Chegada do então presidente da República João Figueiredo a Sorocaba
28 de setembro de 1979, sexta-feira. Há 45 anos
Depois do caruru gigante de Antônio Carlos Magalhães, nada como uma churrascada à la Maluf: 4 mil quilos de carne de primeira, vinte caixas de tomate, duzentos quilos de arroz, cinco caixas de pepino, duas de pimentão, quatro sacos de cebola e vinte caixas de laranja, mobilizando duzentos churrasqueiros, cozinheiros e garçons para servir os 4 mil convidados que almocação com o presidente Figueiredo hoje em Sorocaba. [1]
A manchete da edição de 27 de setembro de 1979 do Cruzeiro do Sul era a expectativa da chegada do então presidente da República João Figueiredo a Sorocaba no dia seguinte. Um esquema de segurança era montado para a recepção da comitiva, inclusive com um posto de atendimento médico de urgência no Hospital Santa Lucinda. Na agenda do presidente constava a apresentação de um trator movido a gasogênio.O locutor oficial, o mesmo que apresenta a escalação dos times no serviço de som do Pacaembu, ficou desde as 10:00 pedindo que o povo se aproximasse das escadarias da Faculdade de Filosofia e Letras de Sorocaba.Mas não teve muito sucesso: ás 11:30 quando um pelotão de motociclistas e o pipocar de rojões anunciou a chegada de Figueiredo e Malud, havia pouco mais de mil pessoas para recepcioná-los, incluindo ai os funcionários do governo itinerante, seis fanfarras, os gerentes do Banespa e da Caixa Econômica Estadual da região, prefeitos, jornalistas e agentes de segurança da PM, do DOPS e da Presidência da República.Em todo caso, a organização do palco foi perfeita: nao se dava um passo nas imediações da faculdade sem dar de cara com os cartazes de Figueiredo e Maluf sorridentes, sob os dizeres: "Juntos, trilhando novos caminhos"; centenas de faixas espalhadas pela cidade; várias bandas de música; audiovisuais e sofisticados painéis da CESP, da SABESP e do DAEE.Havia até dois prefeitos do MDB que nem são região (Joaquim Bevilacqua, de São José dos Campos, e Lincoln Grillo, de Santo André) e os galaxies dos prefeitos lotaram três quarteirões em volta da escola."Salves o Paulo, líder paulista e salves o João, líder do Brasil"Houve guerra de fanfarras e faixas trazidas pelas cidades vizinhas. Ganhou Arealva nas faixas com estes dois exemplares: "Arealva está com Deus, Figueiredo e Maluf" e "Salve o Brasil Gigante, cheio de riquezas, mil/Salve o Paulo líder paulista/Salves o João líder do Brasil".Entre as fanfarras deu empate, mesmo porque todas figuras tocando ao mesmo tempo, durante quase duas horas seguidas, sob um calor de 34 graus.De Cerquilho, vieram oito estudantes da Escola Presidente Artur Bernardes, trazidos numa perua da prefeitura. Perguntei a Odair Luiz Banzatto Junior, 17 anos, que estava segurando uma faixa de saudação a Maluf e Fogueiredo, o que ele achaba dos dois."Olha, nem sei falar o que eu acho", disse ele, explicando-se que é filho do gerente do Banespa de Cerquilho. Os gerentes do Banespa e da Caixa da 4a. Região Administrativa (59 municípios) podiam ser identificados por seus crachás brancos; os agentes secretos da PM pelos seus distintivos de lapela com a bandeira de treze listras;http://memoria.bn.br/pdf/194018/per194018_1979_00030.pdf