Seiscentista era a casa de Pedro Vaz de Barros, em muros de pedra. Um dos motivos era a defesa contra os nativos. Não se conservaram estas casas. Do mesmo modo não se sabe de casas de taipa de mão ou de pau-a-pique seiscentistas.
Houve-as, principalmente menores, mas até mesmo grandes, em terras menos própria para taipa e junto à abundante madeira da floresta. No inventário de Isabel de Proença, com testamento em novembro de 1654, consta que a casa do fundador de Sorocaba, Balthazar Fernandes, era de pau-a-pique. E muito grande.
Luiz Saya conseguiu estudar doze casas seiscentistas em São Paulo e arredores, juntando-lhes algumas mais recentes, devido aos caracteres arquitetônicos. São ou eram de taipa de pilão. [Revista do Arquivo Municipal, CLXXX. Edição comemorativa do 25o. aniversário da morte de Mário de Andrade, 1970. Página 50]
Pertence a esta época a casa de taipa do bandeirante Baltazar Fernandes, a qual chegou até nossos dias e foi construída no lugar da primeira. A entrada ficava na parede lateral, que podemos dizer fachada mais comprida. A frente menor era alta, mas mostrava somente janelas. Naturalmente o porão não tinha esse nome. Janelas sem vidro, fechos de trancas de madeira e taramelas. Dois puxados, sendo um a cozinha, o pátio todo fechado por um alto muro: era o pátio interno. [Página 51, 563 do pdf]
Saya lembra von Martius que ainda no começo do século XIX achou, em Taubaté, uma cozinha bem separada no rancho da criadagem. De suas casas de Sorocaba, setecentistas, uma a já citada de Balthazar, construída sobre o alicerce de outra mais antiga, tinha o lanço da cozinha, outra (que ainda está de pé) não o tem.
Nas doze casas de Luiz Saya, só duas tem o lanço separado. Em conclusão: nas casas seiscentistas e até os meados do século XVIII, quando de potentados bandeirantes da caça ao nativo, preferia-se cozinha dentro das quatro águas, mas não se desprezava a solução do lanço separado. E dois lanços, pois o lado fronteiro era a despensa ou depósito. Este, em Sorocaba e, certamente, em Parnaíba e São Paulo, chamava-se armazém, e exigia pé direito mais alto. Já temos ouvido também o nome de sobrado. Podia ser de janelas e mesmo escuro, iluminado lateralmente pelo varandão em telha vã. [Página 52]