“Memória Histórica da Capitania de São Paulo e todos os seus memoráveis sucessos desde o ano de 1531 até o presente de 1796”, Manuel Cardoso de Abreu (1750-1804) - 01/01/1796 de ( registros)
“Memória Histórica da Capitania de São Paulo e todos os seus memoráveis sucessos desde o ano de 1531 até o presente de 1796”, Manuel Cardoso de Abreu (1750-1804)
1796. Há 228 anos
Fontes (2)
118. Com duas vistas, ambas muito propria dos Olhos deMartimAfonso, fes este Donatario aquella prohibição utilissima aoBem Com um do Reino, escoducente ao aumento da sua Capitania. Elle penetrou os verdadeiros interesses doEstado melhor doque algunsmodernos, eoSeu fim era, naõ só evitar guerras, mas tambem fo=1335 mentar aPovoação daCosta, pois naõ ignorava que Dom Ioaõ terceiro man=dara fundar Colonias em Pais taõ remoto dePortugal com ointuitode utilizar oEstado por meyo daexportação dosfructos Brazilicos, ecom ||29r.|| [[particu]]laridade aagricultura Maritima.100119. As funestas Consequencias domal conciderado Alvará deDona An=1340 na Pimentel, comprovou com evidencia oacerto daprohibiçaõ feita por Mar=tim Afonso, pois tudo Succedeo, como receava este grande Politico sobre adezer=taçaõ detoda aMarinha, para aPovoação dosCertoens. Creouce naBordadoCampo aVilla deSanto Andre; deo-se principio adeSaõ Paulo, elogo des=cahio adeSaõ Vicente: tambem adeSantos naõ fes osprogressos, que anun=1345 ciavaõ os seus augmentos nos annos mais proximos aSua fundação.120. Quando seachava noCampo oprimeiro Donatario, oulogo depoisdaSua volta para Saõ Vicente, chegaraõ áquelle Porto duas Caravelas do=Rey, Commandadas por Ioaõ deSouza, enellas aCarta deDom Ioaõ terceiro paraMartim Afonso, que publicou oPadre Dom Antonio Caetano deSouza (i)1011350 dotheor Seguinte// Martim Afonso deSouza Amigo: Eu El Rey vos- //// invio muito Saudar. Vi asCartas, que meescrevestes por Ioaõ //// deSouza, epor ellas soube davossa chegada aessa terra do= //// Brazil, ecomo hieis correndo aCosta Caminho doRio daPrata //1355 // eassim doque passaste com as Naos Francezas, dosCorsarios //// que tomaste, etudo oque nisto fizeste, vos agradeço muito //// efoi tambem feito, como sedevós esperava, eSaõ certo //// que avontade, que tendes para me servir. A Náo, que cá //// mandaste, quizera que ficasse antes lá com todos os que //1360 // nella vinhaõ, daqui emdiante, quando outras taes // ||29v.|| // [[Náos]] deCorsarios achar-des, tereis com ellas, ecom agente //// dellas, amaneira, que por outra Provizaõ vos escrevo. Porque //// folgaria saber as mais novas devós, edoque lá tendes feito, tinha //// oanno passado mandado fazer prestes hum Navio, para setornar //1365 // Ioaõ deSouza para vós, equando foi detodo prestes, para poder //// partir, era taõ tarde, para lá poder Correr aCosta, epor isso //// setornou adezarmar, enaõ foi: Vay agora comduas Ca= //// ravelas armadas para andarem comvosco, otempo, que vos //// for necessario, efazerem oque lhe mandar-des; epor athé //1370 // agora naõ ter nenhum recado vosso doque noacento daterra //// nem noRio daPrata tendes feito, naõ posso escrever adetermi= //// nação, doque deveis fazer em vossa vinda, ou estada, nem couza //// que aisso toque, eSomente recomendo-vos muito, que voslembre //// agente, eArmada, que lá tendes, eoCusto, que secomella fes //1375 // efas, esegundo vos otempo tem Succedido, eoque tendes //// feito, ou esperardes fazer, assim vosdetermineis emvossa //// vinda, ou estada, fazendo oque melhor, emais meu Serviço //// for, porque eu confio devós, que, noque acentardes, será o= //// melhor: havendo deestar lá mais tempo, inviareis hu= //1380 // ma Caravella com recado vosso, eme escrevereis muito larga= // // mente todo, oque athé entaõ tiver-des passado, eoque na= //// terra achastes, eassim oque noRio daPrata, tudo muy //// declaradamente, para eu por vossas Cartas, einfor= //// maçoens saber, oque seaodiante deve fazer, ese= //1385 // vos parecer, que naõ hé necessario estardes lá mais //// tempo, poder vos heis vir, porque pelaconfiança // ||30r.|| <[[que]]> em vós tenho, odeixo avos, que saõ certo, que nisso fareis //102// oque mais meu Serviço for. Depois davossa partida Se= //// praticou, seseria meu Serviço povoar-se toda essa Costa //1390 // doBrazil, ealgumas pessoas me requeriaõ Capitanias //// em terras della. Euquizera, antes denisso fazer couza //// alguma, esperar porvossa vinda, para com vossa informação fazer //// oque me bem parecer, eque na repartição, que disso sehouver //// defazer, escolhais amelhor parte; e, porem, porque depois //1395 // fui informado, que dealgumas partes fazião fundamento de= //// povoar aterra doBrazil, conciderando eu comquanto tra= //// balho selançaria fora agente, que apovoace, depois deestar //// acentada naterra, eter nella feitas muitas forças, como jâ //// em Parnambuco começavaõ a fazer, segundo oConde deCas= //1400 // ta[n]heira vos escreverá, determinei demandar demarcar de= //// Parnambuco athé oRio daPrata 50 legoas deCosta acada //// Capitania, eantes de sedar anenhuma pessoa, mandei apar= //// tar para vós cem legoas, epara PedroLopes, vosso Irmão, Sinco= //// enta, nos melhores lemites dessa Costa por parecer dePi= //1405 // lotos, edeoutras pessoas, dequem seoConde por meu mandado //// informar, como vereis pelas Doaçoens, que logo mandei fazer //// que vos inviará, edepois deescolhidas estas 150 legoas //// deCosta para vos, evosso Irmão, mandei dar aalgumas pessoas //// que requeriaõ Capitanias deSincoenta legoas acada //1410 // huma, eSegundo se requerem, parece que sedará amayor //// parte daCosta, etodos fazem obrigaçoens delevarem //// gente, eNavios aSua Custa emtempo certo; como vos // oConde||30v.|| // [[oConde]] mais largamente escrevera, porque elle tem // // cuidado deme requerer vossas couzas, eeu lhemandei //1415 // que vos escrevesse. NaCosta deAndaLuzia //// foi tomada agora pelas minhas Caravelas, que //// andavaõ naArmada doEstreito, huma Náo Fran= //// ceza, carregada deBrazil, etrazida aesta Cidade, //// aqual foi deMarcelha aParnambuco, edezembarcou //1420 // gente emterra, aqual destes huma Feitoria minha //// que ahy estava, edeixou lá Setenta homens com tençaõ //// depovoarem aterra, ede sedeffenderem, eoque eu tenho //// mandado, que senisso faça, mandei aoConde, que volo escre= //// vesse, para serdes informado detudo, oque passa, esehade fazer, //1425 // epareceo necessario fazer vo-lo saber para serdes avizado disso //// eterdes tal vigilancia nessas partes por onde andaes, que vos //// naõ possa acontecer nenhum máo recado, eque qualquer força //// ouFortaleza, que tiverdes feita, quando nella naõ estiverdes, //// deixeis pessoa, dequem confieis, que atenha abom recado, //1430 // ainda que eu creyo, que elles naõ tornarão lá mais afazer //// outra tal, pois lhe esta naõ Succedeo, como cuidavão, emuy //// declaradamente me avizai, oque fizerdes, ememandai //// novas devosso Irmão, edetoda agente, que levaste, porque //// comtoda aboa, que me inviardes, receberey muito prazer. //1435 // Pero Henriques afes em Lisboa a 28 deSetembro //// de 1532 == Rey. ==
Esta Carta acelerou o regresso deMartim Afonso para a Europa mais cedo do que requeria o interesse da Sua nova Colonia, een=103trou logo adispor-se para se fazer aVela na monção de 1533, a primeira, que houve, depois dechegarem asCaravelas commandadas por João de Souza. A sua ultima acção memoravel no Brazil teve por objecto o descobrimentode Minas.
Constando-lhe por informações dos nativos, que nas vizinhanças de Cananeya havia Ouro, apromptou uma expedição de Oitenta homens, e por elles mandou examinar o Sitio indicado das Minas, mas com Successo infeliz, porque os Barbaros Carijos, Senhores do Pais ao Sul do Rio da Cananeya, mataram aos exploradores das Minas antes de as descobrirem. Nas vésperas do Seu embarque chegou a noticia desta derrota, e naõ podendo pessoalmente castigar o insulto, ordenou que os agressores fossem punidos com maõ armada, ordenandopara Capitaens da Guerra os Fidalgos Pedro de Goes, e Ruy Pinto.
As circunstancias deste máo Sucesso ficaria Sepultado no tumulo do esquecimento, senaõ aparecesse no Archivoda Camara de São Paulo huma petição dos Moradores de Santos, eSaõ Vicente, na qual requererão ao Capitão Mór Jeronimo Leitão em o ano de 1585, que se declarasse guerra aos Carijos, assinando por motivo dela ter morto aquelle Gentio no espaço de quarenta annos mais de cento e Sincoenta Europêos, assim Portuguezes, como Espanhoes; tirado avida com=ferós barbaridade a dous Missionários jezuitas, e assassinado oitenta homens, que Martim Afonso despachara para oCertaõ 1460 a descobrimento de Minas, por cujo motivo ordenara odito Governador, quando se auzentou para o Reino, que se continuasse aguerra pelos Fidalgos Pedro de Goes, e Ruy Pinto.
(L)104 <123>||31v.|| [[123]]. Este cazo dos Exploradores, eoda rebeliaõ dos Indios destasCapi=tanias contra oseu regulo Martim Afonso Teviriçâ, que sehade refe=1465 rir aSeu tempo, ambos desfigurados com circunstancias indignas de=credito, deraõ motivo afabuloza Victoria, que deMartim Afonso de=Souza conseguio oEspanhol Ruy Moschera, como quer persuadiro Iezuita Frances Charlevoix naSua historia deParaguay. (m)105 diz elle: // Sendo arruinada aTorre deGaboto pelos Indios Timbuis, //1470 // Ruy Moschera lhe havia feito algumas reparaçoens; // // mas dezesperado deSenaõ poder aly conservar contra os In= // // dios, tomou opartido deSe embarcar comaSua Tropa, // // em huma pequena Embarcação, que ali conservava, // // edesceo oRio athé omar, eseguio aCosta doNorte, //1475 // edescobrindo pela latitude de 32 graos hum Porto // // Commodo, entrou, enelle fundou huma pequena For= // // taleza etcoetera etcoetera. Poucos dias depois hum Cavalleiro // [Páginas 43, 44, 45, 46 e 47 do pdf]
Isto mesmo reprezentou Ioaõ deMoura Fogaça naCamara aos= 5470 Officiaes della, pedindo-lhes differicem; epelos ditos Officiaes lhefoi res=pondido == Que Sem embargo doSeu requerimento mandavaõ se= cumprisse aCarta Precatoria dos Officiaez daVilla Capital deSaõ Vicente; aoque Fogaça seopós agravando delles Officiaes daCamara pe=lo haverem dezempossado antes deselhelevantar ahomenagem por= 5475 quem direito ocazo pertencer: tomouce-lhe oagravo; eaelleresponderaõ os Officiaes daCamara dizendo == Que naõ eraõ IuizesdaSua Cauza, eSomente davaõ cumprimento aoPrecatorio, eProvizaõnelle incorporado doGovernador Geral, eque visto estar já AlvaroLuis doValle empossado pelaCamera Capital deSaõ Vicente,5480 sedesse otraslado detudo aoAgravante, para seguir Sua Iustiça,eDireito.78. Por este modo foi repelida aCondessa de Vimieyro das=suas Villas deSaõ Vicente, Santos, Saõ Paulo, eMogi dasCruzes, / eraõestas asque thé então estavaõ fundadas, porque as mais foraõ erectas5485 depois da intruza posse doConde deMonsanto, como foraõ Santa Anna,deParnahyba, Iundiahy, Ytû, eSorocaba / evendo-se destitui=da, fes Cabeça deCapitania aSua Villa deItánheen, que já eraVilla muitos annos antes de 1624, porem ella seachava encor=porada aVilla deSaõ Vicente, como Capital das 100 legoas desde5490 otempo doprimeiro Fundador, eDonatario Martim Afonso.79. Constituida emCapital aVilla de Itanheen / que com= pre||112v.|| [[compre]]hende naMarinha as Villas de Yguape, Cananeya, Par=nagoa, eno Seu centro aVilla deCuritiba; edeSerra acima as Villasde Iacarehý, Taubatê, Pindamunhangaba, eGurátinguetá,5495 que todas ficaõ aoNorte / pela Donataria adita Condessa deVimi= [Página 170 do pdf]
== Villa de Iundiahý ==15. A Villa deIundiahy foi erecta nomesmo tempo, epor=Provizaõ dodito Conde deMonsanto, aquem aCapitania reconhe=6085 cia por seu Donatario. Tem esta Villa, eaFreguezia dasCam=pinas, doseu Destricto, onumero de 5 mil 845 almas.== Villa de Ytú ==16. A Villa de Ytû foi Povoação doPaulista Domingos ||125r.|| [[Fernandez]], com seu genro Christovaõ Dinis, osquaes conseguiraõ dosPrelados2836090 aAuthoridade Apostolica daDieceze doRio de Janeiro oDoutor Matheus daCostaAmorim, edoseu Successor Antonio deMarins Loureiro, que floreciapelos annos de 1653, Provizaõ para aCreação daCapella Curada debaixodotitulo deNossa Senhora daCandelaria comprivilegio dePadroeira.ElRey Dom Ioaõ quinto mandou crear nella olugar de Iuis deFora,6095 efoi oprimeiro Ministro oDoutor VicenteLeite Ripado, por or=dem Regia de23 deMarço de 1727. Extinguio-se este lugarnoannode1750, emque oDoutor Theotonio daSilva Gusmão passoudeIuis deFora daquella Villa, para Ouvidor Geral dasMinas do=MatoGrosso. Tem esta Villa, com asduas Freguezias doSeu6100 Destricto Araraytaguaba, ePirácicaba onumero de 10 mil 830 almas.== Villa de Sorocaba ==
17. A Villa de Sorocaba de Nossa Senhora daPonte, que é sertão da costa da vila de Itanhaem, foi ereta em 1670 pelo Paulista Bartholomeu Fernandez, com seus Genros os Cavalheiros Castelhanos Andre de Zuniga, e Bartholomeu de Zuniga; e foi aclamada em Villa por Provisão do Capitam Mor Loco Tenente do Donatário Francisco Luis Carneiro de Souza, Conde da Ilha do Príncipe.
No termo desta Villa há Minas de Ouro, Prata, e Ferro. No morro de Guaráçoyáva, onde já no anno de 1600 se achou em pessoa Dom Francisco de Souza, que depois passando ao Reino voltou a São Paulo, onde chegou em 1609, e faleceu em 10 de junho de 1611, tendo trazido a administração Geral das Minas com mercê de Marquez dellas com 30 mil cruzados de juro, e Erdade. No dito Morro de Guaráçoyava extraiu, e fundiu Prata Frei Pedro de Souza, enviado para estes exames em 1680; e ao depois nela se assentou a Fabrica de fundir as Pedras de Ferro, e Asso o mais excelente, que se pode apetecer; eque os antigos tiveram esta manobra com diversos Engenhos, que construíram, e e destruíram pelos annos de 1629 com a morte de Francisco Lopes Pinto, Senhor dos ditos Engenhos.
Da existência da Prata, pelos exames de Frei Pedro de Souza, a quem acompanharam os Paulistas, por Cartas, que receberam firmadas do Real Punho o Alcayde Mor JacintoMoreira Cabral, e Seu Irmão o Coronel Paschoal Moreyra Cabral, que depois em 1719 foi o Descobridor das Minas do Cuyaba: Consta na Secretaria do Conselho Ultramarino no Livro do registo das Cartas do Rio de Janeiro titulo 1673. pagina 30, 34, e 35. No Governo do General Dom Luis Antonio de Souza se fabricou ferro, e Asso no dito Morro, e ainda hoje se percebem os vestígios da dita Fabrica, Suposto se tenham passados mais de 20 anos; Cujo labor existiu todo o Governo do referido General, que por Seu Zelo se conservou ainda até o Governo do General Martim Lopes Lopo de Saldanha, ficando logo desvanecida adita Fabrica, porque a Sociedade, que havia na mesma era de homens sem forças para a Subsistência, e demais a falta de Mestres na Arte de derreter as Pedras. Tem esta Villa 7 mil 952 almas.
== Villa deMogi dasCruzes ==18. AVilla deSanta Anna deMogi dasCruzes / ao[Norte] ||126r.|| [[aoNorte de]]Saõ Paulo, com todas as mais, que sevaõ seguindo284athé aultima deGurátinguetâ / já estava erecta quando6140 em 1624 foi repelida della aSua Donataria aExcellentissima Con=dessa deVimieyro, pelo Conde deMonsanto. Foi seu CapitamMor Povoador Braz Cardozo, natural deMezão Frio,morador, eCazado em Saõ Paulo. Tem esta Villa onumero de7 mil 607 almas.6145 == Villa de Iacarehy ==19. A Villa de Iacarehy foi fundada notempo do=Donatario de Itánheen Dom Diogo deFaro, eSouza em 1652, [Páginas 189 e 190 do pdf]Alguñs annos sofrerão os Paulistas osdamnos, que recebiaõdafalta dos Serviços dos Indios, que já naõ gozavaõ para obene=ficio daCultura, athé que descobertas por Afonso Sardinha,neste continente, asprimeiras Minas deOuro delavagensnasSerras de Iaguamimbaba, de Iaraguâ, de Vuturu=2430 na pelos annos de1597, equerendo osPaulistas trabalharnestas Minas alugando Indios para olabor, comofaziaõathé oanno de 1602, emque deSaõ Paulo seauzentou paraoReino Dom Francisco deSouza, Governador Geral doEs=tado, foraõ experimentando, e recebendo offensas dos Iezui=2435 tas, que tinhaõ arrogado aSý ogoverno temporal detodoo Gentio Para seatalhar este perniciozo damno, ori=