1 Manuel Francisco dos Santos – mais conhecido como Garrincha – era um homem de muitos apelidos. O apelido Garrincha foi dado por uma das irmãs do jogador e é o nome de um passarinho muito comum na região onde ele nasceu.
O jogador também era chamado de “Alegria do Povo”, por encantar os estádios pelo Brasil com seus dribles desconcertantes. Seu epitáfio diz: “Aqui descansa em paz aquele que foi a alegria do povo”.
2 A estreia de Garrincha pelo time profissional do Botafogo foi em 19 de julho de 1953. Na época, o Glorioso não vivia boa fase e perdia, em casa, para o Bonsucesso por 2×1.
Foi marcado um pênalti para o Botafogo e nenhum dos jogadores mais experientes – entre eles, Nilton Santos – se apresentou para bater.
O novato Garrincha não teve vergonha, pegou a bola e converteu o pênalti. A partida terminou com a vitória do Botafogo por 6×3 e três gols do eterno camisa 7.
3 Garrincha sofria de uma distrofia física: as pernas tortas. Sua perna direita era seis centímetros mais curta que a esquerda e também flexionada para o lado esquerdo, enquanto sua canhota também apresentava o mesmo desenho.
Ou seja, as duas pernas do jogador eram tortas para o lado esquerdo – e Garrincha era destro. Mesmo com essa deficiência, Mané se tornou um dos maiores dribladores a jogar uma Copa do Mundo e, por isso, foi apelidado de “Anjo das Pernas Tortas”.
4 Em seu primeiro treino no Botafogo, Garrincha se mostrou extremamente abusado, dando vários dribles em ninguém mais, ninguém menos que Nilton Santos – um dos principais jogadores do país.
A humilhação foi tanta, que a Enciclopédia chegou a implorar a Didi, outro craque do Glorioso, para que pedisse a Garrincha para parar com os dribles.
5 Garrincha foi responsável pela “invenção” do grito de “olé”. Em 1957, no México, o Botafogo jogou um amistoso contra o River Plate. Quem sofreu durante a partida foi o zagueiro Vairo.
João Saldanha, técnico do Alvinegro na época, relatou o caso em seu livro “Histórias do Futebol”: “Toda vez que Mané parava na frente de Vairo, os espectadores mantinham-se no mais profundo silêncio.
Quando Mané dava aquele seu famoso drible e deixava Vairo no chão, um coro de cem mil pessoas exclamava: ‘Ô ô ô ô ô ô-lê!’”
6 Garrincha iniciou a Copa do Mundo de 1958 no banco de reservas. O Brasil chegou no terceiro jogo, contra a URSS, precisando da vitória para se classificar para a próxima fase.
Para a partida, o técnico Vicente Feola decidiu mexer na escalação, colocando na equipe Pelé e Garrincha pela primeira vez.
A orientação para o meia Didi foi de lançar a primeira bola do jogo para Garrincha. E não deu outra. Em apenas três minutos, Garrincha driblou dois e acertou a trave do temido Lev Yashin.
Pelé também acertou a trave, enquanto Vavá conseguiu balançar as redes. 1×0 para o Brasil, em que o jornalista Gabriel Hanot definiu como “os três melhores minutos da história do futebol”.
7 A Copa de 1962 foi a Copa de Garrincha. Pelé se machucou logo no segundo jogo e Garrincha assumiu a responsabilidade de comandar o Brasil rumo ao bicampeonato.
Aliás, as comparações com Pelé o acompanharam basicamente durante toda a carreira. O craque, contudo, minimizava:
“O Pelé era o homem-gol, eu sempre fui o homem que preparava as jogadas. Ele é o rei do futebol, eu fico no segundo plano e estou feliz com isso”. Com os dois em campo a Seleção Brasileira nunca perdeu.
8 Garrincha foi o responsável por consagrar a “camisa 7” no Botafogo. Desde então, a camisa sempre foi reservada ao jogador considerado de maior qualidade do time.
Além de Garrinha, Jairzinho, o Furacão da Copa de 70, também vestiu a 7. Em 1989, Maurício marcou o gol que deu ao Botafogo o título Carioca após 21 anos na seca.
O número da camisa dele? Sete! O último grande jogador alvinegro a vestir a 7 foi Túlio Maravilha, artilheiro da campanha do Botafogo na conquista do título Brasileiro em 1995.
9 Em Magé (RJ), cidade natal de Garrincha, o dia 28 de outubro é feriado municipal. Este também é o dia que o Anjo das Pernas Tortas teria nascido.
Isso mesmo, “teria”. Até hoje, não se sabe ao certo quando o craque nasceu. De acordo com Ruy Castro, especialista na vida do jogador, o pai de Garrincha teria feito o registro da criança com atraso e de forma errada, afirmando que seu filho nascera no dia 18 de outubro, e não no dia 28. O Botafogo, por exemplo, celebra o aniversário do grande ídolo no dia 18.
10 Durante toda sua vida, Garrincha teve problemas com o consumo excessivo de álcool. O vício acabou encurtando não só sua carreira, mas também sua vida. A Alegria do Povo faleceu no dia 20 de janeiro, por consequência de uma cirrose hepática, aos 49 anos.
Apesar das conquistas e de ter encantado o mundo com seu talento, Garrincha foi derrotado pelo alcoolismo e deixou saudades.
Seu nome, por muitas vezes, é ignorado nas listas de grandes jogadores do futebol mundial. Mas, na história da Seleção Brasileira e do Botafogo, Mané Garrincha está eternizado.