O triste destino de D. Francisco de Souza, fundador do Itavuvu e 7° Governador-Geral do Brasil
10 de junho de 1611, sexta-feira. Há 413 anos
Fontes (24)
Sigo os "passos" do mestre Historiador Adolfo Frioli! Estima ele que em abril de 1611 d. Francisco de Sousa, após a mudança do povoamento, elevou o novo local com o nome de vila de São Filipe, em referência provável à administração hispano-portuguesa dos Reis Filipes, no período da União Ibérica das coroas. [24535]
Entre 5 e 12 de junho este ano, d. Francisco de Sousa faleceu. O mestre de Frioli, Luís Castanho de Almeida (1904-1981), destaca que Entre 1611 e 1654, tudo é silêncio [9049]. Mas seu falecimento ter-se-ia dado na vila de São Paulo ou no sertão?
“As dúvidas e a falta de pesquisas nos arquivos, nos colocaram "em choque" com os tradicionalistas que preferem continuar com as lendas, do que procurar o que realmente aconteceu naquele período de transição luso-hespanhola-luso de 1580 a 1640. Parabéns pelas pesquisas e divulgações de seus trabalhos, que tomo a liberdade de compartilhar. Cada vez melhor e sempre dinâmico nesse trabalho árduo de mostrar a verdade verdadeira.” [28141]
As Atas se calam. Por elas sequer sabemos quando exatamente ele morreu. E não sabemos, ainda hoje, onde foi enterrado. Por aproximação, estima-se que tenha morrido entre 10 e 11 de junho de 1611, em meio a uma epidemia que atingia a vila. Ou seja, não sabemos bem quando, nem onde e muito menos de quê morrera o governador.
As versões dão conta mais das ansiedades de cada um do que de uma informação legítima. Até mesmo nas versões de sua morte o governador foi apresentado de diversas maneiras. E talvez essa série de versões nos ajude a revelar um pouco mais do que foi a história da região nas décadas posteriores: uma disputa acirrada por hegemonia e pelos despojos do governador, com alianças instáveis, conexões interrompidas e a eclosão de grupos e facções em confronto. [24461]
Quase que imediatamente a morte de D. Francisco de Souza, Antonio de Añasco, comunicava, com pesar, o falecimento de D. Francisco, dando como motivo o desgosto pela falsa notícia da morte do filho D. Antonio, colhido por piratas argelinos, em alto mar, enquanto levava presentes de ouro a El-Rei. Curioso como Añasco praticamente chegou às portas da vila de São Paulo, justo na região das minas de Montesserrate e Araçoiaba. [20284]
Um ano antes o governador havia enviado a Madrid um de seus filhos, Antônio de Sousa, com dois regalos para d. Filipe II: uma espada e uma cruz forjadas com o pouco ouro das minas de São Paulo. [27894]
No Libro de los sucessos del ano de 1624, alocado na BNE (MSS2355), fala-do mineiro alemão que teria sido assassinado a mando dos jesuítas, que temiam que a notícia da riqueza aumentasse a servidão dos gentios.
Conforme o manuscrito, o mineiro descobrira que poderia retirar “tan gran pedazo de oro como el cavallo en que estava”, e tal noticia alarmara tanto os padres, que, na mesma noite, o mineiro foi encontrado morto. Menciona ainda que os jesuítas tiravam ouro de São Paulo e o enviavam ao Duque de Bragança, para financiar a revolta. O documento é do reinado de Felipe IV, já que nele se fala da prata que nunca foi retirada do Brasil no tempo de Felipe III, “ni en el de su majestade”. [20623]
Em 1627, Frei Vicente do Salvador, contemporâneo de D. Francisco de Sousa e que bastante estimava-o, a esse tempo se achava na Bahia. Em sua História do Brasil, a par das benignas qualidades de d.Francisco, conservava sempre toda a sua autoridade e respeito, e “assim foi o mais benquisto Governador, que houve no Brasil, junto com ser o mais respeitado e venerado”:
"... com uma enfermidade grande que teve na vila de São Paulo, da qual morreu (o governador), estando tão pobre que me afirmou um padre da Companhia que se achava com ele a sua morte, que nem uma vela tinha para lhe meterem na mão, si a não mandara levar do seu convento; mas quereria Deus alumia-lo em aquele tenebroso transe, por outras muitas que havia levado deante, de muitas esmolas e obras de piedade que sempre fez." [12857][24528]
Uma dos depoimentos mais confiáveis foi prestado por Salvador Correia de Sá e Benevides, em 3 de Maio de 1677. Segundo Luis Castanho de Almeida, "Salvador Correia, a quem se deve a oficialização dos esforços anteriores, tem retrato verdadeiro, mas não se pode reduzir a um esquema único o motivo da fundação de Sorocaba". [9049]
Sérgio Coelho de Oliveira destaca, em “Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?”:
Como se fosse coisa de Deus, a oportunidade de se fazer o pedido surgiu "de bandeja", com a visita do capitão Salvador Correa da Sá Ybenavid (e Benavides), governador da Repartição Sul, a que pertencia a São Paulo. Na versão mais correta, ele esteve fugindo de problemas que enfrentaria com os moradores do Rio de Janeiro, sede do governo da Repartição Sul.
Salvador, uma das pessoas mais influentes do Brasil da época, era muito amigos dos Fernandes, desde os tempos do Paraguay. Balthazar não teve dúvidas, encilhou o cavalo e seguiu para São Paulo, levando consigo um pedido para elevação de Sorocaba à Vila. [21228]
Salvador relatou que quando este, sendo ele conselheiro de 12 para 13 annos, passara ao Brasil, aonde particularmente em S. Paulo, acompanhando o pai e o avó, que estiveram perto de cinco anos, fazendo differentes fundições, e em todas ellas achando metais não conhecidos, porque parecia ferro ou cobre, e nem um destes dois gêneros era. Deu notícias da morte do tal mineiro alemão que andava com Francisco de Souza e dos boatos de que se fundia ouro do tamanho da “cabeça de um cavalo”.
Também relatório do governador Antonio Paes de Sande (1622-1695), registrado em 31 de Maio de 1692, indicando a el-rei as causas do malogro das pesquisas de minas nas Capitanias do Sul, escrito em 31/05/1692. Expõe esse documento que os paulistas se orgulhavam de ter conquistado para si um território extenso, que eles mesmos governavam.
Temiam sobremodo que os representantes da Coroa viessem a saber das riquezas da Capitania - pois tal seria o mesmo que arrancar-lhes das mães o que eles entendiam mui justamente pertencer-lhes.
Consoante esse pensamento, escrevia o governador do Rio de Janeiro:
"... Evidente prova é deste receio o sucesso que teve d. Francisco de Sousa, quando foi áquela Capitania, pois acompanhando os paulistas o mineiros que mandou á serra de Sabarabossú, para saberem a parte donde ela ocultava as minas, depois de achadas, de que se fez aviso ao dito d. Francisco de Sousa, e tiradas muitas cargas de pedra, que o mineiro trazia com grande contentamento, ponderando eles a mesma sujeição, que agora temem seus netos, mataram no caminho ao mineiro, e esconderam as pedras, disseram a d. Francisco que morrera no caminho, e se enganava no que havia escrito a s.s., de que resultou morrer o dito d. Francisco de Sousa em breves dias, e se perpetuar na suspensão, daquelas minas a tradição de as haver muito ricas, e ainda ha poucos anos algumas pessoas que existiam na vila de São Paulo davam notícia da prata que se fundiu das cargas de pedra, que se encobriram, das quais tinha uma Fernão de Camargo e eram suissos os filhos do ourives que fez a fundição." [20897]
Dicionário de bandeirantes e sertanistas do Brasil - séculos XVI - XVII - XVIII
2° de 24 fonte(s) [20623] “Libro de los sucessos del ano de 1624” Data: 1624, ver ano (69 registros)
Regimento surgiu depois das notícias da morte do tal mineiro alemão que andava com Francisco de Souza e dos boatos de que se fundia ouro do tamanho da “cabeça de um cavalo”.
Estes regimentos só reforçam as expectativas e os investimentos feitos em torno das supostas minas. Segundo nos diz Taunay, baseado numa consulta de Salvador Correia de Sá e Benevides realizada pelo Conselho Ultramarino em 1677, o regimento de 1603 teria surgido em função das várias dúvidas existentes em relação às minas, em especial, depois das notícias da morte do tal mineiro alemão que andava com Francisco de Souza e dos boatos de que se fundia ouro do tamanho da “cabeça de um cavalo”.
Esta história do ouro do tamanho de uma cabeça de cavalo aparece em outro documento. No Libro de los sucessos del ano de 1624, alocado na BNE (MSS2355), fala-se deste mineiro alemão, só que teria sido assassinado a mando dos jesuítas, que temiam que a notícia da riqueza aumentasse a servidão dos gentios.
Conforme o manuscrito, o mineiro descobrira que poderia retirar “tan gran pedazo de oro como el cavallo en que estava”, e tal noticia alarmara tanto os padres, que, na mesma noite, o mineiro foi encontrado morto.
Apesar de o livro referenciar o ano de 1624, o documento é posterior a 1640, já que dá conta da Restauração(rebelión, conforme seu texto) que parecia ter ocorrido há pouco, e da expulsão dos jesuítas da vila, porque, segundo o manuscrito, não respeitavam os direitos dos moradores.
Menciona ainda que os jesuítas tiravam ouro de São Paulo e o enviavam ao Duque de Bragança, para financiar a revolta. O documento é do reinado de Felipe IV, já que nele se fala da prata que nunca foi retirada do Brasil no tempo de Felipe III, “ni en el de su majestade”.
7° de 24 fonte(s) [26478] Relatório de Antonio Paes Sande (1622-1695) Data: 1698, ver ano (30 registros)
Evidente prova é deste receio o sucesso que teve D. Francisco de Souza, quando foi aquela Capitania, pois acompanhando os Paulistas ao mineiro que mandou á serra de Sabarabussú, para saberem a parte donde ela ocultava as minas, depois de achadas, de que se fez aviso ao dito D. Francisco, e tiradas muitas cargas de pedra, que o mineiro trazia com grande contentamento, ponderando eles a mesma escravidão, que agora temem seus netos, mataram no caminho ao mineiro, e esconderam a pedra, disseram a D. Francisco que morrera no caminho, e se enganava no que havia escrito a S. Senhoria, de que resultou morrer o dito D. Francisco em breves dias e se perpetuar a suspensão daquelas minas, a tradição de haver muito ricas, e ainda há poucos anos algumas pessoas que existiam na Villa de S. Paulo davam notícia da prata que se fundio das cargas de pedra " [Páginas 197, 198 e 199]
9° de 24 fonte(s) [27829] Apontamentos Históricos, Topográficos e Descritivos da Cidade de Paranaguá, 1863. Demetrio Acacio Fernandes da Cruz Data: 1863, ver ano (60 registros)
De feito, empreendendo a viagem conseguiu a descoberta das minas de Jaraguape na vila de São Paulo em terras, que foram do Conselheiro da fazenda Antonio José da Franca e Horta e mais as de Varasoiaba no distrito de Sorocaba, e as que pertenceram á fábrica de ferro: ai morreu ele depois de ter superado tantos trabalhos e fadigas sem ter conseguido o título de Marques, que constituía o alvo de todas as suas ambições.
11° de 24 fonte(s) [27821] Anais do Museu Paulista, Tomo I, 2ª Parte, 1922 Data: 1922, ver ano (75 registros)
Ainda em 1611, morria, na vila de São Paulo, o governador Francisco de Souza e seu filho, Luis de Souza, herdava o governo. Este emitiu uma comissão para que os caciques do Guairá, que quisessem ir a São Paulo aldear-se com seus parentes ou trabalhar nas minas, fossem autorizados a seguir o capitão Pedro Vaz de Barros,enviado à região. Pedro Vaz e Antonio de Añasco se encontraram em Itanguá-Mirim,próxima à atual Sorocaba, depois que o tenente guairenho seguiu os índios e seus caciques, que atenderam à comissão e migraram em massa a São Paulo.
Curioso como Añasco praticamente chegou às portas da vila de São Paulo, justo na região das minas de Montesserrate e Araçoiaba. O tenente, que já devia conhecer Pedro Vaz, senão pessoalmente, de nome (pois, em 1603, quando enviou os quatro soldados a São Paulo, Pedro Vaz era capitão da vila), endereçou uma carta ao governador Diego Negrón em que relatava o encontro.
Nela, comunicava, com pesar, o falecimento de D. Francisco, dando como motivo o desgosto pela morte do filho D. Antonio, e também contava como havia seguido os caciques e suas tribos até as proximidades com São Paulo. Segundo Añasco, Pedro Vaz dizia que fora buscar os caciques com ordem dos padres jesuítas de São Paulo, mas diante da força de seus argumentos, sem, contudo, precisá-los, o capitão português acabou apresentando a comissão do governador Luis de Souza. Añasco ainda voltaria ao Guairá com uma parte dos caciques e índios, mas os encontros entre guairenhos e paulistas pelos sertões não terminaram aí. [p.153]
14° de 24 fonte(s) [26761] “Expansão Geográfica do Brasil Colonial”. Basílio de Magalhães Data: 1935, ver ano (56 registros)
Ao tempo em que d. Francisco de Sousa administrou a Repartição do Sul, não consta a existência de expedições de "resgate", o que se explica por ser a elas contrário aquele governador. Mas, na interinidade de seu filho d. Luiz de Sousa, este mandou á sua custa diversos tuxáuas de Guayrá, então em São Paulo, a buscar os parentes que tivessem por lá, afim de lhe virem lavras as minas de Araçoyaba, que ele herdara do pai. Combinando-se os relatos de Gay e de Pastells, verifica-se que a expedição, da qual era Fernão Paes de Barros, um dos cabos, atingiu ao Paranapanema em fins de outubro de 1611, saqueando o povo do morubixaba Taubiú, e dele e de outra maloca arrebanhando mais de 80 indivíduos ou 800 famílias; mas, perseguida a tropa do governador de Guayrá, que ali acabava de chegar, o general d. Antonio de Añasco, foi quase completamente destroçada. Isso não impediu que Sebastião Preto, em agosto de 1612, andando a prear escravizados nativos naquela zona, reunisse cerca de 900 deles, com os quais marchava para São Paulo, quando o governador de Ciudad Real saiu com as forças superiores no encalço do paulista, conseguindo retomar-lhe mais de 500 guaranys apresados, dos quais, todavia, a metade ainda fugiu, para de novo juntar-se ao comboio do paulista. [Página 115]
21° de 24 fonte(s) [25087] História Viva - Conceição do Mato Dentro Data: 28 de junho de 2012, ver ano (136 registros)
Gabriel Ponce de Leon, n. Cidade Real de Guairá, Paraguai, fct. Parnaíba, 1655, filha do Capitão Barnabé de Contreras e Violante de Gúsman, casado no Paraguai com Maria de Zunega e Torales, filha de Pedro Fernandes ou Rodrigues Cabral ou do seu irmão Antonio Rodrigues Cabral, ambos paulistas, filhos de Bartolomeu Fernandes e de Ana Rodrigues (ou Fernandes), que em 1611 foram para o Guairá, num suposto primeiro casamento de um deles com Maria de Zunega, nascida em Vila Rica, naquele país, que depois foi a primeira esposa do Capitão Baltazar Fernandes, o Povoador, fundador de Sorocaba, e com este vieram para Parnaíba, acompanhados ainda do irmão de Maria de Zunega, Bartolomeu de Torales, este filho de outro Bartolomeu de Torales e Violante de Zunega (em Fernandes), e de sua primeira mulher Ana Rodrigues Cabral, falecida em Parnaíba em 1634 (em Raposos Góes, de Silva Leme), todos naturais de Vila Rica, esta filha de Antonio Rodrigues Cabral, já citado, e Joanna de Escobar.