A Câmara da vila de São Paulo dirige uma representação ao capitão-mor Jerônimo Leitão
1 de setembro de 1585, domingo. Há 439 anos
Fontes (7)
Pressionado pelos paulistas, mas sem poder desacatar a determinação real, Jerônimo Leitão autorizou a formação de uma Bandeira, não para caçar índios, mas para persuadi-los, por vias pacíficas, a se tornarem escravos. Mas o texto fazia a seguinte observação:“ "... não querendo vir o dito gentio com estas condições em tal caso o dito capitão com os que em sua companhia estiverem tomará determinação de como se há de tratar com o gentio que não quiser vir em paz ..." (Ibid., p. 279-280)
Um requerimento de 1º de setembro de 1585, dirigido aos governantes da Capitania, em São Vicente, que fala do despovoamento da terra, de doenças entre escravosíndios e de antropofagia e pede que se permita fazer guerra ao gentio carijó, é assinado, em primeiro lugar por Pedro Leme, demonstrando, pelo respeito àpessoa, ser este o pai de Leonor Leme. [Dois Lemes e um Pires do século XVI, na vila de São Paulo]
LUCiAteste1585 - Os paulistas abrem luta com os jesuítas, por motivo dos aldeamentos de nativos. Moradores de Santos e São Vicente requerem ao capitão-mór Jerônimo Leitão que autorize a guerra contra os Cariós. Não somente a guerra foi autorizada, como o próprio Jerônimo Leitão assinou o termo de compromisso da expedição, lavrado pelo escrivão da Câmara de São Paulo, Diogo de Unhatte. Essa expedição, (...estrada) em setembro, rumou para o sul, e combateu em Paranaguá, pois 19 anos depois, em 1614, Diogo Unhatte requereu uma sesmaria nessa localidade, alegando as batalhas que ali tivera. (Livro de Registros de Sesmarias de São Paulo).
Exsurgia, pois, no ocaso do século XVI, a primeira fundação efetiva de um núcleo de população na costa hoje paranaense, atraída a Paranaguá pela fama de suas jazidas auríferas. Bem o dissera Pascal: - "Foi o ouro, ou a ilusão do ouro, que povoou toda a América". [Página 1]
LUCiAtesteEm 1 de de setembro de 1585 a Câmara da vila de São Paulo dirige uma representação ao capitão-mór Jeronymo Leitão, mostrando a necessidade da guerra contra os Tupiniquins e os Carijós, por estar a terra pobre e sem escravaria e hostilizada pelos selvagens. Em 10 de abril, as Câmaras de Santos e São Vicente haviam feito igual representação. O capitão-mór, atendendo a esses requerimentos, marchou á frente dos expedicionários. Os Tupiniquins, segundo Techo (Hist. Provinciae Paraquariae), tinham na região do Anheby 300 aldeias e 30.000 sagitários. Em seis anos de guerra, ficaram destruídas todas as aldeias. De 1592 a 1599, dirigidos por Afonso Sardinha e depois por Jorge Correia e João do Prado, fizeram os paulistas outra grande guerra de extermínio contra os selvagens do rio Jeticay. Nos primeiros anos do século XVII (1601-1602), como se vê no "Roteiro" de Glimmer, os paulistas já chegavam a Sabará. Uma terceira expedição, que parece ter sido por chefes Nicolau Barreto e Manuel Preto, foi mais para o norte (1602) e devastou, durante cinco anos, as aldeias do Paraupaba, nome que se dava então ao Alto Araguaya. [Página 486]
LUCiAtesteCerca de três meses ainda se passariam sem que o projeto ecoasse nos termos de vereança de São Paulo. Finalmente, em 1 de setembro, os capítulos da junta vicentina foram pelo governador submetidos à aprovação da câmara e do povo.
A esse ajuntamento não compareceu, assim como o vereador Pedro Alvares, o juiz Antonio Preto. E na assinatura do termo os vereadores presentes deram precedência a Afonso Sardinha.
O mais importante é que, aprovando e ratificando os assentos, requerimentos e capítulos das vilas do litoral, a de São Paulo se refere à entrada como tendo ser feita "ao nativo do sertão da dita capitania carijós e tupiães e outro qualquer que licitamente se puder trazer".
Aprestavam-se os elementos da expedição e parece que São Paulo seria o ponto de partida. Em 21 de outubro estava tudo disposto para se por em marcha a bandeira. Na sessão desse dia, a que não compareceram os já referidos edis, mas cuja ata, Antonio Preto assinou "de fora", tomaram-se medidas contra os moradores que iam à guerra sem ter pago a "finta" para a casa do conselho e contra os que a ela fossem estando encarregados da defesa e guarda da vila.
Em 2 de novembro, realizando-se sessão para eleger almotacel, não compareceram Pedro Alvares, Diogo Teixeira de Carvalho e Antonio Preto. E em 17, sessão a que também não compareceu Pedro Alvares, os oficiais restantes, Sebastião Leme e Afonso Dias, como Jorge Moreira, vereador do ano passado, "mandarão chamar os moradores da dita vila que havia por os mais serêm idos ao sertão em companhia do capitão-mór Jerônimo Leitão e entrada que se fez ao nativo do sertão", para se proceder à eleição de juízes ordinários, na ausência dos que tinham seguido a expedição.
Muitos foram os bandeirantes dessa companhia. Em 14 de junho de 1586 foi feita em camara a declaração "que toda a gente do povo estava ausente da capital com o capitão Jerônimo Leitão que eram idos a guerra e não ficaram senão as mulheres".
Apesar disso, da lista de 11 paulistanos que com o padre Sebastião de Paiva, segundo Taunay, figuravam no estado maior do governador devem ser retirados alguns nomes. Ficaram em São Paulo, como se vê nas atas: Diogo de Onhate, Antonio de Proença, Sebastião Leme, Salvador Pires e Afonso Dias.
Se de fato essa bandeira rumou para o sertão dos carijós, deve ter seguido pelo vale do Ribeira. Teria ela atingido as cabeceiras do Paranapanema. O que nesse caso não parece provável é que, em buscas de tupinães, tenham descido também o Anhembi. Este ainda seria considerado "caminho de paz"...
O certo é que, depois de assolar o sertão durante nove meses voltou ela a povoado, deixando, talvez, alguns postos ocupados, como o em que ficou com forja o ferreiro Domingos Fernandes. Em 27 de junho de 1586, em São Paulo, Jerônimo Leitão nomeou Diogo Teixeira de Carvalho escrivão de campo. Estava terminada a guerra, a primeira guerra desse capitão governador.
LUCiAtesteA disputa constante entre padres e colonos nos revela, por meio da documentação, o estado de tensão constante em que viveram as capitanias em suas primeiras décadas:
“se o caso for que o dito gentio se quera dar de paces lhe requeremos a sua mercê que lha não de senão com condição q sejão regattados pelos moradores desta capitª e não em aldeãs sobre si porque estando o dito gentio sobre si nenhu proveito alcanção hos moradores desta terra...” [Sessão de 01 de setembro de 1585, Atas da Câmara da Cidade de São Paulo: p.277
Além dos escritos anchietanos, os documentos também testemunham o desgaste constante dos contingentes indígenas, visto que:
Esta terra parece esta em mtº risquo de se despovoar mais do q nunca esteve e se despovoa cada dia por causa dos moradores e povoadores della não terem escraveria do gentio desta terra (...) per rezão de mtª enfermidades q na terra avia como he de câmaras de sangue e outras doenças.
LUCiAtesteUm requerimento de 1º de setembro de 1585, dirigido aos governantes da Capitania, emSão Vicente, que fala do despovoamento da terra, de doenças entre escravos índios e de antropofagia e pede que se permita fazer guerra ao gentio carijó, é assinado, em primeiro lugar por Pedro Leme, demonstrando, pelo respeito à pessoa, ser este o pai de Leonor Leme. No final do século XVI, em 1596, como vereador, sendo Juiz Ordinário, na época, o irmão Mateus Leme, aparece Brás Teves que cremos seja o irmão mais moço dos Lemes, uma vez que o pai destes, também chamado de Brás Teves, não aparece, em épocas mais antigas, nenhuma vez em cargo público.