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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume X, 1905
1905. Há 119 anos
Ouvimos de pessoas autorizadas, com quem entretemos relações, que os documentos existentes nos arquivos dos cartórios e da igreja remontavam somente ao ano de 1768, visto terem sido queimados propositalmente os papéis do cartório naquele ano e por ter havido posteriormente um incêndio no arquivo eclesiástico.

Do primeiro fato consta nos livros da câmara municipal terem sido os papéis queimados por ordem do ouvidor geral Pedro Unhão do Castel Branco; porém, em relação ao incêndio do arquivo eclesiástico, ainda não encontramos provas.

Em diversos autos velhos há alegações de haverem sido queimados títulos e outros papéis, não somente pelo ouvidor geral acima citado, como também pelo corregedor Antonio Luiz Pelleja e o doutor Manoel de Mello Godinho o Mano, cujos fatos são afirmados por testemunhas e os mesmos autos vistos pelos ouvidores em exercício.

Em vista disto é claro que os arquivos existentes aqui não podem fornecer dados tão completos como se não tivessem sido destruídos propositalmente; contudo, entre os livros e autos encontramos documentos, como sejam: concessões de sesmarias, traslados de testamentos, inventários, etc., que são de grande valor histórico.

Um destes documentos assim encontrados, é uma folha de um antigo livro de notas onde foi traslado um termo de arrendamento de trezentas braças de terras no rocio da vila de Nossa Senhora das Neves de Iguape, a Paulo de Veras, passado no dia 16 de junho de 1602.

Este termo de arrendamento refere-se a terras situadas no rocio da antiga vila, que foi edificada em frente á barra de Capara. Como documento autêntico da existência de conselho da câmara da vila de Iguape em época tão remota, junto como anexo no. 1 uma cópia fotográfica do traslado do termo de arrendamento.

Relativamente a este documento que foi encontrado no arquivo do cartório pelo distinto tabelião capitão Francisco Firmino Pontes de Oliveira, há uma coincidência tão notável que durante muito tempo não quisemos utilizá-lo; ao mesmo tempo não podíamos ter a menor dúvida sobre ser este documento autêntico ou de ser a data claramente escrita:

Aos dezesseis dias do mês de junho de mil seiscentos e dois anos, como também de serem bem legíveis os nomes: Phelliph Per.a. Nunes Escrivão da Câmra, Bernardo da Cunha de Carvalho, Manoel pr.a. da Silva, Manoel da Silva, Manoel da Costa, Bertholomeu Francisco e Paulo de Veras. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume X, 1905. Página 4, 9 do pdf]

A coincidência que notamos é que, no ano de 1702, havia pessoas na vila de Iguape com nomes iguais aos citados neste termo de arrendamento. Para desfazer esta dúvida, examinamos bastantes documentos e chegamos á conclusão que o aforamento de terras a que o termo refere foi efetuado no ano indicado, como demonstramos.

Em 1602 existia em Iguape um Philip Pereira Nunes, casado com Anna Furtado, filha de Nuno Chaves, tando ele um filho do mesmo nome; mas não podemos ainda saber qual dos dois, pai ou filho, serviu como escrivão da Câmara. Paulo de Veras, o arrendatório, era casado com Maria Pereira, filha de Philip Pereira Nunes e de Anna Furtado.

De Bernardo da Cunha de Carvalho, filho de Domingos Rodrigues da Cunha, encontramos pequenas referências: numa questão de terras no ano de 1631, ele serviu como testemunha e nos autos se diz: "de idade que diz ser de sessenta e dois anos pouco mais ou menos".

Existia um Manoel da Costa, pai de Manoel da Costa, casado com Anna Nunes Chaveiro e avô de Manoel da Costa que casou com Anna Maria das Dores, sendo que este último assinou o termo de doação de terras para a vila de Iguape no dia 2 de julho de 1679.

Bartholomeu Francisco era pai de Francisco Gonçalves e avô de Bartholomeu Gonçalves, que no ano de 1667 requereu a entrega de terras cedidas condicionalmente á Câmara no lugar da vila velha, como consta no documento no. 17 que acompanha o "Esboço histórico da fundação de Iguape".

Em relação a Manoel Pereira da Silva e Manoel da Silva, por ora não encontramos outras referências daquela época de 1602, o que não é de admirar visto o estado dos arquivos correspondentes áquela era.

No ano de 1702 existia aqui um Felipe Pereira Nunes, casado com Maria Gonçalves, filha de André Gonçalves e de sua mulher Maria de Pontes, tendo aquele um filho do mesmo nome casado com Maria de Fonseca, natural de São Paulo.

Havia um capitão Bernardo da Cunha de Carvalho, que declarou no seu testamento ser "natural da cidade de Lx.a., filho legítimo de Bernardo da Cunha e Anna Luiza de Souza".

O Manoel da Costa já citado, que assinou o termo de doação de terras á vila de Iguape, foi durante muitos anos provedor das oficinas para a fundição dos quintos reais de ouro e faleceu no dia 31 de janeiro de 1683, deixando um filho do mesmo nome, casado com Maria Nunes, e um neto de igual nome, casado com Maria Gonçalves de Almeida. [Página 5, 10 do pdf]

Existia nesta época um Paulo de Veras, irmão do capitão Diogo Pereira Paes, capitão Severino de Veras, capitão Francisco de Veras e de Antonio Cardozo, filho de Romão de Veras.

Encontramos menção de um Manoel da Silva que nasceu em 1670 mais ou menos e de um Manoel Teixeira da Silva; mas, não consta ter qualquer deles exercido cargos públicos.

Reparando nesta semelhança de nomes, ver-se-há que podia haver dúvida a respeito do dito termo de arrendamento: porém, temos ainda o fato de podermos apresentar os nomes dos vereadores da Câmara do ano de 1702 e que são os seguintes:

André de Souza, Manoel Muniz Claro, Valentim Rodrigues, Francisco de Veras e Salvador Antunes, sendo Pedro Rodrigues Pontes o escrivão da Câmara, cujo cargo ocupou durante alguns anos antecedentes e posteriores àquela data. Parece que em vista do exposto se desvanece qualquer dúvida, e, para demonstrar a clareza da escrita, tiramos uma fotografia do termo, em lugar de simplesmente transcrevê-lo.

Existem muitos outros documentos, com data um pouco posterior, que desvaneceu toda e qualquer dúvida a respeito da falta de verdade das afirmações, há tantos anos aceitas, de ser a vila de Iguape fundada em 1645.

Entre as questões suscitadas por causa de terras, uma das mais interessantes pelo lado histórico local foi começada no ano de 1631, continuada em 1701 e outra vez em 1759. Nos autos encontra-se referência a diversos documentos, como também existem alguns originais, entre outros um que remonta ao ano de 1618 e que é a carta de sesmaria passada em Santos no dia 3 de agosto do mesmo ano, assinado pelo capitão mór Gonçalo Corrêa de Sá.

Na questão do ano de 1701, os interessados diziam que esta carta de sesmaria se achava visada por diversos capitães mores, entre outros: João de Moura Fogaça, Manoel Pimentel e Francisco da Rocha; porém, na parte que ainda existe da dita carta somente podemos ler a concessão e demarcação das terras.

Em 1702 uma das partes alegava que não podia receber justiça pelo fato de serem todas as autoridades da vila aparentadas com seu contendor, mostrando em seu protesto o parentesco que existia.

Por diversas vezes houve questões entre os donos das terras do Porto da Ribeira e a Câmara Municipal e, nesta ocasiões, aparecia sempre o nome de Cosme Fernandes como sendo o primeiro possuidor dos terrenos, ainda que ás vezes as partes confundissem o parentesco que havia entre elas e seus antepassados.

A prole de Bernardo de Chaves era: Antonio Barcellos, Bernardo Rodrigues Bueno e uma filha casada com Bartholomeu Francisco. A prole de Nuno Chaves era: Bernardo de Chaves e uma filha casada com Philiph Pereira Nunes. A prole de Bernardo de Chaves era: Antonio Barcellos, Bernardo Rodrigues Bueno e uma filha casada com Bartholomeu Francisco. A prole de Nuno Chaves era: Bernardo de Chaves e uma filha casada com Philiph Pereira Nunes. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume X, 1905. Página 6, 11 do pdf]

Na questão de terras no ano de 1701 está provado por documentos apresentados que no ano de 1631 houve uma questão entre Manoel Peixoto e Manoel Rodrigues, concessionário de uma sesmaria dada em 1618.

Este Manoel Rodrigues, casado com Beatriz Rodrigues, era filho de Bernardo Rodrigues Bueno, neto de Bernardo Rodrigues Chaves, bisneto de Francisco de Chaves e trineto de Cosme Fernandes.

Pelos documentos por nós examinados, deduzimos que Francisco de Chaves tinha dois filhos, um por nome Bernardo Rodrigues Chaves e o outro Nuno Chaves. Não podemos dizer qual fosse o primogênito e não afirmamos que não houvesse outros. [Página 9, 14 do pdf]

Continuaram as questões e em 1679 João Guedes de Oliveira, filho de João Guedes, apresentou seus títulos ao capitão mór Luiz Lopes de Carvalho para ser confirmado na posse das ditas terras; mas este declarou que "ficava confirmado em meia légua que foi concedida ao Manoel Rodrigues e não naquela concedida a sua enteada". [Página 12, 17 de pdf]

Em 23 de fevereiro de 1733 Luiz Palhano de Azevedo requereu ao Juiz a demarcação das divisas entre suas terras, que foram de Manoel Peixoto e as de João Guedes de Oliveira, sendo feita a demarcação no dia 28 do mesmo mês.

Nem assim findou a dúvida entre aquela famílias, e no ano de 1759 seus descendentes suscitaram novamente a questão, apresentando nessa ocasião mais documentos e fazendo referência a outros que se achavam incluídos nos autos das questões anteriores.

Além das famílias que eram descendentes de Francisco de Chaves, existiam aqui, do meado para o fim do século XVI, outras que rivalizavam com aquelas. Há muitas petições nos livros da Câmara e nos autos velhos em que peticionários requeriam certidões de como seus pais e avôs foram homens de consideração, ocupando cargos públicos, etc., e como diziam: "homens sem mancha nem mácula."

Entre estas famílias podemos citar as de Anhaya, Ozedo, Garcia, Cunha, Dias e Tinoco. As famílias de Ferdinando de Anhaya e Francisco de Ozedo se achavam estabelecidas nos terrenos entre a barra do rio Ribeira e o morro de Jurêa.

Agapito Garcia, casado com Maria Dias, e seu cunhado Domingos Dias, pai de Vicente Dias, e Ildefonso Tinoco se achavam situados nas terras marginais do rio Ribeira, em ambos os lados, entre as que mais tarde foram requerida por Manoel Rodrigues e a barra do rio Peroupaba.

Em relação a Domingos Rodrigues Cunha, pai de Bernardo da Cunha de Carvalho, não podemos ainda saber aonde era seu sítio; porém no ano de 1602 o dito Bernardo da Cunha de Carvalho era juiz ordinário e presidente do conselho da câmara da vila de Iguape.

Do ano 1600 a 1620 aumentou-se bastante o número de família aqui, tendo além das já mencionadas, outras de nome: Peixoto, Franco, Palhano, Ribeiro, Serrano, Góes, Guedes, Costa, Cubas, etc.; algumas das quais foram entrando nas terras marginais dos rios Ribeira, Una e Peroupaba, e outras situando-se em terras já possuídas pelas famílias com que contraíam laços de parentesco pelo matrimônio. [Página 13, 18 do pdf]

O reverendo padre Frei Antonio de Assunção foi nomeado capelão das minas em Iguape no dia 8 de agosto de 1691, assistindo na capela de Yvapuranduba durante alguns anos, achando-se aqui o traslado da sua petição que foi publicado como documento no. 14 do "Esboço histórico da fundação de Iguape".

É natural supor que durante os anos que o dito padre esteve nas minas da Ribeira, tivesse ocasião de conhecer o valor do escravizado Manoel como mineiro, e dai seu empenho em possuí-lo; porém que mais tarde por qualquer motivo ficasse descontente com a troca efetuada e tratasse de desmancha-la.

Seja como for, fica provado que no ano de 1700 havia pessoa de Iguape nas minas de Nossa Senhora do Carmo dos Avos, e talvez este despacho dado pelo guarda-mór Manoel Lopes de Medeiros seja um dos documentos mais antigos daquela localidade.

Na mesma época havia muitos outros moradores de Iguape em explorações no interior do paiz, como consta por diversos documentos; mas não podemos ainda precisar o ano das suas partidas daqui.

Entre estes citamos os nomes de João Dias Paes Leme, Antonio Dias "o velho", Ildefonso Tinoco, Manoel Pereira Tinoco, Bartholomeu Garcia Tinoco, capitão Antonio Fernandes de Siqueira e seu filho Gaspar Fernandes de Siqueira, João Nunes Bicudo, Bartholomeu de Souza, capitão João de Anhaya, Domingos de Souza, capitão Bernardo da Cunha de Carvalho e capitão André Lopes de Azevedo.

João Dias Paes Leme, filho de Antonio Dias Paes Leme e de Maria Pereira Pestana, casado com Maria Madalena, faleceu em Iguape no ano de 1682 e no seu testamento declarou que:

"Manoel Pereira Tinoco deu três oitavas e meia de ouro em pó do tempo da viagem das minas do Ribeiro comprido com Antonio Dias o velho".

Em outros documentos estas minas são designadas pelo nome de "Minas do Ribeiro comprido do Caheté". Esta notícia de viagem é muito vaga; porém, não devemos despreza-la em vista de outras referências ao mesmo assunto. No dia 1 de outubro do mesmo ano Ildefonso Tinoco foi nomeado tutor dos filhos menores de João Dias Paes Leme e, mais tarde, casou com a viúva Maria Madalena, filha de João Guedes.

Ildefonso Tinoco e Manoel Pereira Tinoco eram irmãos, filhos de Simão Tinoco e de sua mulher Maria Pereira, todos naturais de Iguape. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume X, 1905. Páginas 19 e 20, 24 e 25 do pdf]

No dia 20 de setembro de 1707, Catharina Alvares de Lemos, viúva do capitão Bernardo da Cunha de Carvalho, passou procuração a diversas pessoas "para que possam entregarem-se e cobrarem todos os bens que ficaram por morte e falecimento de seu marido o capitão Bernardo da Cunha Carvalho nas minas de Cathaguas assim pessoas escravizadas e da terra, ouro, prata e dentre outros quais bens de qualquer qualidade que seja sem embargo de qualquer embargo que a ele se ponha Com herdeira dos ditos bens e sendo assim lha enviarão os ditos bens a esta dita Vossa pessoa. Com efeito se fazer partilhas pelos herdeiros na forma Jurídica".

No testamento do capitão Bernardo da Cunha Carvalho, feito no dia 1 de junho de 1707, ele declara ser "natural da cidade de Lxa., filho legítimo de Bernardo da Cunha e de Anna Luiza de Souza, declaro que sou casado na vila de Iguape com Catharine de Lemos". Em outra parte do mesmo testamento ele diz: "Meu corpo será sepultado em a minha frequezia de Ouro Preto e Levado a ele com quatro sacerdotes que o acompanham", e, no fim do mesmo diz: "e porque este é a Minha última vontade do modo que tenho dito me assino aqui com este ouro Preto das Minas Gerais ao primeiro de junho da era acima".

As testemunhas que assinaram o testamento eram: Padre Lourenço de Valladares Vira., Henrique da Cunha Lobo, Manoel Gomes e Nicolino Pinheiro Cardoso. É notável a parte onde ele diz: "em a Minha Freguezia de Ouro Preto" e a única razão justificável de ele usar semelhante expressão é ter sido ele o fundador da dita freguezia porém não temos aqui provas disto. [Página 22 e 23]

Durante os anos de 1668 a 1677 por vezes foi apresentado nas oficinas de Iguape ouro para quintar, por três irmãos, a saber: Antonio de Anhaya, Trindade de Anhaya e João de Anhaya, filhos legítimos de Fernando de Anhaya e naturais de Iguape. Em vista dos autos de devassas aqui existentes, em que figuram como testemunhas e declaram ser mineiros, devemos concluir que os Anhayas se aplicavam com especialidade a esse serviço, contando que do meiado para o fim do século XVII, alguns deles assistiram nas minas de Sorocaba Apiahy e Paranapanema, e outros no princípio do século XVIII nas Minas Gerais.

No ano de 1710, o capitão João de Anhaya de Lemos, natural de Iguape e morador na vila de Nossa Senhora da Candelária de "Hutu Guassú", fez doação de uma casa e escravizados a sua irmã Beatriz de Lemos em dote do seu casamento com Manoel Pereira dos Passos. [Página 25]

A D. Pedro, cuja viagem era motivada pela necessidade de restabelecer a ordem nesta província e sindicar dos fatos delituosos aqui praticados durante mais de doze meses, não convinha de modo algum aceitar cumprimentos e obséquios dos delinquentes e se colocar em obrigado com eles.

Informado a tempo da natureza dos festejos com que ia ser recebido na capital, mandou do caminho aviso adiantado ao governo sedicioso de que não receberia os seus emissários e ao coronel Francisco Ignacio de que dispensava os seus cumprimentos [Página 172]

São ambos da mesma tribo e dizem; "somos a mesma gente". De fato : todos esses nativos mansos, descendem de uma numerosa tribo de Caiuá, ou Guainá descendentes da grande nação Guainaz ou talvez um ramo da Nação Tupy, que habitava o planalto no tempo da descoberta e que, desde o começo do século passado, 1819, segundo referem alguns cronistas, vagava errante pelos sertões meridionais da Província de São Paulo, acossados já por outras tribos ferozes, que os odeiam e repelem até hoje, em consequência do constante comércio e trato que esta nação manteve sempre com os paulistas. A sua peculiar mansidão, tornou sempre esta nação acessível; foi ela que maior contingente de nativos forneceu ás antigas aldeias e melhor se submeteu ao aviltante cativeiro.

Em 1843, uma grande parte dessa tribo foi habitar o município de Itapeva da Faxina e ai deu origem á povoação de São João Batista do Rio Verde, que foi criada freguesia por lei provincial de 5 de março de 1855.

A outra facção dessa tribo errante havia anteriormente emigrado para o litoral, vindo a formar o aldeamento do Itariry, perto do rio Juquiá, no município de Itanhaém. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume X, 1905. Página 501]

Todo esse sertão, quase inculto e desabitado, que se estende desde o imenso vale da Ribeira de Iguape e grande parte do município de Itanhaém, até as margens do Rio Verde e Itararé, abrangendo os municípios de Faxina, Apiahy, Piedade, Una, Itapecerica, etc., é ainda hoje constantemente percorrido por essa tribo de Guainá nas suas idas e vindas para o litoral. Essa zona pouco povoada do nosso próspero Estado, incontestavelmente uma das mais incultas, foi sempre a mais preferida pelos nativos. Ai se encontram ainda verdadeiros sertões, nos quais o elementos civilizados é por enquanto muito escasso.

No litoral, a parte justamente a mais agreste a inculta, entre a Ribeira de Iguape e a bacia fluvial do rio Conceição, foi a zona por eles preferida. Ai estão eles verdadeiramente "em sua casa"; toda essa região é inteiramente despovoada, ninguém os incomoda, a não ser algum caçador que uma ou outra vez penetra nessas florestas.

Dai também lhes são fáceis as suas viagens para os centros povoados, pois estão apenas a três e quatro dias de Santos e São Paulo, e a dia e meia de Itanhaém, aonde vem vender o produto de suas industrias e fazer pequenos provimentos.

Os antigos habitantes da aldeia Irariry, faziam as suas sortidas para o interior, subindo o curso do rio Guanhanbá, que desaguá no rio Itariry; dai seguiam até São Lourenço; subiam a serra e tomando o rumo de oeste, transpunham os sertões que medeiam os municípios de Piedade, Pilar, Lavrinhas e Apiahy, atravessando nesse ponto o vale do Taquary que confina com o Rio Verde, onde existe o principal núcleo de aldeamento como já referimos.

Hoje, esse trajeto está quase abandonado e suas viagens para o Rio Verde, são feitas por outro itinerário: ou seguem pelo rio Branco de Itanhaém, subindo a serra até Santa Cruz dos Parelheiros e dai a Santo Amaro, onde tomam a estrada geral até Sorocaba e Faxina; ou descendo pela rio Juquiá, seguem até Xiririca e dali a Itapeva da Faxina, que distas apenas doze léguas de São João Batista e do Rio Verde. [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume X, 1905. Páginas 501 e 502]

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