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Ribeira de Iguape
1 de janeiro de 1939, domingo. Há 85 anos
É na mencionada faixa, e principalmente na parte sul da mesma, que estão situados os lugares donde irradiou a civilização paulista. Foi, também, de um desses lugares, que partiu a primeira expedição paulista em demanda aos inóspitos sertões sulinos, então povoados por tribos de nativos bravios. Foi em um desses lugares, isto é, foi em Cananéa, extraordinário porto de mar, que abordou, em o ano de 1531, o primeiro português, o célebre e nobre Martim Afonso de Sousa, que, em missão de alta responsabilidade, organizada por ordem de El-Rei D. João III, veio tomar posse definitiva do Brasil, já descoberto trinta e um anos do Pedro Alvares Cabral. [Página 3 do pdf]

Revista Commercial, 24 de janeiro de 1866:

O algodão na Ribeira de Iguape - A Ribeira de Iguape foi uma das zonas que cultivaram o algodão com intensidade e vantagem, fato esse pouco conhecido no nosso Estado. Os interessados nessa planta voltarão, por certo, as suas vistas para essa invejável zona, afim de se reiniciar essa rendosa cultura.

Dizia o correspondente da Revista Commercial que, em Iporanga, se tinha dado grande desenvolvimento ao plantio ao algodão e que corria o boato de que os plantadores, acreditando na fertilidade da terra, acabavam de plantar mais de 150 alqueires de semente e que esperavam, ainda, mais quantidade dela para ultimarem as plantações inciadas, devendo-se tal mudança, efetuada na lavoura dessa freguesia, ao critério e inteligente expediente tomados pelo subdelegado Fingão.

Naquela época estava a guerra contra o Paraguay em plena atividade. Afim de incrementar o plantio da importante fibra, esse subdelegado publicou um ukase, isto é, um edital livrando todo indivíduo de ser recrutado para ser enviado ao campo de guerra, se plantasse uma uma certa quantidade de semente de algodão. Naquela época, o nosso caboclo respeitava a lei; para, porém, fugir de suas obrigações militares, escondia-se - frequentemente no mato. Essa ukase veio, porém, a gosto de muita gente: saíram de seus esconderijos para plantar a famosa planta fibrótica!!

Itapetininga, se bem que já serra-acima deve ser ainda considerada pertencentes á zona da Ribeira, pelo menos naquela ocasião era bem mais fácil chegar-se a Santos pela Ribeira de Iguape do que por Sorocaba, São Paulo, etc. Para isso era necessária a construção de uma estrada de rodagem a Sete Barra, de onde a mercadoria seria transportada por água até Santos.

Por onde essa estrada passava, ignorado, julgando, porém, ter passado por Capão Bonito e seguido, depois, diretamente, a Sete Barras. Efetivamente existe ainda esse traçado; como, porém, jamais passei pelo mesmo, ignoro se está em condições de rápido transito. Diz o missivista o seguinte:

"Depois da grande seca porque passamos, tem chovido de modo a satisfazer os lavradores, cujas plantações tem melhorado muito, principalmente, a do algodão, pelo que a safra promete ser abundantíssima. Também tem crescido as águas nas máquinas de descaroçar, que estavam quase paradas. Já temos não menos de oito, entre prontas e por acabar, sendo duas dentro da cidade, tocadas por animais e porção não pequena de algodão já beneficiada tem sido remetida por Santos, o qual poderia ter ido pela estrada das Sete Barras, se estivesse em termos.

(...) O nosso futuro está decididamente na conclusão desta estrada, e nas mão e no poder da Assembléia Provincial está a fazer-se a felicidade de mais de trinta mil pessoas"
.

Uma outra correspondência de Xiririca, datada de 9 de dezembro de 1865, nos confirma positivamente o que acaba de dizer, quanto á distância mais curta para Santos e algo sobre a picada, a que já me referi, quando em linhas anteriores tratei de Sete Barras.

"Acabam de passar por esta vila 180 fardos de algodão, que da Fachina com destino ao Rio de Janeiro por Iguape, vieram de Yporanga, remetidos pelo tenente-coronel Fiuza, como ensaio, afim de praticamente conhecer-se as despesas e fazerem-se desde aquele lugar até seu embarque no porto de mar, e compara-las com as indispensáveis quando se busca pelos estiados de cima da serra por Sorocaba, São Roque o porto de Santos. Sei de boa fonte que o tenente-coronel Fiuza ficou satisfeitíssimo com o resultado, porquanto realizou uma economia de 75% em vista do que outros muitos lavradores de Fachina, São João, Apiahy, etc. vão dirigir sua exportação pela Ribeira. Se o movimento este ano já não for tão grande quanto deveria ser, se abrangesse a totalidade da produção, selo-a para o vindouro, pois que a deliberação ora tomada, teve lugar já depois de vendida quase toda a safra a pessoas de São Paulo e Santos.

O tenente-coronel Fiuza; sempre incansável em procurar melhorar as comunicações entre a Fachina e a Ribeira, evitando assim as cachoeiras do Caracol, Poço Grande e Funil, as quais em certas fases são de temer, quando as canoas são tripuladas por canoeiros mal fragueiros, segundo a explicação mal usada.
[Página 16 do pdf]

É, portanto, uma das mais urgentes necessidades desta comarca e dos municípios de serra acima que com eles confinam, a confecção da estrada de Yporanga a Batatal, a qual pela bondade do solo deve ser muito pouco dispendiosa, e de grandes resultados, uma vez que se entronque no Jaguary, na estrada que de Iguape vem pelo Jacupiranga, ali se parte pelos Quararhy e Turvo, para Cananéa, e continuando até esta vila, vem ligar-se ao Paranapanema. [Páginas 16 e 17 do pdf]

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