E em 1699, ele autoriza que um cara chamado Garcia Rodrigues Pais, que era filho do FernãoDias Pais, né, que um dia vai ganhar um episódio, abra um novo caminho, abra um novo caminholigando as minas, né, ali a região dos Cataguases e do Caeté até Barbacena, de Barbacena praJuiz de Fora, de Juiz de Fora pro Rio de Janeiro.Esse vinha a ser chamado o "caminho novo", né.Só que o Garcia Rodrigues, ele abriu esse caminho das minas pro Rio, e não ao contrário,isso acabou causando um problema porque eu vou te dizer como é que era esse caminhodo Rio pras Minas.Era assim: primeiro, partia ali do Cais dos Mineiros (olha o nome), que é o que, é aatual Praça Mauá!O Cais dos Mineiros era um cais bem pequeninho numa prainha, chamava prainha, que ficavaentre o morro de São Bento e o morro da Conceição, era dali que partiam os baleeiros, tambémna época que eles mataram tudo que era baleia da Baía de Guanabara, né, partia de barcodali pela Baía de Guanabara e ia... dava uma paradinha na Ilha do Governador, da Ilhado Governador seguia e entrava pelo rio Iguaçu, que na época era fundo e que agora tá todoassoreado e horroroso, e ia do rio Iguaçu até um lugar chamado Pilar de Iguaçu, queera um porto que fica no município hoje de Duque de Caxias.Inutilizado como porto, tudo assoreado, tudo podre, tudo horroroso, que nem ali o fundoda Baía de Guanabara, e a Baixada Fluminense, que é um retrato do Brasil, né.Tu quer um retrato mais fiel do Brasil do que as condições sanitárias, do que o esgotoa céu aberto, do que aquele horror do fundo da maravilhosa, da mágica, da transcendenteBaía de Guanabara!?Não, né.Tu não quer.É esse o retrato.E aí do Pilar de Iguaçu ia a pé, mais ou menos 12km, até Xerém.Xerém também no município de Nova Iguaçu, e daí de Xerém também subia a serra, sóque subia a serra com um radicalismo total, até um lugar chamado Pati do Alferes, queainda existe!Era uma subida radical, e as pessoas caíam ali, e um monte de índio puri e índio colorado...Coroado!13:14Colorado aqui não tem!Índio coroado...Hehe.13:19Se bem que podia ter uns índio colorado ali também né.13:23E aí atacavam as mulas, atacavam as pessoas, era horroroso, né, e aí foi construído13:29com tempo ali depois o tal Caminho dos Correias, que daí chegava lá no fundo da baía, no13:34Porto da Estrela, um lugar incrível, tá lá abandonado, jogado, onde o Barão de Mauá13:40anos depois faria a sua ferrovia, chegava ali no Porto da Estrela, do Porto da Estrela13:44ia ali por um rio, hoje assoreado, e subia a serra como quem vai hoje para Petrópolis,13:51e aí o caminho realmente se solidificou.13:53Esse caminho deu mil rolos, mil coisas, porque o Garcia Rodrigues Pais ganhou o direito de14:04estabelecer ali uma série de pedágios, né, direitos de entrada e direitos de saída,14:14né, pra ganhar dinheiro com aquele caminho que ele tinha aberto às próprias expensas,14:20né.14:21E não queriam pagar e aí começaram os tais descaminhos.14:24Não é maravilhoso?14:26Foram proibidos os descaminhos.14:29Descaminhos eram as trilhas alternativas que não seguiam aquele caminho ali, né, que14:34era o caminho oficial onde ficavam os registros, onde ficavam os pedágios e os registros,14:42as casas onde você tinha que registrar o ouro, embora se saiba que pelo menos um terço,14:45um terço do ouro achado nas gerais se extraviou por contrabando, por desvios de rota e de14:52verba porque os caras não queriam pagar o quinto, né, uma quinta parte era da Coroa,mas além de tudo tinha impostos de entrada, qualquer galinha, qualquer gado, qualquercomida que fosse levada pagava um dinheirão pra entrar e os impostos de saída que vocêtambém pagava pra respirar, como a Coroa portuguesa sempre fez com os seus súditos,né.E aí tem um relato que eu vou te ler, muito incrível...O próprio livro tem uma história incrível, sabe. [O Brasil em busca do vil metal, 12.08.2020. Eduardo Bueno youtube.com/watch?v=OMpEqEaWNcE]
Há provisão sua, de 2 de outubro de 1699, relativa ao Caminho Novo, pois quando o esboço da nova estrada entre o Rio de Janeiro e as minas estava traçado, os habitantes do Rio se recusaram a pagar a soma pedida por Garcia Rodrigues Pais, de modo que este recebeu do governador as seguintes concessões: durante dois anos, a partir de 1 de junho de 1700 seria o único a poder fazer circular mercadoria pela estrada e ninguém poderia usar o caminho sem sua autorização expressa. Assegurava que o caminho era "muito capaz para condução de gado e cavalgaduras carregadas" e que graças a ele, bastariam 14 dias entre o Rio e as Minas. Além do mais, a Carta Régia de 19 de abril de 1702 o nomeou Guarda-Mor Geral das Minas.
[04:38, 01/11/2021] Brasilbook: Caminho Novo de Garcia Rodrigues Paes A autorização para a abertura de um novo caminho foi passada por Carta-Régia em 1699 endereçada ao governador da capitania do Rio de Janeiro, Artur de Sá Menezes.A abertura da nova via ficou a cargo do bandeirante Garcia Rodrigues Paes, filho de Fernão Dias, que tinha participado da bandeira de 1674-1681. À época da contratação, Garcia Rodrigues Paes estava estabelecido como sesmeiro, com duas roças na região: uma às margens do rio Paraibuna, e outra, na Borda do Campo (atual Barbacena).O sertanista conseguiu concluir a picada para pedestres em 1700 após uma série de dificuldades. A partir de então continuou a aprimorá-la para o trânsito de animais de carga visando explorar o privilégio de cobrança de pedágios. A via foi concluída em 1707.Nesta época, o Caminho Novo era percorrido em cerca de um mês, um terço do despendido no Caminho Velho.O percurso do Caminho Novo A viagem pelo Caminho Novo começava, em embarcações à vela, no centro histórico da cidade do Rio de Janeiro, no antigo Cais dos Mineiros, entre o sopé do morro de São Bento e a atual praça XV de Novembro, quase em frente a atual igreja da Candelária.Depois de uma escala na Ilha do Governador, seguia-se navegando até ao fundo da baía de Guanabara e adentrava-se pelo rio Iguaçu e, depois pelo seu afluente, o rio Pilar, percorrendo-se um total de doze quilômetros em rios. Desembarcava-se no porto de Pilar do Iguaçu, atualmente um bairro do município de Duque de Caxias, onde ainda existe a igreja da época. Deve-se notar que, até os meados do século XIX, os rios Iguaçu e Pilar eram muito mais largos e profundos do que atualmente, tendo sido assoreados e diminuída sua vazão com a exploração agrícola na baixada Fluminense.A partir daí iniciava-se a pé, a cavalo ou em mulas, a viagem por uma estrada que seguia até a vila de Xerém, atualmente em Duque de Caxias e depois subia a serra até a atual Paty do Alferes.Como Garcia Rodrigues Paes abriu o caminho do interior para o litoral, não cuidou ou não pode escolher o trajeto menos íngreme. A subida da serra de Xerém até Paty do Alferes era de difícil acesso, fazendo com que cargas fossem perdidas, mulas caíssem em despenhadeiros e homens se ferissem. Além disto era comum os ataques indígenas e de bandidos. Até o início do século XIX, a região era percorrida por várias tribos de índios nômades conhecidas genericamente como coroados.O caminho descia a serra pelos atuais distritos de Avelar e Werneck até cruzar o rio Paraíba do Sul, onde hoje está a cidade de Paraíba do Sul. Depois seguia-se, sentido norte, atravessando a Serra das Abóboras, alcançando Paraibuna, em território do atual município fluminense de Comendador Levy Gasparian e, daí, internando-se em território mineiro, seguia até a atual Juiz de Fora até atingir a região de Vila Rica (atual Ouro Preto).A partir desse ponto, em Ouro Branco, podia-se retomar o percurso do Caminho Velho que seguia até o arraial do Tejuco (atual Diamantina), com ramificações para a fazenda Meia Ponte (atual Pirenópolis), Vila Boa de Goiás, e Bahia.Paisagens do trajeto do Rio de Janeiro
1° de fonte(s) [25671] Livro dos Transportes Seleção de Textos Organizada Data: 1970, ver ano (83 registros)
O primeiro empreiteiro de estradas no Brasil - Estrada de Minas - O ouro provindo das minas descobertas pelos paulistas transportado para São Paulo e daí para o Rio de Janeiro por via marítima, sendo embarcado em Santos ou em Parati. Esta circunstância excitava a cobiça dos piratas que operavam nos mares das costas e se apoderaram de muitos carregamentos. Neste ano foi assinalada a passagem em frente à barra do Rio de Janeiro, rumo ao Sul, de vários navios franceses que despertaram grandes suspeitas, tendo o governador mandado aviso a todas as povoações do Sul para que se acautelassem.
Atendendo também a que transporte do produto das minas via São Paulo era muito demorado, Artur de Sá e Meneses contratou com o bandeirantes Garcia Rodrigues Pais, primogênito de Fernão Dias Pais, o Caçador de Esmeraldas, a construção dum caminho que, através das terras e dos campos gerais, ligasse diretamente o Rio de Janeiro aos distritos de Cataguases e de Sabarabuçu. Deste contrato deu o governador informações ao rei pela carta de 24 de maio. Pode assim Garcia Rodrigues Pais ser considerado como o primeiro dos empreiteiros de estradas a exercer atividade no Brasil.
Garcia Pais, entretanto, consumiu longo tempo em reunir gente e fazer os preparativos para a obra a que só deu início em 1702, construindo então a estrada que serviu durante quase um século e foi conhecida com o nome de Caminho Novo. [Página 84]