O homem que matou duas crianças em Sorocaba (90 km de São Paulo) estava tentando roubar cerca de R$ 70 para pagar suas contas, aponta investigação da polícia. Wellington Themistocles, 20, matou a facadas a cunhada Maiara Natali da Silva, 8, e a amiga dela Nicoli da Silva Nogueira, 9. Ele confessou o crime nesta quarta-feira (13) e teve a prisão preventiva decretada. De acordo com os policiais da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), ele disse que estava sob o efeito de drogas e que queria o dinheiro para comprar mais entorpecente.Wellington, que não tinha passagem pela polícia, foi apresentado no fim da manhã desta quinta-feira (14) e disse que se arrepende do crime. "Foi por causa da droga, eu não queria matar ninguém", afirmou ele, que é casado com a irmã de Maiara. De acordo com o laudo do Instituto de Criminalística ele esfaqueou a própria cunhada 21 vezes e golpeou Nicoli outras 17.
À polícia, o jovem revelou que soube do dinheiro durante uma reunião familiar. Depois de usar drogas durante toda a noite, ele pegou a chave usada pela mulher e entrou na casa quando a sogra saiu para trabalhar. "Ele foi surpreendido pela menina. Os dois tiveram uma pequena discussão e Wellington esfaqueou a Maiara pelas costas. A amiga veio em defesa e também foi esfaqueada", explica o delegado Acácio Aparecido Leite.
De acordo com a polícia, uma calça suja de sangue foi encontrada próximo à casa onde as duas meninas foram mortas. Dentro do bolso, estavam as chaves da casa de Maiara. A partir daí, os investigadores chegaram até Wellington, dono da peça de roupa.
"Os funcionários do desmanche que ele trabalha disseram que a calça era dele", explica o delegado Acácio Aparecido Leite. Isso confirma a linha de investigação assumida pela DIG.
"Dissimulado"
A polícia acredita que o comportamento de Wellington é “dissimulado”. Ele acompanhou o trabalho da polícia no local do crime, foi ao velório e depois, ao enterro. Ele esteve até mesmo na DIG, enquanto os parentes prestavam depoimento. Durante entrevista à imprensa, ele disse que esperava que a justiça fosse feita, chegando a desejar a morte do assassino. "Ele deveria ter a falsa sensação de que nunca seria pego", afirma o delegado. "Quando falamos sobre a calça, ele confessou o crime.”
O delegado contou que usou o luminol, substância que identifica vestígios de sangue, para refazer o caminho do criminoso. "Ele se lavou no banheiro da casa de Maiara e terminou de se limpara na própria casa", explica. "Havia muitas marcar de sangue, principalmente no tapete da casa dele."
O pai de Nicoli, Sebastião Nogueira, ainda tenta entender tudo o que aconteceu. Atônito, ele lembra que Wellington esteve ao seu lado no dia do crime. "Ele me abraçou, ficou perto, não consigo entender", afirma. "Nem sei o que diria se encontrasse com ele. Acho que não tem o que falar, né? O que ele fez não é coisa de gente", desabafa.
A mãe da menina, Luzineide Ferreira da Silva, lembra que carregou Wellington no colo quando ele ainda era uma criança. "Não posso acreditar que ele tenha feito uma coisa dessas", se espanta.
Wellington será levado para o Centro de Detenção Provisória de Sorocaba, mas a polícia pretende encontrar um outro local para o preso. "O Estado agora é responsável pela integridade dele. Outros presos podem agredi-lo, por isso ele deverá ser encaminhado para um presídio seguro, onde deverá ficar isolado", explica o delegado seccional André Moron.
Wellington será indiciado por duplo homicídio triplamente qualificado. Ele deverá passar por júri popular e está sujeito a uma pena que varia de 12 a 30 anos de prisão para cada morte.