“A História Ambiental de Sorocaba”. Fábio Navarro Manfredini, Manuel Enrique Gamero Guandique e André Henrique Rosa
2015. Há 9 anos
Fontes (3)
Manfredini, Guandique, Rosa: História Ambiental de Sorocaba 15do Peabiru.Resquícios demonstram que Peabiru possuía cerca de 1,40 metros de largura eleito, com rebaixamento médio em relação ao nível do solo, de cerca de 40 centímetros.Em alguns pontos de maior dificuldade, o caminho foi pavimentado com pedras. Aestrada dos índios era sinalizada com inscrições rupestres, mapas e símbolosastronômicos de origem indígena (ALMEIDA, 1969).Algumas das trilhas do Peabiru passavam pela atual área urbana de Sorocaba.Bonadio e Frioli (2004) dizem que, no início do povoamento, os primeiros sorocabanosas converteram em Ruas. O trajeto da trilha principal seguia pelo bairro Aparecidinha,sentido Sorocaba, acompanhava a margem do rio Sorocaba até a Rua PadreMadureira. Chegava à Avenida São Paulo para se direcionar para as atuais Ruas 15 deNovembro e de São Bento, Praça Carlos de Campos, Ruas 13 de Maio, da Penha eMoreira César, Praça 9 de Julho, Avenidas General Carneiro e Dr. Luiz Mendes deAlmeida. Desse ponto o caminho continuava pela Estrada do Ipatinga. Tambémexistiam trilhas secundárias para diferentes locais da região sorocabana.O Peabiru teve o seu trânsito limitado pelo governador Tomé de Sousa, com aUnião Ibérica, sendo liberado para as expedições que escravizavam os índios queseriam usados como mão de obra (DINIZ, 2002). Também utilizado pelos bandeirantespaulistas como rota para a caça de índios e pelos tropeiros para a condução de muaresaté Minas Gerais. Os caminhos usados pelos índios foram fundamentais para aexploração e colonização da região.Em 1654, existia apenas uma aldeia quando o bandeirante Balthazar Fernandesconstruiu sua casa grande e uma capela. A escravidão sistemática dos indígenasocasionou o desaparecimento das aldeias na região (BONADIO; FRIOLI, 2004).Os indígenas, que passaram pela região, deixaram como legado a nomenclaturados locais que percorreram ou nos quais se estabeleceram em algum momento. Elessão importantes para a análise da História Ambiental de Sorocaba porque com base nosignificado das palavras, infere-se como eram os aspectos relativos à geografia, avegetação, ao relevo, à rede hídrica e ao solo da região.Almeida (1969) cita alguns topônimos:Sorocaba, terra de vossorocas; [Página 15]
Boituva, muitas cobras. Para o autor não se pode afirmar quais topônimos foram adotados por índios aqui estabelecidos temporariamente em aldeias. “Destas, a de maior certeza é a do Araçoiaba”.
Os campos sorocabanos estão localizados em formações sedimentares, caracterizadas por serem facilmente erodíveis. Aluísio de Almeida (1972, p. 4.206) explica brilhantemente a associação pelos índios da palavra Sorocaba com os aspectos geológicos da região:
“Em suma, os indígenas não eram geólogos, mas podiam abeirar-se da Geografia Física, enxergando nas matas de Ibiúna, cidade abaixo da qual se reúnem o Sorocamirim e o Sorocaguaçu para formar o Sorocaba, nas matas e campos da Serra de São Francisco a até o Itavuvu, pedras e terras se esboroando. Um português diria: que buraqueira! Quanto barrocal! O índio: vossorocaba, Sorocaba!” O historiador afirma que o rio recebeu o nome de “Paragem de Sorocaba” e relata que a palavra Sorocaba já era usada pelos indígenas que passavam pela região antes do descobrimento do Brasil.
2.2 – Fundação de Sorocaba
Em 1589, o minério de ferro no Morro Araçoiaba foi descoberto por AfonsoSardinha. No local o bandeirante construiu a primeira casa da região, que em 1599 deu origem à fundação da primeira vila da Região de Sorocaba, a Vila de Nossa Senhora da Ponte de Monte Serrat. No Morro do Araçoiaba, Afonso Sardinha instalou o primeiro empreendimento siderúrgico das Américas, durante a visita do governador geral do Brasil, Dom Francisco de Souza.
A mineração não resultou no êxito esperado. Contudo, o interesse em povoar a região permaneceu. Em 1601, Dom Francisco Rodrigues concedeu terras para que novos moradores viessem a Araçoiaba. Segundo Diniz (2002) o interesse no povoamento da região está relacionado à localização da vila, que era na época a mais ocidental de todas e, principalmente pela existência de caminhos indígenas, que facilitaram o acesso à vila de São Paulo de Piratininga.
Como a Vila de Nossa Senhora da Ponte de Monte Serrat não prosperou devido ao fracasso das atividades siderúrgicas, os povoadores do Morro do Araçoiaba se transferiram, por volta de 1611, para Itapebussu, atual bairro Itavuvu. A mudança acarretou na transferência do pelourinho, símbolo da justiça, para o novo local. A Vila, então, recebeu o nome de Villa de São Felippe. A povoação foi declinando rapidamente e extinguiu completamente. Saint Hilaire (1945, p. 249) pondera sobre a Villa de São Felippe:
“...foi em 1590 que Sardinha fez sua descoberta. Devo acrescentar que não encontrei, em nenhuma das obras que pude consultar, a denominação Itapebussu; mas, é evidente, que foi a pequena vila fundada nos arredores de Araçoiaba pouco tempo após a descoberta da mina de ferro da montanha desse nome, e de onde os habitantes se retiraram para Sorocaba antes do ano de 1626...”
Entre 1589 a 1645, deu-se a ocupação nas proximidades do rio Sarapuí, pelos arredores do morro de Araçoiaba, em direção a Itu e Pirajibu e nas margens do rio Sorocaba, na altura do atual bairro do Lageado. O capitão Balthazar Fernandes chegou à região, segundo Bonadio e Frioli (2004), após o retorno de D Francisco à corte, com a família e escravos vindos de Santana de Parnaíba.
Estabeleceram residência à beira do rio Sorocaba, junto à foz do córrego conhecido por Lageado. A data desse fato histórico gera controvérsia entre os historiadores sorocabanos. Contudo, existe um consenso de que o início do povoado ocorreu entre 1645 e 1655. A data de 15 de agosto de 1654 é considerada a data oficial da fundação de Sorocaba pela tradição do conhecimento. (Páginas 17 e 18)
O povoado foi denominado Sorocaba. A palavra vem do tupi “soroc” (rasgar) e“aba”, significando “rasgão” ou “terra rasgada”. Segundo Saint Hilaire (1945) a palavraSorocaba vem do guarani çorocaa que significa bosque quebrado, mata quebrada. Otermo “Paragem de Sorocaba” foi utilizado no primeiro documento em 1654 (ALMEIDA,1972).Balthazar Fernandes estabeleceu moradia e iniciou um povoado devido àexistência de algumas famílias no espaço (DINIZ, 2002). A chegada de sua família àsparagens do rio Sorocaba fez com que os habitantes que estavam fixados na região emdiferentes locais, estabelecessem moradia ao redor da capela construída no alto dacolina e dedicada a Nossa Senhora da Ponte.O bandeirante doou terras aos beneditinos de Parnaíba para a construção de umconvento e de uma escola, que seriam um centro gerador de cultura. A capela eraconsiderada um marco do estabelecimento e desenvolvimento dos povoados no Brasilcolonial (DINIZ, 2002).A importância da capela na época da fundação de Sorocaba é relatada por SaintHilaire (1945, p. 248):“ Esta cidade, de acordo com as tradições colhidas dos seus habitantes mais cultos, deve suaorigem a um pequeno mosteiro de beneditinos, que ainda existe. Um agricultor que se tinhaestabelecido na região, chamou dois religiosos dessa ordem, dando-lhes uma considerável glebade terras. O convento foi construído e vários particulares fixaram-se nas imediações, parapoderem preencher mais facilmente seus deveres de cristãos. Pouco tempo depois, os habitantesde certa vila chamada Itapebussú, descontentes de sua situação, abandonaram-nacompletamente; transportaram-se a Sorocaba, que estava a pouca distância, e o pelourinho,marco da dignidade das vilas foi também transferido de Itapebussú para Sorocaba, que foielevada a sede de paróquia e de termo. Em 1838, Sorocaba era simplesmente vila.” No ano de 1661, o povoado possuía trinta casais de brancos como moradores.Permitindo, conforme regulamento vigente na época, a consolidação da povoação paraVila. A transferência do pelourinho localizado no Itavuvu foi solicitada fazendo com que,o símbolo de autonomia local, fosse transferido pela segunda vez na região. Em trêsde março de 1661, surgiu a vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba, sendo aprimeira vila que conseguiu se desenvolver na região. No final do século XVII, a corrida do ouro gerou um enorme e desordenado êxodopopulacional que esvaziou as cidades. Foi responsável pela extinção de milhares deindígenas, que eram aprisionados para trabalharem no cultivo das terras e na construção de novos povoados. A exploração de regiões desconhecidas acarretou naformação de novos caminhos de penetração (BUENO, 2010). Assim, os bandeirantesque buscavam ouro, prata e ferro, contribuíram para o surgimento de vilas comoSorocaba, Itu e Curitiba.Os primeiros moradores da Vila de Sorocaba foram sertanistas e bandeirantes,pelo fato de virem de outros povoados a esta região, que era a mais ocidental dacapitania. Avançaram os caminhos e ampliaram as fronteiras do Brasil. Entravam nosertão do oeste e sudoeste para caçar índios e buscar riquezas. Os índios capturados e seus descendentes fomentavam o ciclo das bandeiras, trabalhando nas fazendas e sítios maiores, promovendo a economia ainda incipiente dos comerciantes e artesãos da cidade.
Conforme descrição de Bonadio e Frioli (2004) uma paineira frondosa, localizada no atual bairro Árvore Grande, era, na época do desbravamento do Brasil, um lugar para o descanso de índios, sertanistas, tropeiros e bandeirantes em viagem e um ponto de encontro para o comércio realizado entre eles.
Os caminhos que levavam para o sul e oeste da Capitania foram, para Diniz (2002), um dos principais fatores que determinaram o sucesso de Sorocaba. O autor observa que o seu núcleo urbano estava situado em um ponto de convergência de caminhos, de onde era possível seguir em direção a São Paulo (via São Roque e Cotia), para Itu ou Porto Feliz (via Pirajibu) e aos campos de Curitiba (via Campo Largo).
Os caminhos indígenas influenciaram o povoamento da região. Entretanto, a localização próxima ao vale do Paranapanema, que abrigava milhares de índios, foi a principal responsável pelo crescimento da Vila, pois proporcionava um ambiente propício para as expedições que buscavam indígenas para escravizar. O historiador Aluísio de Almeida (1959) afirmava que, nos séculos XVI e XVII, existiam milhares de indígenas no local. A partir do final do século XVII, no caminho de Curitiba foram concedidas sesmarias.
Em 1721, o rio Itararé se tornou a divisa entre as vilas. Em sua maioria, as terras que margeavam o caminho de Pirajibu a Itararé eram despovoadas, mas haviam proprietários (ALMEIDA, 1972). (Páginas 19 e 20)
No suplemento especial do Jornal Cruzeiro do Sul de 1987, o arruamento da Vila édescrito como sendo iniciado pelo próprio Balthazar Fernandes. Estabeleceu-se umaárea para uma Praça e no meio dela foi construída uma nova igreja, a atual Catedral.Ruas próximas à Praça surgiram no caminho da ponte a atual Quinze de Novembro, aDoutor Braguinha e a Barão do Rio Branco. Também iniciaram a construção do prédioda Câmara.A área originada pelos fundadores de Sorocaba permaneceu praticamenteinalterada, pelo fato de que quase todos os homens sadios estavam empenhados nasexpedições dos bandeirantes. A situação começou a mudar em 1733, com a aberturada estrada de Curitiba no Paraná e no Rio Grande do Sul que possibilitou o advento dociclo do Tropeirismo. Coincidentemente, nesse ano ocorre o final do bandeirantismo.A partir das feiras de muares, a Vila se desenvolveu em sentido dos bairrosCerrado e do Além da Ponte. Na segunda metade do século XVIII, o vasto território davila já era ocupado por diversos bairros.[“A História Ambiental de Sorocaba”, 2015. Fábio Navarro Manfredini, Manuel Enrique Gamero Guandique e André Henrique Rosa. Página 21]
deltaicos, compreendendo arenitos, siltitos e diamictitos de idade PermianoCarbonífero, cerca de 300 milhões de anos) e rochas do embasamento cristalino(Neoproterozoico) (BONADIO; FRIOLI, 2004).A importância do rio Sorocaba é descrita por Almeida (1972, p. 4.117):“O rio Sorocaba atraiu e ocasionou a fundação da cidade, não por ser um porto, mas um passo,na região e no caminho do Ipanema: e os primeiros povoadores em vez de escolher, porexemplo, as chapadas da Terra Vermelha, procuraram água. Para beber, ela jorrava cristalina devárias fontes nas baixadas. Para outros usos, o rio e o ribeirão. A terra apropriada para a taipa depilão, a argila para olaria, a madeira de lei e até a pedra, tudo estava a mão”.Os textos de Auguste de Saint Hilaire, no início do século XIX, relatam que acidade de Sorocaba estava localizada em uma região acidentada, composta porflorestas e campos. Estendia-se pela encosta de uma colina, em cujo declive surge o rioSorocaba. O naturalista Saint-Hilaire (1945, p. 249) comenta que: “...os habitantes daregião denominam comumente rio Grande, pelo motivo, certamente, de nãoconhecerem outro maior. Esse rio desagua no Tietê, perto de Pirapora. À sua margemesquerda a cidade foi construída.”O crescimento da cidade se estabeleceu seguindo três aspectos físicosprincipais que correspondiam ao centro e aos bairros. O primeiro aspecto correspondeà junção do córrego Supiriri com o rio Sorocaba e os vales formados pelos dois cursos.O outro aspecto corresponde aos relevos que margeiam os afluentes. Por fim, destacase a margem esquerda do córrego Supiriri e do rio Sorocaba (ALMEIDA, 1972, p.4.117).Corroborando com a descrição de Saint-Hilaire, o Almanach de Sorocaba (1904,p.97) descreve os aspectos naturais da região:“...um território geralmente accidentado, formado, na sua zona central, do norte e noroeste, poruma planície cortada em sulcos mais ou menos profundos, de alguns metros abaixo do nívelgeral do terreno, pelos diversos pequenos affluentes do rio Sorocaba, e na região do sul e suestepelos contrafortes e serra de S. Francisco que deste lado limita o município.”Os solos encontrados em Sorocaba eram: o massapê, nome usado no estado deSão Paulo, para os solos argilosos, provenientes da decomposição de xistosmetamórficos e o massapé. A terra de barro preto era encontrada no divisor das águasdo rio Sorocaba e do rio Tietê. E o salmourão, caracterizado por ser um solo areno argiloso, proveniente da decomposição de granitos dos morros e serras da região [Página 25]
A história dos ciclos econômicos de Sorocaba é uma história de devastação daMata Atlântica e do Cerrado. Atualmente, a especulação imobiliária torna-se a principalresponsável pela derrubada da vegetação ainda existente.Ferreira (2000, p.03) faz uma análise do processo de supressão da vegetação naregião:“Todo o povoamento e industrialização tiveram suas consequências, sendo uma delas adevastação de toda a região, devido a agricultura, a extração de minérios, a produção dealgodão herbáceo, ao corte de árvores para produção de lenhas para as locomotivas quefuncionavam a vapor, etc. No período de 1871 a paisagem florística já estava começando amudar, fazendo parte de uma região acidentada alternada de campos limpos, matas, cerrados,modificando assim ainda mais a paisagem.”
A abertura de estradas sempre foi uma atividade que está relacionada à supressão de vegetação. Segundo Almeida (1951b) os habitantes se reuniam em um dia para abrir os caminhos. Em 1856, convocaram-se muitos homens munidos de foicese machados para trabalharem na estrada geral em Pirajibu. Talvez o primeiro relato da devastação de vegetação nativa, incluindo a mata ciliar, seja a citada por Aluísio de Almeida (1969) sobre as canoas que eram feitas de Jurupará em locais distantes de Sorocaba, porque as árvores maiores ideais para a construção estavam escasseando nas margens do rio Tietê, em Porto Feliz.
Ao longo dos anos passou por drásticas mudanças, das imponentes florestas dos séculos XVI,XVII e XVIII, até sua ausência nos dias de hoje.Na década de 1960, Guerra (1961) afirma que foram feitas grandes derrubadas (Página 29)
um ecótono, ou seja, uma região de transição dos biomas Mata Atlântica e Cerrado.Assim, existiam mudanças bruscas de vegetação que eram representadas em algunslocais por florestas e em outros por campos.Saint Hilaire (1945) descreve a vegetação da região sorocabana comcaracterísticas de cerrado. Ressalta que as árvores encontradas eram definhadas, decasca suberosa, com folhas duras e quebradiças. Cita a presença do Pequi (Caryocarbrasiliensis) e de tabuleiros cobertos similares aos de Minas Gerais. Relata que entre orio Sarapuí e a mata de Lambari, as gramíneas estavam entremeadas de palmeirasIndaiá que cresciam em solo arenoso.O naturalista Saint Hilaire (1945, p. 78) analisa a característica ecotonal daregião:“Não se deve, entretanto, pensar que não sejam encontradas outras sortes de vegetaçãointermediárias entre os campos semeados de árvores raquíticas e retorcidas e a pastagenspropriamente ditas: raramente a natureza procede sem transições. A pouca distância deSorocaba, cresce, abundantemente, uma pequena palmeira entre os tufos de gramíneas, e, emalguns lugares, elevam-se pequenas árvores, entre as quais avultam myrsineas.As pastagens, além das cercanias de Sorocaba, são entremeiadas de capõrís de mato de umaextensão mais ou menos considerável; aquelas excelentes para a criação de gado, compõem-se,especialmente de gramíneas, e, nas mesmas, não só não crescem árvores, como, ainda vêem-sepoucos sub-arbustos. Entre os matos, alguns há que oferecem uma vegetação muito vigorosa ;mas não tornamos a encontrar, em nenhuma parte, a imponente majestade das florestasprimitivas do Rio de Janeiro. As melastomâceas e as malpighias, tão comuns nos trópicos,tornam-se raras entre Sorocaba e o Tararé.Além, pude reconhecer as vilas de Campinas, Itú, Sorocaba e Mogí das Cruzes. O aspecto geralda região é semelhante ao dos campos da América boreal. Com exceção de algumas plantas quecresciam nos precipícios mais próximos, eu podia facilmente acreditar, pela primeira vez desdeque me encontrava no Brasil, que as paisagens que se me deparavam pertenciam aos nossosEstados Unidos”.Saint Hilaire (1945, p. 271) também relata que :“Entre Sorocaba e Pedro Antunes, a região, semeada de capões de mato e de campos, é quasiinteiramente acidentada. Além de Pedro Antunes, torna-se montanhosa, assim continuando porcerca de três léguas, até o rio Sarapuhú. Daí para diante predominam as matas; essas,entretanto, são raramente entremeadas de alguns campos, e durante a derradeira légua que sepercorre antes do Sarapuhú, atravessa-se, ininterruptamente, uma floresta, por péssimo caminho.Chegando-se à extremidade dessa pequena floresta, transpõe-se, por uma ponte de madeiraestreita e sem parapeito, o rio Sarapuhú, que tem pouca largura. É esse rio que separa o termo de Sorocaba do de Itapetininga”.Segundo Aluísio de Almeida (1969) o campo limpo começava na cidade, àesquerda do rio e era intercalado com florestas e matas ciliares. Estendia-se até o rioItararé que, em 1721, foi oficialmente o limite do município. Os pastos naturais foramfundamentais para a pecuária, origem econômica de Sorocaba. O historiador cita a [Página 31]
As cabeceiras dos rios Sorocabuçu, Sorocamirim e Una se encontram nosmunicípios de Ibiúna, Cotia, Vargem Grande Paulista e São Roque, formando oprincipal rio da bacia. É considerado o afluente mais importante da margem esquerdado rio Tietê, com 180 km de extensão em linha reta e 227 km de comprimento no total.Sua foz é o rio Tietê, no município de Laranjal Paulista e as cidades de Ibiúna,Votorantim, Sorocaba, Iperó, Boituva, Tatuí, Cerquilho, Jumirim e Laranjal Paulistaabrigam o rio.É um rio de montanhas, com desnível acentuado, até passar por Sorocaba ondeo seu curso se torna mais suave. Foram mapeadas 2.815 nascentes no munícipio, com220 em áreas públicas municipais (SEMA, 2012).O rio Sorocaba está localizado na bacia hidrográfica do Sorocaba-Médio Tietê(SMT). A bacia do SMT foi subdividida em cinco sub-bacias hidrológicas - Médio Tietêsuperior, Médio Tietê inferior, Alto Sorocaba, Sorocaba – Pirajibu e Baixo Sorocaba.Em seu percurso são formados os grandes saltos de Itupararanga e Votorantim.O Salto de Votorantim era visitado pelo imperador dom Pedro II, que em suaspassagens por Sorocaba, conforme cita FRIOLI (2003, p.50): “...fazia questão de ir aosalto do Votorantim.”
O Almanach de Sorocaba (1904, p.98) relata a existência de lagoas na cidade:“As mais notáveis do município são as do Itatinga, no bairro desse nome e a doIpatinga, que em sua maior largura mede 300 metros”.
Os jornalistas Freitas e Bellucci (1934) relatam que:
“A zona do centro, norte e nordeste, abrange cerca de dois terços da superfície do município, éuma vasta planície, onde desliza o rio Sorocaba, com os seus dois saltos notáveis: oItuparananga e o Votorantim. O primeiro acha-se perdido no meio das mattas entredespenhadeiros medonhos; o segundo é mais pitoresco e accesivel. Mas sem a grandezaselvagem que caracteriza o primeiro. O Votorantim tem de 10 a 15 metros de queda total e distada cidade cerca de 4 kilometros”.
Dom Francisco de Souza, governador geral do Brasil, ordenou a construção deuma ponte sobre o rio Sorocaba, no advento da passagem da comitiva com destino asminas do Morro do Araçoiaba. (ALMEIDA, 1969, p.20) comenta que:“Em 1654 já havia ponte no rio Sorocaba, no lugar atual. Somente um Governador tinha gente edinheiro para construir uma, nesse sertão. Ainda que estreitinha. É que o passo do rio, desdetalvez os índios, só podia ser abaixo das cachoeiras, em local meio raso, antes de espraiarem-seem várzeas.” [Página 42]
A ponte sobre o rio Sorocaba indicava que Sorocaba apresentava a característica de ser um lugar de trânsito. Assim, o povoado sorocabano por ser um ponto de paragem, conseguiu fomentar um pequeno comércio de abastecimento das expedições que rumavam para o Sul. A economia praticada na época possibilitou odesenvolvimento da Vila (DINIZ, 2002). As pontes do Itavuvu, Pirajibu e Sarapuí foram construídas durante a época do Brasil Colônia (ALMEIDA, 1951b).
A história do rio Sorocaba é muito antiga e na época da colonização, o melhor transporte para explorar o sertão era o transporte fluvial. As expedições conhecidas por monções saíam da região de Sorocaba rumo ao noroeste do Mato Grosso, em canoas fabricadas e abastecidas nas proximidades da Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba. Almeida (1951) relata que os sorocabanos faziam as canoas em suas fazendas eembarcavam perto da ponte. Para Bonadio e Frioli (2004, p.78):
“As monções paulistastrocavam o vento pelas águas das chuvas”. As características da bacia do rio Sorocaba também foram descritas pelo francêsSaint-Hilaire que visitou toda a região, ficando encantado com a cachoeira, situada emVotorantim, e por Jean-Baptiste Debret que ficou impressionado com a paisagem,plantas, rochedos etc. (página 43)
Os alagamentos atingiram as áreas às margens do rio Sorocaba em Votorantime Sorocaba. As notícias e os relatos das pessoas que presenciaram a enchentedescrevem que casas desabaram e o nível da água alcançou a Estrada de Ferro deVotorantim e a ponte da Rua XV de Novembro.As enchentes e alagamentos continuaram a assolar os sorocabanos ao longodos anos. No século XXI, as gestões municipais procuraram minimizar os efeitos daelevação dos níveis do rio que acontecem principalmente nas estações chuvosas. Asações envolvem obras viárias, de escoamento e conjuntos habitacionais para asfamílias que moram em áreas de risco.A migração de várias espécies de peixes, visando à reprodução, foi impactadapelas construções de reservatórios de água. No rio Sorocaba, em 1908, foi construída aprimeira escada de peixes brasileira na barragem da Cia. Luz e Força de Tatuí (SMITH,2003).Smith (2003) descreve que a barragem no rio Ipanema (Floresta Nacional doIpanema), denominada Hedberg, é a represa mais antiga do Brasil. O rio Sorocaba foirepresado em 1908 pela barragem de São Juan, localizada no município de Cerquilho.Em 1914, foi construída no rio a represa de Itupararanga. As barragens modificaram aprofundidade dos rios, principalmente próximo à barragem. A fauna e flora foramintensamente impactadas pela destruição de seus habitats durante a realização dasobras.A modificação do leito do Rio Sorocaba teve início do século XX e começou coma construção da represa de Itupararanga. Conforme demonstrado em mapas da época,no trecho urbano era um típico rio de planície, e era sinuoso na área urbanasorocabana. Em alguns pontos de seu curso pela cidade, a largura do rio possuía 20metros.O uso do rio foi sendo regulamentado vagarosamente e em 1871, foi publicadoum código que proibia a lavagem das roupas dos hospitais nos espaços em que aspessoas coletavam água para o próprio consumo. Determinou-se que os aguadeirosdeveriam ter suas atividades a montante da ponte, enquanto, as lavadeiras utilizariamas margens localizadas à jusante da ponte. Entretanto, como de costume, nem sempreas regras eram obedecidas (CHIOVITTI, 2003). [Página 45]
No decorrer da história, o rio Sorocaba sofreu muitas alterações. Segundo Smith(2003), em 1891 devido à necessidade de se construir uma ponte para a estrada deferro, ao lado da já existente, foi necessário um aterramento no rio para impedir que seespraiasse para o lado direito. Quando o aterro foi finalizado, o rio Sorocaba aumentouo volume devido às chuvas torrenciais que castigaram a região, no ano de 1929,implicando em enchentes que causaram grandes prejuízos à população.A partir da década de 1950, para evitar o alagamento das margens e reduzir osfocos de mosquito, ocorreu a retificação do rio no trajeto correspondente à ponte dosPinheiros até a ponte do Pinga-Pinga. As matas ciliares foram substituídas porbarrancos ausentes de vegetação, e em suas margens foram construídas Avenidas eáreas residenciais.A retificação do rio Sorocaba é descrita por Smith (2003, p. 59-60): “Em 24 dejulho de 1951, o “Cruzeiro do Sul”, em ampla matéria anunciava que as obras deretificação e canalização do rio Sorocaba prosseguiram de modo lento. A obra foirealizada pelo Departamento Nacional de Obras de Saneamento.” [Página 46]
Os aspectos naturais foram muito importantes para o início do fluxo das tropasde muares que vinham do Sul para satisfazer a demanda de Minas Gerais. Os tropeirosaproveitaram a geografia de seu relevo e sua vegetação e traçaram as rotas por ondetransportavam seus animais (DINIZ, 2002).Os muares eram conduzidos para pastarem no Campo Largo de Sorocaba, localonde se estendiam vastíssimas planícies, por muitos hectares, desde o Morro doAraçoiaba até as encostas da Serra de São Francisco. Por entre capões, carrascos ecerrados, localizavam-se os campos de Jurupará, do Vossoroca, do Itanguá, doJundiacanga, da Entrada. Neles, às margens das lagoas, dos banhados e dos rios,onde correm o Ipanema, o Pirapora e seus afluentes ficavam acampados os tropeiros eseus muares (FREITAS; BELLUCCI, 1934).Segundo Saint Hilaire (1945) as caravanas encontravam em Sorocaba pastosnaturais para os animais. Nesse local, as mercadorias destinadas ao transporte eramarmazenadas e as cargas dos muares preparadas. O rancho e as pastagensdenominavam-se invernadas.A proximidade das fontes de abastecimento com a zona urbana era fundamentalpara os tropeiros. Os pastos que se encontravam às margens do Rio Sorocaba e docórrego do Supiriri, eram importantes por propiciarem a dessedentação dos animais eabrigo para as tropa (CHIOVITTI, 2003).Straforini (2001) também afirma que as estradas utilizadas pelos tropeirosestavam relacionadas com as condições naturais existentes. Os tropeiros formavampousos depois de atravessar os rios, que estavam próximo geralmente de grandespastagens. O relevo era usado como uma proteção para que os animais não fugissemou se perdessem. Em Sorocaba, as tropas agrupavam-se em áreas apertadas situadasentre o corpo d´água e a mata. A recuperação dos pastos era a coivara, ou seja, aqueimada.
Os campos de aluguéis localizados no entorno de Sorocaba eram utilizados para manter as tropas que vinham para participar da feira. Estavam situados, em sua maioria, nos bairros Cerrado, Jundiaquara, Rio Acima, Árvore Grande, Pirajibu, Itavuvu, Caguaçu, Terra Vermelha, Itinga, Olaria e Ipanema das Pedras, entre outros. Muitos (Página 63)
O calçamento das Ruas de Sorocaba é citado por Almeida (1951b). O autorafirma que em 1822 partes da Rua São Bento e da Ponte estavam calçadas. As obrasterminaram em 1886, e as Ruas estavam revestidas por “macadam”, nome de umapedregulhamento rústico usado na capital paulista. O primeiro paralelepípedo foiusado no ano de 1921. [“A História Ambiental de Sorocaba”, 2015. Fábio Navarro Manfredini, Manuel Enrique Gamero Guandique e André Henrique Rosa. Página 108]
5.2 – Crescimento populacional Antes da fundação de Sorocaba, já havia moradores na área em que,posteriormente, Sorocaba seria localizada. Almeida (1969, p.22) trata do assunto aocitar:“ Em julho de 1601 ainda estavam nas Furnas os mineiros...Havia moradores dispersos, desdeque nada se encontrou. O mapa da navegação do Tietê por Dom Luiz de Céspedes Y Xeria em1628 denomina Sarapuí ao rio Sorocaba, e diz que rio acima há povoadores. Eramremanescentes de Araçoiaba e Itavuvú.” Almeida (1969) também aponta que, no ano de 1611, começou um povoamento namargem esquerda do rio Pirajibu, no Mato Adentro, perto da atual Aparecida. Straforini(2001) afirma que após a descoberta de ouro em Coxipó, no Mato-Grosso, iniciaram-seas monções pelo rio Tietê. Esses eventos propiciaram a migração de sorocabanos paraas zonas de mineração.O Suplemento Especial do Jornal Cruzeiro do Sul, de 15 de agosto de 1987,afirma que no arquivo Público do Estado existem recenseamentos desde 1765. O livrode número 256 é referente à Sorocaba. A população total em 1780 era de 6.614habitantes, dos quais 1.174 eram escravos.Almeida (1951) comenta que o recenseamento foi efetuado em todas as casas.O historiador considera que o aumento da população aconteceu pelo retorno dossorocabanos livres e escravos que povoavam as minas de Paranapanema e tambémpelo crescimento da feira anual de muares. O autor explica que naqueles tempos a vidasedentária das pessoas era responsável pelo grande aumento populacional; em suaspalavras: “Também a vida sedentária que sucedeu à epopeia das Bandeiras. Em 40anos um casal pode aumentar 10 filhos e 30 netos, pelo menos, e este é o crescimentonatural” (ALMEIDA, 1951. p. 36). Segundo o autor (1969), em 1810 a população deSorocaba correspondia a 10.180 habitantes.A construção da estrada de ferro aumentou a população de estrangeiros nacidade. O recenseamento de 1872 informava que Sorocaba tinha 12.959 habitantes.Bonadio e Frioli (2005) demonstram que em abril de 1921, o levantamentorealizado pelo governo federal constatou no município 36.103 habitantes. Segundo ocenso, 17.008 residiam em área urbana, 4.671 na suburbana e 14.424 na zona rural. (Página 102)
Durante o Império, a cidade se expandiu pelas Ruas e caminhos localizadosentre Sorocaba e seu afluente da margem esquerda, o rio Supiriri. No outro lado do rio, em 1839 havia somente a Rua São Paulo e em 1856 esta foi ligada à Rua-estrada dos Morros. (Página 109)
O Suplemento Especial do Jornal de Cruzeiro do Sul de 15 de agosto de 1987analisa a relação entre o crescimento da mancha urbana com a industrialização. O cicloindustrial, derivado da instalação de suas primeiras grandes indústrias têxteis, acarretouna chegada a cidade de imigrantes para trabalharem no setor fabril. As indústriasestavam estabelecidas, em sua maior parte, na zona urbana. A construção de maisindústrias implicou na formação de áreas com vocação industrial distantes do centro dacidade.A primeira vila operária, denominada de Santa Rosália, foi inaugurada em 1890.Contava com 270 casas, localizadas na margem esquerda do rio, que eram a moradiados operários da Estamparia. Em décadas posteriores, no seu entorno foramconstruídas residências de alto padrão.O bairro dos Pinheiros teve origem com o estabelecimento da vila operária daFábrica Santa Maria. A indústria Votorantim também construiu uma vila industrial paramoradia de seus operários, mais de 400 casas que contavam com a infraestrutura deuma cidade. Os operários da EFS moravam perto de suas oficinas, fato que gerou aVila Santana.O mais antigo bairro de Sorocaba é o Além Ponte, que também foi conhecidocomo Oriental e dos Morros. No século XVIII, começou a sua história. Foi o núcleourbano que mais cresceu com o Tropeirismo, principalmente por abrigar, na antiga Ruados Morros, uma indústria de arreios. As primeiras Ruas de bairro foram abertas em1885 e a imigração trouxe no início do século XX os primeiros moradores do bairro, osespanhóis. A principal atividade exercida pelos imigrantes era a agricultura, produzindoverduras, batatas, cebolas e também laranjas.Bonadio e Frioli (2004) comentam sobre os regramentos jurídicos quedisciplinaram o planejamento de Sorocaba. O Código de 1914 definiu as zonas em quea cidade se estruturara. Segundo os autores, a primeira lei a disciplinar a questão foi oCódigo de Obras, de 18 de agosto de 1950. A Lei Municipal nº 1.194 de 1963 previauma área urbana de 4.170 hectares, composta pela zona residencial, zona comercial ezona industrial.O primeiro Plano Diretor, elaborado em 1964, foi aprovado em 1966, juntamentecom o Código de ArRuamento e Loteamento e um novo Código de Obras. A Lei 7.122 [Página 113]
No ano de 1902, com a instalação da primeira adutora, a cidade começou a captar água do manancial do Cubatão direto da caixa d´água do Cerrado, ao lado daestação de tratamento, demolida para a expansão atual. No ano seguinte, foraminstaladas na cidade as primeiras ligações de água e esgoto. Somente em 1908, foilevado o serviço de água e esgoto ao bairro Além Ponte.O Almach de Sorocaba (1903, p. 90) escreve que:“A cidade é abastecida pelo grande manacial do Cubatão cuja água foi considerada peloLaboratório de Analyses do Estado, como de superior qualidade. O manancial de Cubatão distaquatro léguas desta cidade. A sua canalisação até o reservatório do Cerrado foi contractada...” [“A História Ambiental de Sorocaba”, 2015. Fábio Navarro Manfredini, Manuel Enrique Gamero Guandique e André Henrique Rosa. Página 118 e 119]
Votorantim, morro de água branca; Araçoiaba, morada do Sol ou esconderijo do sol;
Itupararanga, salto barulhento;Ipanema, água ruim;Itinga, água branca; Ipatinga, lagoa branca; Itapeva, pedra chata, primeiro nome da serra de São Francisco; Itavuvu, de Itapevuçu, pedra chata grande; Inhaíba, campo ruim;Nhon-nhon de nhu-nhu, campo-campo ou campina;Nhu-mirim, campo pequeno;Iporanga, água bonita;Caputera, mato verdadeiro;Caguçu, mato grande;Cajuru, boca do mato;Jurupará, garganta do rio;Pirajibu, rio do peixe;Pirapitingui, rio do peixe vermelho;Avecuia, terra que cai;Bossoroca ou vossoroca, barroca;Bacaitava, rio que corre entre as pedras;Taquarivaí, rio do Taquaral;Itanguá, pedra ou piçarra amarela;Ceopiri, rio dos Couros, atual Supiriri;Itararé, riacho que fura a pedra;Jacareipava, lugar do rio jacaré, atual Jucurupava;Jundiacanga, cabeça do Jundiá;Jundiaquara, buraco do Jundiá;Jundiaquara, buraco do Jundiá (bagre);Cuiabá, lugar de cuias;Sarapuí, rio do sarapu; (“A História Ambiental de Sorocaba”, 2015. Fábio Navarro Manfredini, Manuel Enrique Gamero Guandique e André Henrique Rosa. Página 16)