Créditos / Fonte: Haríolo dos Santos / JJ de Barros / Cinara Jorge
A condessa brasileira que tem dois túmulos
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1° de fonte(s) [24356] Primeiro Congresso de História Nacional: Explorações Geográficas, Arqueológicas e Etnográficas Data: 1915, ver ano (45 registros)
Á participação de Withall atribui frei Vicente do Salvador as arremetidas dos piratas e corsários ingleses contra as vilas do litoral paulista. Estas, 1588, 1591 e 1591 por Thomas Cavendish. No assalto que o último dirigiu contra São Vicente, ao findar o ano de 1591, levou, além do produto do saque, de acordo com a narrativa de Anthony Knivet, testemunha presencial do feito, boa quantidade de ouro, já explorado pelos portugueses, e que os nativos extraíram da Mutinga (ribeirão de Amaitinga, segundo o dr.F. L. Leite Pereira; garganta de Itutinga, conforme o dr. O. Derby; ou Piratininga, consoante com o dr. J. H. Duarte Pereira).
No período de 1590 a 1597, segundo Taques, Afonso Sardinha o velho, e seu filho homônimo, dos quais foi auxiliar Clemente Alvares, além de prata, ferro e aço (sic), "foram os que tiveram a glória de descobrir ouro de lavagem nas Serras Jaguamimbaba, o de Jaraguá (em São Paulo), na de Ivuturuna (em Parnahyba)... ". Todos esses corridos, assim como os de Biraçoyaba (em Sorocaba) e depois os chamados "Lagoas Velhas do Geraldo" (no distrito de Conceição dos Guarulhos), foram dados a manifesto e explorados, tendo Afonso Sardinha, o velho, que fez testamento em 1592, falecido no seu estabelecimento de mineração de Jaraguá, não tão distante do de Santa Fé, que também montara; e Afonso Sardinha, o moço, ao ditar ao padre João Alvares, no sertão, as suas últimas vontades, em 1604, "declarou possuir 80.000 cruzados de ouro em pó, que o tinha enterrado em botelhas de barro".
Capistrano de Abreu (1853-1923), achando, com razão, muito elevada essa quantia diz: "Há de entrar exagero nessa conta, ou pelo menos muito ogó haveria no monte. Se tanto abunda-se o metal, a população teria afluído aos bandos e os paulistas não levariam tanto tempo vida de bandeirantes".
A nova destes descobrimentos compeliu a metrópole a ordenar a d. Francisco de Sousa, que desde 9 de julho de 1591 era governador geral do Brasil, viesse pessoalmente examinar o que havia de certo em tais achados, cuja notícia fora levada a côrte. [Páginas 75 e 76]
Depois de atravessarem essa região, chegaram os retirantes a um rio que corria do Tucuman para o Chile, expressão esta que, como vimos antes, equivale a dizer : --- correndo de leste para oeste, rio, que é o mesmo Tietê, no trecho a jusante do Salto de Itú, onde se detiveram quatro dias, “fazendo canôas para o atravessarem , pois havia tantos jacarés, que ninguém se atrevia a passa-lo a nado”.
Passado o Tietê, Knivet e seu séquito encaminharam - se para a montanha de todos os metaes, que, como vimos, é o muito conhecido morro de Araçoyaba, já a esse tempo ex plorado, e onde, conforme o próprio narrador, havia “diversas qualidades de metais, cobre, ferro, algum ouro e grande porção de mercúrio.”
Nessa montanha, descrita então como muito alta e toda despida de arvores, é que Knivet encontrou a cruz ali assentada por Pedro Sarmento, com uma inscrição assignalando a posse do rei de Espanha e uma pequena capela com duas imagens, uma de Nossa Senhora e outra de Christo Crucificado, facto que muito aterrou os tamoyos, os quaes julgaram ver nestes sinais, a vizinhança de alguma povoação portuguesa, e, portanto, o perigo iminente de caírem em poder dos seus inimigos tradicionais.
Efectivamente, os portugueses já a esse tempo tinham começado uma povoação na localidade. Em 1591, Affonso Sardinha tinha ai mandado construir dois pequenos fornos para fundição de ferro. Em 1599 ou começos de 1600, d. Francisco de Sousa, governador das minas, tinha mandado fazer alli as primeiras edificações, começando uma povoação que se chamou Itapebuçú. Knivet e seu sequito de tamoyos te riam chegado a essa montanha de todos os metais, a julgar-se pelas notações do narrador, ai pelos meados de 1599.
A capelinha e a santa cruz que, no local, encontraram, datariam decerto de alguns anos antes, talvez da época de Affonso Sardinha. Acalmados os tamoyos e persuadidos por Knivet a proseguirem na jornada para o mar, tomaram os retirantes o rumo proximamente do sul, procurando as terras auríferas do vale do Sarapohy e vizinhanças da atual Pilar.
2° de fonte(s) [24546] Basílio de Magalhães, Jornal Correio Paulistano Data: 8 de novembro de 1899, ver ano (54 registros)
Cedo hoje, com muito gosto, o meu jogar nesta coluna ao orgulho poeta do iria. São dele as seguintes linhas: "Meu caro Simplício. - Bem sabemos que, com grande prazer e tenaz perseverança, me dedico, ha muito tempo, ao estudo prático e teórico do famoso idioma dos nossos fetichistas.
Não posso, portanto, deixar que corram mundo duas recentes heresias, provocadas pelo quase completo desconhecimento da língua tupy-guarany por parte dos nossos homens de letras.
A primeira é a significação atribuída a "ytuverava" por ilustre membro da alta câmara paulista. Justificando o projeto de mudança do nome "Carmo da Franca" para aquele vocábulo tupy, afirmou o conspícuo senador que "ytuverava" quer dizer "cachoeira branca".
Pois não é: - é, sim, cachoeira brilhante ou resplandescente. Cachoeira branca seria ytutinga na doce linguagem dos nossos míseros selvícolas, tinga, forma contraste de mborotinga, é que corresponde ao descritivo branco, ao passo que berabe ou verava (no nheengatú, pois o abanheen apocopa normalmente a ultima silaba dos polissílabos tupys) equivale ao qualificativo brilhante ou resplandecente.
4° de fonte(s) [21917] “O Tupi na Geographia Nacional”. Teodoro Fernandes Sampaio (1855-1937) Data: 1901, ver ano (42 registros)
MAETINGA corr. Mbae-tinga, a coisa branca; o branco ou a branca. Antigos documentos dão - Amaitinga, em vez. de Maetinga, nome do ribeiro aurífero dos arredores do morro do Jaraguá. A prevalecer Amaitinga, é este vocábulo corruptela de Ambaytinga, que é a embaúba branca. São Paulo. Antônio Knivet escreveu Mutinga. [“O Tupi na Geographia Nacional”. Página 275]
UYTINGA e. Uy-tinga, a farinha branca, a meio cozida ou torrada.119.
O nome Voturantim, do conhecido salto do rio Sorocaba, é corruptela do Ybytyra-tin, de que o primeiro vocábulo se alterou para butura ou votura, e o segundo não é senão a fonna contrata de tinga, branco, branca, comum no dialeto guarani, que chegou até São Paulo.
Portanto, voturantim significa mui propriamente montanha branca, pois que o salto do Sorocaba, naquele lugar, não é mais do que uma encosta alta, coberta de alvo manto de espumas. A denominação dada à famosa serra de excelente clima, no Ceará, Baturité, é notável exemplo da corrupção dos vocábulos tupis.
5° de fonte(s) [22355] “História geral do Brazil”, de Francisco Adolfo de Varnhagen, o Visconde de Porto Seguro (1816-1878) Data: 1854, ver ano (48 registros)
Martim Afonso não quis porém, limitar-se a fundar uma só vila. Á vista das informações que lhe deu João Ramalho assentou de reforçar esta contra qualquer tentativa de inimigo marítimo com outra povoação sertaneja, que ao mesmo tempo servisse de guarda avançada para as futuras conquistas da civilização. As duas vilas irmãs ficariam assim no caso de prestarem-se apoio uma á outra, segundo lhes viesse do mar ou da terra o inimigo, ao passo que a marítima requeria, ao mesmo tempo, socorros das naus do reino, a quem a seu turno socorreria.
De São Vicente para o interior a umas três léguas se levanta o continente, apresentando para o mar um paredão, em forma de serra, ás vezes elevada demais de dois mil pés. Decima manam várias riachos, dos quais um se despenha com tal fúria de longe que se vê branquejar a espuma de seus ferventes cachões. Chamavam-lhe os nativos de Itú-tinga ou cachoeira branca. As águas desses riachos, promiscuando-se com as salgadas do mar, recortam por tal forma em estreitos meandros todas as planícies debaixo que, vistas estas do alto ao longe, mais parecem marinhas de sal, que braços de mar ou de rios. - Á serra chamavam os nativos, como nós hoje, Paraná-piacaba, isto é, avistadora do mar: porque só o viam, até morrer no horizonte, quando aos cimos dela chegavam, cada vez que, em correrias, vinham á costa do sertão, onde preferiam fazer residência mais aturada. [Páginas 54 e 55]
6° de fonte(s) [28004] NOTICIAS DOS ANNOS EM QUE SE DESCOBRIU O BRASIL Data: 1798, ver ano (41 registros)
Sobre Afonso Sardinha, consta á Revista do Arquivo Municipal de São Paulo CLXXVI (1969):
Na vila de São Paulo, Afonso Sardinha, foi almotacel, em 1575, vereador, em 1572, 1576 e 1582 e juiz ordinário, em 1587. Portanto, em 1592, quando foi nomeado capitão da gente de guerra da vila, já apresentava uma longa ficha de préstimos à governança local. Negociava escravos da Guiné, tecidos, marmelada e gentios.
Foi de sua propriedade um dos primeiros trapiches de açúcar no planalto. Entre seus devedores,estavam tanto o antigo capitão-mor quanto o recém-chegado. Por isso, há de se desconfiar quando ele alegava não comparecer a uma sessão da Câmara, como vereador que era, em pleno natal de 1576, pois não tinha botas! [25357]
A "História" de Sardinha ludibria até Luís Castanho de Almeida (1904-1981), um dos maiores e mais destacados historiadores sorocabanos, que, em 1964, escreveu em “Memória Histórica de Sorocaba: Parte I”:
“O primeiro branco era o português Afonso Sardinha, que depois de residir em Santos passou para São Paulo, erguendo o seu solar no Butantã (hoje Casa do Bandeirante), onde tinha o seu trapiche, isto é, engenho de açúcar. A data mencionada por Pedro Taques, 1589, é apenas aproximada, pois inclui a exploração nos outros pontos mencionados. Bateou algum ouro até o século passado.” [9049]
Porém, em 1957, Washington Luís (1869-1957), 11° presidente do Brasil, já havia provado, o contrário, em “Na capitania de São Vicente”, uma obra de pesquisa rigorosa, de análise criteriosa e de valor histórico indiscutível.
Está ela repleta de citações que avalizam as opiniões emitidas, de observações que, estribadas na documentação autêntica e nos testemunhos de coevos fidedignos, retificam erros consagrados. Tudo com a indicação das fontes. Preocupado, aliás, que sempre tinha em mente. "Para documentar minhas opiniões" - manisfestaria a Luiz Castanho de Almeida em 12 de março de 1957 - "cito sempre o autor, o livro e as devidas páginas em que me apoiei":
"Pelo estudo feito, baseado nos documentos autênticos locais, deve-se concluir que nenhum dos Afonsos Sardinhas teve propriedade em Jaraguá; que a fazenda de Afonso Sardinha, o velho, onde ele morava e tinha trapiches de açúcar estavam nas margens do rio Jerobativa, hoje rio Pinheiros, e mais que a sesmaria que obtivera em 1607 no Butantã nada rendia e que todos os seus bens foram doados à Companhia de Jesus e confiscados pela Fazenda Real em 1762 em São Paulo.
Se casa nesta sesmaria houvesse, deveria ser obra dos jesuítas. Pelo mesmo estudo se conclui que Afonso Sardinha, o moço, em 1609 ainda tinha a sua tapera em Embuaçava, terras doadas por seu pai. Não poderia ter 80.000 cruzados em ouro em pó, enterrados em botelhas de barro. Quem possuísse tal fortuna não faria entradas no sertão descaroável nem deixaria seus filhos na miséria." [24528]
7° de fonte(s) [25788] Araçoiaba e Ipanema. José Monteiro Salazar Data: 1997, ver ano (89 registros)
Segundo José Vieira Couto de Magalhães (1837-1898), não tinham ideia do valor dos minerais. Prova disso é que denominavam os minerais por nomes comuns, tirados de sua cor. Por exemplo: Itauna (pedra preta) era o ferro; Itatinga (pedra branca) a prata; e Itajubá (pedra amarela) o ouro. Acreditavam que as pedras eram todas do mesmo valor e só consideravam as que achavam bonitas.
8° de fonte(s) [23548] Revista do Instituto histórico e geográfico de São Paulo Data: 1895, ver ano (62 registros)
Uma ocasião, quando uma dessas "levas" de Carijós se achava nas proximidades da igreja, foi atacada á traição sendo mortos muitos nativos por uma horda de Tupis seus contrários e moradores em Paranaitú.
Entre esses Carijós vinham alguns espanhóis que na ocasião do encontro se esconderam na mata e depois de terminada a luta, foram ter, parte á aldeia de Maniçoba, parte á aldeia dos Tupis no Paranaitú que os aprisionaram, mas que foram soltos por intervenção do padre Pedro Correa.
A dispersão e chegada áquela aldeia, bem como a facilidade com que Correa obteve a liberdade, dão a entender que as aldeias eram próximas uma da outra. O nome Paranaitú é muito sugestivona sua significação de "salto de rio grande". Rio Grande era o primitivo apelido do rio que, ao depois chamado Anhembi, tem hoje o nome de Tietê.
Paranaitú, "salto do rio Grande" ou salto do Tietê, não pode ser identificado com outro senão o salto de Itu, na vila da comarca deste último nome, e que hoje ainda conserva a grafia da sua primitiva denominação; traduz e repete a palavra traduzida.
Nas vizinhanças de São Paulo, ou nas 40 léguas de exploração que fez Nóbrega não há outro rio Grande que dê um salto que mereça aquela definição. Maniçoba ou Japyuba é possível que seja o local onde está situada a atual cidade de Itu. Maniçoba não teve vida muito duradoura, parecendo que pouco depois de sua fundação foi abandonada.
9° de fonte(s) [23864] “As incríveis aventuras e estranhos s incríveis aventuras e estranhos infortúnios de Anthony Knivet infortúnios de Anthony Knivet” Data: 1625, ver ano (53 registros)
O Pará está além de Paraeyva oitenta léguas: esses índios não trabalham nos minas para. ouro, como fazem os espanhóis, mas só pegam os pedaços que encontram quando a chuva leva a terra: pois onde estão as minas de ouro não há árvores, mas são montanhas secas de terra preta, que os índios chamam de Taiuquara; e a montanha onde os molopaques encontram esse grande depósito de ouro chama-se Etepararange: se esses canibais tivessem o conhecimento de Deus, posso dizer com ousadia que não há nenhum no mundo como eles. [“As incríveis aventuras e estranhos s incríveis aventuras e estranhos infortúnios de Anthony Knivet infortúnios de Anthony Knivet”, 1625. Anthony Knivet (1560-1649). Página 257]
Depois que nos despedimos de nossa companhia, chegamos a muitas montanhas, onde encontramos um bom estoque de ouro e muitas pedras preciosas; quando chegamos a este país, pensamos que tínhamos estado na província do Peru, tínhamos tantas minas, e não havia um de nós que tivesse um estoque de pedras, que as que pegávamos hoje, jogávamos amanhã para levar outros melhores que os que tínhamos antes. Assim viajamos cerca de dois meses no país dourado, até que no último dia chegamos àquela grande e estranha Montanha de Cristall. Esta montanha é de uma altura enorme, que parece estar dentro das nuvens, e tão íngreme que é impossível passar por cima. Foi aqui que passamos pelo Vault e, na verdade, foi um dos maiores perigos e o mais desesperado em que já estive. [Página 262]
Aqui os canibais não estime mais de ouro, ou pedras preciosas, então Armazene de ouro. de todas as pedras nas ruas: se os espanhóis tivessem conhecidos deste País, eles não precisavam ter ido para Peru, não há igual para todos os ricos metais e muitos tipos de pedras preciosas. Neste lugar Eu vivi dezoito meses, e fui nu como os Canibais fez. [Página 263]
10° de fonte(s) [9049] “Memória Histórica de Sorocaba: Parte I”. Luís Castanho de Almeida (1904-1981) Data: 21 de dezembro de 1964, ver ano (90 registros)
13° de fonte(s) [24789] Supplemento aos apontamentos para o diccionario geographico do Brazil. Alfredo Moreira Pinto Data: 1935, ver ano (56 registros)
Os dois documentos que podiam nomear esta serra, eram os títulos de sesmaria de Pedro de Góes e de Ruy Pinto; aquele, de 10 de outubro de 1532, este, de 10 de fevereiro de 1533.
Qualquer destes títulos não menciona o nome Paranapiacaba; e o primeiro limita-se a referir-se á “serra que está sobre o mar” — som nomeá-la.
Só em 1674 o padre Lourenço Craveiro, reitor do colégio dos Jesuítas em S. Paulo, anotando o primeiro daqueles títulos, escreveu que aquela “serra que está sobre o mar” é a Paranapiacaba.
Mas, em nota do padre Lourenço Craveiro, não prova senão que já naquelle tempo, em 1674, o nome Paranapiacaba era attribuido á serra Cubatão.
Li as duas Informações do padre José de Anchieta, 1584 e 1586, e nelas não vi o nome Paranapiacaba. Na primeira ele escreveu: “Para o sertão, caminho do Noroeste, além de umas altíssimas serras que estão sobre o mar, tem a vila de Piratininga ou de S. Paulo, 14 ou 15 léguas da vila de S. Vicente...”
Na segunda, foi escrito: “A quarta vila da capitania de S. Vicente é Piratininga, que está 10 ou 12 léguas pelo sertão e terra a dentro. Vão lá por umas serras tão altas, que dificultosamente podem subir nenhuns animais, e os homens sobem com trabalho e ás vezes de gatinhas por não despenharem-se . . . ” (Vide o nome Cubatão).
A verdade é outra. O nome Paranapiacaba era designativo do caminho entre Piratinin e o porto próximo á foz do rio Mogy. (Vide o nome Mogy e Piaçagoera). Paranapiacaha, corruptela de Pê-rá-nai-piá-quah-a, passagem do caminho do porto de mar. De pê, superfície; rá, encrespada, formando a palavra pê-rá, mar; nai, porto; piá, caminho; guab, passar, que com o accrescimo de a (breve), forma o infinitivo, o qual, não tendo caso, significa a acção do verbo em geral, passagem, segundo a licção do padre Luiz Figueira, em sua Arte de grammatica da lingua brasílica.
No titulo de sesmaria de Ruy Pinto, ha referencia ao porto próximo á fóz do rio Mogy, que foi denominado pelos portuguezes Porto das almadías e também Porto de Santa Cruz; e o nome tupi do porto era y-pia- çába, corrompido em Apiaçaba, logar do apartamento do caminho. De ?/, relativo; pia, apartar caminho; caba, verbal de participio, o mesmo que áha, para exprimir logar, modo, instrumento, causa, fira, intuito, fazendo çaha, segundo a regra ensinada pelo já citado padre Luiz Figueira. O porto permaneceu — porto das almadias — , conforme a denomi- nação dada no titulo de sesmaria de Ruy Pinto, ou — porto das canoas — conforme a denominação geral, até que, já neste século, foi feito o aterrado com as pontes necessárias. Também, nesse titulo de sesmaria, a serra de que se trata não teve menção por seu nome. Eis o que está escripto:
“E dahi (o porto referido) subirá direito para a serra por um lombo que faz, por uma água branca, que cahe do alto, que chamam Ytutínga, e, para melhor se saber este lombo, entre a dita água branca por as ditas terras não se mette mais de um só valle, e assim irá pelo dito lombo acima, como dito é, até o cume do serro alto, que vae sobre o mar, e pelo dito cume irá pelos outeiros escalvados, que estão no caminho que vem de Piratinim”.
Portanto, o nome Paranapiacaba ficou com a serra, por ter sido abandonado o caminho. Este caminho foi exactamente o escolhido para o traçado da estrada de ferro de Cubatão á cidade de S. Paulo >. Frei Gaspar da Madre de Deus diz que este nome significa — sitio donde se vê o mar.
14° de fonte(s) [27626] João Barcellos - “Mairinque: Entre o Sertão e a Ferrovia” Data: 2013, ver ano (126 registros)
O velho Piabiyu dos guaranis, que tantos sonhos realizou a aventureiros portugueses e castelhanos, italianos e alemães, é agora a planta naturalíssima em que assentam as novas vias da comunicação portuguesa em solo tropical, seja pelas bandas da Cahatyba e do Ybiraçoiaba, seja pelas bandas do Wotucatu a adentrar o caminho dos Goyazes, enquanto lá ao sul continua dura a batalha pela posse da "rabeira" da tal linha de Tordesilhas à sombra da Colônia de Sacramento e sob a cristalina saudação do Rio da Prata. [Página 11]
BOTURANTIM - Do tupi-guarani botu-ra-ti, q.s. Grande Espuma Branca, ou, Cascata Branca, de onde o aportuguesamento Votorantim. CAHATYBA - Também chamada Serra de São Lourenço. Uma parada serrana chamada Votoran, pelos nativos, hoje, municipalidade de Votorantim. [A Primeira Garimpada... Luiz Martins, perito em montanística, a representar Brás Cubas, faz "entrada" de 300 léguas pelo sertão carijó, i.e., pelo Piabiyu guarani, e retorna à Villa de Santos onde, na Câmara local, a 25 de janeiro de 1562, apresenta "ouro que pesava três quartos de dobra e seis grãos", garimpando na Cahatyba na banda das sorocas. // do livro Do Fabuloso Araçoiaba Ao Brasil Industrial, de João Barcellos.] [Página 29]
15° de fonte(s) [24576] Ensaios de Geografia Lingüística. Eugênio de Castro Data: 1941, ver ano (76 registros)
Martim Afonso quando abordou Cananéa em 1531 trazendo como "línguas" da expedição Pedro Annes, e certamente Enrique Montes, já aí encontrou a Francisco de Chaves, ao Bacharel e a três ou quatro castelhanos; ao fundar as primeiras vilas de São Vicente e Piratininga, já encontrara gente capaz dessas empresas nos descendentes dos criadores do "pueblo de San Bicente", e com João Ramalho nos seus mamalucos da borda do campo aonde depois Thomé de Sousa Fundou a vila de Santo André.
Esse conhecimento, porém, da língua e da terra ainda gentílicas, não haveria de ser inteligentemente fundido entre os colonizadores, senão a chegada dos jesuítas.
Embarcados em São Vicente, seguindo pelo braço do rio que ia dar ao Peaça (ou porto de João Ramalho, onde começava primitivo caminho serrano), subindo os alcantilados, palmilhando caminhos de lama ou tijuco, com o fim de atingirem as culminâncias da serra onde se avista o mar, o que lhe deu batismo de Paranapiacaba, tinham por ponto de referência distante a Itutinga ou "Salto branco" da cachoeira. [Ensaios de Geografia Lingüística, 1941. Eugênio de Castro. Página 108]