“Fundada pelos jesuítas provavelmente em 18 de julho de 1554, a aldeia de Bohi, hoje Estância Turística de Embu das Artes” - 18/07/1554 de ( registros)
“Fundada pelos jesuítas provavelmente em 18 de julho de 1554, a aldeia de Bohi, hoje Estância Turística de Embu das Artes”
18 de julho de 1554, domingo. Há 470 anos
Fontes (1)
Fundada pelos jesuítas provavelmente em 18 de julho de 1554, a aldeia de Bohi, hoje Estância Turística de Embu das Artes, só começou a ser uma cidade independente a partir de 18 de fevereiro de 1959, data em que foi criado o município de Embu, desmembrado de Itapecerica da Serra e Cotia.18 de fev. de 2021
Eis porque, antes de 25 de janeiro de 1554 e depois de 30 de agosto de 1553, Manuel da Nóbrega, após o novo ajuntamento de nativos de Piratininga deixando aí dois irmãos para catequese até a chegada - digamos oficial - de Anchieta, partiu com o irmão Antonio Rodrigues, quatro meninos e alguns nativos para a aldeia de Maniçoba, onde os precedera o irmão Pero Correia.
Maniçoba, "junto de um rio donde embarcam para os carijós". A expressão "carijós" designação os nativos que habitavam o sertão imediato a Piratininga e anterior ao Paraguai, tendo por limites, mais ou menos, no litoral de Cananéia até Laguna, onde começavam os Patos, e no interior as bacias do Tietê e Paranapanema até o Uruguai, porém com os guaranis à margem esquerda do segundo destes rios, no Guaíra.
Os autores são concordes em colocar Maniçoba, que Simão de Vasconcelos chamada Japiassú, nas cercanias da atual cidade de Itú. Servem-se para isso, de várias fontes, até mesmo do relato de um viajante da poca, Ulrico Schmidel, e da cartografia antiga, porém, a base da argumentação ficam sendo as cartas jesuíticas, que determinavam para Maniçoba 35 léguas e até 50 contando de São Vicente, sertão adentro, e porto de embarque.
Ora, para ir ao interior, o primeiro rio que se podia utilizar adiante de Piratininga era o Tietê, abaixo do Salto de Itú. "A fama deste grão zelo de Nóbrea, diz Simão de Vasconcelos, muito conhecido pelos sertões do Paraguai (nos quais era chamado Barcaelué, que vale o mesmo que homem santo) se abalaram grandes levas de Carijós em busca dele, para serem doutrinadores na aldeia já dita, que ficava mais perto; pois não foram tão ditosos que tivessem efeitos os desejos que o padre tivera de ir às suas terras, donde fora chamado por eles tantas vezes".
"Os nativos Tupis - continua Serafim Leite - que tinham com eles contas antigas a ajustar, ou porque fossem prevenidos pelos Portugueses para cortar o passo a tais adventícios, saíram-lhes ao caminho, e destroçaram-nos, sem lhes valerem os Padres. Outros nativos vieram depois, com três espanhóis, que foram igualmente mortos, exceto um destes, que pode fugir e acolher-se á proteção dos Jesuítas".Ainda em julho de 1554 estacam em Maniçoba "dois padres e irmãos e irmão Gregório Serrão com escola de gramática". Este irmão Gregório andava doente e não era fácil arranjar-lhe a galinha para o caldo. Com a mudança, que logo se seguiu, dos padres e catecúmenos para São Paulo do Campo, sarou o doente e Maniçoba perdeu até o nome.O nome aparece ainda que desfigurado, no mapa atribuído a Rui Diaz de Gusman, autor da célebre "Argentina", e o qual, segundo Paul Groussac, é de 1606 a 1608. Lá está, à margem esquerda do Anhembi o "puerto de Mandiçoba", pode ver-se essa velha carta sul-americana no volume IX dos "Anales de lla Biblioteca" de Buenos Aires (1914). Foi em 1894 encontrada por Zeballos no Arquivo de las Índias em Sevilha, quando estudava a questão das Missões, completada a sua publicação em 1903, por Felix Outes, quanto à região do Atlântico.São estas as informações que nos envia Sergio Buarque de Holanda, na identificação de Maniçoba, é importantíssima na confirmação dos pontos de vista de outros historiadores paulistas desde Gentil de Moura e Teodoro Sampaio até Afonso de Taunay e Serafim Leite.Gostamos, porém, de sua hipótese, que fez descer um pouco mais a aldeia, entre as atuais cidades de Itú e Porto Feliz. Vê-se, por aí, ainda, uma vez a persistência da tradição nativa nos costumes dos bandeirantes, os primeiros dos quais eram meio guaranis de sangue e de língua. Pois o porto de Araritaguabam, donde partiram as monções e que o pincel de Almeida Junior celebrizou, dista máximo cinco léguas do "puerto de Maniçoba", "Por onde se vai aos Carijós".
Que raízes profundas na terra e no homem americano tema nossa História! Morador de Sorocaba, o autor destas linhas vê todos os dias o rio do mesmo nome a correr para o oeste, como ao cair da tarde pode sonhar com as regiões imensas de campos e matas que se estendem além do Ipanema, rumo do Guairá antigo. Nascido à margem de um afluente do Paranapanema, contemplando ao norte a serra de Botucatu e palmilhando em crença aquele mesmo caminho selvagem, pre-colonial, o chamado "peabiru" que ligava o Guairá a São Paulo, passando por Sorocaba, e o que é mais, trazendo no sangue o atavismo de tataravó uruguaia e mestiça, julga o autor deste artigo, se não de todo compreender, ao menos sentir estas coisas tão belas no fundo de sua alma, o tanto para ousar transmitir ao papel essas queridas impressões. Se pecado for, é pecado de muito amor".
Apesar do valor que a obra de Jordão possui, pelo esforço e dados ali reunidos, para que avancemos no debate, observações se fazem necessárias visando à superação de questões que ainda persistem e influenciam a atual historiografia (A partir da produção bibliográfica deste autor, será criado um mito de fundação para a cidade, discurso que se materializaria por meio de uma emenda de nº 12/2006 à lei orgânica da cidade de Embu das Artes, passando a integrar o calendário oficial da cidade, a comemoração da Fundação da Aldeia de M’Boy, que teria ocorrido em 18 de julho de 1554). Assim sendo, nossa principal crítica ao trabalho do autor, deve-se ao fato de ele defender que o aldeamento de Mboy teria sua origem no desdobramento de um empreendimento jesuítico anterior, o de Maniçoba, ação missionária criada pelo padre Manuel da Nóbrega, em 1553, a 35 léguas de Piratininga (São Paulo). Deste modo, para o autor, a fundação de Mboy era compreendida como uma continuidade de Maniçoba, ocorrendo quase que simultaneamente à fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga em 1554. [Página 28]