Crime aconteceu há 17 anos e até agora ninguém foi responsabilizado. Caso ganhou repercussão nacional e até mesmo mundial, dizem familiares.
Apesar de já terem se passado 17 anos do crime que chocou os moradores de Estância Velha, no Vale do Sinos, no Rio Grande do Sul, a família do agricultor que teve os olhos roubados durante um sequestro segue pedindo punição aos culpados.
A história ainda é um mistério para a polícia até hoje. A morte da vítima, Olívio Correa, há dois anos, dificultou ainda mais a busca pela solução para o caso, como mostra a reportagem do Teledomingo.
Segundo relato dos familiares, o agricultor saiu de casa para ir ao açougue e foi encontrado no dia seguinte, vivo, mas sem os dois olhos, nas proximidades de um riacho.
Seu Olívio contou ao filho que havia sido levado por dois homens em um carro. "Eles ofereceram carona para ele.
Quando embarcou no auto, eles andaram 500 metros e disseram: "não queremos nada mais do que os seus olhos. Isso tudo ele ainda falou em vida para a gente", detalha Luis Carlos Correa, filho do agricultor.
"Recentemente, esse caso chegou a 99% de conclusão. Eles tentaram afastar dois delegados para dar um basta, tapar a areia com a peneira. Nós estamos querendo justiça. A palavra é justiça", diz Luis Carlos.
Na época do crime, em novembro de 1995, seu Olívio foi levado para o Banco de Olhos de Porto Alegre. O oftalmologista Paulo Ricardo de Oliveira afirma que não acreditou no que viu.
"Me deixou bastante triste e desconcertado por ter que deparar com uma situação tão agressiva de um paciente que chega pra você dessa forma", lamenta.
O delegado Luis Fernando Tubino também lembra da repercussão que o caso ganhou. "Na época o chefe de polícia pediu que eu atendesse a imprensa porque houve uma corrida de repórteres de todo o Brasil e até do mundo.
Apareceram pessoas ligadas a ovnis para acompanhar de perto pra se não era coisa de outro mundo", recorda. Tubino acrescenta que algumas regiões da cidade eram utilizadas para rituais macabros.
"Durante a investigação encontramos caixões, crânios humanos. Tudo na estrada que ele havia sumido", diz.
À época, a polícia trabalhou com duas hipóteses: a primeira era de que os olhos do agricultor tivessem sido usados num ritual de magia negra.
Ou então um possível envolvimento de pessoas influentes na cidade que participavam de uma seita. Um suspeito chegou a ser preso, mas foi liberado. Alguns delegados e até promotores de Justiça foram afastados do caso.
"A interferência política me frustrou de pelo menos buscar as quatro ou cinco hipóteses que seriam possíveis para aquele fato. Fica a frustração? Ficam duvidas? Ficam. E essas dúvidas são repassadas em situações futuras", lamenta o delegado Tubino.
Na conclusão do inquérito, a polícia afirmou que o agricultor estava alcoolizado e se feriu ao cair sobre uma cerca de arames farpados. Porém, o delegado Luiz Fernando Tubino não acredita neste desfecho. "Na verdade não existe crime perfeito, existe crime mal investigado".