De São Vicente, Valdés foi para o Rio, e lá encontrou a armada liderada porDiego de Alcega, enviada pelo rei para abastecer a do Estreito. No Rio de Janeiro, ondechegou no final de maio, foi ter com o provincial do Brasil, José de Anchieta, comquem já havia se comunicado na vinda. Anchieta entregou-lhe algumas cartas, inclusiveuma a Felipe II, o que revela uma comunicação direta entre o provincial e o novo rei dePortugal, estabelecida antes mesmo da chegada da armada de Valdés. Nesta carta narrava ao rei como Valdés “dexo muy quietas (as capitanias de São Vicente e Rio deJaneiro) en la obediência y servicio de VM como lo esta toda la costa”7 ARMAS, Antonio Rumeu de. “Una carta inédita del apostol del Brasil, beato José de Anchieta, al rey Felipe II” inAnuário de estudos Atlânticos. Madrid/Las Palmas, 1997, 43, p.469-500. Rumeu de Armas, neste trabalho, levanta apossibilidade de existir pelo menos mais quatro cartas de Anchieta ao rei, algumas anteriores à chegada de Valdés.Para este autor, Anchieta encontrava-se no Rio de Janeiro – quando deveria estar na Bahia – exatamente porque foraavisado da chegada do almirante. Informação que deu até munição para que Roseli Santaella sugerisse que Anchietaera “espião” de Felipe II no Brasil. A carta de Valdés tinha o objetivo de ressaltar a importânciaestratégica de sua presença e atuação na Bahia. Claro que, em parte, procuravacompensar a pífia ação da armada, no que tangia à construção dos fortes do Estreito,mas, ao alertar sobre o clima de insubordinação da sede do governo das partes do Brasil,o almirante sabia adentrar um ponto sensível da política filipina.