“Um índio principal que veio aqui de mais de cem léguas, a converter-se à nossa santa fé, morreu com sinais de bom cristão” - 15/03/1555 de ( registros)
“Um índio principal que veio aqui de mais de cem léguas, a converter-se à nossa santa fé, morreu com sinais de bom cristão”
1555. Há 469 anos
gentio da terra e muitos nos vem ver e ouvir o que de Cristo lhe dizemos” (2000:99). Anchieta, em carta de Piratininga, escrita em 1555, também relata caso semelhante: “Um índio principal que veio aqui de mais de cem léguas, a converter-se à nossa santa fé, morreu com sinais de bom cristão” (1988:82).
4.3 A FUNDAÇÃO DO COLÉGIO DE SÃO PAULO“O fim imediato da fundação de São Paulo foram os estudos”, informa SerafimLeite (2004-I:104). Daí a criação do Colégio, que abrigava “estudantes brancos emamelucos”, escreve o mesmo historiador. Essa instituição, a princípio, ostentava umcaráter híbrido, de casa de meninos e Colégio da Companhia. Serafim Leite (2004-I: 104)explica a diferença:Colégio da Companhia, isto é, entidade jurídica e moral, capaz depossuir bens. Casa de meninos, isto é, uma espécie de orfanato, comadministração própria à semelhança do que estabeleceu Pedro Doménechem Lisboa. Neste caso, os Padres seriam simples gerentes de bensalheios, com os concomitantes atritos e desgostos.Mais tarde, aquela finalidade orfanológica dará exclusividade à função deestabelecimento educacional, em que se ensinavam os “filhos de Índios” a “ler e escrever”,informa Anchieta em carta de 1555 (1988:95). Ele acrescenta: “alguns sabem ajudar acantar a missa”.Mais adiante, outro trecho mostra como alvoreceu em Piratininga a preocupaçãodo letramento do menino gentio, o que irá repercutir no afluxo lexical do inventário da 85língua falada pelos índios, especialmente porque os curumins eram os vetores daremodelação dos costumes dos nativos da terra. O canarino escreve (1988:99): “O principalcuidado que deles se tem consiste no ensino dos rudimentos da fé, sem omitir oconhecimento das letras, às quais tanto se afeiçoam, que se nessa ocasião se não deixassemseduzir, talvez outra se não pudesse encontrar”. Em Informação do Brasil... (1988:324), ele salienta novamente essa preocupaçãocom o ensino do português aos meninos indígenas, inclusive com a motivação dos pais:Aqui finalmente se entendeu mais de propósito na conversão do gentio, oqual, como foi sempre muito amigo dos Portugueses, deram muitos delesde boa vontade seus filhos ao Padre para que fossem ensinados, dos quaisajuntou muitos e os batizou, ensinando-os a falar Português, ler eescrever.
1° de fonte(s) [27095] Boletim do Departamento do Arquivo do Estado de SP, Secretaria da Educação. Vol. 9, 1952 Data: 1952, ver ano (71 registros)
4 - Vieira dos Santos (Memória Histórica de Paranaguá):
"Achando-se a este têmpo a costa marítima povoada desde Santos a Cananéa, e a baía de Paranaguá em grande aumento de sua população, não só a originária dos primeiros povoados vindos de Cananéa e São Vicente, e dos índios carijós domesticados no grande espaço de mais de noventa anos contados desde 1555, e sendo dificultoso a estes povos irem procurar seus recursos judiciais à vila de Cananéa por ser a mais próxima, requereram a sua emancipação, e ereção de uma vila separada daquela em 1643"
2° de fonte(s) [26938] Cartas, informações, fragmentos históricos e sermões do Padre José de Anchieta (1554-1594) Data: 1933, ver ano (74 registros)
De São Vicente, a 15 de março de 1555
Creio que sabereis que estarmos alguns da Companhia em uma terra de nativos, chamada Piratininga, cerca de 30 milhas para o interior de São Vicente, onde Nosso Senhor favorece, com a sua glória, a salvação destas almas: e ainda que a gente seja mui desmandada, algumas ovelhas ha do rebanho do Senhor.
Temos uma grande escola de meninos nativos, bem instruídos em leitura, escrita e em bons costumes, os quais abominam os usos de seus progenitores. São eles a consolação nossa, bem que seus pais já pareçam mui diferentes nos costumes dos de outras terras; pois que não matam, não comem os inimigos, nem bebem da maneira por que antes o faziam.
No outro dia em uma terra vizinha foram mortos alguns inimigos, e alguns dos quais nossos conversos por lá andaram, não para comer carne humana, mas por beber e ver a festa. Quando voltaram não os deixámos entrar na igreja, senão depois de disciplinados; estiveram por isso, e no primeiro de janeiro entraram todos na igreja em procissão, batendo-se com a disciplina e só assim os houvéramos aceitado.
Ocupamo-nos aqui em doutrinar este povo, não tanto por este, mas pelo fruto que esperamos de outros, para os quais temos aqui abertas as portas.
Está conosco um principal dos nativos chamados Carijós (carijis), o qual é senhor de uma vasta terra, e veio com muitos dos seus servidores só á nossa procura, afim de que corramos ás suas terras, para ensinar, dizendo que vivem como bestas feras, sem conhecer as coisas de Nosso Senhor.
Diogo-vos, caríssimos Irmãos, que é um mui bom cristão, homem mui discreto e nem parece ter coisa alguma de nativo. Com ele resolveu-se o nosso Padre Manuel ir ou mandar alguns, e só espera a chegada do Padre Luiz da Grã.
Além desta, outras nações ha, inumeráveis e mui melhores, pelo que dizem pessoas que as tem frequentado, principalmente uma, a que chama Ibirajáras; a esses desejando enviar um, o nosso Padre Manuel escolheu o Irmão Pedro Corrêa, para que fizesse, demais, outros trabalhos do serviço divino na mesma viagem, e especialmente ajudasse certos Castelhanos que tinham de se passar para o Paraguai, aos quais o dito Pero Corrêa désse socorro, se os visse em grande necessidade, de matalotagem, e lhes desse companhia para irem com segurança. E começou pelos nativos dessas paragens, que mui bem receberam a palavra de Cristo e determinaram reunir-se e viver em uma grande terra, onde pudesse mais fácil ser ensinados nas coisas da Fé. Tinham os nativos em prisão para comerem, um Cristão, que era dos Carijós, e pedindo-o Pero Correa, logo lhe fizeram entrega sem taxar preço algum e o mesmo obteve acerca de outro prisioneiro inimigo, o que não é pouco, como sabeis, porquanto nisto põem os Brasis toda a sua honra. [Cartas,informações, fragmentos históricos e sermões do Padre José de Anchieta (1554-1594), 1933. Páginas 79, 80 e 81]