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Denúncia
4 de dezembro de 1825, domingo. Há 199 anos
Ver Itu/SP em 1825
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DE MANHÃ, DIRIGI-ME, DE NOVO, À CIDADE QUE ESTÁ A 15 MINUTOSDAQUI. O JUIZ, O ESCRIVÃO E UM CIRURGIÃO FIZERAM UM visum repertum ,ONDE ESTAVA ESCRITO QUE O PEQUENO CORTE (QUE EU, ONTEM À NOITE, NÃOPENSEI SE TRATAR DE UM CORTE MORTAL) FOI A CAUSA DA MORTE DE ALEXANDRE.POR ALI, ELE PERDEU TODO O SEU SANGUE EM APROXIMADAMENTE UM MINUTO.DEPOIS DE INVESTIGAR, LOGO FIQUEI SABENDO QUE ALEXANDRE ESTEVE NA RUACOM AS VENDEDORAS; DEPOIS CHEGARAM DOIS NEGROS QUE SE JUNTARAM A ELE,E LOGO MAIS DOIS, UM DELES EMBRULHADO EM UM LENÇOL, CARREGANDO UMAFACA, E O QUARTO ESTAVA ARMADO COM URRIA CLAVA. ESTE É DESCONHECIDO; OOUTRO, QUE O FERIU COM A FACA, PEÍ|ENCIA AO COMERCIANTE JOSÉ DE BARROSE É MARIDO DE UMA NEGRA CHAMADA JOAQUINA, COM A QUAL ALEXANDRETINHA CONVERSADO. TALVEZ ELE FOSSE CONHECIDO DESSA NEGRA. AO QUE PARECE, ELE FOI CONVIDADO POR ALGUÉM PARA IR, NA ESCURIDÃO DA NOITE, A UMARUA DESERTA NO MEIO DA CIDADE DE ITU. RELATEI TODAS ESSAS INFORMAÇÕES ÃPOLÍCIA, DENUNCIEI O SUSPEITO C AGUARDO AGORA PARA ver O que A JUSTIÇAFARÁ.INFELISMENTE, O BRASIL E, HOJE, UMA TERRA ONDE NEM DIREITO DE PROPRIEDADE NEM JUSTIÇA SÃO PROTEGIDOS E EXERCIDOS. A ADMINISTRAÇÃO ESTÁENTREGUE AO CAOS; MESMO QUE O PRÓPRIO IMPERADOR ESTIVESSE CERCADO DEHOMENS PÚBLICOS ATIVOS - O QUE NÃO ACONTECE NA REALIDADE -, ISSO NÃOSERIA SUFICIENTE PARA RESOLVER AS CONVULSÕES INTERNAS. EU DIGO AOS MEUSQUERIDOS COMPATRIOTAS EUROPEUS: "DEIXEM A CONVULSÃO PASSAR, FIQUEMONDE ESTÃO E COMAM SEU PÃO MERECIDO. ELE TERÁ MELHOR SABOR DO QUEAÇÚCAR E CAFÉ PRODUZIDOS COM RISCO DE VIDA".O que eu temo não é o perigo da viagem difícil que está para serempreendida, nem mesmo a ameaça das tribos de índios selvagens, massim os perigos a que eu e meus companheiros de viagem estamos sujeitos, quando nos aproximamos de uma cidade ou quando estamos dentro dela. Prevalecem aqui assassinatos cruéis, furtos e a injustiça dosricos. Aqui vigora uma moral absurda, até mesmo entre os padres[?].Nem vou falar sobre a vida desenfreada dos libertinos, a prostituição esedução de meninas, a leviandade de mulheres e moças, o assassinato decrianças, os crimes de envenenamento, as famílias de vida amoral. Nãoposso fazer comentários a respeito, pois estaria colocando em risco aminha vida.Voltando a falar do meu Alexandre, esta manhã, ele foi levado àigreja-matriz e enterrado.Não sou nem um pouco supersticioso, mas preciso fazer menção aum caso muito estranho. Em 1796, eu estudava em Göttingen e eramuito conhecido no círculo de algumas das pessoas mais esclarecidas daépoca. Uma noite, fui convidado pela senhora do Professor, pouco antes do jantar. Aceitei o amável convite e fui imediatamente à sua casa.Ao entrar no salão, a senhora veio ao meu encontro, pedindo mil desculpas e dizendo: "Preciso confessar sinceramente ao senhor um equívoco que cometi: há pouco, quando quis chamar os convidados para sesentarem à mesa, percebi que somos 13. Não me leve a mal, peço queme desculpe e aceite ser nosso décimo quarto convidado".Fiquei muito impressionado com esse pedido de desculpa amável eingênuo. Não gosto do número 13 desde uma ocasião em Santos. Comonossa expedição consistia de 13 pessoas, empreguei ainda o caçadorOtteny como décimo quarto integrante. Há 10 dias, eu o dispensei, enovamente ficamos reduzidos a 13, embora, na realidade, sejamos só 12, pois o negro João, que pertence ao grupo, ainda está em Campinas.Agora, desses 13 integrantes, um não está mais entre nós. Para mim, vaiser difícil substituí-lo.Escrevi para a Mandioca. Um cão de caça foi morto hoje por umraio. Desde a morte do meu Alexandre, há oito dias, não tenho tidodisposição para trabalhar na História Natural. Todos os dias, eu ficavameditando em como substituí-lo e em como vou conseguir trabalharfuturamente. Meu empregado João, um homem livre, é cozinheiro ealfaiate e tem muitas habilidades naturais. Propus-me, então, a instruílo na tarefa de esfolar animais, mas vai levar muito tempo até que eleconsiga realmente aliviar o meu trabalho. Por isso, quero aproveitar opróximo correio para escrever para o Rio de Janeiro, pedindo que memandem um certo Domingos, aluno de Natterer, que agora está com oSr. Scheiner. Nos últimos oito dias, aprofundei-me bastante no estudodas línguas e características das diversas nações que terei oportunidadede observar em breve.Até ontem, choveu quase que diariamente, de sorte que não pudeenviar para Porto Feliz as mercadorias que se encontram aqui; nem eumesmo pude viajar. Ontem, convidei, para o meu almoço de aniversário, o Sr. Dr. Carlos Engler e o Sr. Oliveira. Depois de tantos dias detristeza, finalmente tive um dia divertido. Todos que conheceram aquele menino excelente vieram participar da pequena festa e se solidarizarcomigo. Pratos, facas, garfos e colheres tomei emprestado do conventofranciscano.Hoje à tarde, a tropa retornou de Porto Feliz. O Sr. Francisco Alvares Machado e Vasconcellos mandou, por ela, uma lista contendoaquelas providências absolutamente necessárias para a viagem que vamos fazer. Além disso, a tropa trouxe também o material que eu havia

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