Famílias, casas e engenhos: a preservação do patrimônio no Rio de Janeiro (Piedade do Iguaçu e Jacutinga, século XVII-XVIII), 2013. Dissertação de Ana Paula Souza Rodrigues. UFRRJ, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Programa de Pós-graduação em História - PPHR/Instituto Multidisciplinar - 01/01/2013 de ( registros)
Famílias, casas e engenhos: a preservação do patrimônio no Rio de Janeiro (Piedade do Iguaçu e Jacutinga, século XVII-XVIII), 2013. Dissertação de Ana Paula Souza Rodrigues. UFRRJ, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Programa de Pós-graduação em História - PPHR/Instituto Multidisciplinar
2013. Há 11 anos
Não obstante a dificuldade da análise de espaços geográficos importa-nos apreender deque forma essas freguesias rurais surgem. Obviamente o fator religioso interfere diretamente no estabelecimento dessas freguesias, já que as pessoas tinham a preocupação de participar de todos os rituais católicos. Mesmo no século XIX, em viagem que fez a Minas Gerais tendo como ponto de partida o Rio de Janeiro, Auguste de Saint-Hilaire afirmou que:
(...) as localidades retiradas do interior, pelo contrário [das localidadescentrais], não há paróquia sem povoação, e a razão dessa diferençapode ser, parece-me, explicada facilmente. Em torno ao Rio de Janeiroas terras se dividiram mais que em qualquer outra parte; cada pedaçode terreno passou a ser habitado, e quando o distrito atingia populaçãosuficiente, passava a constituir uma paróquia independente. Masninguém ficava assaz afastado da igreja para que não pudesse lá irem pouco tempo... [grifo meu]165Contudo, outros elementos permeavam o estabelecimento de uma freguesia, para além do âmbito religioso de fé e devoção. Para analisá-los, examinemos o caso da Freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Iguaçu e Santo Antonio de Jacutinga.
Antes de tudo é preciso lembrar que a iniciativa particular foi imprescindível para o projeto colonial. De acordo com Freyre “foi a iniciativa particular que, concorrendo às sesmarias, dispôs-se a vir povoar e defender militarmente, como era exigência real, as muitas léguas de terra em bruto que o trabalho negro fecundaria”.166
Relacionado a esta constatação, o primeiro elemento que permeia as fundações de freguesias rurais é o fato de todas as freguesias do Recôncavo da Guanabara iniciarem suas atividades como capela curada, ou seja, uma capela em terras de um particular, dirigida em caráter permanente por um pároco ou cura. Assim foi o caso de Iguaçu, quando, em 1699, o povo construiu uma simples capela de taipa, em terras do Alferes José Dias de Araújo.
Em Jacutinga, a primeira capela curada fora instituída em lugar denominado Jambuí, em 1657. Essas primeiras construções eram simples, de taipa e, por isso, logo careciam de reparos.
O aumento do número de fiéis e/ou a ruína das capelas geravam a construção da primeira igreja matriz, a qual recebia o nome de um santo, e este é o segundo elemento. Pizarro identifica o ano em que, pela primeira vez, a capela curada surge então como freguesia.
Santo Antonio de Jacutinga surge como freguesia em 1686. Iguaçu foi fundada como freguesia em 1719, quando ocorreu a separação com a freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Serapuhy (que na década de 1710 será anexa a Santo Antonio de Jacutinga). [Famílias, casas e engenhos: a preservação do patrimônio no Rio de Janeiro (Piedade do Iguaçu e Jacutinga, século XVII-XVIII), 2013. Dissertação de Ana Paula Souza Rodrigues. UFRRJ, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Programa de Pós-graduação em História - PPHR/Instituto Multidisciplinar. Páginas 55 e 56]