D. Diogo de Lara, seu pae, era filho legitimo de D. Diogo Ordonhcz de Lara, natural da cidade de Zamora, Hespanha, de sangue muito illustre, como consta dos autos de ge^iere e outros na camará episcopal de S. Paulo. Sua mãe era D. Antónia de Oliveira. Foi o progenitor da familia Lara (*), na capitania de S. Vicente e S. Paulo. Era geralmente respeitado e venerado por suas virtudes. Vivia mais na egreja de Nossa Senhora do Carmo, junto ao altar-mór, onde estava o Santíssimo Sacramento no sacrário, do que em sua casa. Residindo em uma quinta, que legou ao convento do Carmo, dalli sahia vestido diariamente no habito de irmão terceiro, trazendo flores para ornar o altar de Nossa Senhora do Carmo, na capclla-mór. Fallecendo em 22 de Outubro de 1665, seu corpo foi sepultado na capella dos irmãos terceiros, com a veneração de santo, por sua exemplar e penitente vida. As armas dos Laras eram em campo de prata, duas caldeiras pretas postas em pala, com as boccas e azas guarnecidas de ouro. Deixou oito filhos : Joaquim de Lara c Moraes, casado na Ilha-Grande; Marianno de Lara, carmelita com o nome de frei Alberto do Nascimento ; Pedro de Lara e Moraes, clérigo, também mudado para a Ilha-Grande ; Joáo de Lara e Moraes, casado com D. Maria de Góes e Medeiros ; D. Maria de Lara, casada com Lourenço Castanho Taques; (*) O povo de S. Paulo costumava distinguir entre os de origem legitima, Lara^ e os de origem illegitima, Lará^ desde 1780. Ainda é conhecida esta distincção ou differeuça Assignalamos apenas o facto, sem pretendermos tirar o mérito a pessoas que o têm realmente e ciga amizade prezamos. — 405 — D. Anna de Lara, casada com Francisco Martins Bonilha ; D. Maria Pedrosa, casada com Tristão de Oliveira Lobo ; e D. Isabel de Lara, casada com Luiz Castanbo de Almeida. D, Magdalena Fernandes Feijó, sua mãe, era filha legitima de Pedro de Moraes de Antas e de D. Leonor Pedrosa. Falleceu em 18 de Julho de 1661. Este Pedro de Moraes de Antas (*) era filho legitimo de Balthazar de Moraes de Anta^, com D. Brites Rodrigues Annes ; e, por sua nobreza, prende-se ao titulo dos Bra- ganções (**), como bem o demonstrou Pedro Tatues, NobUiarchia Paulistana, na Revista do Instituto Histórico, Geographico e Ethnographico do Brazil, XXXI 11, parte segunda, desde pag, 27 á pag. 35. De seu lado, D. Leonor Pedrosa era filha legitima de Estevão Ribeiro Bayão, natural da cidade de Beja^ (*) Pedro de Moraes de Antas foi o fundador e primeiro padroeiro da capella de Nossa Senhora dei Populo, situada no bairro do Rio-Grande, no caminho de S. Paulo a Santos. Pedro de Moraes de Antas falleceu, segundo Pedro Taques, em 14 de Julho de 1G36; mas, segundo Azevedo Marques, Apontamentos históricos, geographicos, biographicos, estatísticos e noticiosos da provinda de S. Paulo, no nome Fedro de Maraes de Antas, em Dezembro de 1649. E isto elle o affirma, em formal contestação a Pedro Taques, dizendo ter lido seu testamento e o inventario, dos quaes era guarda como primeiro escrivão de orphãos de S. Paulo. (**) D. António Caetano de Souza, Genealogia da Casa Real Portvguexa, e outros genealogistas fazem descender de D. Mendo Alam, senhor da villa de Bragança, casado com uma princeza arménia, os deno- minados Braganções, de Portugal. Succedeu a seu pae, no senhorio de Bragança, seu filho D. Fernando Mendes, rico homem, chamado — o velho ; cujo neto D. Fernando Mendes, tar.bem rico homem, denominado — o Bragançâo, casou-se, segundo uns, com D. Thereza Affonso, filha illegitima de El-Rei D. Affonso Henriques, segundo outros, com D. Sancha Henriques, irmã do mesmo rei D. Affonso Henriques, e, segundo alguns, com D. Thereza Soares, filha de D. Soeiro Mendes o Bom da Maia. O citado Pedro Taques, no lugar supra indicado, discute todas essas historias de casamentos-