Seria corrente a notícia da existência das minas de ouro e prata da capitania de São Vicente, segundo súdito inglês residente em Santos - 26/06/1578 de ( registros)
Seria corrente a notícia da existência das minas de ouro e prata da capitania de São Vicente, segundo súdito inglês residente em Santos
26 de junho de 1578, segunda-feira. Há 446 anos
Fontes (2)
Dando em manifesto esse descoberto, foi Braz Cubas o primeiro minerador oficial do ouro em São Vicente, tendo ai feito tentativas dessa natureza, associado ao capitão-mÓr Jeronimo Leitão e, de uma carta escrita de Santos, em 1578, pelo inglez John Whithal, genro de José Adorno, vê-se que aguardava para isso mineiros do reino. ["Bandeiras e Bandeirantes de SP" de Carvalho Franco (1940) p.35;36]
A letter written to M. Richard Staper by John Whithal from Santos in Brasil, the 26. of June, 1578Não é para desprezar, além disso, o conhecido testemunho do inglês John Whithall, ou João Leitão, como era conhecido, morador em Santos e ligado à gente principal do lugar (pois estava para casar-se com uma filha de José Adorno), sobre minas descobertas, não só por Brás Cubas como por Jerônimo Leitão, as quais só esperavam a vinda de mineiros práticos para ganhar incremento sua exploração. O depoimento, que traz a data de 1578 e consta de carta dirigida a um Richard Staper e divulgada por Hakluyt, fala não só em ouro, que sem dúvida existia em várias partes da capitania, mas ainda em prata, objeto constante de tantas buscas e tão malsucedidas.Outras provas: em Santos residia o Inglez John Whithall, que em carta dirigida para Londres, datada de 26 de Junho de 1578, communicou que o Provedor Braz Cubas e o Capitão- leronymo Leitão lhe haviam ;rado terem elles descoberto de ouro e prata, e que espera- :hegada de mestres mineiros porem em trabalho as ditas minas, e resultaria enriquecer muito o uando [0]
A viagem do Minion of London começa a se delinear, na verdade, dois anos antes, quandoWhithall escreve, de Santos, uma carta ao ativo e proeminente comerciante londrino Richard Staper, fundador ao lado de Edward Osborne, da Spanish Company (BRENNER, 2003).A carta, redigida em 1578, foi publicada por Hakluyt6 em 1589 juntamente com dois documentos sobre a viagem7 ; nela, Whithall começa por dizer a Staper que, apesar de lhe ter escrito outra carta poucos dias antes, enviada de Lisboa com a informação de que em breve se reuniria com ele, tinha, nesse meio tempo, mudado de planos.A referência a uma conexão com Staper via Lisboa e a um certo senhor Holder, estabelecido na mesma cidade, que conseguiria o portador para levar a carta-resposta de Staper a Santos, demonstra a ligação desses dois ingleses com Portugal.De fato, a Spanish Company, criada em 1577 após a assinatura do tratado de comércio entre Portugal e Inglaterra em 1576, mantinha cerca de 30 mercadores e uma série de assistentes em Portugal e na Espanha (CHAPMAN, 1907, p. 161), e o Sr. Holder, Barthomomew Holder, citado em uma carta da rainha Elisabeth de outubro de 1577 como responsável por receber uma restituição financeira devida pela coroa portuguesa ao sócio de Staper, Edward Osborne (VISCONDE DE SANTAREM, 1865, p. 311), era um dos mercadores da Spanish Company radicados em Lisboa, onde viveu e trabalhou longos anos(SCAMELL, 2003, p. 297).Whithall, na carta, informa Staper de sua radical mudança de planos. Em lugar de voltar a Lisboa e seguir ao encontro do chefe da Spanish Company, como combinado, ficaria no Brasil para se casar com a filha única de um rico senhor de engenho. Pode-se inferir, portanto, que Whithall seria um dos assistentes da companhia radicados em Lisboa e que provavelmente viera ao Brasil em uma viagem de prospecção de negócios. A prática de enviar trade researchers era comum na companhia comercial de Staper e Osborne (BRENNER, p. 18;114), e o fato de Whithall ter um encontro marcado com Staper após sua volta do Brasil, via Portugal, vem reforçar essa hipótese. [“Esta viagem é tão boa quanto qualquer viagem ao Peru”. O Minion of London no Brasil (1581), 2013. Sheila Moura Hue. Páginaa 35 e 36]
A carta de John Whithall relaciona uma longa lista de itens que deveriam ser enviados no navio pela companhia de Staper e Osborne e orienta que algumas mercadorias, como vinho, azeite e peles de Córdoba (nas cores laranja, amarelo, vermelho e preto retinto), deveriam ser carregadas nas Canárias, onde o navio deveria fazer escala e obter os ditos produtos em troca de lãs de Hampshire e Devonshire, levadas especialmente para serem vendidas lá. A partir da lista, temos umpormenorizado testemunho das mercadorias inglesas necessárias na colônia portuguesa e do acurado conhecimento de Whithall acerca dos produtos têxteis ingleses e do mercado interno da vilade Santos. Impressiona o detalhismo na descrição das mercadorias, com especificação de cores epadrões específicos para cada tipo de têxtil, e a encomenda de vários tecidos de alta qualidade, oque revela que havia demanda não só para as rústicas indumentárias de trabalho, mas também paraas vestimentas refinadas a serem usadas pela elite da vila de Santos em 1578, com o emprego derendas, cetins, veludos, tafetás, linho e fustão em diversas cores, e o sofisticado skarlet, tecidoricamente adornado.
A lista inclui também material para fabrico e conserto de barcos, como breu e estopa, e para os engenhos, como ferro e pregos para as caixas, além de itens manufaturados essenciais, como facas, anzóis, machados e tesouras. O setor artístico vem representado por um único item: cordas para cítara. Segue, na íntegra, a lista de Whithall:
- Em primeiro lugar, quatro peças de linho holandês de qualidade média. - Também uma peça de linho holandês fino. - Quatrocentas varas de linho de Osnabruck muito fino. - Quatro dúzias de tesouras, de todo tipo. - Dezesseis quintais de breu das Canárias. - Vinte dúzias de facas grandes embrulhadas em feixes, de baixo preço. - Quatro dúzias das pequenas. - Seis peças de lã grosseira de qualidade inferior. - Uma peça de lã de boa qualidade. - Quatrocentas varas de algodão inglês, a maior parte preta, verde e alguma amarela. - Oito ou dez dúzias de chapéus, metade com a borda de tafetá, a outra simples, comas abas de madeira. - Seis dúzias de camisas grosseiras. - Três dúzias de gibões de lona. Três dúzias de gibões de lona pespontada. - Uma peça de fino fustão italiano listrado. - Seis dúzias de fechaduras para portas e caixas. - Seis mil anzóis de todo tipo. - Quatro dúzias de resmas de papel. - Quatro dúzias de copos diversos. - Duas dúzias de copos venezianos, metade grandes, metade médios. - Duas dúzias de mantos de frisa, do preço mais baixo que exista. - Três dúzias de vestidos de frisa. - Quatrocentas libras de estanho do tipo usado em Portugal, a maioria em pequenospratos e travessas. - Quatro libras de seda de todas as cores. - Vinte libras de especiarias: cravo, canela, pimenta e açafrão. - Dois quintais de sabão branco. - Três libras de linha branca, preta e azul. - Três libras de linha branca fina. - Idem, meia dúzia de lã inglesa grosseira de várias cores. - Quatro [peças de] sorting clothes, azul, vermelho, amarelo e verde. - Seis [peças de] dozens do Norte de diversas cores. - Um tecido fino azul de oito libras. - Uma estamenha fina de dez ou doze libras. - Um tecido fino de lã crua de doze libras. - Um tecido fino de lã inglesa, preto. - Uma peça fina de lã vermelha. - Seis jardas de veludo preto. - Três barris de pregos para caixas. - Dois barris de pregos para navios e barcos. - Seis quintais de estopa. - Duas dúzias de cintos de veludo sem alças. - Quatro jardas de tafetá vermelho, preto e azul, com algum verde. - Duas dúzias de cintos de couro. - Seis dúzias de machados, machadinhas e pequenas alabardas para cortar lenha. - Quatro conjuntos de cordas de cítara. - Quatrocentas ou quinhentas varas de algum linho que seja barato - Quatro toneladas de ferro. [...] - Além do já mencionado envie seis jardas de skarlet e renda delicada de várias cores. - Seis jardas de veludo vermelho. - Seis jardas de cetim vermelho. - Doze jardas de tecido de lã negra. [...]
Envie também uma dúzia de camisas para mim, se mandar a nau. Também seis ou sete pecas de sarjas para mantos de mulher, que é a coisa mais necessária que se possa mandar. Estes são os produtos que eu gostaria que o senhor mandasse (HAKLUYT, 1589,p. 639-640).
O navio deveria ser despachado nas Canárias no nome de João Leitão, a quem tambémdeveria ser subscrita toda a correspondência. Entretanto, Staper e Osborne não enviaram o navio com os produtos requisitados. Whithall escreveu também cartas para seu irmão James, em Londres, e para os mercadores Robert Walkaden [Esta viagem é tão boa quanto qualquer viagem ao Peru”. O Minion of London no Brasil (1581), 2013. Sheila Moura Hue. Páginas 38 e 39]
o assistente comercial inglês John Whithall - o João Leitão da elite colonial santista - ao definir para o mercador Richard Staper o que significaria uma viagem à desconhecida capitania de São Vicente em 1578:
“Esta viagem é tão boa quanto qualquer viagem ao Peru. [...] Se tiver coragem para tal, em nome de Deus, procure arrumar uma boa embarcação de setenta ou oitenta toneladas e mande-a para cá com um piloto português, até o porto de São Vicente no Brasil, na fronteira com o Peru”.[“Esta viagem é tão boa quanto qualquer viagem ao Peru”. O Minion of London no Brasil (1581), 2013. Sheila Moura Hue. Página 49]
1° de fonte(s) [24343] “Bandeiras e Bandeirantes de São Paulo”. Francisco de Assis Carvalho Franco (1886-1953) Data: 1940, ver ano (95 registros)
Dando em manifesto esse descoberto, foi Braz Cubas o primeiro minerador oficial do ouro em São Vicente, tendo ai feito tentativas dessa natureza, associado ao capitão-mÓr Jeronimo Leitão e, de uma carta escrita de Santos, em 1578, pelo inglez John Whithal, genro de José Adorno, vê-se que aguardava para isso mineiros do reino.
2° de fonte(s) [26994] “Esta viagem é tão boa quanto qualquer viagem ao Peru”. O Minion of London no Brasil (1581). Sheila Moura Hue* Data: 1 de junho de 2013, ver ano (126 registros)
Whithall envia sua carta a Staper em 26 de junho de 1578, menos de dois meses antes da batalha de Alcácer Quibir e da morte de D. Sebastião. Dois anos antes, a 15 de novembro de 1576, o tratado de comércio entre Portugal e Inglaterra, conhecido como ‘abstinência’, tinha sido firmado entre as duas coroas após anos de negociação.