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Boletim do Departamento do Estado de São Paulo. Secretaria da Educação, Volume 9 (Nova Fase), 1952
1952. Há 72 anos
Capítulo II
A Carta de 13 de janeiro de 1606 dos camaristas de São Paulo ao donatário da Capitania e a hipótese da ida de Nicolau Barreto até as regiões hoje bolivianas
42 - Diz o Dr. Alfredo Ellis Júnior:

"Quando ao roteiro seguido pela expedição, enganaram-se profundamente o dr. Derby e os que reproduziram a opinião desse notável sábio. Afirmava ele que Nicolau Barreto, com sua bandeira, rumou o norte, penetrou na geraes e atravessando o rio das Velhas, pelo vale do São Francisco chegou ao Paracatú, nas proximidades do território goyano, ponto extremo, segundo o saudoso historiador americano, atingido pela léva em questão."

Tivesse sido essa a região percorrida pela bandeira, não se justificaria ser ela a detentora até aquela daquela do "record" de penetração no hinterland vicentino, conforme faz certo a estafadíssima carta de 13 de janeiro de 1606".

queixam-se das autoridades; referem-se às riquezas, principalmente minerais, e ao grande número de nativos, que viviam "á lei de brutos animais, comendo-se uns aos outros", e sugerem: "se os descerem com ordem para ser cristãos será coisa de grande proveito".

"Está é uma grande empresa" - Acrescentam - "e a vossa mercê ou coisa muito sua lhe estava bem que Sua Majestade lhe concedesse lhe importaria mais de cem mil cruzados afóra o de seus vassalos e o que pelo tempo em diante póde redundar a esta província além do particular do mesmo gentio do grêmio da Santa Madre Igreja".

(...) "Não tem vossa mercê cá tão pouca posse que das cinco vilas que cá tem com a Cananéa pode por em campo para o carijó mais de trezentos portugueses fóra os seus nativos escravizados serão mais de mil e quinhentos gente usada ao trabalho do sertão que com um bom caudilho passam ao Perú por terra e isto não é fábula. [Páginas 640, 641 e 642 do pdf]

Referem-se ainda Gabriel Soares e tupinaês dos sertões das capitanias de Ilhéus, Porto Seguro e Espirito Santo. É sabido que os sertões dessas capitanias se estendiam pelo atual estado de Minas Gerais.

II. - Vimos que, segundo o Padre Fernão Cardim (que escrevia em fins do século XVI), os tupinaês ("tupiguae"), que viviam nos sertões, desde São Vicente até Pernambuco, fugiam para muito longe, afim de não cair nas mãos dos portugueses.

Realmente, devia haver tupinaês, nos tempos antigos, também na capitania de São Vicente, ou em regiões então consideradas como pertencentes a ela. Em 1585, os procuradores da vila de São Vicente (então cabeça da Capitania) e da vila de Santos, num requerimento feito, como diziam, pelos "oficiais das câmaras das vilas desta capitania de São Vicente", mostravam ao capitão-mór, Jerônimo Leitão, a necessidade de se fazer guerra ao gentio, afim de obter braços para a lavoura (Atas da Câmara de São Paulo, volume 1o, página 275 a 278). Apontavam como inimigos os "nativos nomeados carijós", alegando uma série de maldades por eles praticadas desde tempos assaz remotos.

Numa junta realizada no engenho de São Jorge, com a presença do referido capitão-mór, foi lido o "instrumento" que os ditos oficiais das ditas vilas lhe tinham feito sobre a guerra do gentio carijó e do outro gentio tupiãe". Note-se que naquele "instrumento", não se falara nestes nativos.

Foi resolvido que se não fizesse guerra ao gentio, sem primeiro empregar meios suasórios, afim de o descer "de paz".

Meses depois, lavrou-se, na Câmara de São Paulo, um auto de "aprovação e ratificação" do que ficara assentado na referida junta com o capitão-mór, "sobre a entrada que ora quer fazer ao gentio do sertão da dita capitania, carijós e tupiães e outro qualquer que licitamente se puder trazer conforme ao dito assento".

Da ata da Câmara de São Paulo de 20 de setembro de 1587 consta que vinham uns nativos "tupiães do sertão desta capitania pelo caminho de paz e per sua vontade para povoar a terra e que Antonio de Proença, juiz ordinário da vila, tinha ido ao encontro deles, afim de "os fazer hir pera... (ilegível) e pera Itanhaém, a mandado do capitão-mór, Jerônimo Leitão".

Na vereança de 5 de dezembro de 1593, vemos referências a nativos "topinães" que tinham ido numa expedição paulista. [Boletim do Departamento do Estado de São Paulo. Secretaria da Educação, Volume 9 (Nova Fase), 1952. Página 693 do pdf]

Em 1561, a expedição de Vasco Rodrigues Caldas, que seguira pelo vale do Paraguassú (Bahia) e atingira a Chapada Diamantina, foi atacada e derrotada pelos tupinaês e viu-se forçada a voltar apressadamente, desistindo do intento de descobrir jazidas minerais.

Outra expedição, a de Antonio Dias Adorno, internou-se, em 1574, pelos sertões do atual Estado de Minas Gerais, à procura da "serra das esmeraldas". Parte dos sertanistas regressaram pelo "rio Grande" (Jequitinhonha), ao passo que outros, sob a chefia de Adorno, prosseguiram nas explorações. Alude Gabrial Soares de Sousa aos "grandes encontros" que Antonio Dias teve com os tupinaês. Confirmam-no o Padre Simão de Vasconcelos e Frei Vicente do Salvador, acrescentando este que Adorno trouxe "sete mil almas dos gentios topiguaens", depois de uma caminhada de 200 léguas.

78 - Existindo, como se vê, nativos tupinaês nas regiões centrais da Bahia e de Minas, já se poderia inferir que o "Paracatú", em cujo sertão Manuel de Chaves foi ferido por nativos daquela nação, não era algum rio situado em território castelhano, e sim o conhecido afluente ocidental do São Francisco, em Minas Gerais. [Boletim do Departamento do Estado de São Paulo. Secretaria da Educação, Volume 9 (Nova Fase), 1952. Páginas 694 e 695 do pdf]

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