Os Anarquistas Portugueses no Brasil da Primeira República, 2011. Walter Vicente Barreto, Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação e Humanidades Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo - 01/01/2011 de ( registros)
Os Anarquistas Portugueses no Brasil da Primeira República, 2011. Walter Vicente Barreto, Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação e Humanidades Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo
2011. Há 13 anos
Procuramos num primeiro momento deste trabalho traçar a trajetória deindivíduos de origem lusa que escolheram o Brasil como destino e num segundomomento procuramos traçar o perfil dos estrangeiros expulsos do Brasil por seenvolverem com a propaganda anarquista, onde os portugueses ocuparam um lugarde destaque. Procuraremos agora apresentá-los e descreveremos a participaçãodeles nos principais movimentos grevistas ocorridos no período.
Iniciaremos, a título de exemplo, com o anarquista Joaquim Monteiro94. Ele era português, estucador (tipo de gesseiro), natural de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto. Era casado e tinha 30 anos em 25 de junho de 1920, data da sua expulsão do Brasil. As declarações prestadas por ele no seu processo de expulsão nos permitem remontar o período em que esteve no Brasil até sua prisão e posterior expulsão. No seu depoimento Joaquim Monteiro disse:
Que veio para o Brazil em mil novecentos e onze a fim de trabalhar honestamente, tendo deixado em sua terra natal a família, composta de mulher [e] filhos; que chegado, com facilidade empregou-se como estucador em uma construcção naaldeia campista; em mil novecentos e doze partiu para São Paulo tendo ido trabalhar umas obras na avenida Tiradentes de propriedade do Barão de Itatuhy; que algum tempo depois foi para Santos; finalmente em mil novecentos e dezesseis veio a esta capital em visita a um seu irmão, chegado de Portugal e não regressando mais a Santos, por conselho de seu irmão foi trabalhar na ilha de Paquetá [grifo nosso]
A fala de Monteiro realça questões trabalhadas no primeiro capítulo destetrabalho. A vinda dele para o Brasil deixando mulher e filhos provavelmente foiresultado de uma difícil decisão familiar, motivada – talvez – pelas maioresoportunidades de trabalho e/ou salários mais altos pagos no Brasil. Nestasdeclarações iniciais Monteiro afirma que conseguiu emprego com facilidade etrabalhou em várias cidades, e que mantinha contato com sua família visto que veiopara o Rio de Janeiro visitar seu irmão recém chegado de Portugal. Nesse períodode cinco anos ele trabalhou honestamente exercendo sua profissão de estucador, [Página 67]