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“Os companheiros de D. Francisco de Souza”. Francisco de Assis Carvalho Franco (1886-1953)
1929. Há 95 anos
Diogo Martins Cam era um sesmeiro do Irajá, que havia anteriormente penetrado no recesso baiano, a mando de d. Francisco de Sousa, na demanda inútil da Serra Resplandescente. Ora, sua incumbência se restringia a seguir a mesma rota de Antonio Dias de Adorno.

É sabido que esse sertanista, buscando a serra legendária, atalhara para a serra dos Aimorés, seguindo a diretriz do rio Caravelhas - e penetrara assim no denominado sertão das esmeraldas. Desse ponto, alongando-se pelo sertão a varando o território de Minas atual e parte do da Bahia, foi chegar doente junto a Jequiriçá, no próprio engenho de Gabriel Soares de Souza em 1574.

Antonio de Proença, bastante distinguido pela amizade de d. Francisco de Sousa, era moço da câmara do infante d. Luis e natural de Belmonte. Foragira para o Brasil porque no Reino raptara de certo mosteiro uma religiosa, por questões de amores.

Foi homem de considerável fortuna e prestígio em São Paulo e notável pela soma de serviços que prestou ao governo desta Capitania.

Casou-se em Santos, com d. Maria Castanho, natural de Monte-Mór-o-Novo (1565). Em 1575 bateu-se em Cabo-Frio contra os franceses e tamoios. Em 1580 foi capitão-mór de São Vicente e meirinho do sertão (1581); juiz da Câmara de São Paulo (1582-1587); vereador da Câmara de São Paulo (1584, 1591, 1593, 1597); ouvidor e auditor da Capitania de São Vicente, com residência em São Paulo (1601); capitão da vila de São Paulo na ausência de Diogo Arias de Aguirre (1602).

Em 1585 fez parte da expedição chefiada por Jeronimo Leitão, a qual se dirigiu por via marítima á Paranaguá, donde regressou no ano seguinte com numerosa presa. Era fidalgo, com brasão d´armas, tendo obtido várias sesmarias, residindo de preferência em sua fazenda localizada no atual bairro do Ypiranga. Faleceu nesse local, no ano de 1606.

Seu filho Francisco de Proença foi um dos maiores sertanistas do tempo, tendo também sido distinguido com a amizade e cargos públicos por d. Francisco de Sousa. Após a sua entrada com Diogo Martins Cam, tendo então como chefe do bando a Diogo Gonçalves Laço, o velho, tornou a penetrar na Capitania do Espirito Santo, em demanda da serra de Mestre Alvaro (1598).

Foi casado a primeira vez com d. Izabel Ribeiro, falecida em 1627, e a segunda vez com d. Mécia Bicudo. Exerceu os cargos de alferes da vila de São Paulo (1609), juiz da Câmara de São Paulo (1609-1619) e vereador da mesma (1637). Teve importante fazenda na Borda do Campo, limítrofe com as terras de seu pai. Faleceu em 17 de junho de 1638. [Os companheiros de D. Francisco de Souza, 1929. Francisco de Assis Carvalho Franco (1886-1953). Páginas 10 e 11]

Sebastião de Freitas veio com d. Francisco da Metrópole, tendo tomado parte na expedição de Gabriel Soares de Sousa (1591). Natural de Alagôa, da cidade de Silves, no Algarve, filho de Manuel Pires, passou, logo após o fracasso do senhor de engenho bahiano, para a Capitania de São Vicente, tendo se casado com d. Maria Pedroso, filha de Antonio Rodrigues de Alvarenga, tronco dos Alvarengas de São Vicente.

Exerceu os cargos de almotacel (1596-1598), juiz da Câmara (1600), vereador (1604-1609) e capitão da vila de São Paulo: a primeira vez por provisão de 22 de junho de 1606 e a segunda vez pela provisão datada de 12 de janeiro de 1609. Obteve várias dadas de chão, e uma sesmaria concedida pelo capitão-mór Pedro Vaz de Barros. Por alvará de 6 de junho de 1600, foi armado cavaleiro por d. Francisco de Sousa e nesse documento se faz referência aos serviços que prestara.

Assim, no ano de 1594, acompanhou ao capitão-mór Jorge Corrêa ao sertão - "desta Capitania a dar guerra ao inimigo, tendo vindo a esta vila de São Paulo a dar-lhe guerra e pô-la em cêrco. E no ano de 1595 acompanhou o capitão Manuel Soeiro ao sertão todo o tempo que lá andou e, no ano de 1596, acompanhou ao capitão João Pereira de Sousa ao sertão com sua pessoa e escravizados a uma guerra que para bem da dita Capitania foi dar; e, no ano de 1599 acompanhou ao capitão Diogo Gonçalves Laço, indo de socorro desta vila de São Paulo para o porto e vila de Santos a um rebate que houve de quatro velas inimigas que ali andavam e alí assistiu todo o tempo que o dito capitão esteve até se tornar para esta vila. E, outrossim, me acompanhou com suas armas e escravizados ao descobrimento das minas de ouro e prata e mais metais á serra de Biraçoiaba e ás mais partes por onde andei e, depois disto, me acompanhou até o porto e vila de Santos, indo eu de socorro por ter novas andarem na ilha de São Sebastião quatro velas inimigas..."

Sebastião de Freitas parece ter falecido depois da expedição de ataque ao Guairá (1628).

Antonio Knivet engajou-se como marujo de Thomas Cavendish, que com cinco velas saiu em agosto de 1591 do porto de Plymouth, afim de recomeçar nos mares do Novo Mundo a sua guerra de corso. Dirigiu-se para as Canarias, atravessou o Atlântico e dai veio em direitura ao Cabo Frio, onde capturou um navio mercante, cujo piloto, Gaspar Jorge, deu informações sobre a costa brasileira. Fez em seguida Cavendish seguir para o porto de Santos, a nau vice-almirante Roebuck, com seu comandante de nome Cocke, e outra nau, as quais, desembarcando gente, tomaram o povoado em 25 de dezembro de 1591. Cavendish então também ali veio desembarcar, demorando-se até fevereiro do ano seguinte, tendo feito o saque da vila, incendiando e matando o quanto pôde.

São conhecidas as demais peripécias de Cavendish, após a sua partida de Santos. Abandonado na ilha de São Sebastião com vinte e oito de seus companheiros que pereceram exceção de Henrique Barraway, foi Antonio Knivet aprisionado pelos portugueses, que o levaram para o Rio de Janeiro, onde ficou prisioneiro e servo do governador Salvador Corrêa de Sá. Ai tomou Knivet parte em diversas expedições para captura de selvícolas, tendo também feito parte na grande entrada de Martim de Sá, em outubro de 1597. Nessa expedição tomaram parte 700 portugueses e 2000 nativos, seguindo como capitão da vanguarda o velho João de Sousa. Segundo alguns historiadores, as regiões percorridas foram trechos dos atuais Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, sendo que a bandeira, tando começado na costa de São Sebastião, terminou na aldeia de Peruhibe.

Após a expedição de Itapucú, a que já nos referimos, Antonio Knivet regressou para a Europa em companhia de Salvador Corrêa de Sá, em agosto de 1601. De seu compatriota, Henrique Barraway, que o acompanhou em quase todas suas peregrinações, sabe-se que ficou em São Paulo, onde se casou com Francisca Alvares, filha de Marcos Fernandes, e dele procede o apelido de Baruel. Faleceu anos após, na vila de São Paulo. [Os companheiros de D. Francisco de Souza, 1929. Francisco de Assis Carvalho Franco (1886-1953). 28 e 29]

Em 1613 introduziu ele em São Paulo a lavoura do trigo, tendo construído um moinho no Anhangabahú. Teve o encargo, pela Câmara de São Paulo, da reconstrução da igreja matriz da vila. A inquisição colheu-o em suas malhas por pertencer o mesmo á religião reformada. Encarcerou-o durante aos e procedeu ao sequestro de seus bens, que eram, para o tempo, elevados. Não esmoreceu no entanto o rijo flamengo a todas essas vissitudes e faleceu em 1638, deixando outra fortuna que soube angariar pelo seu trabalho e pela sua honestidade. [Página 38]

Das atas seguintes se verifica que a 12 de maio do mesmo ano d. Francisco ainda permanecia no sertão, em companhia de moradores de São Paulo e dos juízes Salvador Pires e Manuel Francisco e que a 5 de junho seguinte esses juízes já haviam regressado, não se falando de d. Francisco. A 12 de junho foi lavrado um termo em como d. Luis de Sousa se havia apresentado, com um codicilo e nomeação, que fizera d. Francisco de Sousa, e para o fim de assumir o governo das Capitanias do Sul.

Vê-se, pois, que, entre 5 e 12 de junho de 1611, d. Francisco de Sousa faleceu, afirmando Pedro Taques que foi a 11. Mas seu falecimento ter-se-ia dado na vila de São Paulo ou no sertão?

Frei Vicente do Salvador, que bastante estimava d. Francisco de Sousa, a esse tempo se achava na Bahia. Em sua História do Brasil, sobre a morte do mesmo, escreve o seguinte:

"... com uma enfermidade grande que teve na vila de São Paulo, da qual morreu (o governador), estando tão pobre que me afirmou um padre da Companhia que se achava com ele a sua morte, que nem uma vela tinha para lhe meterem na mão, si a não mandara levar do seu convento; mas quereria Deus alumia-lo em aquele tenebroso transe, por outras muitas que havia levado deante, de muitas esmolas e obras de piedade que sempre fez."

A essa versão se opõe um documento do Arquivo Ultramarino de Lisboa. É ele o relatório do governador Antonio Paes de Sande, indicando a el-rei as causas do malogro das pesquisas de minas nas Capitanias do Sul, escrito em 1692. Expõe esse documento que os paulistas se orgulhavam de ter conquistado para si um território extenso, que eles mesmos governavam.

Temiam sobremodo que os representantes da Coroa viessem a saber das riquezas da Capitania - pois tal seria o mesmo que arrancar-lhes das mães o que eles entendiam mui justamente pertencer-lhes.

Consoante esse pensamento, escrevia o governador do Rio de Janeiro:

"... Evidente prova é deste receio o sucesso que teve d. Francisco de Sousa, quando foi áquela Capitania, pois acompanhando os paulistas o mineiros que mandou á serra de Sabarabossú, para saberem a parte donde ela ocultava as minas, depois de achadas, de que se fez aviso ao dito d. Francisco de Sousa, e tiradas muitas cargas de pedra, que o mineiro trazia com grande contentamento, ponderando eles a mesma sujeição, que agora temem seus netos, mataram no caminho ao mineiro, e esconderam as pedras, disseram a d. Francisco que morrera no caminho, e se enganava no que havia escrito a s.s., de que resultou morrer o dito d. Francisco de Sousa em breves dias, e se perpetuar na suspensão, daquelas minas a tradição de as haver muito ricas, e ainda ha poucos anos algumas pessoas que existiam na vila de São Paulo davam notícia da prata que se fundiu das cargas de pedra, que se encobriram, das quais tinha uma Fernão de Camargo e eram suissos os filhos do ourives que fez a fundição." [Páginas 41 e 42]

Os companheiros de D. Francisco de Souza
Data: 01/01/1929 1929
Créditos / Fonte: Francisco de Assis Carvalho Franco
Página 1

Os companheiros de D. Francisco de Souza
Data: 01/01/1929 1929
Créditos / Fonte: Francisco de Assis Carvalho Franco
Páginas 6 e 7

Os companheiros de D. Francisco de Souza
Data: 01/01/1929 1929
Créditos / Fonte: Francisco de Assis Carvalho Franco
Páginas 8 e 9

Os companheiros de D. Francisco de Souza
Data: 01/01/1929 1929
Créditos / Fonte: Francisco de Assis Carvalho Franco
Páginas 10 e 11

Os companheiros de D. Francisco de Souza
Data: 01/01/1929 1929
Créditos / Fonte: Francisco de Assis Carvalho Franco
Páginas 20 e 21

Os companheiros de D. Francisco de Souza
Data: 01/01/1929 1929
Créditos / Fonte: Francisco de Assis Carvalho Franco
Páginas 22 e 23

Os companheiros de D. Francisco de Souza
Data: 01/01/1929 1929
Créditos / Fonte: Francisco de Assis Carvalho Franco
Páginas 28 e 29

Os companheiros de D. Francisco de Souza
Data: 01/01/1929 1929
Créditos / Fonte: Francisco de Assis Carvalho Franco
Páginas 36 e 37

Os companheiros de D. Francisco de Souza
Data: 01/01/1929 1929
Créditos / Fonte: Francisco de Assis Carvalho Franco
Páginas 38 e 39

Os companheiros de D. Francisco de Souza
Data: 01/01/1929 1929
Créditos / Fonte: Francisco de Assis Carvalho Franco
Páginas 40 e 41

Os companheiros de D. Francisco de Souza
Data: 01/01/1929 1929
Créditos / Fonte: Francisco de Assis Carvalho Franco
Página 42

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