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Apontamentos para a história dos jesuítas no Brasil, Antônio Henriques Leal
1874. Há 150 anos
Ver Sorocaba/SP em 1874
49 registros
seus filhos e netos a perder a notícia da linguagem própria, e formaramoutra, de que nenhuma outra nação era entendida, feia, gurutal, arrancadado peito”.“Gente agigantada, robusta, forçosa, não consentem cabelo senão na cabeça, todo o mais arrancam. Usam de arcos imensamente grandes; sendo de resto destríssimos flecheiros, grandes corredores, sem casas,nem aldeias, nem roças; dormem na terra, sustentam-se de frutos e caça;comem cru e andam tosquiados com navalhas de cana. Acometem à traição e nunca a descoberto, andam aos poucos, sem lealdade de uns paraoutros, nem mesmo de pais para filhos” (loc. cit., nº 93).Estes aimorés começaram, pois, “por esse tempo a descer de suasserras, e guiados das correntes dos rios, vinham após elas sair ao mar, assaltando e matando tudo, deixando desbaratadas as aldeias e fazendas deIlhéus e Porto Seguro” (loc. cit., nº 94).Acode Mem de Sá, aconselhado por Nóbrega, e chegando aosIlhéus, sobe à noite a serra e dá neles de improviso, quando dormiam, ecom suas tropas “os degolam, ferem, pondo por terra todo o vivente, homens, mulheres e meninos” (loc. cit., nº 95).Como eram valentes, voltam a si e armam ciladas quando osportugueses buscavam as praias. Mem de Sá previne-as com contraciladas.Tomados pelas costas, não sabendo nadar, e só tendo livre o mar, forampostos na última derrota. É Mem de Sá por isso recebido nos Ilhéus comoem triunfo.Não desmaiam ainda assim os aimorés e procuram as praias paradesforçarem-se; mas batidos de novo, cedem por fim e pedem pazes.Torna-se o governador à Bahia, deixando destruídas trezentasaldeias do gentio rebelde, refugindo outros a mais de sessenta léguas pelasbrenhas adentro (loc. cit., nº 97).Com a entrada do novo ano de 1561 cuidou o padre Luís daGrã da conversão dos índios, que andavam erradios pelas guerras, e nointento de os chamar e ajuntá-los em grandes povoações, mandou a elesseus obreiros, indo a isso dois a dois, escolhidos dentre os mais eloquenteslínguas do Brasil. Correspondeu a colheita ao trabalho.A primeira povoação que daí resultou foi a da ilha de Itaparica,a três léguas da cidade, com a invocação de Santa Cruz, fundada em junho desse ano com o gentio do rio Paraguaçu. Tinha a assistência de um padree de um irmão (o padre Antônio Peres e o irmão Manuel de Andrade).

No mesmo mês foi também fundada a segunda, doze léguas aonorte da cidade, em sítio fértil chamado Tatuapara, sob a invocação deJesus. Assistiam nela o padre Antônio Rodrigues e o irmão Paulo Rodrigues. Chegaram em poucos dias a quatrocentos os meninos que aprendiamdoutrina.

Foi a terceira a de S. Pedro, a vinte e duas léguas ao norte da cidade e mais populosa que as outras duas. Concorreram para ela as aldeias de Caboíg, naquele tempo numerosas, e outras mais pequenas.

A quarta, mais dez léguas adiante, era no sítio Anhebig, e sob a invocação de Santo André. Estavam porém de guerra com o gentio do rio Itapicuru, o que era impedimento para a sua conversão. Vai-se a eles em missão o padre Luís da Grã e consegue pazes entre estes e os da aldeia de Anhebig.

Em novembro voltou-se o provincial para o sul e funda a quintapovoação na paragem chamada Macamamu, dezesseis léguas da cidade,terra fértil, abundante de rios, composta de muitos mil arcos. Pôs-lhe pornome Nossa Senhora da Assunção. No mesmo mês estabelece a sexta, emum sítio pouco distante, junto a Tinharé, e chamado Taporagoá ou S. Miguel. Como era de costume, ficaram em cada uma delas dois religiosos daOrdem.Contando com as cinco mais antigas, faziam onze ao todo. Visitou-as a todas o padre Luís da Grã nesse ano, a pé descalço e recebido comfesta por todos querendo os índios levá-lo em redes. Batizou infinitos ecasou a muitos. Na aldeia do Bom Jesus saíram com embustes. Um índio,que nunca se soube quem foi, começou a pregar-lhes de noite, que o padreos queria batizados para os cativar. Fogem por isso espavoridos; mas ospadres acodem e os pacificam.No dia seguinte, estando todos à espera do batismo, ouve-se umgrito, que a aldeia estava em fogo, e daí todos abalam. Verificado, porém,que nada havia, voltam envergonhados. [Páginas 113 e 114]

arte de os persuadir que se dessem ao trabalho e para exortá-los à conformidade nos sofrimentos. Andava sempre na pedintaria e dava adiante aoprimeiro necessitado que lhe estendia a mão. Dava tudo sem respeito aodia de amanhã; que acima da previdência está a Providência. Dai que recebereis, era o seu bordão (date el dabitur vobis).Desceram por este tempo muitos do sertão a Porto Seguro, talvez acossados pela fome.

1575

Os começos do ano de 1575 prometiam abundantíssima messeaos obreiros de Cristo; mas, ainda mal, que os resultados não corresponderam às esperanças! A cento e cinquenta léguas de São Salvador fica orio Real, cujos íncolas estavam sempre em guerra com os portugueses. Resolveram-se agora a pedir paz e o Evangelho. Vieram seus embaixadores àBahia e o provincial os hospeda nas aldeias dos neófitos para no entretantoexperimentar sua constância deles e por ela a firmeza das suas resoluções.Delega para esta expedição o padre Gaspar Lourenço, que tinha bom nomeno Brasil. Toda a aldeia de Santo Antônio quer partir com ele, e quatrodesses fugiram com suas mulheres para entre os do rio Real a fim de o iremali esperar. No começo do ano parte o padre com o irmão João Solônio emais vinte dos neófitos de Santo Antônio. Mandou o governador com elesuma companhia de soldados a ver se ali se acharia lugar acomodado paraa fundação de uma vila, e isto foi motivo para o malogro da expedição.Marcham a pé e com demasiado incômodo.

Na 5 kal februarii chegam ao rio, onde ficam os portuguesesem lugar próximo ao mar e próprio para uma povoação. Dali a seis léguasestavam os índios (não declara Sachino de que nação, e só que pertenciamaos que falavam a língua geral). Era aldeia de mil almas, metade dos quaisdaqueles que em 1568 tinham fugido aos portugueses. Ao entrarem aliconhecem os padres as quatro mulheres que com seus maridos haviamsaído de Santo Antônio. Dizem-lhes elas que estes já tinham sido mortose devorados: rimem-nas os padres da escravidão, disfarçando com tudo odesacato por julgarem assim oportuno. No entanto, os que tinham fugidodos portugueses espalhavam com calor ser costume dos padres reuni-los emaldeias para os entregarem indefesos ao cativeiro, acrescendo que dava força a este rumor saber-se que nas vizinhanças ficaram soldados. Esforçam-seos padres por acalmá-los, pregam que os vinham chamar à fé, à salvaçãoeterna, e fazê-los filhos de Deus, e com isto acomodam-se.

Logo que o padre chegou a este lugar, fez uma igrejinha de pindoba, onde disse missa e começou a obra da catequese. Dá ao oratório e à aldeia os nomes do apóstolo São Tomé. Ao rumor da chegada do padre, correram muitos até do rio de São Francisco, requerendo-lhe igual honra para suas aldeias. Era mais afamado entre estes o principal Surubim por causa de muitas mortes consumadas em portugueses.

Enfiam todos por conhecerem o homem, e ainda mais por saberem que vinha com grande acompanhamento, suspeitando logo que fossepara matar os missionários; mas sentindo-se o padre Gaspar nas mãos deDeus, deixou-se ficar, e o índio, vendo-o tão resoluto e ouvindo-lhe a pregação, disse-lhe: “Folgo com a tua vinda”, e daí voltou para sua aldeia. Opadre não ficou só nisto e pôs-se imediatamente a caminho para a aldeiade Surubim, doze léguas da de São Tomé.Ajuda-o esse principal a levantar igreja, e o padre dá a esta aldeiao nome de Santo Inácio. Mandou Surubim ao governador seu próprioirmão para firmar as pazes, recebendo-o bem este e aos que com ele iam, edepois os despede vestidos e brindados.Passa daqui o padre Gaspar às aldeias de Sergipe, sofrendo muito na jornada pela dificuldade dos caminhos, inçados de povos de guerra;e aqueles, que o podiam ajudar, viviam em grande miséria. Fez paz commuitas aldeias, e trouxe muito gentio de três delas com que criou a de SãoPaulo.Dadas tão boas novas na Bahia, envia o provincial o padre Luísda Grã e Francisco Pinto; sendo que aquele, apesar de velho, recusa cavalgadura e jornadeia a pé. Os índios de São Tomé o acolhem com festa eengrinaldando os caminhos. Concorrem a elas muitos das circunvizinhanças e todos pedem igrejas. Enquanto permaneceu em São Tomé, faz maiorigreja, mais acomodada ao lugar, e a dedica a Nossa Senhora da Esperança.Parece ter subido a mais de trinta o número das aldeias que queriam pazes;no entanto, a proximidade dos portugueses ia produzindo os costumadosresultados: entram eles a queixar-se que lhes roubavam as mulheres, asirmãs do principal, e até a própria mulher deste! Receosos, pois, da escra- [p. 316 e 317]

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