“(...) se fará na ambuaçava desta parte ãtre ambos os rios pa q’ ellles fiquen de suas partes por muro e parede” (Id., 11.04.1590, ib., p. 394). Ambuaçava deve originar-se do vocábulo tupi paulista boaçâ, que significa “salvar”, seguramente no sentido de “lugar onde pode se proteger”. [MARTIUS, Glossaria linguarum brasiliensium, 1863, p. 120]
O muro que protegia a vila já não era suficiente, pois havia o risco de indígenas quepudessem chegar pelo médio Tietê. Foi então construída uma fortificação na confluência doTietê com o Jurubatuba (rio Pinheiros) 1395. Era a ambuaçava, que aparece nas atas daCâmara deste período e que era também conhecida como “o forte”. [“Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”, 2008. Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP. Página 352]
III - Dir-se-á que o erudito cronista não podia fazer tal confusão. Mas, a verdade é que ela seria muito mais explicável do que certos lapsos que se encontram na referida obra, aliás valiosíssima. Citaremos três casos que nos pareem bastante significativos.O primeiro é relativo ao rio Pinheiros, o chamado Jerabaty num dos documentos apontados na seção I desta nota, e cuja denominação indígena se escrevia por diversas formas, uma das quais, a de Jurubatuba, é e mais conhecida e também a mais adulterada. Escreve Azevedo Marques:
"Pinheiros - Rio afluente da margem esquerda do Tietê, de que é um dos primeiros tributários, tem origem nos montes aos ponte da cidade de São Paulo na qual passa a pouco mais de légua, ou 5,5 km de distância, na direção Sul. Em tempos muito antigos foi conhecido com os nomes de Rio-Grande e Gerybatiba. Corre na direção mais geral de Leste para Oeste na altura da freguesia de São Bernardo curva-se um pouco para noroeste, rega os municípios da capital e Santo Amaro."
"Rio-Grande - Afluente originário (sic) do rio Pinheiros. É o mesmo que no município de Santo Amaro e adjacências tem o nome de Jurubatuba. Em seu começo corre de Leste a Oeste e depois toma o nome de Pinheiros corre de Sul a Nordeste, lançando-se no Tietê."
Há nesses trechos várias inexatidões e incoerências. Basta, porém, observar que o rio Grande (que só no curso inferior tem a denominação de rio Pinheiros) nasce em Paranapiacaba (antigamente Alto da Serra), e não "nos montes ao poente da cidade de São Paulo".
Lê-se também na citada obra: "Taiassupeba - Rio afluente da margem direita do Tietê"
"Taiassupeba-mirim - Rio afluente da margem direta do Tietê".
Ora,só o primeiro desses rios é afluente do Tietê, e afluente da margem esquerda, e não da direta. É formado pela reunião do citado Taiassupeba-mirim e do Taiassupeba-assu. [Boletim do Departamento do Arquivo do Estado de SP, Secretaria da Educação. Vol. 9, 1952. Páginas 621 e 622]
1° de fonte(s) [k-670] Glossaria linguarum brasiliensium Data: 1863, ver ano (60 registros)
“(...) se fará na ambuaçava desta parte ãtre ambos os rios pa q’ ellles fiquen de suas partes por muro e parede” (Id., 11.04.1590, ib., p. 394). Ambuaçava deve originar-se do vocábulo tupi paulista boaçâ, que significa “salvar”, seguramente no sentido de “lugar onde pode se proteger”. [p. 120]
3° de fonte(s) [24428] “Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”. Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP Data: 2008, ver ano (71 registros)
O muro que protegia a vila já não era suficiente, pois havia o risco de indígenas que pudessem chegar pelo médio Tietê. Foi então construída uma fortificação na confluência do Tietê com o Jurubatuba (rio Pinheiros). Era a ambuaçava, que aparece nas atas da Câmara deste período e que era também conhecida como “o forte”. [Página 352]