Poucas carreiras literárias começaram tão cedo quanto a de Hernâni Donato. Em 1933, com 11 anos, lançou em Botucatu (SP), sua terra natal, o livro infantil "O Tesouro", publicado em capítulos no suplemento literário do jornal "Diários Associados". partir daí, sempre soube que ganharia a vida escrevendo, qualquer que fosse o assunto. Resolveu dedicar seu talento a todos os gêneros.Escreveu infantis ("Apuros do Macaco Pium"), juvenis ("História do Calendário"), históricos ("Dicionário das Batalhas Brasileiras"), biografias ("Vital Brasil") e roteiros para cinema ("O
Caçador de Esmeraldas"). Em 1965, traduziu para o português o clássico "A Divina Comédia", de Dante Alighieri.
Entre seus romances, o mais conhecido é "Selva Trágica" (1960), que conta a história de trabalhadores de uma plantação de erva-mate na fronteira Brasil-Paraguai. Em 1963, inspirou um filme homônimo de sucesso, dirigido por Roberto Farias.
Donato foi ainda presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, colaborou com jornais e revistas e atuou na TV. "Era impressionante a energia e a vontade de criar dele", lembra o neto Bruno, 29.
Desde 1972, o escritor ocupava a cadeira 20 na Academia Paulista de Letras. "Perdemos não apenas um amigo, mas um marco de nossas letras e de nossa história", diz o também acadêmico Paulo Bomfim, 86.
Donato lutava contra um câncer de próstata havia 20 anos. Morreu anteontem, após falência múltipla dos órgãos, aos 90 anos. Deixa viúva, três filhos e quatro netos.