' “Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX”. João Mendes de Almeida (1831-1898) - 01/01/1886 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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“Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX”. João Mendes de Almeida (1831-1898)
1886. Há 138 anos
Neste mesmo lugar, João Ramalho fundou uma povoação; e, em 1553, aos 8 de setembro, foi elevada á vila, sob o nome de Santo André, pelo segundo capitão-mór Antonio de Oliveira e pelo provedor da fazenda reasl Bras Cubas, ratificada em 1554 pelo donatário da capitania. Em 1560, estando em S. Vicente o governador geral do Estado, então Mem de Sá, este ordenou a demolição dessa villa e a mudança para a de & Pátrio de Pira-tininga^ que, por iniciativa dos padres da Companhia de Jesus, fora fundada em 1554, e que, por foral dado por Martim Affonso, em data de 5 de Setembro de 1558, já estava elevada á villa. [Página 95]

Afinal, o conde de Monsanto veio a perder tudo, sentença judicial e mais atos administrativos em virtude de uma diligência expedida em 26 de setembro de 1678 por El-Rei, a favor de Francisco Luiz Carneiro de Souza, conde da Ilha do Principe; e a câmara de São Vicente deu-lhe a posse, aos 28 de abril de 1679, não só do que era realmente seu, mas como também das ilhas de São Vicente e de Santo Amaro, com as vilas situadas nelas, e nos seus fundos, que não eram suas! [Página 102]

O governo de Portugal resolvera fundar um governo geral, com sede na Bahia; e Thomé de Souza foi o primeiro governador geral do Estado, segundo já foi referido, em 1549. Vieram com ele o muito ilustrado padre Manoel da Nóbrega, como superior, e mais alguns padres da Companhia de Jesus. Da Bahia, o padre Manoel da Nóbrega, acompanhado dos padres Leonardo Nunes, Afonso Braz e Diogo Jacome, veio para a capitania de São Vicente em novembro do mesmo ano; e, em junho de 1550, é fundado na vila de São Vicente o Colégio da Companhia. Neste Colégio, estando de visita, o padre Manoel da Nóbrega recebeu a carta patente, pela qual o fundador, depois Santo Ignacio de Loyola, o nomeou Provincial do Brasil.

Mais tarde vieram o padre Manoel de Paiva, superior, o padre José de Anchieta, e outros. Fundaram o Colégio de São Paulo em janeiro de 1554; e, desde então, por causa da escravização dos gentios, começou a luta surda e latente entre os padres jesuítas e os que queriam especular com os infelizes nativos.

Entretanto, outra causa não deixara de concorrer originariamente para criar um certo conflito entre os padres da Companhia e os que acompanhavam a João Ramalho: - a fundação da vila de São Paulo, em prejuízo de Santo André.

Frei Gaspar da Madre de Deus, em Memórias para a história da capitania de São Paulo, explica este conflito; e diz que o pelourinho foi levantado em Santo André aos 8 de abril de 1553. Era situada á margem direita do ribeirão Guapituba, na paragem chamada Borda do Campo, ora dentro dos limites da freguesia de São Bernardo. [Página 107]

O mosteiro de S. Bento foi fundado em S. Paulo, no anno de 1600, por frei Matheus da Ascensão, na ermida erecta em 1598 por devoção do governador D. Francisco de Souza e por frei Mauro Teixeira, dedicada â Nossa Senhora do Montserrate. Para a fundação deste mosteiro foram concedidas pelo capitâo-niór Jorge Corrêa, em 4 de julho de 1598, duas sesmarias, como vê-se no respectivo livro de registros na Thesouraria de Fazenda, A egreja foi reconstruída em 1650 por Fernão Dias Paes, que se obrigou, por si e por seus descendentes, a dal-a prompta de tudo, inclusive alfaias, sob a condição de ter para sua família na capella-mór um carneiro ou jazigo, e assim mais duas sepulturas nas ilhargas do dito carneiro. [Página 114]

Em relação á vila de São Paulo, o governador geral mandou publicar, em 15 de novembro, um bando suspendendo do exercício de seus cargos o ouvidor Antonio Lopes de Medeiros e o juiz ordinário D. Simão de Toledo Piza.

Em relação ao Rio de Janeiro, quis voltar para lá com mór urgência, a fim de sossegar o tumulto e castigar os cabeças e autores da sedição. Não o consentiu Lourenço Castanho Taques - o velho, a que D. João IV havia escrito uma carta recomendando ajuda e favor ao governador geral, também nomeado administrador geral das minas de ouro e prata na capitania, a fim de não ter embaraços na diligência dos descobrimentos, a que era enviado. E, porque Lourenço Castanho Taques interpusesse seus bons ofícios ante o governador geral, este mandou publicar em Santos, no dia 1 de janeiro de 1661, um bando perdoando aos que se haviam comprometido em São Paulo e tinham sido pronunciados na devassa que se tirou. Entretanto, insistindo o governador geral em voltar ao Rio de Janeiro, apesar das instâncias de Lourenço Castanho Taques e do grande respeito que este merecia, para o que se lhe uniram os paulistas de primeira nobreza, assentou o mesmo Lourenço Castanho Taques acompanha-lo com forças de armas até lá; mas nem este auxílio ele admitiu.

Assim desenganado da aceitação de seus tão leais serviços á causa da restauração da ordem pública no Rio de Janeiro, Lourenço Castanho Taques, usando de sua grande influência em São Paulo, ainda fez com que os prelados das religiões ou mosteiros, os cidadãos de primeira nobreza, o, senado da câmara e o povo, em carta, e no nome de El-Rei, ponderassem ao governador geral os perigos de sua resolução.

Essa carta era assinada por todos os principais da vila, mesmo os que traziam conflitos entre si, como por exemplo os da família dos Pires e os da família dos Camargos; pelo vigário da igreja Domingos Gomes Albernaz; pelo ouvidor Antonio Lopes de Medeiros e pelo juiz ordinário D. Simão de Toledo Piza, que, como já ficou referido, haviam sido suspensos pelo próprio governador geral em 15 de novembro de 1660; por Lourenço Castanho Taques, pai e filho; pelo capitão-mór Antonio Ribeiro de Moraes; e por Manuel Alvez de Souza, e outros paulistas de veneração e respeito. Nessa mesma carta, o governador geral é convidado a vir á vila de São Paulo, reconhecendo os signatários os seus grandes serviços e zelo pelo bem comum, e dando-lhe a satisfação pela ofensa que lhe haviam feito em 1660.

A resposta foi dada, já em São Paulo, a 2 de março de 1661: e, depois de agradecer a mercê que lhe faziam em abonar as suas ações, declarou ter necessidade urgente de chegar ao Rio de Janeiro, a "dar calor á obra dos galeões alo começada". E acrescentou, para aquietar os ânimos quanto ao nenhuns perigos a correr:

"porque considero que os moradores, á vista do banco que já mandei lançar e lhes dava modo do bom governo acomodando-me ás suas desconfianças, espero obrem como leais vassalos, conhecendo que a minha intenção não é mais conservar a jurisdição real; que, suposto com a ajuda de Vmcês. e desta capitania, e zelo dos moradores dela no serviço real, podia eu tratar do castigo, me conformo antes de obrar, em matérias de povo, com toda a prudência, até resolução de Sua Majestade, para com ela obrar o que me mandar".

Manuel Eufrásio de Azevedo Marques (1825-1878), em Chronologia, dá á esta carta a data de 3 de março de 1661; mas a resposta do governador geral, transcrita por Pedro Taques de Almeida Pais Leme (1714-1777) em Nobiliarchia Paulistana, é de 2 de março de 1661. Acreditamos que o erro é do primeiro; porque o governador geral não queria demorar-se. [Páginas 117, 118 e 119]

Sesmaria de Pedro de Góes

Martim Afonso de Souza, do conselho de El-Rei Nosso Senhor, governador destas terras do Brasil, etc. Faço saber aos que esta minha carta virem, que havendo respeito em como Pedro Góes, fidalgo da casa de El-Rei Nosso Senhor, serviu muito bem Sua Alteza nestas partes e assim ficar nesta terra para povoador, que com ajuda de Nosso Senhor ficará povoando.

Eu hei por bem de lhe dar e doar as terras de Taquararira com a serra de Taperovira que está da banda d´onde nasce o sol com águas vertentes com o rio Jarabatyba, o qual rio e terras estão defronte da ilha de São Vicente donde chamam Gohayó, a qual terra subirá para serra acima té o cume e dai a buscar o Capetevar, e dai virá entestar com o rio adiante que está da banda norte e por ele abaixo até Ygoar por terra em outro rio que tem ali outeiro e dai tornará a um pinhal que está na banda do campo Gioapê e dai virá pelo caminho que vem de Piratininga a entestar com a serra que está sobre o mar e dai por uma ribeira que vem pelo pé da serra que chamam Mamoré e dai dentro ao pé da serra de Ururay e virá dentro por este rio a entestar com a ilha de Caramacoara e então pelo rio São Vicente tornará a entestar com a dita serra de Taperovira donde começou a partir, e assim os outeiros e cabeças d´águas e todas as entradas e saídas das ditas terras, por virtude de uma doação que para isso tem de El-Rei Nosso Senhor.....

E por virtude da qual doação lhe dou as ditas terras, as quais serão para ele dito Pedro de Góes e para todos os seus descendentes, com declaração que ele as aproveite nesses dois anos primeiro seguintes e, não o fazendo, as suas ditas terras ficarão devolutas para delas fazer aquilo que me bem parecer; e as ditas terras serão forras e isentas sem pagarem nem uns direitos, somente dizimo a Deus: e por este mando que logo seja metido de posse das ditas terras, e esta será registrada no livro do tombo que para isso mandei fazer. Dada em Piratininga a 10 de outubro de 1532. Pedro Capico, escrivão de El-Rei Nosso Senhor e das sobreditas terras o fez. E porquanto aqui não faz declaração onde vão entestar sobre a serra que vem sobre o mar, entender-se-a desde a ponta da serra é uma quebrada, que assim faz por onde Francisco Pinto parte e todo ele com esta.

Saibam quanto este publico instrumento de posse virem, em como, no ano de 1532, dia 15 de outubro, e em a ilha de São Vicente, dentro da fortaleza, por Pedro de Góes, fidalgo da casa de El-Rei Nosso Senhor, foi apresentada a mim escrivão ao diante nomeado uma carta de doação de certas terras que mui magnifico Senhor Martim Afonso de Souza, do conselho de El-Rei Nosso Senhor, governador em todas estas terras do Brazil, e levei comigo a João Ramalho e Antonio Rodrigues, línguas destas terras, já de quinze e vinte anos estantes nesta terra, e conforme o que eles juraram assim fiz o assento, como mais largamento se verá pelo livro do tombo que o dito governador para isso mandou fazer, e com meu poder o meti de posse delas ao dito Pedro de Góes de todas as terras que na carta faz menção, e lhe meti nas suas mãos terra, pedra, paus e ramos de árvores que das ditas terras tomei e pela qual o dei por empossado e dou deste dia para todo o sempre tão solenemente como o direito se pode fazer, e lhe publiquei e notifiquei a doação de El-Rei Nosso Senhor e assim as condições dela para que em nem um tempo possa alegar ignorância, e ele dito Pedro de Góes aceitou a dita posse e se deu por empossado e ficou de cumprir as ditas condições que as hei por declaradas como se claramente as especificasse. Testemunhas que a tudo foram presentes o sobredito João Ramalho, Antonio Rodrigues e Pedro Gonçalves que veio por homem de armas nesta armada, que veio por capitão-mór o dito Senhor Governador, as quais assinaram no livro do tombo comigo escrivão. Em testemunho de verdade, eu como publico escrivão da Fazenda de El-Rei Nosso Senhor e destas sobreditas terras e tabelião público pelo dito Senhor fiz este instrumento; e traslado do sobredito tombo aquelas cláusulas e forças necessárias para dar tudo por instrumento ao dito Pedro de Góes, feito em Yrarabul, onde ora tem feito por virtude da dita posse o dito Pedro de Góes uns tijupares, e o assinei de meu publico sinal que tal é.

As confrontações de que trata a sesmaria e posse constantes da escritura que acabamos de transcrever, tem á margem do papel as explicações postas em nota no ano de 1674, por letra do padre Lourenço Craveiro, reitor do colégio dos jesuítas de São Paulo, as quais são as seguintes:

1) Defronte de São Vicente, ilha, porque então não havia ainda a vila de Santos, e começam donde nasce o sol, que nasce da banda d´além de Santos, onde está o rio Jerybatyba, que é bem conhecido.

2) Esta serra é a de Paranapiacaba; este Capetevar até agora não é bem conhecido, deve ser algum morro; este rio que está da banda do Norte é o rio Anhemby, que a quem vem de Santos lhe fica da banda do Norte adjacente, por isso não diz que corre do Norte, senão que está, porque da parte do Norte é que corre para o poente e fica adjacente ao Norte.

3) E pelo rio Anhemby abaixo até o rio Maqueroby, que está junto á aldeia Conceição(*), o qual rio entra no Anhemby ai mesmo, e é maior que este nosso rio Tamanduatehy, e tem junto da barra um outeiro de que fala a dita data.

A dos Guarulhos não existia então (1533). Sem dúvida, era alguma aldeia no lugar em que o Rio-Grande, ou Pinheiros, conflui com o Tietê. VARNHAGEN, História Geral do Brasil, XXIII, menciona a aldeia da Conceição dos Pinheiros.

4) Este pinhal é a paragem da Conceição, que estava de uma e outra banda do rio Anhemby, de que existem vestígios desta banda e pinhal da outra, e no cabo do campo desta terra, que isso vem a dizer Joápen.

5) Caminho de Piratininga é o caminho velho do mar, por onde vai virando esta data de terras.

6) Esta serra é a bem conhecida Paranapiacaba, que está sobre o mar.

7) Ponta do Ururay bem de sabe onde é; é a quebrada da serra.

8) Ribeira ao pé da serra Mamoré, é abaixo da dita quebrada da serra de Paranapiacaba.

9) Ururay se chama aquele vale onde teve sítio o capitão Antonio de Aguiar Barriga, e a ribeira que lhe corre é Ururay.

10) Ilha Caramocoara(*) é a que está na barra do rio Cubatão, onde vem dar a ribeira Ururay.

11) Rio de São Vicente. Este é o que chamam Caneú, ou o largo, o qual se dizia Rio de São Vicente(**), porque em toda aquela ilha não havia outra povoação mais que a de São Vicente.

12) Esta serra de Taperovira é o monte ou montes ao pé dos quais vem o rio Gerybatyba, defronte de Santos. [“Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX”, 1886. João Mendes de Almeida (1831-1898). Páginas 223, 224, 225, 226 e 227]

Faço saber aos que esta minha carta vieram que havendo respeito como Ruy Pinto, cavaleiro da ordem de Cristo, servio cá nestas partes Sua Alteza e assim ficou para povoador nesta terra, que com ajuda de Nosso Senhor ficou povoado.Hei por bem de lhe dar as terras do Porto das Almadias onde desembarcam quando vão para Piratinim quando vão desta Ilha de São Vicente, que se chama Apiaçaba, que agora novamente chama-se o porto de Santa Cruz, e da banda do Sul partirá pela barra do Cubatão pelo porto dos outeiros que estão na boca da dita barra, entrando os ditos outeiros dentro nas ditas terras do dito Ruy Pinto. E dai subirá direto para a serra por um lombo que faz, por um vale que está entre este lombo e uma água branca que cahe do alto, que chamam Ytutinga e, para melhor se saber este lombo, entre a dita água branca, por as ditas terras não se mete mais de um só vale e assim irá pelo dito lombo acima, como dito é até o cume do serro alto que vai sobre o mar e pelo dito cume irá pelos outeiros escalvados que estão no caminho que vem de Piratinim. E atravessando o dito caminho irá pela mesma serra até chegar sobre o vale Ururay (Seria de certo lá a aldeia de Piqueroby) que é da banda norte das ditas terras, onde a serra faz uma fenda por u ma selada, que parece que fenece por ali, a qual serra é mais alta que outra por ali ajunta e dela que vem por riba do vale de Ururay, da qual aberta cahe uma água branca;do alto desta dita barra desce diretamente ao rio de Ururay, e pela veia d´água irá abaixo até se meter no mar e outeiros escalvados (...) [“Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX”, 1886. João Mendes de Almeida (1831-1898). Página 228]

Cópia do assento tomado na camará da viila de S. Vicente, cabeça da capitania do mesemo nome a 3 de Junho de 1652, para a restituição dos padres da Companhia de Jesus aos seus Colégios.

As villas e povos desta capitania, por seus procuradores, a saber: esta villa de S. Vicente, por seus procuradores José Simões e João Rodrigues de Moura; a de S. Paulo, por seus procuradores D. Francisco Rendon de Quevedo e João de Godoy Moreira; a de Santos, pelos capitães Pedro Pantojo da Rocha e Lucas de Freitas de Azevedo; a de Sant´Anna de Parnahyba, pelo capitão Balthazar Fernandes; a villa de S. Sebastião, pelo capitão Francisco Rodrigues da Guerra; a villa de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaen, cabeça da capitania da condessa de Vimieiro, por Francisco de Fontes;
a villa de S. João de Cananéa, por João Rodrigues de Vasconcellos
e a villa de Nossa Senhora das Neves de Iguape, por João da Maia (*)
todos juntos, unanimes e conformes com a camará da villa de S. Vicente, onde foram convocados para se tratar da restituição dos conventos dos padres da Companhia a estas capitanias, accordaram para bem commum e quietação delias, vista a muita vontade que os ditos religiosos mostram de tomar a ellas, a continuar a administrar sua doutrina, como costumam fazer c em todas as partes onde assistem, querem com a mesma correspondência de amor e vontade acceitar os ditos religiosos, a quem sempre tiveram muito respeito, dizendo que, se aquelles povos moradores delias intentaram fazer a chamada expulsão^ foi por se verem obrigados de apertada necessidade e temor de perderem honras, vidas e fazendas com a execução da bulia, que sem os ditos moradores serem ouvidos se procurou publicar e executar acerca da liberdade do gentio, do que se poderia com razão temer total mina de todas as capitanias. E, ora, visto os ditos reverendos padres desistirem de todo o direito e acção, que poderiam ter com o dito breve, com o que se lhes augurava a desejada pariquietação, querem e pedem que, para mais conservação do amor e amisade em que pretendem viver com os ditos religiosos, e para evitarem duvidas, seja com as condições seguintes: 1.* — Que por via de transacção e amigável compo- sição o padre reitor e os mais religiosos farão desistência de todas as queixas ou acções e mais processos que tiverem postos em juizo ecclesiastico ou secular contra os moradores das ditas villas, que os querem admittir, e desistirão de todo o direito que contra elles tiveram, pondo-se em tudo perpetuo silencio, renunciando todo o direito de todos os seus despachos, sentenças e quaesquer outros procedimentos, que em seu favor se tenha dado contra os moradores; do que se &rão escripturas mui seguras para ambas as partes. 2,* — Que não hão de pedir perdas, damnos, gastos nem despezas algumas feitas até o presente por causa da cbamada eocpulsão^ e que hão de dar todo o sobredito aos moradores por desobrigados, com declaração de que, se algum morador lhes tiver alguma cousa movei ou de raiz, que pertença aos religiosos, estes poderão requerer em direito e justiça, como lhes parecer, para a restituição da tal cousa, e que o mesmo direito lhes ficará para requererem contra 8eus procuradores para lhes darem conta de sua fazenda, e lhes pagarem, e lhes restituírem tudo o que como taes lhe fcrem obrigados. — 232 — 3.* — Que nâo hão de ter nas aldêas dos índios superior ou religioso algum, que tenha superioridade no governo e administração das aldêas e indios delias e que o tal superior e administrador serão postos por quem directa- mente tocar, não sendo pessoa dos ditos religiosos, porque ainda que elles são, por suas partes, virtudes e zelo do serviço de Deus, pessoas para occuparem maiores cargos, os moradores querem por esta via fugir de occasiõea por onde se podem occasionar duvidas com os ditos religiosos; e, querendo elles ensinar doutrinas, ou sacramentar os indios, o poderão fazer com os mais sacerdotes. 4.* — Que não recolherão, nem ampararão os indios que fugirem aos moradores, nem os consentirão em seus mosteiros nem fazendas. 5.* — Que os contractos ou escripturas que sohrc a matéria se fizerem, hão de ser com taes clausulas e condições, que para todo o sempre fiquem obrigados seus superiores e todos os religiosos do coUegio, presentes e vindouros. 6.* — Que os moradores voluntariamente, e por sua devoção, ajudarão a concertar e reformar seus coUegios, conforme a devoção de cada um, sem deste ofiFerecimento nascer obrigação; antes cada um poderá fazer o que quizer: e a mesma ajuda elles promettem no caso que queiram mudar os coUegíos para outros lugares. 7.* — Que não se mostrarão fortes nem o serão agora, nem em tempo algum, no tocante ao breve ou bulia que dizem foi passado a instancias dos padres da provincia do Paraguay, nem no substancial, nem nos accessorios ou dependências, nem publicarão, nem consentirão publicar em suas egrejas, casas ou conventos, breve algum tocante à liberdade dos indios; antes renunciarão qualquer direito que tenham ou possam ter sobre este particular. 8.* — E por firmeza de tudo alcançarão, em tempo breve, a confirmação deste concerto, assim de seu geral como — 233 — de S. M., para que assim fique em perpetua paz e conformidade. 9.* — E, sendo caso que em algum tempo os reve- rendos padres da Companhia, depois de estarem nesta capitania, intentem invocar ou dar execução a qualquer novidade ou alteração em razão da liberdade do gentio, ou de qualquer outra cousa que encontre em parte ou no todo as condições acima e atraz referidas, poderão tornar a ser expidsos desta capitania sem por isso os moradores delia incorrerem em pena alguma, para o que se desaforam de todos e quaesquer privilégios e liberdades ecclesiasticas que em seu favor possam allegar, assim neste caso, como em todos os mais contheudos nos capitulos antecedentes. 10.* — Outrosim declaramos que a entrada dos reve- rendos padres em esta capitania sempre se entenderá que será trazendo primeiro a confirmação do seu geral e approvação de S. M., para que deste modo se exclua toda a desconfiança ou duvida que delia possa nascer, e cumpridas todas estas condições haver-se por revogados os termos e assentos feitos acerca da chamada expulsão. Com que nos assignamos. S. Vicente aos 3 de Junho de 1652. ( Seguem as assignaturas dos procuradores ao principio declarados. ) [Páginas 230, 231 e 233]

A história do Brasil refere, entre inumeros outros nomes de chefes, Uirá (tatú-bola), Pirá-uassú (baleia), Ita-gi (machado de pedra), Inajá-guassú (palmeira grande), Acayu-miry (cajú pequeno), Lavara-eté (onça), Metara-uby (pedra verde); e, da capitania de São Vicente, Tebyreçá ou Terbir´-içá (formiga daninha), e Cahá-uby (mato verde, ou floresta).

O nome Piquiroby, assim escrito nas cronicas, não é senão Pi-kì-yrob, "pinheiro". Pi, "pele ou casca", ki, "espinho, ou ponta aguda", yrob, "amargo": "árvore de casca amarga e folhas agudas". Parece que não há outra explicação; tanto considerados os motivos que passamos a expor. Ou, quem sabe, seria Pi-cury-oby?.

A aldeia Ururay, cujo era chefe ou maioral Piquiroby, estava situada, segundo cronistas, em um recanto dos campos de Pirá-tininga. Não podia deixar de ser á margem de um rio Pi-kì-yrob, cujo nome aparece corrompido em Maqueroby, nas notas que, em 1674, o padre Lourenço Craveiro, reitor do Colégio da Companhia de Jesus em São Paulo, escreveu sobre o título de sesmarias de Pedro de Góes; e esse rio era assim denominado, por correrem suas águas entre extensos pinhais, até entrar no rio Anhemby (Tieté).

A tribo Ururay ocuparia o território desde o vale de Ururay, da banda do norte, na serra de Paranapiacaba, seguindo o curso do Piquiroby (ora Rio Grande até que, encontrando o Rio Pequeno, toma o nome dos Pinheiros), a afluir no Anhemby (Tieté). A aldeia, portanto estaria á margem do Piquiroby, mais adiante, no vale de Ururay. [“Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX”, 1886. João Mendes de Almeida (1831-1898). Página 328]

Também Pedro Taques, Nobiliarchia Paulistana, na Revista do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico do Brasil, XXXIV, parte primeira, página 31, referindo-se a João Pires, bisneto de Piquiroby, escreveu:

Foi abundante em cabedaes, com estabelecimento de uma grandiosa fazenda de terras de cultura em uma légua de testada até o rio Macoroby, que lhe foi concedida de sesmaria em 1610, com o seu sertão para a serra de Juquery."

A tribo Ururay ocuparia o território desde o Vale de Ururay, da banda do norte da serra de Paranápiacaba, seguindo o curso do Piqueroby (ora Rio Grande*, até que, encontrando o Rio Pequeno, toma o nome dos Pinheiros), a afluir no Anhemby (Tietê). A aldeia, portanto, estaria á margem do Piquiroby, mas adiante, no vale de Ururay.

*Segundo Azevedo Marques, a palavra Pinheiros, que os antigos também conheciam por Gerybatiba. Mas, de certo, era Cury-tiba, "pinheiro muito", Gerybatiba era e é outro, que, nascendo na mesma serra de Paranapiacaba, corre para o mar, a desembocar quase em frente na cidade de Santos. [“Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX”, 1886. João Mendes de Almeida (1831-1898). Páginas 329 e 330]

Antonio Rodrigues, português, casado com Antonia Rodrigues, selvagem, filha de Piquiroby

Antonio Rodrigues (*) já residia na capitania, que depois foi denominada São Vicente, fazendo vida marital com a filha de Piquiroby, chefe da aldeia de indígenas

(*) O senador Candido Mendes de Almeida, Notas para a história pátria, na Revista do Instituto Histórico, Geographico e Ethnographico do Brasil, XL, pags. 163 e 277, parte segunda, 1880, a propósito de querer provar, infundadamente, que João Ramalho era o bacharel de Cananéia, atribuiu a frei Gaspar da madre de Deus a invenção de Antonio Rodrigues, que vivera maritalmente com a filha do cacique Piquiroby.

Além do testamento de D. Mécia Fernandes, neta de Antonio Rodrigues, citado por Pedro Taques, há o testamento do padre Jorge Moreira, nas Memórias por ele escritas no meiado do século XVII, nas quais se apoiou frei Gaspar da Madre de Deus. E, sobretudo, o título de sesmaria de Pedro Góes.

Demais: há o testemunho da tradição em Santos e São Vicente; e até em frente ao porto do Tumiarú é assinalado o local de sua casa.

Também frei Gaspar da Madre de Deus não podia ter inventado o primeiro progenitor português de Amador Bueno. Retrocedendo no antem genvit, seria encontrado necessariamente Antonio Rodrigues, companheiro de João Ramalho. [Página 351]

Goiá-nà em Ururay (*), assim como João Ramalho, também português, com a filha de Tebir`-içá, chefe maioral de outra aldêa de goiá-nà em Pirá-tininga, sobre a serra, quando Martim Affonso de Souza entrou a barra de Buriqui-óca, por corrupção, Bertioga, em 22 de janeiro de 1531.

Assim, após a conquista desse território para seu Rei, Antonio Rodrigues apressou-se a legitimar seu casamento â face da egreja: precedendo, com o nome de Antónia, o batismo (*) da bela e gentil princesa selvagem, cujo amor, casto e sincero, lhe fora, certo, o único escudo para a salvação da vida: — então que, abandonado por algum navio, ou quiçá naufrago (se não era um dos prófugos grumetes da armada de Pedro Alvares Cabral, como já por suspeita deixámos dito), os indígenas o aprisionaram, com destino sem duvida a algum grande banquete, preludiado pela ceremonia da entrega da mais linda joven da tribu, conforme o uso e costume gentilico da America.

Foi António Rodrigues, bem como João Ramalho, de muito auxilio a Martim Affonso de Souza. "O respeito de João Ramalho, e os bons ofScios de António Rodrigues, lhe conciliaram a amizade dos Guaianázes." (**) Nesta phrase denuncia-se a differença do temperamento e do caracter desses dous primeiros povoadores da capitania de S, Vicente. João Ramalho foi sempre enérgico e violento.

António Rodrigues, brando e sempre prudente. A verdade é que, ao passo que João Ramalho andou sempre em conflicto, ora com as autoridades em S.Vicente, ora com os padres da Companhia de Jesus em S. Paulo de Pirá-tininga, António Rodrigues mantinha-se, com sua pacifica obscuridade, em sua pequena casa á margem do rio Yryri- piranga^ em frente ao porto de Tumiarú (***), onde, conforme a crença de frei Gaspar da Madre de Deus, já residia quando em 1531 chegaram os navios de Martim Affonso de Souza. (*)

A prole de Antonio Rodrigues alcançou a bem-aventurança da multiplicação (**) e, mais ainda, a de

(***) Frei Gaspar da Madre de Deus, Memórias para a história da capitania de S. Vicente, I, 60, referindo a fundação da vila de São Vicente, escreveu:

"levantou a vila no fim da praia de Tararé, junto ao mar, em sítio alguma coisa distante do porto de Tumiarú, entre o qual e a povoação se intromete um outeiro. O lugar da vila não permitia desembarque, razão por que mandou o Capitão-mór abrir uma estrada, que começava em S. Vicente, seguia pela praia de Tararé, continuava pela d`Embaré, e ia finalizar no sítio, onde hoje existe o forte da Estacada quase defronte do Rio de Santo Amaro. Por aqui se conduziam para a vila as cargas menos pesadas, e as outras ordinariamente iam pelo rio em canoas até Tumiarú."

O rio Yryri-piranga é o que o vulgo colonial denominou de Casqueiro, aludindo ás ostreiras. O citado frei Gaspar da Madre de Deus, obra referida, I, 63, menciona esse nome. Significa "ostra vermelha"; e não "vespa vermelha", como escreveu Azevedo Marques, Apontamentos históricos, biográficos, ethnographicos, estatísticos e noticiosos a província de S. Paulo, na palavra Iriripiranga. E, a propósito, acrescentou que "diversos documentos do século XVI falam de uma aldêa de índios Guayanazes com este nome mais ignora-se precisamente o lugar onde existiu, depreendendo-se apenas pelo contexto que não era longe da de Piratininga." Ora, o título da sesmaria das terras de Iriripiranga, concedidas pelo capitão-mór Gonçalo Monteiro ao meirinho de São Vicente - João Gonçalves, em 4 de abril de 1538, bem esclarece o lugar. [páginas 353 e 354]

* Ururay, nome de uma serra e de um pequeno ribeiro que ali nasce, era também a denominação de aldeia. Seguindo-se a descrição de limites nos títulos das sesmarias concedidas por Martim Afonso de Souza, em 10 de outubro de 1532 a Pedro de Góes, e em 10 de fevereiro de 1533 a Ruy Pinto, fidalgos da casa real, a serra, ou sitio denominado Ururay, ainda hoje pode ser facilmente verificada.

O primeiro título declara: "... pelo caminho de Piratininga (caminho velho do mar para São Paulo) a entestar com a serra que está sobre o mar (Paranapiacaba) e dai por uma ribeira que vem pelo pé da serra que chamam Maroré e dai dentro no pé da serra de Ururay, e virá dentro por este rio a entestar com a ilha Caramoacara (a que está na barra do rio Cubatão, onde vem dar a ribeira Ururay) ... "

O segundo título anda declara: "E, atravessando o dito caminho (de Piratininga, irá pela mesma serra (Paranapiacaba) até chegar sobre o vale de Ururay, onde a serra faz uma fenda por uma selada, que parece que fenece por ali junta, e dele vem por riba do vale de Ururay, da qual aberta cáe uma água branca, e do alto desta dita barra desce direitamente ao rio de Ururay, e pela veia da água irá abaixo até se meter no mar e outeiros escalvados..." Conforme este título o Ururay fica para a banda do Norte, com referência á barra do rio Cubatão. [Página 352 e 353]

Diogo Garcia, Memoria de la navegacion... en el año de 1526 e 1527 escreveu, com referência a 1527: Daqui saímos em meados de janeiro daquele ano,... e andando pela estrada chegamos a um rio chamado Rio de los Paros, que está a 27 graus, que há uma boa geração, que eles fazem muito boa obra para os cristãos, e eles são chamados de Carrioces..." Patos era nome de uma tribo. [“Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX”, 1886. João Mendes de Almeida (1831-1898). Página 294]

Ha na História silêncios inexplicáveis. Está neste caso a obscuridade que rodeou a pessoa e o nome do chefe da tribo e aldeia de Ururay, Piqueroby, eis que Martim Afonso de Souza tomou posse do território Pirá-tininga e começou a distribuir sesmarias. Um cronista moderno (Machado de Oliveira, Quadro Histórico da Província de São Paulo), narrando quais eram as nações nativa que habitavam o território da capitania de São Vicente, nos limites da atual província de São Paulo, guayanás, tupis, carijós, além das do sertão, e expondo que os guayanás tinham por principais chefes em serra acima, o cacique Tebyreçá, com aldeias nos campos de Pirá-tininga, e no litoral o cacique Cayubi, ou, melhor, Cahá-uby, com aldeias á margem do rio Gerybatiba e em outros pontos da costa, de sorte que a serra de Paranapiacaba servia de linha de separação a essas duas confederações, acrescentou: "A História ainda faz menção a tribo Ururay, pertencente á confederação guayaná, ocupando um dos recantos dos campos de Pirá-tininga, e tendo por chefe o cacique Piqueroby, que déra sua filha por mulher a Antonio Rodrigues, companheiro de João Ramalho, e talvez sócio com este em seu desterro. Desta tribo fundou-se a opulenta aldeia de São Miguel, que, como as outras, não escapou á comum destruição por que todas elas passaram."

Após essa narração, o mesmo cronista não deixa de mencionar o chefe das tribo Ururay, por ocasião da descida de Tebyreçá e de João Ramalho, com trezentos sagitários, ao encontro de Martim Afonso de Souza: mas, apenas, para assinalar que foi precisa a sua anuência ao plano de bem receber os portugueses da armada.

Assim escreveu ele que João Ramalho "tivera por companheiro nessa empresa a Antonio Rodrigues, que aliara-se á filha de Piqueroby, chefe da tribo Ururay, depois de conseguir deste, á imitação do régulo de Pirá-tininga, sua anuência a favor do desembarque de Martim Afonso".

De então em diante, cronista algum dá notícia de Piqueroby. Ignora-se se recebeu o batismo; se viveu ainda muito tempo; se recusou-se á comunhão social com os portugueses. Apenas a História registra que Antonio Rodrigues, seu genro, obtivera uma sesmaria em terras fronteiras ao porto do Tumiarú, em São Vicente, e aí residia; e que na sesmarias de Pedro de Góes, segundo o respectivo título, fôra encravado o território pertencente á tribo Ururay, figurando de língua ou interprete, e testemunha, na designação das divisas, conjuntamente com João Ramalho, o mesmo já referido Antonio Rodrigues.

Quando os padres da Companhia de Jesus resolveram convidar os nativos para povoarem a sua vila de São Paulo, a fim de ser mais facilitada a catequese, não são mencionados senão Tebir-içá e Cayubi. E até o cronista (Gaspar da Madre de Deus; 1715-1800), cujas primeiras narrações já foram transcritas, tratando da escolha do local para a fundação do Colégio da Companhia de Jesus, escreveu:

"Eram os campos de Pirá-tininga habitados nesse tempo por algumas tribos guayanás que obedeciam a Tebyreçá e Cayubi, os régulos que, consentindo no desembarque de Martim Afonso, perseveravam em lealdade para com os brancos, tudo em deferência a João Ramalho..."

Chegados os padres ao campo, e fitando na formosa miragem do país que ante eles se distendia, fizeram parada nas alturas sobranceiras ao rio Tamanduaethy e ribeiro Anhamgabahú, e ai levantaram um rustico aposento para abrigo, e em que celebrou-se missa a 25 de janeiro de 1554, dia em que se soleniza a conversão de São Paulo, que dai derivou seu nome a povoação que então se começou a edificar naquelas paragens; e, como para essa edificação dependia-se de gente afeita a tais trabalhos, convidaram os jesuítas a Tebyreçá e Cayubi para que com suas tribos viessem levantar seus alojamentos nas vizinhanças do sítio em que haviam feito seu aposento; e assim praticaram, estabelecendo-se Tebyreçá no local em que vê-se hoje o mosteiro de São Bento, e derramando-se os nativos pela área que depois serviu de assento á atual cidade.

Parece que Piquiroby já era falecido; e ou, aliás, foi o chefe que "não preservou em lealdade para com os brancos", visto que a cronica não refere senão três, Tebir-içá, Piquiroby e Cayubi, quando Martim Afonso de Souza aportou á Buriqui-óca, ou, por corrupção, Bertioga.

E é para crer que já fosse falecido; porquanto o chefe que, em 1562, aparece á frente dos nativos que atacaram a nascente vila de São Paulo, foi Araray, irmão de Tebir-içá, conforme narra o mesmo já citado cronista, que escreveu Ururay em vez de Araray.

Ou, quem sabe! Este Ururay ou Araray seria o mesmo Piquiroby, pela semelhança do mesmo nome com o da tribo deste cacique quando Martim Afonso de Souza desembarcou em Buriqui-óca, depois Bertioga?

*** Frei Gaspar da Madre de Deus (1715-1800), Memórias para a história da capitania de São Vicente, I, em nota ao 154, afirma que Pirá-tininga, ou Piratinim, é um ribeiro, afluente do Tieté: e faz referência ao auto de demarcação das terras de Braz Cubas, feito em São Paulo em 1633, além de uma carta de sesmaria, passada por Jorge Ferreira aos 9 de agosto de 1567.

Supõe mesmo que seja o Tamanduatehy. Manuel Eufrásio de Azevedo Marques (1825-1878), porém nos Apontamentos históricos, geográficos, biográficos, estatísticos e noticiosos da província de São Paulo, no nome Piratininga, o refuta com vantagem, dizendo que, se em documentos antigos ha a palavra rio de Piratininga, é significando que pelos campos desse nome passa um rio. Em verdade, não há notícia de tal rio Pirá-tininga. [“Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX”, 1886. João Mendes de Almeida. Páginas 332, 333, 334, 335 e 336]

Seja, porém, Piquiroby o mesmo Ururay, de que trata Machado de Oliveira, ou o Araray de que trata Azevedo Marques, ou seja este chefe de 1562 outro individuo, diverso de Piquiroby não é licito acusa-lo de deslealdade para com os brancos, pois que entendia defender a pátria e sua raça, ameaçadas de servidão. Talvez o chefe de 1562, vendo Tebýriça instalado na nascente vila de S. Paulo, tivesse o mesmo pensamento do bárbaro germano Arminio, quando Júlio César, conseguindo a submissão de Segestes, outro chefe naquela antiga nação barbara da Europa, assegurou-lhe um asilo permanente na mesma sua província conquistada.

O chefe brazilico de 1562 teria dito aos nativos de Pirá-tininga:

"Que pai magnifico! Que valente general! Muito embora Tebir-içá vá viver em um terreno conquistado, os filhos da guerra nunca poderão perdoar a um homem que, entre os rios Yryri-piranga e Anhemby, não sente pejo de haver concorrido para se verem todas as insignias do poder lusitano. Assim, se entre vós ainda existem ânimos bizarros, que a novos senhores e a novas colônias prefiram a pátria, os parentes, os costumes antigos, segui-me pelo caminho da gloria e da liberdade, e abominae Tebiriçá, que vos prepara os ferros de uma torpe escravidão" [Página 337]

A serra de Paranapiacaba servia de linha de separação a essas duas confederações. A história ainda faz menção da tribo Ururay, pertencente á confederação guayaná, ocupando um dos recantos dos campos de Pirá-tininga, e tendo por chefe o cacique Piquiroby (...).

Piqueroby é mencionado por ocasião da descida de Tebyreçá e de João Ramalho, com trezentos sagitários, ao encontro de Martim Afonso de Souza; mas, apenas, para assinalar que foi precisa a sua anuência ao plano de bem receber os portugueses da armada. [Páginas 332 e 333]

D. Mécia Fernandes, a qual casou-se com Salvador Pires, viúvo

Salvador Pires era o segundo filho de outro de igual nome, e de sua mulher D. Maria Rodrigues; esta, filha de Garcia Rodrigues e de Isabel Velho, portugueses. O primeiro Salvador Pires, nascido em Portugal, era filho de João Pires - o gago, e sobrinho de Jorge Pires, cavaleiro fidalgo, segundo afirma Pedro Taques, Nobiliarchia Paulistana, na Revista do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico do Brasil, XXXIV, parte primeira, 1.° trimestre de 1871, páginas 5 e 6.

Sem embargo de querer Pedro Taques que o principio da família Pires seja o primeiro Salvador Pires, mais se ajusta ao segundo essa glória, embora este seja filho legítimo daquele; porquanto o segundo aqui nasceu, e casou-se com Mécia Fernandes, bisneta de Piquiroby.

Conforme narra Pedro Taques, o primeiro Salvador Pires fez estabelecimento na povoação de Santo André da Borda do Campo, depois aclamada vila em 8 de abril de 1553; sendo seu pai, João Pires, de alcunha, "o gago", o primeiro juiz ordinário. O sobredito primeiro Salvador Pires obtivera, no distrito da nova vila, meia légua de terras na tapéra que tinha sido aldeia dos nativos Baibebá; "por ser lavrador potentado, que dava avultada soma de alqueires de trigo ao dízimo, além da colheita de outros frutos, todos os anos".

O segundo Salvador Pires, que é o deste casal, "também viveu muito abundante, com grandes lavouras, e numerosos trabalhadores delas, quais eram os nativos católicos da sua redução e administração"; e sua fazenda de cultura, com uma légua de terras em quadra, era sita no lugar acima da cachoeira Pátuáy, no rio Anhemby, que, ais correto, parece ser Nhinhing-y (água que faz ruga, por causa das pedras que na sobredita cachoeira represam o curso do rio). [Páginas 361 e 362]

No governo da vila de São Paulo foi pessoa principal; até que faleceu em 1592. Enviuvara da primeira mulher; e casando-se com D. Mécia Fernandes, teve oito filhos, compreendidas as filhas:

1°) Maria Pires, da qual se tratará no texto genealógico seguinte.
2°) Catharina de Medeiros, a qual casou-se com Mathias Lopes: cujo primeiro filho, Antonio Lopes de Medeiros, foi ouvidor da capitania de São Vicente e São Paulo, tomando posse em 7 de setembro de 1659.

3°) Anna Pires, casada com Francisco de Siqueira, português, em segundas nupcias: era viúva de Antonio Bicudo, do qual não tivera filhos. Francisco de Siqueira e Anna Pires foram os avós do capitão-mór Francisco Dias de Siqueira, de alcunha Apuçá; por ser surdo;

4°) Isabel Fernandes, casada com Henrique da Cunha Gago.

5°) Salvador Pires de Medeiros. Foi cidadão influente e rico. Casou-se com Ignez Monteiro de Alvarengas.Este Salvador Pires, com sua mulher, fez doação a Bartholomeu Bueno da Ribeira, seu cunhado, das terras que herdara de seus pais. Deste casal, por sua filha D. Maria Pires de Medeiros, casada com Antonio Pedroso de Barros, descendem os Souza Queiroz, os Souza Barros, e os Paes de Barros. Também dele, por D. Maria Pires Fernandes, casada com Francisco Dias Velho, filho de outro do mesmo nome, fundador e povoador da ilha de Santa Catharina, procedem os Dias Velho daquela ilha e do Rio-Grande do Sul.

6°) João Pires, que casou-se com Mécia Rodrigues. Teve grande voto nas assembleias do governo político de São Paulo, por sua autoridade social. Foi lavrador riquíssimo; e suas terras, com uma légua de testada, atingiam o rio Macoroby, com o sertão para a serra de Juquiry.

7°) D. Custódia Fernandes, que casou-se com Domingos Gonçalves: sem geração.

8°) Antonio Pires; o qual faleceu solteiro.

D. Mécia Fernandes faleceu em 1625. [Páginas 363 e 364]

Valeram-se os hespanhóes de todos os argumentos possíveis para persuadirem aos paulistas, e europeus pouco instruídos, que, sem encargo de suas consciências, nem faltarem á obrigação de honrados e fieis vassallos, podiam não reconhecer por Soberano a um Príncipe, a quem não haviam jurado obediência. Fomentavam ao mesmo tempo a vaidade dos ouvintes, exagerando o merecimento dos paulistas (*), e europeus principaes, e dizendo que as suas qualidades pessoaes e nobreza hereditária os habilitavam para outros maiores impérios. Para os livrarem de temores, lembraram os milhares de índios, seus administrados, e escravos, com que podiam levantar exércitos formidáveis de muitos mil combatentes ; c a situação de S. Paulo summa- mente defensável, e tão vantajosa nesse tempo, que por haver para os portos de mar tão somente a estrada de Paranapiacaba, de qualidade muito má, bastaria lançarem-se pedras pela serra abaixo, para se retirarem derrotados os expugnadores.

. . . Além disso, a plebe em toda a parte é fácil de mover-se, e de arrojar-se a excessos. Os hespanhóes conseguiram seduzil-a, e ajuntar um grande numero de pessoas de todas as classes, que, acclamando unanimemente por seu Rei a Amador Bueno de Ribeira, concorreram, cheios de alvoroço e enthusiasmo, à sua easa a congratular-se com elle.
>
Pasmou Amador Bueno de Ribeira quando ouvio semelhante proposição: elle detestou o insulto dos qíie a proferiram, e com razões efíicazes procurou dar-lhes a conhecer sua culpa, e cega indiscrição. Lembrou-lhes a obrigação que tinham de se conformarem com os votos de todo o Reino, c a ignominia de sua pátria se se não reparasse a tempo, com voluntária e prompta obediência, o desacerto de tão criminoso attentado. « Mas, a repugnância do eleito augmenta a obstÍDação do povo ignorante : chegam a ameaçal-o com a morte, se não quizer empunhar o sceptro. Vendo-se nesta consternação, o fiel vassallo sahio de sua casa furtivamente, e com a espada nua nã mão para se defender, se necessário fosse, caminhou apressado para o mosteiro de S. Bento, onde intentara refugíar-se. Advertem os do concurso, que havia sabido pela porta do quintal, e todos correm após elle, gritando : Viva Amador BnenOy nosso Rei ! ao que elle respondeu muitas vezes em voz alta: Viva o Senhr D. João IV^ nosso Rei e Senhor^ pelo qual darei a vida! « Chegando Amador Bueno de Ribeira ao mosteiro, entrou, e fechou rapidamente as portas. Como os paulistas antigos veneravam summamcnte aos sacerdotes, principalmente os regulares, nenhum insultou ao convento, e todos pararam da parte de fora, insistindo porém na sua indiscreta pertensão. Desceu á portaria ò D. Abbade, acompanhado da sua com- munidade, e com attenções entreteve a multidão, emquanto Amador Bueno de Ribeira mandou chamar com pressa os ccclesiasticos mais respeitáveis, e alguns sujeitos dos principaes, que se não achavam no concurso. Vieram logo uns e outros, e todos unidos ao dito Bueno fizeram comprehender aos circumstantes que o Reino pertencia â Serenissima Casa de Bragança, e que delle se acharia esta em posse pacifica — 371 — desde o dia da morte do Cardeal Rei D. Henrique, se a violência dos monarchas hespanhóes não houvera suffocado o seu direito. . « Nada mais foi necessário para se conduzirem aquelles fieis portuguezes como deviam: todos, arrependidos do seu desaccordo, foram cheios de gosto acclamar solemne- jnente (*) o senhor D. João IV, com magoa dos hespanhóes, os quaes, para não perderem as commodidades que tinham vindo procurar em S. Paulo, prestaram também o juramento de fidelidade ao mesmo Senhor. » O auto dessa solemne acclamação na camará esta assignado, entre outros, por Lourenço Castanho Taques (**), sendo capitão-mór João Luiz Mafra. [Página 369 e 370]

A mulher de Amador Bueno de Ribeira, D. Bernarda Luiz Camacho, era filha de Domingos Luiz, conhecido pela alcunha de Carvoeiro, por ser natural de Marinhota, freguesia de Santa Maria da Carvoeira, em Portugal, cavaleiro professo da ordem de Cristo, e de sua mulher D. Anna Camacho; os quais foram os fundadores da capela de Nossa Senhora da Luz, do sítio de Guará-pe, no rocio de São Paulo.

Essa capela havia sido fundada pelos mesmos Domingos Luiz e D. Anna Camacho, em 1583, no bairro denominado Piranga (hoje Ypiranga, confundido primitivamente para Ireripiranga). Mas, mudando-se eles para o bairro de Guará-pe, resolveram mudar também a capela.

Com a morte dos fundadores, D. Anna Camacho em 1606, e Domingos Luiz em 1613, a capela passou á administração de seus sucessores; mas, decorridos muitos anos, foi quase deixada em abandono, até, que em princípio do século XVII, Filippe Cardoso de Campos, legítimo descendente dos instituidores, e neto do terceiro protetor Manoel Cardoso de Almeida, tomando o hábito de ermitão (era viúvo, e ficara pobre), assumiu aquela administração. [“Algumas notas genealógicas: livro de família: Portugal, Hespanha, Flandres-Brabante, Brazil, São Paulo-Maranhão: séculos XVI-XIX”, 1886. João Mendes de Almeida (1831-1898). Página 373]

D. Pedro Matheus Rendon e Luna, casando-se no ano de 1562, com D. Maria Moreira Cabral, filha de Luiz da Costa Cabral e de sua mulher D. Luzia Moreira, logo depois (1655) retirou-se, com seu sogro, para a Ilha Grande, no Rio de Janeiro, onde já residia seu pai, D. João Matheus Rendon, 1655-1656. E foi então, 1656, que D. Pedro Matheus Rendon e Luna descobriu os matos do rio Pirahy, em cujas terras obteve nesse mesmo ano sesmaria.

D. Maria Moreira Cabral não desmereceu-lhe a fidalguia. Seu pai, Luiz da Costa Cabral, foi, em comissão com Balthasar de Borba Gato, a Lisboa, por parte da câmara e povo de São Paulo, a fim de jurarem fidelidade a El-Rei D. João IV, logo depois do fato da malograda aclamação de Amador Bueno da Ribeira, como já foi referido. [Página 379]

Pelo lado paterno, era neta de Simão da Costa, natural da cidade de Beja, em Portugal, e de sua mulher D. Branca Cabral, natural da então vila de São Paulo. Bisneta de Luiz da Costa Cabral, cavaleiro fidalgo da casa real, e de sua mulher D. Antonio Gomes Fróes, ambos da cidade de Beja.

D. Branca Cabral era irmã germana de Pedro Alves Moreira, o qual foi pai do alcaide-mór Jacinto Moreira Cabral e do coronel Pascoal Moreira Cabral, escolhidos por El-Rei D. Pedro II, em maio de 1682, para penetrarem o sertão das serras de Cahativa e Biraçoyaba, e nela descobrirem as minas de ouro e examinarem com frei Pedro de Souza as pedras. Estas pedras de prata eram senão as pedras de ferro...

Por sua avó. D. Branca Cabral, era bisneta de Pedro Alvares Cabral, natural da ilha de São Miguel, e de sua mulher D. Suzana Moreira, natural de São Paulo, irmã germana de D. Maria Moreira, que foi mulher de Innocencio Preto, natural de Portugal, ouvidor da capitania de São Paulo e São Vicente, tendo tomado posse em 1584 [Página 380]Em 1560, "um pedaço de terra que, partindo por um regato que está a par do mosteiro de Pirá-tininga, e que irá cortando pelo dito regato até entestar com roças de Fernão Alves, onde foi o primeiro tujipar, e dali irá cortando ao longo do campo até partir com terras de Antonio Pinto, e irá partindo com ele até se findar no rio da Tapera do Cacique, e dali irá por ele abaixo até chegar ao dito regato, onde começou primeiro a partir, que será onde se vê o dito regato meter no rio Anhangavahay". [Página 387]

Quando, em 1 de abril de 1641, Amador Bueno de Ribeira foi aclamado Rei, em São Paulo, Lourenço Castanho Taques, a convite do mesmo Amador Bueno e dos frades do mosteiro de São Bento, acudiu imediatamente com sua influência para que o povo não insistisse no seu revolucionário propósito. Então gozava ele de prestígio quase igual ao de Amador Bueno; existindo até uma certa rivalidade entre as respectivas famílias. De então em diante, tornou-se ele o cidadão preponderante na vila, e mesmo na capitania. Entendendo que os padres da Companhia de Jesus, eram necessários ás missões e á catequese, não cessou de sustenta-los com os meios morais e políticos, de que dispunha.

Por isso, andou sempre identificado com o governador Salvador Corrêa de Sá e Benevides, acusado de favorecer os jesuítas.

Auxiliou com pessoal e dinheiro as despesas das descobertas de minas, quando em 1659 o referido Salvador Corrêa de Sá e Benevides, nomeado administrador geral das minas de ouro e de prata, reunidamente com o governo das três capitanias - Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Vicente, chegou á vila de São Paulo, trazendo-lhe uma carta d´El-Rei D. João IV para que lhe desse ajuda e favor.

Sendo a ordem de El-Rei D. João IV, de 7 de junho de 1644, para a descoberta de tais minas, é provável que a carta supra fosse também desse ano. El-Rei D. João IV falecera em 1656.

São conhecidos os conflitos, que se deram no Rio de Janeiro, revoltando-se ali a população contra o governador da praça Thomé Corrêa de Alvarenga, o sargento-mór Martim Corrêa Vasques, e o provedor da fazenda real Pedro de Souza Pereira, em fins de1660. Quando a São Paulo chegou a notícia do insulto, resolvendo o governador geral Salvador Corrêa de Sá e Benevides "pôr-se a caminho e ir ao Rio de Janeiro sossegar o tumulto e dar o merecido castigo aos cabeças e autores da sedição", apressou-se Lourenço Castanho Taques a demovê-lo de tão imprudente propósito, "suplicando com instâncias de leal vassalo não quisesse sua senhoria pôr em tão evidente risco a vida e a autoridade".

Resistindo o governador geral a tão sinceras ponderações, Lourenço Castanho Taques assentou acompanha-lo com armas; mas nem este auxílio admitiu. "Com este total desengano, fomentou Lourenço Castanho Taques que a nobreza se juntasse em corpo de união com o senado da câmara, para, por carta e por parte de Sua Majestade, se lhe ponderar a matéria com esperanças de aceitar as ponderações que se lhe fizessem". Afinal, feito isto, acedeu: limitando seu regresso até a Ilha Grande, sem embargo da resposta já dada aquela carta, em 2 de março de 1661. [Páginas 399, 400 e 401]

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