitez, por haver desamparado o presídio de soldados que se havia posto na redução do Ytupé, é foz do Yniay, para impedir a passagem dos paulistas conselho cujas sessões se encetaram em Vila Rica del Espiritu Santo, a 21 de julho de 1631 (cf. Annaes do Museu Paulista t. 1, p. 318). A enfrentar os paulistas, por ordem de Cespedes, viera a Vila Rica, comandando uma força, o meste de campo don Alonso Riquelme de Gusman, nomeado "teniente de governador y justicia mayor, capitan a guerra" da localidade. Já se batera com uma das expedições em Eupabay. Corria o ano de 1631, e Antonio Raposo Tavares encetara as operações da segunda faze da agressão aos estabelecimentos jesuíticos. [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 127] Graves acusações de Juan Merino, soldado, ao seu ex-comandante. No Ytupé havia encontrado um frade que conseguira obter a restituição de alguns nativos, cativos dos paulistas e a quem mandara embora. Logo depois ordenara que os seus soldados tratassem de aprisionar selvícolas. Neste ínterim chegara um bilhete escrito a ele por Benitez e ao padre por um chefe paulista, avisando-os de que ao "Pueblo Nuevo querian benir los dichos portugueses a dar". Reunida, a soldadesca alvorotou-se ao saber de tal ameaça, achando prudente avisar-se do ocorrido ao mestre de campo. Com pasmo geral, decidira Benitez faze-lo em pessoa, deixando como substituto o alferes real Francisco de Villalva e o aguazil-mór Manuel de Peralta, a quem fornecera instruções para o caso em que por ali surgisse o inimigos. Assim partira em companhia do depoente. Chegando a Villa Rica e apresentando-se o desidioso chefe ao seu superior dera-lhe este, como de esperar, voz de prisão. Ordenou o Mestre de Campo Gusman que o algemassem e o puzessem em duro cárcere. Ao se executar este mandado fugiu o oficial para lugar desconhecido. Assim, por público pregão, determinou o Mestre de Campo o confisco de seus bens e nativos de seu serviço, correndo-lhe o processo á revelia. Nele figura, no rosto dos autos, interessantíssimo papel, uma carta, recebida pelo oficial faltoso, de um chefe paulista, sertanista de medíocre destaque, genro de Domingos Fernandes e com este co-fundador de Ytú, Christovam Diniz. Na íntegra o reproduzimos, pois cremos que seja o primeiro documento desta natureza que se divulga, uma missiva de sertanista em ação de guerra a um oficial espanhól seu adversário: "Meu senhor capitão Francisco Benitez" - Pela Vossa mercê soube que tinha v. m. saúde a qual aumente o Senhor por largos anos O que dizer v. m. que não lhe respondera a uma carta foi por falta de papel como manifestei ao Reverendo padre frey João, porque não sou eu tão descortês quando mais a pessoa a quem tenho tanta obrigação. Pediu-me v. m. que evite a que não vão para essa parte meus negros, o não fizemos desde que viemos de Tayaoba, que o derradeiro salto foi então que os que para lá andam; são dest´outros arraiais de que não tenho a meu cargo. (...) Mais de que me consolo que nenhuma pessoa de Parnahyba estão quá, que todos somos recolhidos. O que me a mim parecia bem era tomarem v. ms. essa tapera de Utupeba para que se ponhão alá com eles e requerer-lhes o que é bem; que eles não quererão de v. m. coisa nenhuma, se não nativos, se os poderem tomar a seu salvo. [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Páginas 128 e 129]
Atualizado em 30/10/2025 22:28:00 Reduções jesuítico-guarani: espaço de diversidade étnica, 2011. André Luis Freitas da Silva. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em História. Área de concentração: História, Região e Identidades. Orientadora: Profa. Dra. Càndida Graciela Chamorro Argüello
• 1°. Chegada a Kariesseba • 2°. Fundação de Ciudad Real or "El Gauirá" • 3°. Nova expedição com 50 homens* Um dado importante sobre os Ybirayara é fornecido pelos jesuítas Thomas Filds e Manoel Ortega, que no ano de 1590 realizaram missões itinerantes nas cidades espanholas de Villa Rica e Ciudad Real. De acordo com esses religiosos, uma peste assolou as populações indígenas que habitavam os arredores dessas cidades. Entre as populações atingidas, estavam os Ybirayara, outrora amigos dos espanhóis, conforme os religiosos da Companhia de Jesus. Se converteram em inimigos ferozes dos mesmos, sendo suas parcialidades calculadas em 10 mil índios de guerra. • 4°. Reduções no Tibagi Fundação de Nuestra Señora de Loreto del Pirapó Guairá. Transmigrou ao final de 1631, chegando ao mês de março de 1632, à margem do Rio Yabebuirí, afluente da margem esquerda do Rio Paraná. [p. 80] Quando os padres jesuítas se estabeleceram efetivamente no Guairá no ano de 1610, iniciou-se uma nova frente expansionista no interior da província em sequência a expansão promovida por Domingo Martinez Irala, em 1557, com a fundação da Ciudad Real. Nessa frente missionária, os religiosos passaram a contatar no Guairá, além das populações falantes do idioma Guarani, outras populações nativas. [p. 97] • 5°. Fundação No Guairá, a organização de reduções com populações consideradas como não pertencentes aos Guarani, inicia-se em 1622 com o deslocamento de um grupo de jesuítas a partir das reduções do Paranapanema para áreas localizadas mais ao sul, nos vales dos rios Ivai, Tibagiba e Piquiri que banhavam terras habitadas por populações Guarani e Guañana. Essas novas povoações organizadas pelos jesuítas se estenderam até a margem direita do Rio Iguaçu, convertendo-se num caminho de ligação entre as reduções do Guairá, Paraná e Uruguai. • 6°. São Roque Gonzales fundou quatro Reduções: Candelária, Caaçapa-Mirim, Assunção do Juí e Caaró Siete Arcángeles del Tayaoba - Foi organizada em 1626 na terra de um poderoso cacique chamado Tayaoba. “Este nombre fue de uno principal cacique gobernador de muchos pueblos, del cual tomó toda aquella provincia el nombre”. Para Cristina dos Santos e Tiago Baptista, “foi na principal redução do Guairá que uma legítima experiência de convívio entre culturas distintas se realizou: Los Angeles de los Tayaobá”, onde “30 caciques são tanto de parcialidade Guarani, quanto Jê”. Sobre esta redução Montoya observou o seguinte: Estão nesta redução os Padres Pedro de Espinosa e Padre Nicolás Ernacio, ardorosos obreiros da vinha do Senhor, que com seu grande zelo e solicitude fizeram muito bem aquela redução, tornando nossa casa e Igreja muito capazes que com ter nesta redução tantos gente, nela cabem todos, trabalhando no espiritual sem cansar e no temporal de uma forma que pode competir com os antigos, já têm vacas, cabras e ovelhas e tudo se faz muito bem, é terra muito fértil e com o cuidado dos Pais, em poucos anos haverá abundância de tudo, plantaram uma boa vinha e um canavial e fizeram um bom pomar com o qual terão muitos presentes. O gado já começa a parir com o fato de já ter leite e manteiga e fazer queijo. Já existe uma multiplicação muito boa do rebanho suíno. (...) Siete Arcángeles del Tayaoba Foi organizada em 1626 na terra de um poderoso cacique chamado Tayaoba. “Este nombre fue de uno principal cacique gobernador de muchos pueblos, del cual tomó toda aquella provincia el nombre”. Para Cristina dos Santos e Tiago Baptista, “foi na principal redução do Guairá que uma legítima experiência de convívio entre culturas distintas serealizou: Los Angeles de los Tayaobá”, onde “30 caciques são tanto de parcialidade Guarani, quanto Jê”. Sobre esta redução Montoya observou o seguinte: Están en esta reducción los Padres Pedro de Espinosa y el Padre NicolásErnacio muy fervorosos obreros de la viña del Señor, los cuales con su grancelo y solicitud han puesto aquella reducción muy buena haciendo nuestracasa e Iglesia muy capaz que con haber en esta reducción tanta gente, todacabe en ella, trabajando en lo espiritual sin cansarse y en lo temporal demanera que puede competir con las antiguas, tienen ya vacas, cabras yovejas y se da todo muy bien, es tierra muy fértil y con el cuidado de los Padres dentro de pocos años habrá mucha abundancia de todo, han plantadouna buena viña y cañaveral y hecho una buena huerta con que tendránmucho regalo. El ganado comienza ya a parir con que tienen ya leche ymanteca y hacen quesos. Hay ya muy buena multiplicación del ganado decerdo274.De maneira semelhante ao caso do cacique Pindoviiú que procurou o padre Montoyapara solicitar redução, também o fez o cacique Tayaoba, mas agindo de outra maneira. Aosaber que religiosos estavam reunindo populações e organizando grandes povoados, Tayaobaenviou uma pequena embaixada liderada por seu filho mais velho, que ia acompanhado de ummorubixaba chamado Maendi para entrarem na redução de São Francisco Xavier a fim dedescobrirem como os padres agiam e como era a vida dos reduzidos. Desta forma, eles entraram na redução dizendo-se serem naturais do Ybitiruna, localonde mais tarde veio a ser organizada a redução de San Miguel, com índios Camperos. “Oshóspedes, sob a capa de desconhecidos, podiam notar tranquilamente tudo quanto se passavano povo reduzido”. No entanto, passado algum tempo o padre Francisco Dias Taño descobriua procedência do grupo. “Já sei, meus filhos, quem sois e não ignoro o motivo de vossa vinda nosso povoado! [...] Ficaram os hospedes ainda oito dias e, como tinham tirado as perucas, dobraram-se as festas e as manifestações de amizades” 275. Tayaoba sabia que os jesuítas vinham se dirigindo para suas terras a fim de contatá-lo e antecipara-se, pois, em tempos passados este cacique juntamente com outros caciques fora enganado por espanhóis de Vila Rica e presos. Os encomendeiros aprisionaram-no, obrigando-o a enviar um grande número de indígenas para trabalharem nas encomiendas. Na prisão, alguns caciques que não quiseram trair seu povo, acabaram perecendo de fome. Tayaoba conseguiu escapar da prisão, e conduziu sua parcialidade para lugares remotos. Proibindo e coibindo a entrada em suas terras de qualquer espanhol 276. Ao enviar uma falsa embaixada, ele tentava descobrir a real intenção dos jesuítas, e dependendo do resultado ele poderia antecipar-se às ações dos mesmos. Tal como ir para guerra contra os padres e seus índios aliados, se evadir novamente ou se reduzir. A última opção foi a escolhida. O cacique Tayaoba tinha 28 filhos com diferentes mulheres e era senhor de 80 caciques, 60 dos quais aceitaram se reduzir. Para marcar o local da redução foi erguida uma cruz de sete braças de altura com acompanhamento de 300 índios277. O padre Montoya observava que os tayaobas, antes inveterados antropófagos, haviam estabelecido fortes laços de amizade com seus antigos inimigos, os Gualachos. Hechóse esto de ver en el trato y acogida que hacen estos indios a los gualachos. Eran estas dos naciones enemigas mortales matándose y cautivándose perpetuamente de una parte y de otra sin remedio alguno que para esto se pusiese. Pero ahora después que han recibido el Santo evangelio así estos como aquellos ya no como enemigos capitales, pero como unos muy grandes amigos se tratan todos ellos, viniendo los gualachos al Tayaoba y estos yendo a la tierra y pueblos de los gualachos. Hiciéronse estas amistades ahora año y medio o cerca de dos años. [p. 104, 105, 106 e 107] • 7°. “Do lado espanhol” Concepción de los Lanceros Guañanas Foi organizada em 1628 albergando uma população considerada exclusivamente não Guarani259. Estava a um dia de caminhada do Tambo das Minas de Ferro, local onde os espanhóis de Villa Rica extraíam minério para confecção de instrumentos de ferro para o uso diário. Antonio Ruiz de Montoya (1595-1652) observava que “como esta reducción está junto al tambo donde los españoles cultivan el, ha acudido el padre a la administración de los sacramentos así de los españoles como de los indios”. Assim como observou Nicolas del Techo (1611-1680) ao comentar que “gualachíes frecuentaban las minas de hierro que los españoles tenían cerca del Piquiri”. Para o arqueólogo Oldemar Blasi262, as minas do tambo estariam atualmente localizadas no interior do município paranaense de Nova Cantu, às margens do Rio Cantu, afluente da margem direita do Rio Piquiri. Os padres ergueram a redução de Concepción neste local devido à solicitação dos índios Chiqui. Como observamos anteriormente, esta era uma parcialidade de índios Gualacho. Conforme Techo, “los indios chiquitos que vivían al otro lado del Piquiri enviaron un hombre solicitando que los misioneros fundasen una reducción en su país”. Antes de darem início à nova redução, os padres Montoya e Diaz Taño permaneceram oito meses realizando missões nas terras dos Gualachos e na cidade espanhola de Vila Rica, devido a uma peste que assolava essas terras. Após este período, os padres se deslocaram para a região onde seria erguida a nova redução. [Que] estaba situada en las tierras de Cohé, cacique cuyos cinco hijos gobernaban las aldeas próximas. Los habitantes de otros lugares vecinos también querían establecerse en la nueva población. Procedió á erigir la cruz, á lo cual se hallaron presentes innumerables indios, y se echaron los cimientos del pueblo, que fue consagrado á la Inmaculada Concepción. Al poco tiempo se presentó á los religiosos Curiti, cacique poderoso entre los gualachíes, y prometió en nombre de sus vasallos fundar con éstos una población ó unirse á los moradores de la Concepción si esto último parecía mejor. [Páginas 101, 102 e 103] • 8°. Carta do Padre Espinosa ao governador do Paraguai D. Luis de Céspedes Xeria* Além disso, por volta de 1627 o governador do Paraguai Luis de Céspedes esteve em Vila Rica do Espírito Santo, onde pretendia visitar a redução de Sete Arcanjos. Sua intenção era levar como escolta, além do efetivo militar que o acompanhava, mais um esquadrão de Gualachos Ybirayaras. Fato que levou o religioso Pedro Espinosa a tentar “dissuadi-lo de visitar as reduções, como indica acompanhado de 100 soldados e 400 Gualachos; se você não quer que os índios medrosos entrem no mato como veados, com medo na montanha” [Páginas 104, 105 e 106] • 9°. Na mesma ocasião em que Bicudo de Mendonça ocupava a redução de São Miguel, caia, a 20 de março de 1629, uma outra expedição, destacada do exército de Manuel Preto, e comandada por Manuel Mourato, sobre a aldeia de Jesus Maria • 10°. Nuestra Señora de Loreto del Pirapó transmigrou* • 11°. Nuestra Señora de Loreto del Pirapó chegando à margem do Rio Yabebuirí, afluente da margem esquerda do Rio Paraná* • 12°. Publicada em Lieja "Historia de la Provincia del Paraguay y de la Compañía de Jesús"
Atualizado em 30/10/2025 02:51:34 Misiones y sus pueblos guaraníes, 1962. Guilherme Furlong
• 1°. Jesuítas chegaram a Ciudad Real Partindo de Assunção, subiram o Paraná e chegaram a Ciudad Real em 1º de fevereiro de 1610; ali eles se ocuparam tão intensamente com o bem espiritual dos espanhóis, que ambos os padres ficaram gravemente doentes e o presbítero Melgarejo, que tinha ido com eles, como dissemos, administrou-lhes o viático. (...) Já era o mês de junho de 1610 quando voltaram ao rio Paraná e continuaram ao longo do rio, rio acima, até chegarem ao seu poderoso afluente, o Paraná-pané, que corre de leste a oeste, ficando a 23° de latitude sul. Este rio era o limite norte do território então conhecido pelos colonizadores. Os espanhóis naquela época chamavam toda essa área, no extremo norte, e perto do Paraná, Tebajiba, Pirapó e Guairá. [Páginas 102 e 104] • 2°. Chegada* Partindo de Assunção, subiram o Paraná e chegaram a Ciudad Real em 1º de fevereiro de 1610; ali eles se ocuparam tão intensamente com o bem espiritual dos espanhóis, que ambos os padres ficaram gravemente doentes e o presbítero Melgarejo, que tinha ido com eles, como dissemos, administrou-lhes o viático. (...) Já era o mês de junho de 1610 quando voltaram ao rio Paraná e continuaram ao longo do rio, rio acima, até chegarem ao seu poderoso afluente, o Paraná-pané, que corre de leste a oeste, ficando a 23° de latitude sul. Este rio era o limite norte do território então conhecido pelos colonizadores. Os espanhóis naquela época chamavam toda essa área, no extremo norte, e perto do Paraná, Tebajiba, Pirapó e Guairá. [Páginas 102 e 104] • 3°. Carta de Diego de Torres • 4°. Fundação oficial do povoado de San Ignacio Miní • 5°. Annuas assinadas por Diego de Torres • 6°. Annuas escritas por Diego de Torres • 7°. Loreto en este año contaba con 700 familias y San Ignacio con 850, llegando a 450 los niños que frecuentaban la escuela en el primero de esos pueblos, y 500 los que acudían a la del segundo • 8°. Carta do Provincial Pedro de Oñate • 9°. Fundação • 10°. São Roque Gonzales fundou quatro Reduções: Candelária, Caaçapa-Mirim, Assunção do Juí e Caaró • 11°. Fundação de Concepción de Nuestra Señora de los Gualachos • 12°. Foi fundada a redução dos Siete Arcángeles [Los Angeles de Tayaoba, Arcangeles ou Siete Arcangeles], na terra de Tayaobá [na região do alto Ivaí] e Santo Tomás En 1628 se fundó la Reducción de los Siete Arcángeles, en tierra de Tayaobá, y la de Santo Tomás, entre las Reducciones de San Pablo y Arcángeles, y la de Jesús María en las serranías donde dominaba el cacique Guiraverá. [p. 106, 107] • 13°. Padre Jesuíta Roque Gonzálies de Santa Cruz é morto pelo Cacique Nheçu Roque González de Santa Cruz. Paraguayo. Uno de los mis grandes misioneros de la primera hora. Su martirio fué en 1628. [p. 336]
Atualizado em 30/10/2025 22:27:57 “Na capitania de São Vicente” II. Washington Luís (1869-1957), 11° presidente do Brasil
• 1°. Ata desaparecida Em 1902, segundo vejo do meu caderno, tomei a seguinte nota: “Em 27 de novembro de 1600, por um termo de vereança, vê-se que nessa data se preparava, com consentimento de D. Francisco de Sousa, uma entrada ao sertão, que não era o da capitania, da qual faziam parte moradores da terra e de fora dela. Era sem dúvida a de André de Leão, que partida era dezembro de 1600 (pág. 403), ainda estava no sertão em 1601, tendo voltado por agosto ou setembro, assim completando os nove meses de que fala Glymmer. Este tomou parte em uma bandeira quando D. Francisco de Sousa, vindo da Bahia, chegou a S. Paulo para descobrir as minas de metal que continham prata extraída dos montes Sabarousom”. No vol. 2º das Atas, em que foram publicadas as vereanças de 1600, não se encontra essa de 27 de novembro de 1600, a que se refere à nota transcrita. Como se vê no vol. 2º, das Atas às págs. 82 e 83 com que termina o ano de 1600 há uma vereança a 27 de novembro que não se refere ao preparo dessa entrada. Há depois um termo (pág. 83) de seis linhas que nada diz. Provavelmente quando Manuel Alves de Sousa copiou esse livro já as páginas correspondentes à vereança de 27 de novembro, de que foi copiada a nota transcrita, haviam desaparecido, consumidas pelo manuseio ou por outra qualquer razão. Para tal informação só resta a nota por mim tomada, que pouco valor tem, quanto à autoridade do extrato, que ficou acima transcrito. [Página 296] • 2°. D. Francisco partiu de São Paulo, com destino incerto* • 3°. Pero Vaz de Barros As atas e o Registro Geral da Câmara da vila de S. Paulo, correspondentes aos anos de 1602 a 1607, desapareceram, não tendo sido publicadas; não se pode, por conseqüência, verificar os termos da correspondência trocada, nesse período, entre o donatário e a Câmara de sua vila de S. Paulo. Mas pode-se concluir que Lopo de Sousa era um trapalhão ou não foi sincero na carta de 1º de dezembro de 1605 como se vai ver. Desde já é de estranhar que fazendo tão mau e deprimente conceito sobre João Pereira de Sousa o encarregasse de levar cartas à Câmara da vila de S. Paulo. A autoridade de Lopo de Sousa foi muito pouco respeitada na sua capitania de S. Vicente; e D. Francisco de Sousa, quando para ela se passou, em 1599, aí exerceu não só as suas atribuições de Governador-Geral do Brasil, como absorveu e exerceu todos os poderes do donatário, e mesmo as funções de Juiz, como se pode ver no inventário de Belchior Carneiro (vol. 2º, pág. 165), e até as dos próprios capitães por ele nomeados. [Página 257] O próprio Lopo de Sousa, sem coragem ou sem forças ou sem prestígio para fazer valer os seus direitos, também atabalhoadamente fazia nomeações para a sua capitania. Assim verifica-se na provisão em que nomeou Antônio Pedroso de Barros e Pero Vaz de Barros, a 21 de novembro de 1605 (Atas, vol. 2º, págs.173 e 174) capitães de S. Vicente, na qual declara que o faz por mais um triênio, que deve portanto ser acrescido ao triênio anterior, o que mostra que já os havia nomeadotrês anos antes, isto é, em 1602, e torna bem claro que a nova nomeação deveria ser contada de modo a haver mais três anos, que deveriam, pois, terminar no fim de 1608. Entretanto, antes desses novos três anos, em fevereiro ou março de 1607, sem maiores ou menores explicações, nomeia Gaspar Conquero capitão-mor e ouvidor de S. Vicente, desautorando os nomeados anteriormente (Reg. Geral, vol. 1º, págs. 142 e 145). [Página 258] • 4°. Partida • 5°. Carta de D. Antonio de Añasco ao Sr. Diego Marín Negrón, Governador do Rio da Prata em Buenos Aires A que pontos chegaram as entradas comandadas por Jerônimo Leitão? Bem difícil é determiná-los precisamente. Nos nossos arquivos não se encontram indicações do itinerário seguido por Jerônimo Leitão nem região a que ele chegou. O Padre Pablo Pastells, porém, na sua História da Companhia de Jesus na Província do Paraguai (vol. 1º, pág. 195), dá o resumo de uma carta de D. Antônio de Anhasco, datada de 14 de novembro de 1611, dirigida ao Sr. Diogo Marim Negron, Governador do Rio da Prata, em Buenos Aires, em que comunica “que havendo saído de Ciudad Real e estando em uma redução dos Padres da Companhia de Jesus, antes de chegar a Paranambaré, onde é capitão um índio chamado Taubici, na véspera de Todos os Santos, chegou-lhe a notícia de que os portugueses de S. Paulo entravam pelo caminho, que 30 anos antes tinha entrado Jerônimo Leitão com grande golpe de portugueses”. [Página 243] As bandeiras paulistas desde pelo menos 1581 iam lá fazer guerra aos carijós, certos de que andavam por conquistas da coroa de Portugal, ou isso alegavam (Carta de D. Antonio Añasco de 14 de novembro de 1611 – v. 1º, Anais do Museu Histórico de S. Paulo, pág. 153). [p.349] • 6°. Assim, reagindo, a 30 de janeiro de 1629, atacaram por ordem expressa de Antonio Raposo Tavares, a aldeia de Santo Antônio, onde governava o padre Mola, "a sacar por fuerça de armas, no solamente al dicho Tataraúna, sino tambien a toda la demas gente que el padre estaba doctrinando" • 7°. D. Victoria foi também acompanhada por seu primo Salvador de Sá y Benevides, que consigo levou 30 soldados portugueses* D. Victoria foi também acompanhada por seu primo Salvador de Sá y Benevides, que consigo levou 30 soldados portugueses, em setembro de 1629 (Anais do Museu vol. 2º, pág 265). [p. 353] • 8°. Formada a maior bandeira de Manuel Preto e Antônio Raposo Tavares, era composta por 69 brancos, 900 mamelucos e 2 mil indígenas, demonstrando o enorme peso demográfico ameríndio naquele ambiente* Antes de setembro de 1629, uma bandeira paulista, sob o comando de Antonio Raposo Tavares, se subdividiu em diversos terços sob a direção dos capitães Diogo Coutinho, Manuel Mourato, Frederico de Melo e Simão Álvares. O primeiro dirigiu-se para a redução de Santo Antonio, que foi a primeira atacada. Simão Álvares mandou um recado ao Pe. Pedro Mola pedindo que lhe entregasse o cacique Tataurá que, com seus vassalos, tinha fugido de sua casa e serviço. À recusa natural do Pe. Mola, no dia seguinte ao amanhecer, esse capitão deu ordens para o ataque da redução, acometendo todos como leões desabalados, ferindo, matando, aprisionando os catecúmenos e voltaram triunfantes ao seu arraial com uns 2.000 prisioneiros, segundo o dizer do narrador jesuíta. O Pe. Mola recolheu-se para Encarnación onde estava o Pe. Silvério Pastor. A nova do ataque e do destroço de Santo Antônio logo chegou a S. Miguel, onde os Padres Cristobal de Mendonça e Justo Mansilla procuravam resolver o que lhes convinha fazer, quando veio-lhes a notícia, que um outro corpo de paulistas, sob as ordens do capitão Antônio Bicudo se dirigia para S. Miguel. Sem mais consulta, foi dado o grito de “salve-se quem puder”, e, induziram os índios a fugir e a se refugiar nas matas. Bicudo, com seu esquadrão volante, chegou, pôs cerco à redução e levou-a de arrancada, achando-a porém deserta quando isso viu, “lançava pela boca espuma de raiva”, diz o cronista jesuíta, de quem são tiradas estas notícias. Enviou quadrilhas de soldados a prender os que encontrassem, mas logo se retirou para Jesus Maria. Um terceiro corpo, sob as ordens dos capitães Manuel Mourato Coelho e Frederico de Melo, cercou a redução Jesus Maria. O padre que aí estava, Simão Mazzeti, ao ver os paulistas se aproximarem revestiu-se com sobrepeliz e estola, e, com uma cruz nas mãos, saiu-lhes ao encontro a ver se assim salvaria a redução; mas os paulistas levaram tudo a sangue e fogo, matando, ferindo, domando e cativando. “Vimos a lançá-los de toda esta terra que é vossa e não do rei de Castella”, diziam os capitães.Aprisionada a maior parte dos índios, recolheram-se os bandeirantes aos seus arraiais e daí seguiram a S. Paulo, onde chegaram carregados de cativos. Dois jesuítas, devotadamente, acompanharam os neófitos cativados nessa peregrinação longa, dificultosa, martirizante cheia de perigos e de sacrifícios. Foram eles Simão Mazzeti e Justo Mansilla Van Surk, o primeiro italiano e o segundo flamengo, que escreveram narrações a respeito, em língua espanhola, e não obstante estrangeiros nessa língua, sente-se vivamente, na sua eloqüência desataviada, a dor profunda que os acabrunhava vendo desmanchada a obra que realizavam no Guairá, com a cativação dos índios e o arrasamento das reduções, que antes prosperavam. Os bandeirantes não deixaram pedra sobre pedra, tudo desmantelaram, incendiararn casas e igrejas, rasgaram e quebraram imagens de santos, feriram e mataram muitos índios e levaram cativos a maior parte deles. Vê-se o desespero que esmagava a alma dos padres nas palavras lancinantes com que para a catástrofe pediam nas cartas remédio aos seus superiores, ao papa, ao rei, a Deus. Foram até S. Paulo, a S. Vicente, ao Rio de Janeiro, onde foram amparados pelo padre Antônio de Mattos; foram até Salvador, na Bahia. Em todas as partes só encontraram ouvidos moucos, donde concluíram que todos eram cúmplices da cativação ou tinham receio de se envolver em tal questão 6.[p. 375, 376, 377] • 9°. Villa Rica del Espírito Santo manteve até 1632* • 10°. Os paulistas, concentrando as suas forças, resolveram terminar a sua obra no Guairá* • 11°. Bandeiras dirigiram para lá as suas armas vitoriosas e destruíram as reduções recém-criadas* Tendo, sem dúvida, notícia das novas missões fundadas nos Itatines, as bandeiras dirigiram para lá as suas armas vitoriosas e em fins de novembro de 1632, destruíram as reduções recém-criadas, tomaram e destruíram a cidade Santiago de Xerez cujo Tenente, Dom Diogo do Rego e outros moradores principais estavam de conivência com eles. Nos arquivos locais só se encontram dois documentos que podem ter relação com essa região. • 12°. Os trabalhos da Comissão Hidráulica se iniciaram Orville Derby, pois, conheceu pessoalmente no norte como técnico competente, em 1879, a região atingida em 1603, pela expedição de que fez parte W. Glymmer. Teve, pois, elementos para identificar essa região, que mais tarde estudou toda minuciosamente até muito mais ao Sul, baseado em documentos paulistas e em estudos sobre o terreno. Orville Derby foi, e por muitos anos, como muitas pessoas ainda se lembrarão, e então adquiriu conhecimento do terreno ao sul do S. Francisco, chefe da então Comissão Geográfica e Geológica criada em S. Paulo pelo Conselheiro João Alfredo, no tempo do Império. Dirigindo a Comissão Geológica e Geográfica do Estado, ele estudou e fez levantar plantas, mapas da maior parte do território de S.Paulo, principalmente nas fronteiras do Estado de Minas Gerais, numa época em que se desejava bem conhecer a região para decidir e fixar as divisas entre esses dois estados. A respeito dessas divisas o Arquivo Público do Estado de S. Paulo publicou grossos volumes de documentos. Orville Derby não se limitou ao estudo atento desses documentos, leu também todos os nossos cronistas e os cronistas estrangeiros, que se ocuparam do Brasil colonial e de sua expansão. Teve ele ocasião de conhecer, na História Natural de Piso e Marcgraff, o escrito de Glymmer sobre o roteiro de uma das primeiras bandeiras paulistas partidas de S. Paulo para o sertão, no tempo em que D. Francisco de Sousa, viera da Bahia para a vila de S. Paulo, a fim de procurar minas de metais preciosos, nas nascenças do rio S. Francisco. Podia, pois, concluir, com pouco risco de errar, que o rio Guaibií era o Guaicuí ou rio das Velhas, um dos afluentes da margem direita do S. Francisco (R.I.H.G.S. Paulo, vol. IV e vol. 8, pág. 400). Atendendo à sugestão de Capistrano de Abreu fez traduzir oroteiro de Glymmer, pôs em contribuição os trabalhos e os estudos próprios que lhe advieram do conhecimento da zona, como membro deuma comissão exploradora do rio S. Francisco e como chefe da Comissão Geográfica e Geológica do Estado, e identificou todos nos pontos nele mencionados com a conformação e acidentes do terreno, pelos seus rios, cursos e cachoeiras, pelos seus vales, montes, planícies, campos e matos desde S. Paulo até as cabeceiras do rio S. Francisco no centro do Brasil. Consultou também as fontes históricas locais, então existentes – Pedro Taques, num manuscrito conservado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que fala na entrada de André de Leão, e Azevedo Marques nos Apontamentos Cronológicos, que narra que em 1602 partiu numerosa bandeira para o sertão sob o comando de Nicolau Barreto e formulou a hipótese de que as duas informações se referiama uma só entrada, e que a expedição fora uma única, cabendo a Nicolau Barreto a organização civil e a André de Leão, a parte militar. Foi a expedição, em que tomou parte Glymmer, que O. Derby identificou no terreno. Na época em que Orville Derby divulgou o seu estudo não tinham ainda sido publicados pelo Arquivo do Estado de S. Paulo os Inventários e Testamentos; e escassas eram as notícias sobre essas entradas; mas desde que teve conhecimento dos inventários, feitos por morte de Brás Gonçalves, o moço, e de Manuel de Chaves, e verificou que a hipótese sugerida de uma expedição única não tinha cabimento, apressou-se ele mesmo em bani-la como se pode ver em um estudo aditivo na R.I.H.G. de S. Paulo, v. 8º, pág. 400. Aliás a hipótese da unidade da expedição só poderia interessar ao renome dos seus comandantes, nenhum valor tendo para identificação do roteiro de W. Glymmer, que era o objetivo essencial para fixar pontos do devassamento e ocupação do sertão, identificação que continua, pois, com o seu mérito próprio. O vale do Paraíba já estava domado pelos portugueses nas lutas que sustentaram com os Tamoios e pelo abandono do Rio de Janeiro pelos franceses. Relativamente fácil foi à expedição de André de Leão ocaminhar por esse rio, vales e montes. Vai transcrita a identificação feita, por Orville Derby, no terreno e nos rios tornando por base a descrição de W. Glymmer. [Páginas 294 e 295] “Partindo de S. Miguel, nas margens do Tietê, perto de S. Paulo, a bandeira passou para um afluente do Parayba, ganhou este rio, navegou por ele abaixo, até a sua secção encachoeirada, galgou a Serra, da Mantiqueira, passou diversos rios atribuídos correctamente ao sistema platino e penetrou até próximo ao alto S. Francisco. Até entrar na bacia do S. Francisco, este caminho deve corresponder muito próxima, se não exactamente, com o da Bandeira de Fernão Dias Pais Leme, ‘uns setenta anos mais tarde, e com o que depois da descoberta de ouro se tornou célebre como o caminho para as Minas Gerais. Sobre a derrota de Fernão Dias, não temos detalhes, senão do Rio Grande para o norte, onde diverge da do atual roteiro; mas para a dos mineiros existe o precioso roteiro dado por Antonil, na sua obra, intitulada Opulência e cultura do Brasil publicada em Lisboa, em 1711. Pela comparação desses dois roteiros e levando em consideração a probabilidade de que a derrota de ambas fosse determinada por caminhos já existentes dos Índios, sendo, portanto, provavelmente idênticos, é possível reconstruir grande parte do caminho da Bandeira de 1601. Os dois rios que deram acesso ao Parayba eram indubitavelmente o Paratehy e o Jaguary. A serra de Guarimunis, ou Marumiminis, é a atualmente conhecida pelo nome de Itapety, perto de Mogy das Cruzes, sendo possível que estes nomes antigos ainda sejam conservados no uso local. A referência a minas de ouro nesta serra talvez seja um acréscimo na ocasião de redigir o roteiro; mas é certo que em 1601, havia, desde uns dez ou doze anos, mineração nas vizinhanças de S. Paulo, e que antes de 1633, quando foi publicada a edição latina da obra de João de Láet, em que vem a enumeração das minas paulistas, a houve na localidade aqui mencionada. A referência aos campos, ao longo do primeiro destes rios, é, talvez, um caso de confusão com os do rio Parayba, visto que, conforme informações dos ajudantes da Comissão Geográphica e Geologica, que ultimamente levantaram a planta do vale do Pararehy, ali não existem campos notáveis. O rio então conhecido pelo nome de rio de Sorobis, bem que a sua identidade com o Parahyba do litoral já era suspeitada, foi alcançado na foz do Jaguary, em frente da actual cidade de São José dos Campos. Nota-se que, já nessa época, era conhecido o curso excêntrico do alto Parahyba. Depois de 15 ou 16 dias de viagem o rio foi abandonado no começo da secção encachoeirada, perto da actual cidade da Cachoeira, e a bandeira galgou a Serra da Mantiqueira, seguindo um pequena rio que, muito provavelmente, era o Passa Vinte, que desce da garganta que depois serviu para a passagem da estrada dos mineiros e hoje para a da estrada de ferro Minas e Rio. Passando o alto da Serra, a bandeira entrou na região dos pinheiros, que os naturalistas holandeses (que evidentemnente não conheceram a Araucária, desconhecida no Norte do Brasil) julgaram, pela descrição de Glimmer, que eram Sapucaias. Deste ponto em diante, o roteiro torna-se um tanto obscuro, dando a suspeitar o ter havido alguma confusão na redeção... Os dados topográficos são; o rumo de noroeste e as passagens de três rios, dos quais dois maiores, navegáveis e vindos do norte, com a distância de 4 ou 5 léguas entre um e outro. Os únicos rios em caminho das cachoeiras do Parahyba para a região do alto S. Francisco, que corresponder a esta descrição destes dois rios, são o Rio Grande e Rio das Mortes, perto da sua confluência. Ahi o Rio Grande cujo curso geral é para o oeste corre, por alguns kilômetros, do norte, num grande saco que sempre tem sido um ponto de passagem, e, a quatro ou cinco léguas adiante, o Rio das Mortes tambem vem um pequeno trecho do Norte. Este trecho é junto à estação de Aureliano Mourão, na estrada de ferro Oeste de Minas e poucos kilômetros abaixo da povoação de Ibituruna, onde Fernão Dias estabeleceu um dos seus postos, talvez por encontrar perto a grande aldeia de índios amigos, rica em mantimentos, de que fala o nosso Glymmer. Se porem, este for o ponto de passagem do Rio das Mortes, não se encontra, a três dias de viagem, dos Pinheiros e a quatorze do Rio Grande, rio algum que pareça digno de menção numa narrativa em que não vem mencionado o Angahy. Este, pelo roteiro de Antonil, está a 22 ou 24 dias de viagem dos Pinheiros e a 4 a 5 do Rio Grande. Para pôr os dons roteiros de acordo, identificando o primeiro rio de Glymmer com o Angahy, seria necessário inverter os termos dos três e dos quatorze dias de viagem, supondo um outro caso de confusão na redação, como o já apontado com os campos do Paratehy e Parahyba. Da passagem do Angahy o caminho dos mineiros dado por Antonil tomou mais para a direita, procurando São João d’El-Rei, via Carrancas. É para notar que as marchas diárias do roteiro de Antonil são pequenas, sendo geralmente “até o jantar”, o que explica, talvez, a discordância, do número de dias (de 14 a 22 ou 24) que se ‘nota na hypothese de ser o Angahy o primeiro rio do presente roteiro. Partindo da aldeia sobre o terceiro rio, a Bandeira caminhou durante um mês em rumo de noroeste, sem passar rio algum, até achar-se perto da confluência de dous rios de diversas grandezas, que romperam para o norte, entre montanhas que foram identificados com a desejada Serra de Sabarábussú. Aqui, foi encontrada uma estrada larga e trilhada, que nesta época não podia ser senão dos Índios e cuja existência confirma a hipótese já lançada da que a derrota, desta e de subseqüentes bandeiras era por estes caminhos fá existentes. A estrada seguida da aldeia por diante era pelo alto de um espigão, e, admitindo que o ponto de partida era nas vizinhanças de Ibituruna, temos três hipóteses a considerar: 1º O espigão entre o Rio Grande e as cabeceiras dos rios Pará e S. Francisco. 2º O entre os rios Pará e S. Francisco. 3º O entre os rios Pará e Paraopeba. O caminho pelo primeiro destes espigões, passando por Oliveira, Tamanduá e Formiga, até o alto S. Francisco, corresponde regularmente com o rumo dado, tendendo, porém, mais para o oeste do que para o noroeste, e cruzando o rio Jacaré que, conquanto não seja grande, parece de bastante importância para ser mencionado. Por este espigão, porém, é difícil identificar os dois rios do fim da jornada e a serra cortada por eles, porque as serras de Piumhy ou a de Canastra mal correspondem à descrição do roteiro. O segundo espigão daria para cair na forquilha entre o Pará e o Itapecerica, ou entre o Pará e o Lambary, ou finalmente, entre o Pará e o S. Francisco. As duas primeiras parecem demasiado perto para a jornada de um mez, e na do Pará e São Francisco os dois rios devem figurar como tendo proximamente a mesma grandeza. O terceiro espigão daria, na hipótese de accompanhar de perto a margem direita do Pará, para cahir na forquilha entre este rio e seu afluente o rio de S. João, na passagem das serras na vizinhança da atual cidade de Pitanguy; e, sem poder pronunciar-me positivamente a respeito, sou inclinado a considerar esta como a hipótese mais provável. Até aqui o estudo do O. Derby (R.I.H.G. de S. Paulo, vol. 4º, pág. 338), sobre a identificação do Roteiro de Glymmer no terreno. Fácil também é agora identificar o cabo da expedição mandada por D. Francisco de Sousa, e na qual tomou parte Guilherme Glymmer. Essa identificação está baseada nos documentos do ArquivoPúblico do Estado de S. Paulo e do Arquivo da Câmara da vila de S. Paulo, apoiada em alheios estudos precedentes. As entradas de Antônio de Macedo e de Domingos LuísGrou foram começadas antes de 1583, as de Jerônimo Leitão até 1590,foram todas anteriores à nomeação de D. Francisco de Sousa para Governador-Geral do Brasil. A de Jorge Correia em 1595, a de ManuelSoeiro (?), em 1596 e a de João Pereira de Sousa em 1597 se realizaram [Páginas 296, 297, 298 e 299] • 13°. Comissão Hidráulica começa a subir o Rio São Francisco • 14°. Daí seguiram alcançando a barra do rio das Velhas / Pirapora/MG
Atualizado em 30/10/2025 22:27:51 Assim, reagindo, a 30 de janeiro de 1629, atacaram por ordem expressa de Antonio Raposo Tavares, a aldeia de Santo Antônio, onde governava o padre Mola, "a sacar por fuerça de armas, no solamente al dicho Tataraúna, sino tambien a toda la demas gente que el padre estaba doctrinando"
• 1°. Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958) 1925 Assim, reagindo, a 30 de janeiro de 1629, atacaram por ordem expressa de Antonio Raposo Tavares, a aldeia de Santo Antônio, onde governava o padre Mola, "a sacar por fuerça de armas, no solamente al dicho Tataraúna, sino tambien a toda la demas gente que el padre estaba doctrinando". (...) "No dia seguinte, ao amanhecer", continua Jarque, "ao pueblo accommetteram os paulistas como leões desatados" tendo á frente o próprio Simão Alvares e seus tupys, "todos muy bien armados y prevenidos. Y en el primer asalto lo llevaron todo á sangre y fuego hiriendo, matando y robando sin perdonar á los que se acogian al sagrado de la iglesia profanandola sacrilegamente, desacatando una imagem de la Santissima Virgen y alzando con las sagradas alhajas." [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 81] Quem dirigiu o assalto a Santo Antônio foi o próprio Simão Alvares, relatam os padres Mancilla e Maceta. [Historia geral das bandeiras paulistas: Tomo II - Ciclo da caça ao nativos, lutas com os jesuítas e os espanhóis, invasão do Guayrá, do Itatim e do Tape, conquista do sul e do sudoeste do Brasil pelos paulistas (1628-1641), 1925. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Página 82] ver mais • 2°. “Na capitania de São Vicente” II. Washington Luís (1869-1957), 11° presidente do Brasil 1957
ANTONIO RUIZ DE MONTOYA - TESTEMUNHA DE SEU TEMPO. Por MARIA ISABEL ARTIGAS DE REBES 2001. Atualizado em 13/02/2025 06:42:31 Relacionamentos • Pessoas (8) Antonio Ruiz de Montoya (1595-1652), Cacique Tayaobá (1546-1629), Cristóbal de Mendoza, Francisco Diaz Tanho (n.1593), José Cataldino (1571-1653), Nicolas Mastrillo Duran (1570-1653), Pedro de Espiñosa, Simão Macetta (n.1582) • Temas (8): Aldeia de Los angeles, Canibalismo, Gualachos/Guañanas, Guayrá, Habitantes, Ouro, Prata, Taiati (São Francisco Xavier)
Mbororé 1641: A primeira batalha naval do Río de la Plata, por Juan Manuel Sureda Consulta em portaldasmissoes.com.br 13 de novembro de 2024, quarta-feira. Atualizado em 23/10/2025 23:47:07 Relacionamentos • Cidades (1): Madrid/ESP • Pessoas (4) Antonio Ruiz de Montoya (1595-1652), Clemente Álvares (1569-1641), Filipe IV, “O Grande” (1605-1665), Manoel Pires (1590-1659) • Temas (7): Apoteroby (Pirajibú), Peru, Redução de S Xavier e S Inácio (Itamaracá), Rio Anhemby / Tietê, Rio Pepiry, San Xavier del Yupabay, Taiati (São Francisco Xavier)
Simão Alvarez chegou à redução de Santo Antônio para requisitar junto ao padre Mola o cacique Tatavrana, considerado fugitivo de São Vicente janeiro de 1628. Atualizado em 23/10/2025 17:11:07 Relacionamentos • Cidades (1): São Vicente/SP • Pessoas (2) Simão Álvares Martins (Jorge) (1573-1636), Tataurana ANDREA! Sobre o Brasilbook.com.br |