Deixou, ainda, referendada em seus testamentos, a observação de que fossem rezadasmissas, todos os dias, pelas “almas delles instituidores, & por todos os seus ascendentes, &descendentes”, de obrigação de quatro Capelães residentes perpétuos do dito Morgado. E,expressou o desejo de que “a festa principal da Senhora fosse todos os annos em 2.de julho nodia da Visitaçam de nossa Senhora”. Além destas referências, cumpre ainda destacar que, nodia da festa, “além da armação da Ermida, se poem nella as bandeiras, que D.Gastão Coutinhoganhou assim aos Galegos na Provincia de entre Douro, & Minho; como em Tangere aosMouros”281. Com todo o aparato, acreditamos, a festa cumpriria a função de eternizar os feitosdeste nobre restaurador na história da comunidade, na história da imagem milagrosa, dadevoção mariana e na do reino restaurado.No interior do Castelo de Vila Viçosa, encontra-se o Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, também conhecido como Solar da Padroeira que, segundo a tradição, foi fundado por D. Nuno Álvares Cabral, após a vitória na Batalha de Aljubarrota, em 1385. A belíssima imagem de Nossa Senhora da Conceição, em pedra de ançã, que se encontra no altar-mor, foi proclamada Padroeira de Portugal por D. João IV, em 25 de Março de 1646. O interior da Igreja é muito bonito com os altares em talha dourada e as paredes revestidas de azulejos.Sem descendentes diretos,foi na instituição do morgadio da imagem milagrosa, de responsabilidade de seu sobrinho,provavelmente outro grande beneficiado do testamento, que se associou a vida do nobrefidalgo com a causa da Restauração, através deste elo de ligação, em que se constituiu adevoção mariana. Tal como as festas em memória da Restauração promovidas por D.João IV,D.Gastão Coutinho deixou instruções específicas de que as cerimônias festivas da Virgem doRosário da Restauração ocorressem em data definida (dia da Visitação da Senhora) econtassem com os estandartes dos inimigos vencidos em nome do rei, com o apoio da VirgemMaria, representada na sua imagem de particular devoção. Uma vez que todas asdenominações da Virgem correspondem a características da memória da vida da Senhora oudas posteriores intervenções miraculosas junto aos devotos, sendo a mesma Santa Mariacultuada, por exemplo, no altar da Capela de Vila Viçosa (denominada a ImaculadaConceição) ou na ermida da quinta do Grillo (Nossa Senhora do Rosário), encontramos umtraço marcante na narrativa: ao dotar a festa da imagem milagrosa com as insígniasparticulares de sua vida de combatente da causa portuguesa, D.Gastão Coutinho e a famíliaCamara & Atayde se inserem no ambiente de agradecimento coletivo criado com a devoçãorégia e pública assumida por D.João IV à Virgem, confirmada em 1646 com a aclamaçãocomo padroeira.
1° de fonte(s) [k-921] A RESTAURAÇÃO PRODIGIOSA DE PORTUGAL. 1640-1668 JOÃO ANDRÉ DE ARAÚJO FARIA* Data: 1 de agosto de 2010, ver ano (130 registros)
Deixou, ainda, referendada em seus testamentos, a observação de que fossem rezadas missas, todos os dias, pelas “almas delles instituidores, & por todos os seus ascendentes, & descendentes”, de obrigação de quatro Capelães residentes perpétuo do dito Morgado. E, expressou o desejo de que “a festa principal da Senhora fosse todos os annos em 2.de julho no dia da Visitaçam de nossa Senhora”. Além destas referências, cumpre ainda destacar que, no dia da festa, “além da armação da Ermida, se poem nella as bandeiras, que D.Gastão Coutinho ganhou assim aos Galegos na Provincia de entre Douro, & Minho; como em Tangere aos Mouros”. Com todo o aparato, acreditamos, a festa cumpriria a função de eternizar os feitos deste nobre restaurador na história da comunidade, na história da imagem milagrosa, da devoção mariana e na do reino restaurado.