Proibido ir para o Paraguay "não façam fundição nenhuma de nenhum metal"
8 de janeiro de 1556, domingo. Há 468 anos
As providencias da Metropole não se fizeram esperar, pois o governador-geral d. Duarte da Costa, em regimento de 8 de janeiro de 1556, dado ao capitão-mór. de São Vicente, determinava: - "não consentireis que nenhum portuguez nem castelhano vão pelo campo para o Paraguay, nem outra alguma povoação dos castelhanos e se fôr caso que algum castelhano venha por terra dalguma de suas povoações a esta capitania, vós o fareis logo embarcar no primeiro navio que dahi fôr para qualquer parte, ainda que seja para estas capitanias do Brasil e ás pessôas que forem pelo campo avisareis e mandareis com todas as penas que vos parecerem necessárias, que não façam fundição nenhuma de nenhum metal até vos não vir recado de Sua Alteza ou vos eu mandar o que haveis de fazer nisso e tereis toda vigilância necessária e se fôr caso que se ache alguma cousa de pedraria ou ouro ou outra cousa nova, que pareça necessário mandar-se a Sua Alteza, vós ma mandareis logo a esta Bahia com muita presteza e não me achando aqui se dará recado a quem eu deixar em meu lugar." [Atas da Câmara de Santo André. Página 36]
Merecem as posturas relativos ao ofício de ferreiro acurada atenção ás Câmaras quinhentistas, o que vem se compreende, tratando-se de assunto interessando diretamente a civilização mais do que qualquer outro, esse do trabalho dos metais.Uma das grandes fontes de renda desses artificies era a confecção de caixas de marmelada, que se vendiam a trinta réis: a sacaria da época, pois n marmelada, residia o principal artigo da exportação paulista antecessora primeva do café.Não se deve esperar que as "Actas" se refiram ao exato cumprimento das posturas e regimento dos ofícios. No Brasil quinhentista a dóse de tolerância precisava ter alentadas proporções.
Não dizem as "Actas" como acabou o incidente. Com certeza continuou o Tubalcaim e exorbitar e a blasonar sem que ninguém lhe pusesse cobro aos abusos e desaforos. Era uma avis rara que não podia molestar. Que sucederia á vila se acaso se visse privada do seu único ferreiro? Dava-se provavelmente o mesmo em relação aos demais mestres de ofícios, homens tratados com o maior carinho por indispensáveis e, sobretudo, insubstituíveis. [“S. Paulo nos primeiros anos: 1554-1601”, 1920. Affonso d´Escraqnolle Taunay (1876-1958). Páginas 132, 133 e 134]