Fez também seu Mestre de Campo a Julião da Costa, e Sargento Maior a Julião Coelho. Chegarão a esta Cidade, e forão bem recebidos do Governador Dom Francisco de Souza, que lhe fez dar a execução as Provisões, que trazia de Sua Magestade pera levar das aldeas dos Padres da Companhia duzentos Indios frecheiros, e os brancos que quizessem ir, com os quaes se partio pera sua fazenda de Jaguaryppe, e ahi reformou duas companhias, por Pero da Cunha, e Gregorio Pinheiro não querer ir na jornada, e deo huma a João Homem, filho de Gracia da Vila, outra a Francisco Zorrilha. Forão por Capelães o Cônego Jácome de Queiroz, e Manoel Alvares, que depois foi Vigario de Nossa Senhora do Soccorro.
Partirão de Jaguaryppe, e chegarão á serra de Quarerú, que são cinquenta léguas (241,4km), onde fizerão uma fortaleza de sessenta palmos de vão com suas guaritas nos cantos, como El Rey mandava que se fizesse a cada cincoenta legoas.[2]
Avistarão esta Costa em 15 de Junho, e por não conhecerem a paragem, que era a enseada de Vasabarris, lançarão ferro, mas era tão forte o vento Sul, e correm alli tanto as agoas, que se quebrarão duas amarras, e querendo entrar por conselho de hum Francez chamado Honorato, que veio á terra com dous índios em huma jangada, e lhes facilitou a entrada, tocou a náu e deo tantas pancadas, que lhe saltou o leme fora, e arrombou, pelo que alguns se lançarão a nadar, e se afogarão em as ondas; os mais sahirão em huma setia, que lhes mandou Thomé da Rocha, Capitão de Cerigipe, e tirarão alguma fazenda sua, e de El Rey, a qual mandou Gabriel Soares de Souza trazer a esta Bahia em a mesma setia com doze soldados, de que veio por Cabo Francisco Vieira, e por Piloto Pero de Paiva, e Antônio Apêba, vindo elle por terra com os mais em cinco companhias, de que fez Capitães a Ruy Boto de Souza, Pedro da Cunha de Andrade, Gregorio Pinheiro, sobrinho do Bispo D. Antonio Pinheiro, Lourenço Varella, e Jdão Peres Galego. [Anaes da biblioteca nacional (1885 - 1886) p.177]
Aqui fizerão os mineiros fundição de pedra de, uma betta, que se achou na serra, e se tirou prata, mas o General a mandou serrar; e deixando ali doze soldados com hum Luiz Pinto Africano por Cabo deles, se foi com os mais outras cincoenta legoas, onde nasce o Rio de Paraguassu, a fazer outra fortaleza, na qual por as agoas serem ruins, e os mantimentos peiores, que erão cobras, e lagartos, adoecerão muitos, e entre elles o mesmo Gabriel Soares, que morreo em poucos dias no mesmo lugar, pouco mais ou menos, onde seu irmão havia fallecido.
Foi sepultado na fortaleza, que fazia, com muito sentimento dos seus, e delia se vierão pera primeira, que tinha melhores ares, e agoas, donde avisou o Mestre de Campo Julião da Costa ao Governador Dom Francisco de, Souza do que havia succedido, e elle os mandou recolher a esta Cidade Vierão pela Cachoeira, donde os foi Diogo Lopes Ulhoa buscar, e depois de os ter nos seus engenhos oito dias mui regalados, os mandou nas suas barcas ao Governador, que os não recebeo, e proveo com menos liberalidade, gastando com elles de sua fazenda mais de dous mil cruzados.
O intento que Gabriel Soares levava nesta jornada era chegar ao Rio de S. Francisco, e depois por elle athé a Lagoa Dourada, donde dizem que tem seu nascimento, e pera isto levava por guia hum índio por nome Guaracy, que quer dizer Sol, o qual também se lhe poz, e morreo no caminho, ficando de todo as minas obscuras, athé que Deus verdadeiro Sol queira manifestal-as.
Os ossos de Gabriel Soares mandou seu sobrinho Bernardo Ribeiro buscar, e estão sepultados em S. Bento com hum titulo na sepultura, que declarou em seu testamento puzesse, e o titulo he: Aqui jaz hum peccador.[1]
Chegarão a esta Cidade, e forão bem recebidos do Governador Dom Francisco de Souza, que lhe fez dar a execução as Provisões, que trazia de Sua Magestade pera levar das aldeas dos Padres da Companhia duzentos Indios frecheiros, e os brancos que quizessem ir, com os quaes se partio pera sua fazenda de Jaguaryppe, e ahi reformou duas companhias, por Pero da Cunha, e Gregorio Pinheiro não querer ir na jornada, e deo huma a João Homem, filho de Gracia da Vila, outra a Francisco Zorrilha.Forão por Capelães o Cônego Jácome de Queiroz, e Manoel Alvares, que depois foi Vigario de Nossa Senhora do Soccorro. Partirão de Jaguaryppe, e chegarão á serra de Quarerú, que são cincoenta legoas, onde fizerão huma fortaleza de sessenta palmos de vão com suas guaritas nos cantos, como El Rey mandava que se fizesse a cada cincoenta legoas.
Aqui fizerão os mineiros fundição de pedra de, huma betta, que se achou na serra, e se tirou prata, mas o General a mandou serrar; e deixando ali doze soldados com hum Luiz Pinto Africano por Cabo delles, se foi com os mais outras cincoenta legoas, onde nasce o Rio de Paraguassu, a fazer outra fortaleza, na qual por as águas serem ruins, e os mantimentos peiores, que erão cobras, e lagartos, adoecerão muitos, e entre eles o mesmo Gabriel Soares, que morreu em poucos dias no mesmo lugar, pouco mais ou menos, onde seu irmão havia falecido.
Foi sepultado na fortaleza, que fazia, com muito sentimento dos seus, e delia se vierão pera primeira, que tinha melhores ares, e agoas, donde avisou o Mestre de Campo Julião da Costa ao Governador Dom Francisco de, Souza do que havia succedido, e elle os mandou recolher a esta Cidade.
Vierão pela Cachoeira, donde os foi Diogo Lopes Ulhoa buscar, e depois de os ter nos seus engenhos oito dias mui regalados, os mandou nas suas barcas ao Governador, que os não recebeo, e proveo com menos liberalidade, gastando com elles de sua fazenda mais de dous mil cruzados.
O intento que Gabriel Soares levava nesta jornada era chegar ao Rio de S. Francisco, e depois por ele athé a Lagoa Dourada, donde dizem que tem seu nascimento, e pera isto levava por guia hum índio por nome Guaracy, que quer dizer Sol, o qual também se lhe pos, e morreu no caminho, ficando de todo as minas obscuras, athé que Deus verdadeiro Sol queira manifestal-as.
Os ossos de Gabriel Soares mandou seu sobrinho Bernardo Ribeiro buscar, e estão sepultados em S. Bento com hum titulo na sepultura, que declarou em seu testamento puzesse, e o titulo he: ["O Romance da Prata" Paulo Setúbal]
Memória Histórica Sobre a Fundação da Fábrica de Ferro de S. João de Ipanema
2° de fonte(s) [26128] Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Vol. IX Data: 1904, ver ano (32 registros)
Nas capitanias setentrionais a natureza geológica do terreno condenava as tentativas de ai fundar-se a siderurgia. Gabriel Soares de Souza fala de minas de ferro e aço, trinta léguas adentro pelo sertão da Bahia, sem indicação de lugar entretanto, elas nunca foram exploradas.