Enfim, em 15 de setembro de 1823, Ponta Grossa e Jaguariaíva passavam àcondição de Freguesia por decreto imperial:Eu, o Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Império do Brasil façosaber que attendendo ao que por consulta do “Mero” (sic) de consciência eordem10 subio a minha Imperial presença Hei por bem crear Huma nova fregueziacom o rogo de Senhora Santa Anna em hum logar visinho da Capela da telha, digoCapela denominada Casa de Telha, no bairro Ponta Grossa, distrito da villa deCastro do bispado de São Paulo, ficando desmembrada da Freguezia da mesmavilla, servindo-lhe de limites o Rio Pitanguy atravessando toda a latitude doDistrito da freguezia da Villa de Castro e formando hum meio de circulo vae fazerbarra no Rio Tibagy, e seguindo este até fazer barra no Rio Iapó, devendopertencer todos os moradores além do Pitanguy e Tibagy até a barra do Iapó aesta nova freguezia, este se cumprirá como nela se contem, sendo passado pelachancelaria das ordens e valerá como carta posto que seu effeito haja de durarmais de hum anno sem embargo de ordenação em contrario sendo revestidos nosLivros da Câmara do Bispado de São Paulo nos da nova Freguezia dos que comella confinarem. Rio de Janeiro quinze de setembro de mil oitocentos e vinte três.Segundo da Independência e do Império. Imperador com guarda. – (a) CaetanoPinto de Miranda Montenegro (NOVAES, 1943:29-30).
Embora nesse documento os limites da recém-criada freguesia sejam um tantovagos, considerando um conhecimento e uma escrita de época, pode-se dizer que o coração daFreguesia situava-se nas terras que em 1810 pertenciam a José Antonio de Oliveira, herançade sua esposa Quitéria Ângela Maria11, e que, através de inúmeras compras, vendas, partilhase doações, acabou, segundo consta, como o local da futura capela. Esta foi construída sob orogo da Senhora Santa Ana12 como previa o decreto imperial13. Na impossibilidade de colaçãoimediata foi providenciado um vigário encomendado, visto que o valor da côngrua erainsuficiente14.
No Brasil português a dilatação da fé não foi apenas tarefa da Igreja, mas também da família aristocrática e patriarcal. Nela, o senhor, sempre ocupado em tarefas externas, pouco se interessava pela religião, passando à mulher branca, a “dona da casa”, esse papel. Imagem dessa função atribuída à mulher branca é a de Sant’Ana, que se encontra frequentemente nos engenhos e nas fazendas. Sant’Ana pode ser vista como o símbolo da casa grande ensinando o catecismo ao pessoal da senzala (HOORNAERT et al, 1992: 370). [Páginas 11 e 12 do pdf]