O mundo, desde o seu começo, esteve sempre cheio cheio de embusteiros, na mais alta sociedade. Mas, ao que parece, não houve na História, gesto mais audacioso de que o daqueles quatro indivíduos que, em Portugal, por volta de 1578, tentaram fazer-se passar, aos olhos do povo português, pelo rei então desaparecido, D. Sebastião. que nunca mais voltou da célebre batalha de Alcacer-Kebir.
D. SEBASTIÃO, O DESEJADO
Filho do príncipe d. João e de sua mulher a princesa d. Joana, filha de Carlos V, neto portanto de d. João III, foi este o 16° rei de Portugal. Nasceu algumas semanas depois da morte de seu pai. A educação, que o moço monarca recebera, havia feito dele um exaltado, quase um fanático. Só devaneava combates contra os inimigos da fé e se tornou ideia fixa em seu espirito o desejo de recuperar as praças da África, abandonadas por seu avô, e de reconquistas o império de Marrocos.
OS FALSOS D. SEBASTIÃO
Com a fé do povo na volta de D. Sebastião e com o seu desaparecimento no seio dos exércitos inimigos, acharam alguns indivíduos que não seria difícil fazer-se passar pelo desaparecido rei de Portugal.
A credulidade do povo foi então explorada por quatro indivíduos, que ficaram conhecidos na História pelos nomes de "O Rei Penamacor", "O Rei da Ericeira, "O Pasteleiro do Madrigal" (Gabriel Espinosa) e "O Calabrês" (Marco Tullio Catironi).
Não é preciso dizer que foram desmascarados e severamente punidos. O primeiro deles, "O Rei de Penamacor", era filho de um oleiro de Alcahsça, que, com o auxilio de dois cúmplices, tentou em Penamacor, em 1584, explorar o povo, na sua boa fé, fazendo-se passar por D. Sebastião.
Preso e condenado a remar nas galés, embarcou a bordo da "Invencível Armada" e, quando esta passou junto das costas da França, logrou escapar-se, nunca mais se tendo notícias dele. "O Rei da Ericeira" chamava-se Mateus Alvares e era filho de um pedreiro açoriano. Fizera-se eremita na Ericeira. Foi enforcado em 1585.
A LENDA DO PRÍNCIPE ENCOBERTO
O povo português não se convencera de que D. Sebastião tivesse morrido. Firmemente, esperava que ele surgisse cedo ou tarde para expulsar o usurpador. Muitos espíritos crédulos continuaram a acreditar que D. Sebastião se conservava oculto numa ilha ignorada, donde, em manhã de nevoeiro, voltaria numa galé para reclamar o seu trono aos espanhóis.
E foi assim que se formou a lenda do Príncipe Encoberto e nasceu a seita dos Sebastianistas, que durou mais de duzentos anos. Anos em meados do século XIX havia Sebastianistas em Portugal.