D. Pedro dissolveu o governo da província de São Paulo
18 de agosto de 1822, domingo. Há 202 anos
Em Lorena, D. Pedro fez o quinto pouso de sua viagem e, provavelmenteseguro das forças que o sustentavam, participou suas primeiras decisões de governo, desdeiniciada a viagem, através de seu ministro especial, Saldanha da Gama. Assim, foi expedida aanulação do termo de Vereação Extraordinária das Câmaras das Vilas de Sorocaba e de Itu,respectivamente de 25 de junho e 4 de agosto de 1822, uma vez que o Príncipe considerou queas causas que deram origem àquelas vereações estavam extintas. Pelo termo, as “vilascoligadas”, ao buscarem uma estratégia para se declararem isentas de (...) obediência à Juntaprovincial, reconheciam como legítima a intervenção do governo do Rio de Janeiro que, pordecreto de 25 de junho, havia cassado o Governo Provisório e determinado a preparação denovo processo eleitoral para a Província. Assim, as vilas de Itu e Sorocaba deveriamsubmeter-se à autoridade do Príncipe, porque a consideraram legítima para derrubar o governo“bernardista”, sob pena de se tornarem, também, “rebeladas”, o que não lhes interessava, umavez que produtores da região ambicionavam preservar o acesso ao mercado da Corte, o que sóseria facilitado reconhecendo-se a autoridade de D. Pedro.Agravava a situação, o apoio de gente do Vale do Paraíba, que poderia seconstituir em fornecedores exclusivos do Rio de Janeiro, afastando concorrentes. Portanto,S.A.R., na condição deChefe do poder executivo do Reino do Brasil, ordenou que a dita Câmara sedirija a Sua Real Pessoa diretamente em tudo, que houver mister a bem doServiço Nacional, enquanto o novo Governo de toda a Província não existirformado (quer S.A Real exista, ou não nesta) do modo que o Mesmo SenhorHouver por bem Mandar, com o qual logo que assim organizado esteja(...).
D. Pedro assumia o exercício do poder executivo e procurava impor suaautoridade, sem hostilizar as atitudes da Vila de Itu e coligadas, mas, também, sem conceder aelas qualquer iniciativa política autônoma.Pela primeira vez, D. Pedro se auto-referia como chefe do Poder Executivo,condição que vinha perseguindo e que a viagem a São Paulo buscava construir em bases maisconcretas. [DE ALTEZA REAL A IMPERADOR: O Governo do Príncipe D. Pedro, de abril de 1821 a outubro de 1822, 2006. Vera Lúcia Nagib Bittencourt. Páginas 343 e 344
chegou a Lorena, onde por decreto dissolveu o governo provisório, assumindo efetivamente o governo da Província de São Paulo.