' Luis de Céspedes chega ao Rio de Janeiro - 04/02/1628 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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Luis de Céspedes chega ao Rio de Janeiro
4 de fevereiro de 1628, sexta-feira. Há 396 anos
 Fontes (2)
Chega ao Rio de Janeiro, onde faz amizade com os Correa de Sá e se casa com D. Vitória de Sá (quatro meses e quatro dias de estadia).

D. Vitória de Sá, opulenta senhora da família de Salvador Correia de Sá, filha de Gonçalo Correia de Sá e sobrinha do governador Mem de Sá. []

1° de 2 fonte(s) [27029]
Articulando escalas: Cartografia e conhecimento geográfico da bacia platina (1515-1628), 2018. Tiago Bonato, Universidade Federal do Paraná
Data: 2018, ver ano (187 registros)

Na véspera da partida, Martim de Sá e seu filho, Salvador, sugerem que Céspedes deveria casar-se com Dona Vitória de Sá, irmã de Martim e tia de Salvador e “o arruinado fidalgo só podia aceitar contente esta oferta de casamento com uma herdeira bela e rica que, além de sua alta jerarquia e nascimento, recomendava-se por um dote de 40.000 ducados em caixa, além de grandes plantações de cana de açúcar e extensas propriedades territoriais”439. Em sua correspondência, o próprio Céspedes relata sobre a proposta inesperada:

Se ofrecio que estos señores aficionados de mi justo agradecimiento tuvieron por bien de estimar mi persona para (...) esposso de una hija de el capitan gonçalo correa de sa sobrina del governador y poblador que fue desta tierra y assi teniendome por feliz y estimado tan buena suerte acepte el favor por pagar no resistiendo a su gusto las mercedes que tenia recebidas si bien tengo por cierto haver sido milagroso este matrimonio pues haviendo tenido impedimentos tan forçossos y passado los trabajos que tendo escritos (...) quiso nuestro señor premiar la paciencia con que los he ofrecido a su divina magestad dandome por compañera una señora tan principal como hermosa y virtuossa440.

Do ponto de vista dos Sá, os interesses no casamento eram visíveis. José Vilardaga, ao estudar as conexões entre o mundo paulista e o paraguaio concorda que o matrimônio consolidava “as redes de contatos desta influente família fluminense”, que já detinha relações, aliados e privilégios em Angola, Buenos Aires e São Paulo. A união feita com Céspedes fazia com que a ponta paraguaia e de Tucumã fosse amarrada, fechando assim “sua inserção no amplo circuito de contrabando, das trocas no mercado regional platino e vicentino, dos engenhos de açúcar, do ouro paulista, do fornecimento de escravos negros e do apresamento de cativos indígenas. Um empreendimento diversificado e articulado”.441

Além do inesperado casamento, Céspedes recebeu ampla ajuda no Rio de Janeiro:

Viendo esto y el no haver como tengo dicho otra embarcacion fue de parecer el governador Martin de sa que me fuese por tierra determineme de seguir su consejo diome todo lo necesario para mi avio canoas negros e infinitos regalos pero el mayor y de mas estima fue a su hermano el capitan goncalo correa de sá para que fuese haciendome merced todo el camino y allanar las dificuldades del”442 [Páginas 213 e 214]


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2° de 2 fonte(s) [27599]
De São Vicente a Jacarepaguá: uma genealogia de mulheres tupiniquim e a itinerância da cerâmica paulista, 2022. Sílvia Peixoto, Francisco Noelli e Marianne Sallum
Data: 2022, ver ano (261 registros)

Ainda não temos dados seriados sobre a demografia de pessoas livres e escravizadas indígenas e africanas, mas encontramos duas informações pontuais no período 1594-1667. A primeira é de 1628, no documento de transferência da posse do Camorim para Victória, que relata 40 “pessoas entre de Guiné e da terra” escravizadas no engenho (RUDGE, 1983, p. 36).

A mesma fonte referiu que “haviam de entrar dois negros do gentio da Guiné, um ferreiro e outro oleiro e assim mais entrarão na dita conta três moços, um carpinteiro e dois serradores do gentio da terra”, pessoas que o documento não define se eram escravizadas ou livres (RUDGE, op. cit. loc. cit.), mas o oleiro certamente era especialista na produção de cerâmica do açúcar, treinado com técnicas portuguesas.

O documento foi elaborado no casamento de Victória com Luis de Céspedes y Xéria, governador do Paraguai (1628-1633), união estratégica para futuros investimentos no patrimônio dos Sá e mais um reforço na relação com os paulistas. Céspedes foi exercer a sua governança no Paraguai, mas terminou acusado com um processo que o afastou do cargo em 1633, por enviar escravos para o seu engenho e permitir o trânsito dos “de São Paulo” em territórios que os colonos espanhóis consideravam do seu rei.

O resultado das relações parentais com São Paulo continuava firme em 1631, referidas no processo contra Luis Céspedes, relatando que ele despachou por Buenos Aires com “unos parientes de su mujer, que havian entrado por San Pablo, cantidad de plata labrada” (URQUIZA, 1951, p. 414). Um desses parentes era Calisto da Mota, irmão de Vasco da Mota referido acima, ambos primos de Victória em primeiro grau, filhos da irmã de Esperança, Luísa Machado, com Atanásio da Mota (FRANCO, 1954, p. 261-262), citado como “Calisto de la Mota… el qual es pariente de la muger del dicho gobernador y vino al Paraguay con la dicha governadora” (op. cit., p. 413). Eles foram citados no processo em que Luis de Céspedes é acusado de “trato y conçierto con los Portugueses de q le pusiesen 600 yndios en su ingenio” (op. cit., p. 414).

Apesar disso, ainda não encontramos provas da chegada dessas centenas de pessoas no engenho, mas ao encontrar relações parentais de Victória com os Mota, pelo lado paterno, abrimos um caminho para futuramente rastrear a mobilidade de escravizados pelos “bandeirantes” desde o Guairá até São Paulo e o Rio de Janeiro. [Páginas 342 e 343]


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