' Entra no Rio Grande de São Pedro, nome que tinha então o Rio Grande do Sul, a expedição que ia ocupar militarmente esse canal e tomar posse da lagoa Mirim - 19/02/1737 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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Entra no Rio Grande de São Pedro, nome que tinha então o Rio Grande do Sul, a expedição que ia ocupar militarmente esse canal e tomar posse da lagoa Mirim
19 de fevereiro de 1737, terça-feira. Há 287 anos
1737 — Entra no Rio Grande de São Pedro, nome que tinha entãoo Rio Grande do Sul, a expedição que ia ocupar militarmente esse canale tomar posse da lagoa Mirim. Vinha da Colônia do Sacramento e eracomandada pelo brigadeiro José da Silva Pais. Compunha-se dessegeneral, de um comissário de mostras, de um tesoureiro, de um ajudantee de 251 oficiais e soldados de infantaria (Rio de Janeiro e Bahia), deartilharia (Rio) e de cavalaria (dragões de Minas Gerais). Depois, foramchegando outros destacamentos, vindos também da Colônia ou do Riode Janeiro e da Bahia. O general Silva Pais desembarcou na costa suldo canal e construiu logo o forte de Jesus-Maria-José, a leste do saco daMangueira (e não no Chuí, como disse o autor do Dicionário topográficodo Rio Grande do Sul). Essa foi a posição do primeiro forte, segundodocumentos oficiais e uma planta levantada por Silva Pais, da qual ogeógrafo d’Anville se utilizou, para corrigir e completar a sua carta da OBRAS DO BARÃO DO RIO BRANCO148América do Sul. Meia légua (cerca de 3,3 km) a oeste, foi erguido o fortede Santana, mudado depois (entre os anos de 1747 e 1750), com o nomede São Pedro, para o sítio em que ora se acha a cidade do Rio Grande.Em 28 de setembro, depois de prontos esses dois fortes e de estabelecidaa guarda do Taim, Silva Pais seguiu embarcado para a lagoa Mirim,explorou as suas margens, construiu o reduto de São Miguel e colocouuma guarda no Chuí (Chueú, escreve ele). Regressando, chegou ao fortede Santa Anna do Rio Grande de São Pedro no dia 1o de novembro, eaí encontrou a notícia de terem sido expedidas ordens para a suspensãodas hostilidades. No dia 9, um alferes castelhano apresentou-se à guardado Taim, trazendo essas ordens e uma carta do governador de BuenosAires. “Dei muitas graças a Deus [escrevia Silva Pais], que tanto atempo eu tivesse disposto a minha viagem e conseguido deixar debaixodas guardas e fortalezas, para sua majestade, o melhor terreno que temtoda a pampa, e de donde se proviam de gado e de courama, não só osda Colônia, como os mesmos castelhanos, pois desde o Curral Alto atéo Chuí, que são mais de 30 léguas (cerca de 200km), é onde pastam omelhor de 1.500 cabeças de gado” (carta de 7 de março de 1738 ao vicerei conde das Galvêas). O brigadeiro Pais partiu em 15 de dezembrode 1737 para Santa Catarina e daí para o Rio de Janeiro, deixando nogoverno militar do Rio Grande do Sul o mestre de campo André RibeiroCoutinho, como ele, perfeito soldado e homem de letras. Desde quetomou posse do Rio Grande, compreendeu Silva Pais a importânciada sua conquista, teve a intuição do grande futuro dessa bela parte doBrasil e desvelou-se em adotar as providências mais urgentes para o seudesenvolvimento e sua colonização. Em carta de 12 de abril de 1737,dirigida a Gomes Freire de Andrada, mostrava que a ocupação do RioGrande era muito mais útil ao Brasil que a de Montevidéu: “O ponto écriar gente de cavalo e que saiba fazer o serviço como cá se costuma...Já se acham corridas mais de 200 vacas, espero que cresça o número ejá se acham marcadas para sua majestade mais de mil, que faço contapassá-las a outra parte para um rincão de admiráveis pastos, de ondeandam também as cavalhadas; quero ver se pode juntar alguma eguadapara que, pela produção destes gados, se sustente a guarnição, e sobeje,e haja cavalaria para todo o serviço; eu procuro que todos saibamandar a cavalo, que é muito preciso... Como a terra da entrada desterio é baixa, faço tensão levantar na ponta do norte um grande atalaião EFEMéRIDES BRASILEIRAS149de madeira para servir de baliza... E hei de procurar descobrir algummorador que seja pescador e prático da barra para que viva junto dela,e sirva de piloto da barra para as embarcações [...]” Outra carta, de 21de junho, mostra que já tinha estabelecido estâncias e invernadas e quese ocupava de organizar o regimento de dragões, servindo de casco 120que trouxera (pedia 150 ou 200 soldados da Colônia do Sacramento, “jáacostumados a laçar e campear”): “Vossa excelência me pergunta [diziaele] que interesse poderá ter sua majestade deste novo estabelecimento.Ainda eu não posso dar inteira informação, porque todo me entrego asegurar este porto e a sua guarnição; por ora, sempre me parece poderdar mais que quaisquer dos outros até esse rio, por ser capaz a terra dedar admiráveis frutos, poderem se estabelecer curtumes de toda a castade couros e solas, que melhor que em outras partes aqui se curtem,prover-se de muitos gados as terras do norte por se poderem buscara esses campos de Chuí para cá, que dentro de três dias se podemconduzir; de se fazer quantidade de charque, courama e peixe seco, eainda poderem aqui vir comerciar os castelhanos, e introduzirem-noscom muita facilidade os minuanes os cavalos que quisermos. Tambémme asseguram haverem minas nas cabeceiras deste Rio Grande, porémisto se necessita de maior averiguação, e, finalmente, para a conservaçãoda colônia, esta é a única porta de onde se lhe pode introduzir socorro”(carta de 21 de junho de 1737 a Gomes Freire de Andrada). Cumprenotar que, em 1735, uma colônia militar, fundada no Rio Grande emfins do ano precedente, pelo mestre de campo Domingos Fernandes,enviado da Colônia do Sacramento, fora destruída pelo comandanteespanhol Estevan del Castillo, e que, desde o século XVII, os nossospaulistas talavam livremente todo o território ao norte do Jacuí. Em1636 (ver 3 e 25 de dezembro), eles destruíram as missões dos jesuítasespanhóis desde o rio Pardo até o Araricá; em 1637, a de Ibituruna,perto do lugar em que está hoje Cruz Alta; em 1638, depois das vitóriasde Caáro, Caazapá-guazu (ambas as povoações ficavam sobre o Ijuímirim), Caazapá-mini, entre o Ijuí e o Piratini, e San-Nicolás (noPiratini), repeliram os jesuítas e seus índios para a margem direita doUruguai. De 1687 a 1707, voltaram estes e restabeleceram sete missõesperto da margem esquerda. De 1715 a 1718, começaram a formar-se osprimeiros estabelecimentos dos lagunistas, ao norte do Jacuí. Em 1725,já havia a povoação de Santo Antônio da Patrulha. Em 1726, o tenente de OBRAS DO BARÃO DO RIO BRANCO150mestre de campo general Davi Marques Pereira, por ordem do capitãogeneral de São Paulo, foi entender-se com Francisco de Brito Peixoto,capitão-mor da Laguna, para dar calor a povoação do Rio Grande deSão Pedro e fazer com que se adiantasse a dita povoação. No entanto,foi somente à expedição do ilustre general Silva Pais que devemos aposse definitiva do Rio Grande do Sul, isto é, da parte oriental, porquea ocidental, regada pelos afluentes do Uruguai, só foi conquistada naGuerra de 1801. O general Silva Pais esteve ainda por duas vezes noRio Grande, sendo governador de Santa Catarina com jurisdição sobreesse território. O visconde de Santarém cita as seguintes palavras, queencontrou em uma informação de d’Anville sobre o distinto engenheiromilitar Silva Pais, no Arquivo do Ministério dos Negócios Estrangeirosde França (vol. CVI da Corresp. de Portugal, fls. 274): “Este homem,de mérito pouco comum, segundo o que pude julgar por um mapa quehavia desenhado do seu governo até a altura do cabo de Santa Maria,forneceu a um mapa da América Meridional, detalhes particularesque o distinguem. Esse mapa me foi comunicado pelo embaixador dePortugal, dom Luís da Cunha, e dele conservo a cópia” (Santarém,Quadro elementar das relações diplomáticas,VIII).

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