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Cachaça Três Coronéis - Fazenda Pinhal
19 de abril de 2017, quarta-feira. Há 7 anos
Ver Sorocaba/SP em 2017
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Wilson Alves adicionou 15 novas fotos ao álbum "FAZENDA PINHAL - OS ROSAS".19 de abril de 2017 · FAZENDA PINHAL(III) – JERÔNIMO SOARES ROSAEnfoco, agora, Jerônimo Soares Rosa. Folheemos esta eloqüente e rica página, infelizmente um tanto esmaecida, verdadeira lição de perseverança e intrepidez, virtudes exclusivas do bandeirantismo daquela época, e que se identificam plenamente com as dos que iniciaram o povoamento de Boituva, para nos fixarmos em João Paulo Nepomuceno e seu filho, Jerônimo, que adquiriram a Fazenda Pinhal, no Bairro desse mesmo nome. Deduz-se, pois desses fatos que havia regular intercâmbio de gente que ia e que vinha do e para o Rio Grande do Sul, cabendo, ai, como uma luva, o tropeirismo de Jerônimo Soares Rosa, através de informações de Vicente Ferreira Prestes. Ademais, adquirir terras também não era tão difícil, como à primeira vista se supõe, e compradores e concessionários as transacionavam através de negócio muito facilitado. Aliás, sob o aspecto do tamanho, de acordo com análise do festejado historiador, Aluísio de Almeida, fazendas e sesmarias se eqüivaliam e se situavam mais ao longo dos rios e dos caminhos e serviam para o incentivo à criação das alimárias, tendo um caseiro no ranchinho e o dono na cidade. Recorde-se que este tema já foi tratado exaustivamente em capítulo à parte. O assentamento do 1.º casamento de Jerônimo Soares Rosa, por nós, aqui transcrito dos Livros de casamentos (exemplar da Cúria Diocesana), registra-o como nascido na cidade de Sorocaba, assim como sua 1.ª mulher, Maria Francisca de Jesus. Aliás, já antes, em entrevista com Tristão Rosa, seu neto, nas alturas dos seus 92 anos de idade, muito lúcido, foi ele bastante incisivo ao me afirmar, sem vacilação alguma, que seu avô nascera em Sorocaba mesmo e que, mais tarde, só foi ao Rio Grande do Sul para comprar muares, negócio muito comum na época. Quanto aos pais de Jerônimo, Paulo João Nepomuceno e Rita Maria de Almeida, não fui feliz em minhas pesquisas a respeito deles, não obstante o fizesse intensamente, por vários dias. Penso até que não estariam descartadas, como hipótese, as origens de Paulo João ou João Paulo Nepomuceno, este sim, do Rio Grande do Sul.ASSENTAMENTO DO 1.º CASAMENTO DE JERÔNIMO SOARES ROSA(Livro n.º 09, fls. 120, Catedral de Sorocaba)(Exemplar da Cúria – 18.07.1819 a 24.04.1827) “Aos vinte e hum de agosto de mil oitocentos e vinte e seis, nesta Matriz, feitas as admoestações, sem impedimento por se acharem dispensados pela Provisão do Reverendo Doutor Vigario Capitular no terceiro grao de consaguinidade, com licença do Reverendo Parocho, em minha presença, e das testemunhas, Francisco Jozé de Mattos e Americo Ayres do Amaral, pelas sete horas do dia se receberão em matrimonio por palavras do presente, JERÔNIMO SOARES ROSA, filho de Paulo João Nepomuceno e de Ritta Maria de Almeida, com MARIA FRANCISCA DE JESUS, filha de Ignacio Rodrigues Cordeiro e de Josefa de Oliveira, naturaes e freguezes desta Villa, e logo receberão as bençãos nupciaes. De que faço este assento, que assigno com as testemunhas. Vig. – Romualdo José Paes a) Americo Ayres do AmaralFrancisco Jozé de Mattos 0 0 00 00 0 JERÔNIMO MARIAASSENTAMENTO DO 2.º CASAMENTO DE JERÔNIMO SOARES ROSA(Livro n.º 11, fls. 33v, Catedral de Sorocaba)(Exemplar da Cúria – de 8.07.1841 a 06.02.1853)“Aos dezenove de abril de mil oitocentos e quarenta e cinco, nesta Matriz, habilitados os contrahentes por provisão do Reverendo Vigario da Vara da Comarca, com dispensa do impedimentos de terceiro grao mixto ao segundo de consaguinidade em minha presença e das testemunhas o Reverendo Florentino de Oliveira Rosa e Francisco Jozé de Sales, às sete horas da tarde se receberão em matrimonio com palavras de presente e Bençaos Especiaes, JERÔNIMO SOARES ROSA, viuvo de Maria Francisca de Jesus, com MARIA FRANCISCA DE ALMEIDA, natural desta cidade onde ambos são freguezes, filha de paes incognitos, exposta em caza de Silverio de Oliveira Rosa, de que fiz este assento, e assigno com testemunhas. O Vigr. Joze Francisco de MendonçaTestemunhas: Florentino de Oliveira RosaFrancisco Joze de Sales 0 Bisavô de Jerônimo e avô de Maria Avô de Jerônimo 0 0 Pai de MariaPaulo, pai de Jerônimo 0 0 Maria Jerônimo 0

TROPEIRISMO

Assim, João Paulo Nepomuceno e Jerônimo foram tropeiros, dos legítimos, que, de Boituva, cumpriram, como num ritual, de impressionante regularidade, todo roteiro de costume dos que para lá iam e de lá vinham... Numa caminhada do Rio Grande do Sul ou São Pedro do Rio Grande, atravessaram Santa Catarina e, após 8 meses, aproximadamente, passaram por Curitiba, sempre enfrentando toda sorte de dificuldades, ora ocasionadas por rios, como o Maromba, “muito terrível a passar”, pelos “ruins caminhos do Morro Vermelho e o socavão do Bueno”.

Esse roteiro era o mesmo que Francisco de Souza Faria construiu em 1727, do Rio Grande (hoje, Iguaçú) a Curitiba, provavelmente por inspiração de Cristóvão Pereira de Abreu, imigrante português, nascido em Ponte de Lima, grande comerciante de couros e cavalhadas. Ademais, não havia outro pelo interior, que fosse mais fácil e seguro.

“Restavam as dificuldades da viagem. O Rei não mandou fazer o caminho. Já existia, desde 1589, até Sorocaba, incluindo bela ponte. Dai, até Curitiba, os fazendeiros foram ligando entre si as suas sesmarias, fazendo aquela grande curva que deixaria um lado a Paranapiacaba e outro o sertão inexplorado, o antigo Guairá. O caminho foi feito a pata de gado, tal como no S. Francisco.

Os capões de mato eram ladeados. As matas ciliares, a borda dos grandes rios que descem ao maior, o Paraná, sim, que exigiam uma primeira picada a facas e foice, raramente o machado, pois a vereda também ladeava paus grossos. Depois as Câmeras de Curitiba e Sorocaba obrigaram os fazendeiros a conservar.” “De certo modo o problema dos que faziam os caminhos se simplificava diante dos rios. Ninguém se detinha, de início, a construir grandes pontes. Era mais prático fabricar as canoas. Os rios se dividiam entre rios de canoa e rios que davam passagem a vau”.

“Em 1729, janeiro, ainda não estava pronta a estrada. O governador paulistano, Antônio da Silva Caldeira Pimentel, enviou então Antônio Afonso e Francisco Rodrigues Chaves, com uma boa tropa para ajudarem e servirem de vanguardeiros a Souza Faria. Somente a 8 de setembro de 1730 é que o abridor chegou a Iguaçu, no registro próximo de Curitiba”.

(O Tropeirismo e a Feira de Sorocaba – Aluisio de Almeida)

2 Também não descartamos a informação de Tristão de Oliveira Rosa, neto de Jerônimo Soares Rosa, de que seu avô buscou burros e cavalos no Rio Grande tomando o caminho do litoral. Era opção ou, quem sabe, vez ou outra, conveniências pessoais, que ele as tinha, e muitas, dada a sua condição de tropeiro-negociante, sempre às voltas com alguma boa oportunidade... E o roteiro não podia ser outro. Era buscar as velhas estradas do litoral, para Laguna, Desterro, São Francisco, Paranaguá, Cananéia, Iguape e Santos, subsistindo, como muito válida, a hipótese de Jerônimo Soares Rosa e sua “troupe” ter saído da Fazenda Pinhal, rumo a Sorocaba, Iguape, etc., fazendo, em sentido inverso, o mesmo caminho. O do interior, i.é, Sorocaba e Curitiba, admitia variantes como a Estrada da Mata que, saindo também do Rio Grande do Sul, passava por Rio Negro, Ponta Grossa e Itararé (Geografia dos Transportes, no Brasil - Moacir Y.A. Silva, pág. 84). A estrada de Sorocaba a Porto Alegre e ao território das Missões - escreveu Capistrano de Abreu - teve sua importância quando vinham às feiras dezenas de milhares de bestas, mas sua influência durou pouco e esvaiu-se com a introdução do vapor. A este, nela desembocaram caminhos vindos da marinha, aonde a Serra do Mar permitia passagem. A oeste não romperam a mata nem domaram a indiada.Tão logo se instalaram na Fazenda “Pinhal”, cuja área abrangia 250 alqueires, mais ou menos, montaram, de pronto, aquele que foi o primeiro monjolo de farinha destas terras, sendo válido acrescentar que o engenho de aguardente, marca registrada da indústria daquela laboriosa gente, só veio mais tarde, por iniciativa de Tristão de Oliveira Rosa, filho de Jerônimo. Testemunha que mais dele se aproximou no tempo, seu neto, Tristão Rosa, residente no Município de Iperó, a 5 km de Boituva, nos dá conta de que Jerônimo trazia burros e mulas do Rio Grande do Sul e os amansava, para vendê-los por bom preço, pois amansada, aquela alimária valia mais: 5 mil réis cada uma! Também que a Fazenda, agora, acrescida de 6 km2, comprada por ele, por 200 mil réis, de sua tia, Maria de tal, pertencia a Porto Feliz, mas depois passou para a jurisdição do Campo Largo de Sorocaba, pela Lei nº 4, de 13 de março de 1874, retornando, em 1939, ao já Município de Boituva. 3 O ULTIMO TROPEIRO Jerônimo Soares Rosa faz parte do grupo dos últimos tropeiros, daqueles que, como conta Aluísio de Almeida, saíram das suas terras abrindo picadas e trazendo como passaporte “um guia de número de animais e da quantia a pagar ou já paga”. É que em abril de 1897, apareceram os primeiros casos da terrível febre amarela, em Sorocaba, o que provocou tremenda debandada de todos quantos ali se encontravam para “tocar” a feira de muares. “Arrumaram as malas. E partiram para sempre” (Aluísio de Almeida). O jornal “Diário Popular”, Ed. de 26 de março de 1900, nos dá conta de que em Boituva apareceram 04 casos de febre amarela.Em não havendo mais feira, é claro que o vaivém das tropas sulinas também se acabaram. E Jerônimo por aqui ficou, com família e tudo, direcionando seus interesses comerciais para outros ramos, sem mais aquela de viver montado em lombo de burro, dia e noite, com chuva, sol, frio ou calor, pouco importava, sujeito a tantos sacrifícios, afora os inúmeros perigos de uma estrada aberta em meio “a matas ciliares que exigiam uma primeira picada a faca e foice (ou facão?)” (vide Aluísio de Almeida, op. citada, pág. 21) Era o chamado roteiro da “estrada do sertão”.Curiosidade: - Por falar em mudança de Município, Domingos Soares Rosa, então, Tenente da Guarda Nacional, e filho de Jerônimo Soares Rosa, foi designado, em virtude da sua patente militar e por dever de ofício, a vigiar perigoso bandido, preso em Porto Feliz. Seu pai não concordou e tudo fez para mudar a jurisdição das suas terras para Sorocaba, o que conseguiu, liberando, assim, o filho daquela incômoda incumbência.Casamentos de Jerônimo: - Partilha dos seus bens Jerônimo Soares Rosa casou-se, em primeiras núpcias, com Maria Francisca de Jesus do que lhes nasceram 9 (nove) filhos, aqui citados: Domingos, Florentino, Anna, José, Rita, Antônio, João, Maria e Francisco. Destes, José foi condutor de “tropa arreiada” que transportava mercadorias de Sorocaba para Santos e vice-versa. Faleceu solteiro.Após 19 anos, aproximadamente, de feliz convivência, vividos bucolicamente entre o amanho da terra, a criação e o trato dos animais, os afazeres domésticos e a administração da Fazenda, em geral, aconteceu o passamento de Maria Francisca de Jesus ,o que causou profunda consternação em toda a sua já numerosa família e entre os seus não menos numerosos amigos, vizinhos e conhecidos, mercê da sua grande bondade, atraente simplicidade e enorme generosidade para com os pobres. A propósito deste fato, o que se sabe, veio até nós, de boca em boca, não havendo registro algum. Poucos anos mais tarde, Jerônimo casou-se novamente e, desta feita, com outra Maria e era Maria Francisca de Almeida, havendo deste casamento 8 (oito) filhos, assim distribuídos: Tristão, Demétrio, Rafael, Guilherme, Cesarina, Rosa, Maria das Dores e Gertrudes. Segundo nos informa Tristão de Oliveira Rosa, sua avó, Maria Francisca de Almeida, foi criada por um padre, muito amigo de Jerônimo. Tendo ficado viúvo pela segunda vez, Jerônimo procedeu a partilha dos seus bens, distribuindo eqüitativamente entre os filhos, a parte da mãe.Coube a Tristão de Oliveira Rosa dirigir o que era seu e o do seu pai, até à morte, e deste, que se daria dentro de pouco tempo, quando então houve a partilha do restante das terras. 4 MORTE DE JERÔNIMO Pressentindo que chegara a sua hora, Jerônimo chamou, para junto do seu leito, filhos e escravos. A todos dizia: Chegou a minha hora! Quero me despedir de todos! E cada um que lhe tomava das mãos ou para beijá-las ou para um último aperto, exclamava, como era costume da época: São Cristo! Ao que Jerônimo respondia: Para sempre! Chovia muito no dia. O velório fora prolongado por 02 noites, pois notícias havia de que a estrada para Sorocaba se tornara intransitável e o ribeirão Itanguá, que a corta, transbordara, dificultando sua ultrapassagem. O enterro realizar-se-ia no cemitério de Sorocaba. E assim aconteceu, apesar da chuva. O transporte do corpo, na rede, como era costume, foi feito a cavalo e os escravos atravessaram o ribeirão a nado, sendo que com uma das mãos seguravam, no alto a rede, e com a outra se mantinham na superfície da água, com algumas vigorosas braçadas. Tempos difíceis aqueles em que só mesmo a garra da nossa gente era capaz de encontrar soluções para problemas, quase que intransponíveis, em todos os sentidos! De Jerônimo Soares Rosa ou Jerônimo Rosa, simplesmente, lembram-no os comentários ainda que longínquos dos seus descendentes e dos que nos dedicamos ao saudável afã de citá-lo ou de restaurar a sua memória. Não há dúvida, porém, de que enquanto houver um Soares Rosa em Boituva ou alhures, ai se fará sempre presente a saga benfazeja de Jerônimo Soares Rosa, tropeiro dos mais ilustres e, porque não dizer, bandeirante que adotou esta terra como sua e pela qual deu o melhor de si, isto é, amor, bravura, idealismo e espírito de luta.Texto extraido do Livro do Prof Olavo.

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